Modelos de composição de resenhas

No capítulo anterior, tratamos das diferentes formas de classificar e fundir notas de leitura. Neste quarto capítulo, avançamos nesta operação, apresentando modelos de composição de resenhas.

Além disso, detalhamos as operações de escolha e redação de unidades estratégicas da resenha: os dois parágrafos iniciais e os dois parágrafos finais.

A nossa expectativa é a de, após as leituras, vocês estejam capacitado(as) a compor um plano final de redação da sua resenha, dentro dos parâmetros que prescrevemos que admitimos na revista Crítica Historiográfica: um instrumento de atribuição de valor científico para o domínio e de reprodução deste domínio.

4.1. Modelos de composição e domínios acadêmicos

Depois de organizar as anotações classificadas, triadas e agrupadas em blocos preliminarmente coesos e coerentes, já temos convicção sobre o que trata o livro, de quem é a autoria, por que foi escrita a obra e, principalmente, sobre os aspectos virtuosos e viciosos das coisas tratadas no livro. Assim, já estamos aptos para atribuir um valor à obra e apontar alguns prováveis e potenciais desdobramentos da obra resenhada para a vida acadêmica do autor, para o domínio no qual o autor está imerso, para a ciência da História ou para a realidade da qual trata a obra, não necessariamente limitada ao mundo acadêmico. Já estamos aptos, enfim, a fazer extrapolações. Se vocês também chegaram a este ponto, já devem se ocupar dos modelos de exposição.

Modelos de texto, como a expressão indica, são padrões que viabilizam a comunicação. Eles são constituídos por unidades de informação. O nome do autor é uma unidade de informação, a utilidade da obra é outra unidade de informação. E essas unidades de informação podem ser apresentadas de modo argumentativo, narrativo ou descritivo. Esses dois condicionantes nos induzem à conclusão de que a adoção de modelos de composição envolve o conhecimento dos elementos de informação e da tipologia da frase privilegiados pelos praticantes de cada domínio.

É provável que os modelos de composição de uma resenha acadêmica não ultrapassem meia dúzia, consideradas apenas as orientações dos mais consumidos manuais de Metodologia Científica e de gêneros textuais. Vimos, no primeiro capítulo, alguns tipos clássicos, estruturados em três, quatro e cinco blocos de informação que constituem a estrutura retórica de cada modelo.

Quando examinamos os padrões retóricos mantidos (imperceptivelmente, em muitos casos) pelos membros de cada domínio acadêmico, esse número pode chegar a uma centena (dentro de um mesmo domínio, até). Isso ocorre porque no número de unidades de informação é reduzido, mas os modos de combiná-los variam bastante. O nome do autor, por exemplo, pode ser anunciado junto ao título da obra, pode antecedê-lo e pode, inclusive, nem aparecer no primeiro e no segundo parágrafo. A crítica, por exemplo, pode aparecer já no início da resenha, junto ao título da obra, ou ser anunciada apenas no último parágrafo da resenha e assim por diante.

Padrões, repetimos, são construídos entre praticantes de um mesmo domínio. Os que escrevem crítica literária obedecem e consolidam um padrão, os que criticam obras da medicina também obedecem e consolidam um padrão de escrita de resenha. Esses padrões somente ganham visibilidade após o exame de centenas de resenhas de uma mesma área, produzidas ao longo de décadas, submetidas, inclusive a uma abordagem estatística. O quadro 4.1 apresenta o padrão retórico de resenhas acadêmicas nas áreas de Teoria da Literatura e Literatura, revelado por G. Carvalho (2002).

Quadro 4.2. Padrão retórico de resenhas das áreas de Teoria da Literatura e Literatura

 

Apresentação e avaliação inicial

  • Definição do tema/assunto
  • Explicitação da abordagem utilizada
  • Registro dos objetivos
  • Delimitação dos leitores potenciais
  • Identificação da autoria
  • Avaliação inicial da obra
Descrição e avaliação de partes
  • Descrição da organização geral do livro
  • Especificação do assunto de cada parte
  • Avaliação de partes específicas
Recomendação final
  • Recomendação como leitura a determinado grupo
  • Recomendação com restrições
  • Desaconselhando da leitura do livro resenhado (Carvalho, 2002. Com adaptações estilísticas).

