Angola e Brasil nas rotas do Atlântico Sul | Selma Pantoja e José Flávio S. Saraiva

A obra organizada pelos dois historiadores das relações internacionais da Universidade de Brasília traz o Atlântico Sul para o centro das preocupações relativas à inserção externa do Brasil neste final de século. Área privilegiada para a articulação da política africana do Brasil, a porção atlântica ao sul do Equador é explorada em sua dimensão histórica, em particular em seu conjunto de vínculos e relacionamentos que unem o Brasil a Angola dos tempos do grande comércio de escravos até os desdobramentos das atuais relações bilaterais entre os dois Estados. Os organizadores, no entanto, nos alertam, já na apresentação do livro, que a “riqueza das relações das duas margens do Atlântico” não se reduz à lógica do tráfico atlântico de escravos. Intercâmbios diversificados proporcionaram uma vida bastante mais arrojada e múltipla à convivência de angolanos e brasileiros no Atlântico Sul.

Os autores utilizam a brecha aberta pelos debates acadêmicos em torno dos quinhentos anos da chegada dos portuguesas ao Brasil para explorar o ângulo das motivações que tornaram brasileiros, portugueses e angolanos competidores ou colaboradores no espaço atlântico. Vereda de intensa movimentação comercial bem como de intercâmbio de idéias, experimentos políticos e culturais comuns, as rotas do Atlântico são apresentadas nos sete capítulos que compõem a obra como uma área de construção civilizacional. Reivindicam os autores a noção de um espaço de construção civilizacional como, em certa medida, acostumamo-nos a perceber o Mediterrâneo euro-africano. Leia Mais