Cultura Material: objetos, imagens e representações  | Domínios da Imagem | 2020

A trajetória que envolve o debate sobre cultura material é extensa, complexa e multidisciplinar. Nos domínios da História, este debate tem como ponto de partida a vida material proposta por Fernand Braudel (1960/70), passando pelos trabalhos de Daniel Roche (1980/90), que procuraram congregar concomitantemente as contribuições da História Social e da História Cultural. Em geral, até o terceiro quartel do século XX, era tema e objeto de pesquisa específicos da Arqueologia e da Antropologia.

No Brasil, destacam-se alguns precursores que se reportaram aos objetos e procuraram, a partir deles, compreender como a materialidade e suas imagens poderiam auxiliar no entendimento do passado. É preciso lembrar que tais autores não tiveram a finalidade de inquirir diretamente a cultura material e, por isso, seus estudos tornaram-se, hoje, fontes de pesquisa ─ inspiradores, pela natureza de seus trabalhos ─, mas não um referencial metodológico. Com perspectivas e recortes temporais diferentes, suas análises estudaram fenômenos de caráter cultural e, em particular, levantaram questões ligadas à vida material, como é o caso de Sérgio Buarque de Holanda em Caminhos e Fronteiras (1957). Quando a historiografia francesa ainda dedicava pouca atenção ao tema, Gilberto Freyre (1933 e 1936) e Alcântara Machado (1929), por exemplo, já estudavam as moradias dos senhores de engenho, os sobrados citadinos, os mucambos, a alimentação, o mobiliário, a vestimenta e a atitude diante da morte. Leia Mais