4.2. Alguns modelos empregados nos domínios da História

Observando resenhas publicadas em revistas de História, de modo não exaustivo, percebemos o vigor desse modelo genérico, exemplificado com a experiência da Teoria Literária. O mais comum é encontrarmos as apresentações – exposições sobre quem é o autor e/ou sobre o que trata a obra – e a descrição da matéria (assunto/tema), veiculada como termo isolado, expressão ou proposição, ou seja, como sentença afirmativa ou negativa da autoria em relação ao tema/problema levantado.

No excerto abaixo (Quadro 3.2), os três movimentos mais empregados na construção de resenhas de História estão exemplificados. Ele se encaixa de modo simples no modelo genérico de composição de um texto que aprendemos nos cursos de redação do Ensino Fundamental: introdução, desenvolvimento e conclusão (entendendo o desenvolvimento como período em que o resenhista não intervém criticamente). Neste caso, a composição é constituída pelos valores atribuídos a cada parte da obra ou, de modo sintético, à obra tomada como um todo, principalmente a quem a obra pode servir. Designamos tal modelo com o título: “Apresentações / Proposições / Valores”.

Quadro 3.3. Composição de resenha do tipo “Apresentações / Proposições / Valores” 

 

Apresentações

1. Os historiadores brasileiros não têm a tradição de publicar obras que versem sobre discussões teórico-metodológicas […] São justamente as questões epistemológicas da historiografia contemporânea o tema central do livro História: a arte de inventar o passado, de Durval Muniz de Albuquerque Júnior.

2. Doutor em História Social pela Universidade de Campinas, professor de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Albuquerque Júnior é autor de […]

Proposições 3. A obra está dividida em três partes. Na primeira, o autor investiga a relação entre História e Literatura. Debate bastante atual, vem despertando a atenção de vários especialistas e gerando controvérsias múltiplas. Para Albuquerque Júnior, os historiadores tendem […]

4. Na segunda parte do livro, Albuquerque Júnior procura demonstrar a contribuição de Foucault para a escrita da história e para as reflexões epistemológicas dessa área do conhecimento. Filósofo francês que foi bastante “consumido” pelos historiadores brasileiros, principalmente […]

5. A terceira parte do livro apresenta um conjunto de textos diversos e desconexos, os quais abordam questões referentes aos problemas, dilemas e desafios da prática historiográfica contemporânea. Aí são enfocados temas como a relação entre memória e história […]

Avaliação de síntese 5. Para Albuquerque Júnior, a História não é ciência. Em virtude disso, ele argumenta que ela “precisa escapar deste discurso racional, deve reintroduzir a arte em seu discurso”, e não perder de vista sua vocação transdisciplinar […]

10. […] Se a tendência é a colaboração, a maneira de realizá-la está ainda indefinida. E não me parece que a melhor maneira de empreender essa colaboração seja tomando a História como uma “proto-arte”, tal como propõe Albuquerque Júnior. Em vez disso, prefiro continuar acreditando no velho – porém ainda atual – Marc Bloch quando postula que a História é uma “ciência na infância: como todas as que têm por objeto o espírito humano, que chegou tarde ao campo do conhecimento racional.

11. […] (Domingues, 2009).

 

A ordem desses enunciados, contudo se modifica bastante. Observem os padrões dos quadros 3.4, 3.5 e 3.6. No modelo “Apresentações / Proposições / Proposições / Valores (Quadro 3.4), a estrutura genérica “introdução / desenvolvimento / conclusão” está presente, como de resto estará presente na maioria dos modelos de resenha (trata-se de um traço de cultura linguística).

Olhando de sobrevoo, não há diferenças em relação ao modelo anterior (“Apresentação / Proposição / Valores”). Mas observem (vejam grifos) que o resenhista não se limita a anunciar as proposições (ou as teses) do livro em sua ordenação original. Ele também se preocupa em explicitar as relações lógico-funcionais. Ao dizer que “a primeira parte do livro estabelece as bases”, a segunda “muda o argumento” e a terceira “coroa a demonstração” ele faz uma interpretação de segundo nível), ou seja, ele não transcreve, apenas, o que o autor disse em cada parte. A descrição das partes é, na verdade, uma metadescrição, o que podemos considerar uma atribuição de valor. 

