Porto e Barra do Rio Grande: história, memória e cultura portuária | Francisco das Neves Alves

Francisco Neves Barra do Rio Grande
Francisco das Neves Alves | Foto: Clepul.eu

Não pretendo privar o leitor de acompanhar o percurso da exposição histórica do autor, mas ressaltar a forma a partir da qual ele tece seu texto através de vários fios. A escrita da história, ou daquilo que se costuma considerar história legítima, passou por uma profunda transformação. O historiador profissional não é o único que se dedica ao mister historiográfico. O pluralismo que hoje reina no campo nos impede de falar de uma história com “h” maiúsculo, e é comum falar-se em história múltipla. Esta mudança não é apenas em relação a quem escreve a história, mas abrange as fontes, que se tornaram também variadas.

Faço esta consideração inicial para chamar atenção para os dois volumes da obra acima citada, pois o autor não é seguidor de Ranke, já que admite vários tipos de fontes, no entanto ele também não se enquadra em uma perspectiva de construção historiográfica na qual as fontes aparecem sem uma justificada crítica [1] que enseje sua utilização. O Dr. Francisco [2] edifica sua pesquisa sobre o porto, a barra e a cidade do Rio Grande por meio de uma tessitura que envolve fontes de naturezas diversas, sem, contudo, perder-se em um emaranhado de variáveis, já que essas fontes poderiam apontar para perspectivas diferentes. Assim, ele utiliza fontes convencionais, tais como livros sobre a historiografia referente ao porto e a cidade, tanto aquela elaborada por conhecidos autores, como também trabalha obras escritas por intelectuais locais. Trabalha com jornais [3], documentos náuticos, informações de ministérios, fotografias, relatórios da Câmara Municipal, relatórios técnicos de especialistas e relatos de viajantes estrangeiros. Além das fontes, o autor utiliza imenso material analítico, que lhe permite transformar as fontes em história do porto, da barra e da cidade do Rio Grande. Leia Mais