A outra história: por uma narração alternativa das lutas de libertação nos PALOP | Tempo e Argumento | 2021
Agostinho Neto, liderança do MPLA | Arte sobre foto reprodução – MST
Quando lançámos a ideia de uma publicação sobre a história “alternativa” nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) tínhamos um sentimento ambivalente: por um lado, estávamos certos de que havia muitos autores com material interessante para ser publicado; por outro, a situação que se vive hoje na maioria desses países nos deixava sérias dúvidas de que pudéssemos conseguir fechar um dossiê de uma revista tão prestigiada como a Tempo e Argumento ao abordar este assunto. Com efeito, nossas esperanças, assim como nossas dúvidas acabaram se confirmando: se, por um lado, recebemos vários textos – alguns dos quais tiveram de ficar de fora, como sempre acontece em processos científicos seletivos -, que depois compuseram este dossiê, por outro é preciso reparar que não há nem um texto, entre os que foram aqui publicados, da autoria de investigadores cuja principal pertença institucional está numa universidade ou centro de pesquisa em África.
Não se trata de uma coincidência, mas sim da confirmação da relevância do tema que resolvemos propor, ao lançar este dossiê: o revisionismo historiográfico aplicado à história da libertação dos PALOP. “Revisionismo” é um termo que, historicamente, tem levantado imensas polémicas. E – queremos esclarecer desde já – o revisionismo proposto como linha orientadora deste dossiê não tem nada a ver com o postulado por autores que procuraram reescrever a história negando ou minimizando tragédias como o holocausto judaico ao longo da segunda guerra mundial (MATTOGNO, 1985; NOLTE, 1999), ou valorizando a experiência colonial das potências europeias (FERGUSON, 2004). Pelo contrário, o nosso posicionamento se aproxima muito a quanto Adorno escrevia a propósito das tentativas de remoção, por parte dos alemães, do seu passado mais recente, ligado ao nazismo e ao Holocausto (ADORNO, 1995). Leia Mais
Corpo em Dança: transformações, ritmos e lugares | Hawò | 2020
Este dossiê reúne dez artigos e uma entrevista de autores brasileiros e estrangeiros que discorrem sobre diversos aspectos da dança em contextos afro e indígena no Brasil, na Argentina, no Peru e no Cabo Verde. Enquanto as danças afro têm sido objeto de estudo há muito tempo na antropologia, as danças indígenas aparecem como foco de interesse de pesquisa bem mais recentemente no caso do Brasil, à semelhança do que já aconteceu na Argentina e no Peru – neste caso, aliás, as danças andinas são protagonistas mais antigas nos repertórios de pesquisa do que as danças das terras baixas. Interessante notar, ainda, que várias das danças afro no nordeste brasileiro trabalham a figura do caboclo, uma imagem que torna visível, em alguma medida, o(s) indígena(s).
Assim, o artigo que abre este dossiê tem como título “O Caboclinho como afeto: a presença indígena nas danças populares e tradicionais brasileiras”, de autoria de Maria Acselrad, e questiona a ausência da influência indígena nos estudos sobre a cultura popular do nordeste brasileiro, sugerindo abordar as danças nordestinas como arquivos vivos da memória dos povos originários da região. A autora percorre uma série de documentos históricos a partir de século XVI, analisando relatos, imagens, objetos e práticas rituais em torno dos povos indígenas de outrora que foram objetivados pelo olhar do colonizador; e apontando para as suas transformações nas figuras dos caboclos das danças populares atuais. Ela enfoca as agremiações carnavalescas do Caboclinho, em Goiana, para mostrar que, além da presentificação dos caboclos nas fantasias, os passos e as coreografias acionam uma dinâmica relacional que revela uma intensidade guerreira indígena de resistência ao desaparecimento. A presença indígena, ela argumenta, perpassa os aspectos visíveis e invisíveis da dança nas habilidades dos dançarinos que, por um lado, acionam relações de amizade e ajuda mútua dentro da unidade músico-coreográfica, mas por outro lado, enaltecem relações de inimizade e rivalidade. Leia Mais
Atlantic Ports and the First Globalisation, c.1857-1929 | Miguel Suárez Bosa
En este libro se estudia la gestión y gobernanza de los puertos del Atlántico Medio en el periodo llamada Primero Globalización (mediados del siglo XIX-primer tercio del XX). Desde mediados del siglo XIX y principios del XX se construyeron infraestructuras portuarias de notable importancia en el ámbito atlántico, entre ellas destacan los puertos analizados en esta publicación: los insulares de las islas macaronésicas (Las Palmas, en la isla de Gran Canaria, y el de Mindelo en Cabo Verde), los africanos de Casablanca en Marruecos, el de Dakar en Senegal y el de Lagos en Nigeria o los latinoamericanos de La Habana, Río de Janeiro y La Güira. Todos están situados en territorios de la periferia del mundo capitalista, en el denominado Sur Global, concepto que hace referencia a las regiones que participan en la denominada Primera Globalización, aunque en una posición de dependencia de las grandes potencias imperiales del Norte industrializado. Leia Mais