Quadro 3.4 Composição de resenha do tipo “Apresentações / Proposição / Proposição / Valores

 

Apresentações

1. Sob um título um tanto paradoxal [A economia de Deus: Família e Mercado entre Cristianismo, Hebraísmo e Islã], Gérard Delille mostra como as três grandes religiões monoteístas do mundo antigo formam um sistema no sentido estruturalista do termo, ou seja, como mantêm relações de inversão que se correlacionam em vários níveis da realidade social. O parentesco, no sentido em que os antropólogos geralmente o entendem, serve de alavanca para o autor, ele próprio um historiador, traçar um quadro amplo do desenvolvimento diferencial do Ocidente e do Oriente Médio de acordo com a predominância desta ou daquela religião. […]
Proposições (I) 2. A primeira parte do livro estabelece as bases, destacando o que diferencia as regras matrimoniais nas três respectivas esferas do judaísmo, islamismo e cristianismo. […]
Proposições (II) 4. A segunda parte muda o argumento para o campo da economia. Entre os muçulmanos, o sistema parental é um sinal de fechamento; apenas a guerra de conquista, sinônimo de redistribuição em grande escala da riqueza, é um fator de desenvolvimento. Entre os judeus, a alternância entre endogamia parental e exogamia e também local, associada à manutenção de vínculos paternos e maternos, favorece a constituição de redes com extensas ramificações. […]
Proposições (III) 5. Menos nutrida que as anteriores e mais clássica nos seus fundamentos teóricos, a terceira parte coroa a demonstração ao nível do exercício do poder e da construção do Estado. Opõe-se, assim, a dois modelos, nomeadamente o despotismo oriental e a soberania real prevalecente na Europa (excluindo um pouco rapidamente a questão do político no caso do judaísmo, que hoje surge com o Estado de Israel). […]
Avaliação de síntese 6. A salvação de Deus é um livro que esperávamos há muito tempo. G. Delille combina com sucesso e generosamente abordagens históricas e antropológicas. Seu afresco abarca espaços, temporalidades e temas extremamente diversos, que ele consegue vincular a uma força heurística incomum hoje. Esse verdadeiro tour de force torna a crítica difícil. Se fôssemos formular uma, no entanto, ele se relacionaria com a primazia concedida à noção de troca matrimonial.
  7. Esta noção foi forjada por Claude Lévi-Strauss no quadro da teoria antropológica, da qual Marcel Mauss é o iniciador, de um vínculo social fundamental que se basearia na força da dívida. […] Mas G. Delille, aqui como em seus trabalhos anteriores (dos quais este livro é também a feliz síntese), usa as noções de troca e reciprocidade de uma forma, nos parece, muito rígida. […] Esta é uma objeção de fundo que de forma alguma mancha nossa admiração por este livro, que está destinado a se tornar rapidamente um clássico das ciências sociais. Apenas um ponto a lamentar: um dispositivo de referência extremamente tedioso de usar. A ausência de notas de rodapé, todas rejeitadas no final do volume, e de bibliografia geral não é bem compensada pelo índice, por mais exaustivo que seja. (Desvéaux, 2016)

 

No modelo “Apresentações / Proposições e Valores / Valores” (Quadro 3.5), o traço diferenciador está na intercalação de proposições e críticas ao longo de cada parte (seção/capítulo) do livro em análise. Aqui, a atribuição de valor ao longo da descrição dos capítulos é explícita. Por essa estratégia, o leitor da resenha já vai construindo (no curso da descrição dos capítulos) uma ideia do valor final que o resenhista quer atribuir a obra. 

Quadro 3.5. Composição de resenha do tipo “Apresentações / Proposições e valores / Valores 

 

 

Apresentações

1. Uma introdução à história da historiografia brasileira (1870-1970) oscila entre o inventário das concepções de historiador ideal e a transmutação do objeto “historiografia” ou “história da historiografia”, na duração de um século: de reflexão dispersa em necrológios e artigos de jornal à disciplina curricular da formação universitária em História […]

2. Thiago Lima Nicodemo (Unicamp), Pedro Afonso Cristovão dos Santos (UNILA) e Mateus Henrique de Faria Pereira (UFOP) são jovens pesquisadores da área de Teoria e História da Historiografia. Eles tentaram se livrar da história da historiografia brasileira como inventário de homens e livros em ordem cronológica, mas enfrentaram dificuldades […]

Proposições e Avaliação (I) 3. A primeira delas está na tentativa meritória, mas infrutífera (neste caso), de combater o narcisismo implícito na autoria individual, diluindo os interesses dos falantes por meio de capítulos não autógrafos. […]
Proposições e Avaliação  (II) 7. No primeiro capítulo, são examinadas as frequências de uso da palavra historiografia nos últimos três séculos. A ideia é boa. A execução é limitada porque a fonte – o Google Ngram Viewe – não armazena obras em português. Por essa razão, os autores concluem, dedutivamente de modo corajoso: a instauração de um moderno conceito de história (historiografia), fenômeno global, é também fenômeno brasileiro. […]. Mas há um senão no caminho que é o fato de ancorar essa tese na mutação do conceito de história, difundida por R. Koselleck. Para enxergar algo novo no pensamento dos brasileiros sobre a historiografia, seria um bom exercício usar a mudança narrada por Koselleck como tipo e não como acontecimento histórico. […]
Avaliação de síntese 19. Como afirmei no início, Uma introdução à História da Historiografia Brasileira pela pela ousadia de tentar diluir a autoria. Claro que é possível enxergar o “fio condutor” do livro. Mas a execução é prejudicada pela timidez em adotar um modelo interpretativo. Eles oscilam entre análises internalistas, apoiam a causação em contextos econômico-políticos e sofrem com a ausência de monografias sobre boa parte dos indícios que lançaram mão para demonstrar a tese […]

22. Parafraseando Maria Odila Leite da Silva Dias, com a mesma citação que finaliza o texto do livro, é muito “difícil pensar em fazer síntese [da historiografia] quando ainda desconhecemos grande parte da história [da historiografia] do Brasil.” (Freitas, 2020)

 

No modelo “Avaliação sintética / Avaliação / Avaliação / Avaliação sintética”, o resenhista faz a avaliação de conjunto da obra já no primeiro parágrafo do seu texto. O leitor já é informado dos principais vícios e das principais virtudes do livro. Dali em diante, ele prossegue se quiser (Em jargão da internet, o resenhista dar spoiler). Neste modelo, praticamente não há espaço reservado ao “que diz o autor”. Toda descrição é acompanhada de avaliações sem trégua. Ao final, o resenhista recupera a crítica sintética a obra e reforça o circuito neuronal constituído na cabeça do leitor, há aproximadamente dez minutos. 

Quadro 3.6. Composição de resenha do tipo “Avaliação sintética / Avaliação / Avaliação…/ Avaliação sintética

 

Avaliação de síntese

(+) (–)

1. Lendo esta Histoire des Juifs, de Simon Schama, ficamos deslumbrados e irritados. Quanto mais avançamos na leitura, mais a admiração e a irritação aumentam. Antes de tudo, é a admiração que domina. […]
Avaliação

(+)

2. Para o período bíblico e a interpretação de dados arqueológicos, um assunto de debate acalorado, em particular, nos últimos quarenta anos, ele se voltou para especialistas reconhecidos e abriu seu caminho – um meio-termo, entre a confiança perfeita no relato bíblico e o postulado de sua a-historicidade total. […]
Avaliação

(+)

3. Schama oferece um texto muito animado, mas, como você pode esperar, o melhor do texto está nos dois exercícios em que é conhecido por se destacar, e primeiro no uso de arquivos visuais e material de dados […].
Avaliação

(–)

6. Mas, e a irritação? Ela está no fato de não vermos nenhuma das questões fortes que a história dos judeus pede, não dizemos em termos de decisão, mas apenas de questionamento […]
Avaliação

(–)

7. Não temos necessariamente gostos e aversões diferentes. Mas esses desenvolvimentos lembram, pela combinação da suavidade do pensamento e do lirismo do tom, um discurso apologético amplamente difundido, pelo menos em certas correntes do judaísmo após a Emancipação. […]
Avaliação de síntese

(+) (–)

10. […] Além disso, a empresa pode atender a adesão: o livro será então transformado em livro de presente, oferecido às crianças que não o lerão pelos pais que também não o lerão, pois não sentirão necessidade de legitimar por precedentes históricos a existência suburbana de hoje. Seria uma pena: aqui está um livro que, apesar dessas fragilidades essenciais, é uma espécie de obra-prima. (Kriegel, 2016)

 

No modelo “Proposição – Avaliação / Proposição – Avaliação / Avaliação sintética”, o resenhista não faz a apresentação do autor e obra. Ele apresenta o tema e inicia a resenha narrando sua experiência com a matéria. Os demais tópicos são enunciados de proposições autorais e avaliações do resenhistas, ordenadas na mesma sequência da exposição original. O resenhista demonstra extrema familiaridade e autoridade sobre a matéria, além de narrar em primeira pessoa. Essa estratégia de minimizar o espaço ao “que que disse o autor” amplia o seu poder de persuasão sobre o leitor. Observem, por fim, que praticamente metade do espaço da resenha (13 parágrafos em 25) é usado para a crítica de síntese. 

Quadro 3.7. Composição de resenha do tipo “Revisão da literatura / Proposição – Avaliação / Proposição – Avaliação / Avaliação sintética

 

Revisão da literatura

e relato de experiência

1. Em 1974, quando anunciei ao orientador do meu corpo docente que pretendia fazer uma dissertação sobre algum aspecto da história da homossexualidade, a decisão representou um ato de fé de minha parte. Naquele ponto, não havia “história gay” […]

2. A convicção de que tal projeto poderia ser realizado foi finalmente provada para mim quando li o livro de 1977 de Jeffrey Weeks,  Coming Out . 2  Weeks encontrou documentação suficiente para ser capaz de construir uma história interpretativa do ativismo gay – ou “política homossexual”, como seu subtítulo a descreveu – que se estendeu por quase cem anos.

Proposição

Avaliação

4. Weeks começa definindo um contexto e delineando uma estrutura para as discussões historiográficas que se seguirão.
Proposição

Avaliação

5. Weeks então passa a considerar o que ele descreve como “a invenção da história sexual” (23).
Proposição

Avaliação

6. Em vez de tentar pesquisar a vasta gama de tópicos cobertos na literatura histórica sobre sexualidade, Weeks opta por dar um zoom em dois: história LGBT e histórias de gênero, sexualidade e poder. Em um capítulo intitulado “Questionando e Queering a História do Mesmo Sexo”, Weeks relata como a escrita desta história queer foi “a princípio uma obra de recuperação” (41). […]
Proposição

Avaliação

8. Tendo discutido essas duas grandes áreas na literatura da história sexual, Weeks muda seu foco para dois outros tópicos importantes: a integração da história sexual e sua globalização. […] Ao incorporar a história sexual, Weeks sugere, o trabalho produzido ao longo de várias décadas pode ser um recurso valioso para compreender e responder a essas mudanças.
Proposição

Avaliação

9. Embora Weeks seja inequívoco sobre o valor e a necessidade de a sexualidade entrar na corrente principal do conhecimento e das narrativas históricas, ele me parece menos claro sobre até que ponto isso aconteceu. […]
Avaliação sintética 13. Olhando além dos capítulos individuais para o livro em sua totalidade, descobri que questionava uma das afirmações centrais de Weeks […]
  15. Mencionei anteriormente que, de todas as questões discutidas no livro, aquela cujas conclusões são mais ambíguas é a questão da integração. Não é difícil para mim entender por que isso acontece porque, dependendo do ponto de vista a partir do qual se examina a questão, nossa avaliação pode ser muito diferente. […]
  17. No entanto, ao mesmo tempo, pode-se argumentar razoavelmente que a história LGBT existe em seu próprio silo separado e fechado. […]
  24. Ironicamente, no que diz respeito à questão da integração, essa lealdade compartilhada a uma história sexual crítica significou que, em um grau significativo, ambos os conjuntos de historiadores permanecem bastante marginais. […]
  25. Reconhecer essas limitações no alcance e na influência da história sexual não é negar, nas palavras de Weeks que citei antes, que a história sexual deu “grandes passos a partir das margens” e que contribuiu para o enfraquecimento das estruturas opressivas e políticas. Mas, como ele reconhece e eu confirmo, ainda há um longo caminho a percorrer.

 

Desconhecemos estudos sobre o padrão retórico das resenhas na área de História e/ou Ensino de História. O que fizemos no tópico 4.2 foi uma breve demonstração dos modelos que flagramos em um exame de pouco mais de 30 resenhas, entre nacionais e estrangeiros, entre os quais estavam a estadunidense History and Theory, a francesa Annales e as brasileiras Saeculum e Ponta de Lança.

Mas é plenamente possível apresentar alguns padrões retóricos em história a partir de apenas uma revista, examinando detalhada e sistematicamente todas as resenhas publicadas ao longo de determinado ciclo vital. É o que faremos na próxima aula.


Para citar este texto:

FREITAS, Itamar; OLIVEIRA, Maria Margarida Dias de. Modelos de composição de resenhas: In: Resenhando como historiadores. Aracaju: Criação, 2021. [No Prelo].

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