Simpósio USP de História da Ciência e Tecnologia / Khronos – Revista de História da Ciência / 2018

Este número 5 da Khronos reveste-se de uma importância especial, pois nele é apresentado um dossiê decorrente do Simpósio USP de História da Ciência e Tecnologia. Tratou-se de evento ocorrido em 13 e 14 de novembro de 2017 no campus Butantan da Universidade de São Paulo, organizado pelo CHC – Centro de História da Ciência em conjunto com o IEA – Instituto de Estudos Avançados da USP, e que contou com o apoio de entidades externas (Instituto Butantan e IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas), além de unidades da USP (Instituto de Física, Instituto de Matemática e Estatística, Instituto de Oceanografia, Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Com uma participação de público além da esperada, apresentaram-se uma centena de comunicações orais vindas de 17 unidades da USP, inclusive de campi do interior do Estado de São Paulo. Os temas de fundo histórico foram bem variados e versaram sobre fontes e metodologia, medicina e saúde, história da ciência e ensino, filosofia da ciência, divulgação científica, políticas de ciência e tecnologia, ciência e religião, instituições científicas e técnicas, astronomia, física, matemática, biologia, geologia, psicologia, antropologia, direito, economia,

O congresso teve uma conferência magna proferido por Robert Fox, professor emérito da Universidade de Oxford e especialista mundialmente conhecido por sua produção em história da ciência contemporânea. O tema apresentado foi “Culturas de ciência e império na Era das Exposições”, em que discutiu a auto-construção de imagens de progresso por organizadores de diversas exposições internacionais nos séculos XIX e XX, bem como como esses ícones dialogavam com a sociedade e entre si. Durante a semana do evento, Robert Fox concedeu uma longa entrevista para o CHC e o IEA, ocasião em que discorreu sobre sua trajetória pessoal dentro da história da ciência e suas instituições, além de fazer considerações oportunas e de grande atualidade sobre este campo nos últimos cinquenta anos. A entrevista e a conferência abrem o dossiê referente ao Simpósio.

Foram selecionados alguns textos de trabalhos completos do evento para este dossiê: Marina Soares trata de Mary Montagu e a vacinação contra a varíola na Inglaterra do século XVII; Nanci Leonzo e Maria José de Almeida discorrem sobre tema pouco frequentado, o do embalsamamento de cadáveres no período imperial brasileiro; Natália Martins e Maria Elice Prestes expõem a contribuição na primeira metade do século XIX do embriologista inglês George Newport para elucidação do papel dos espermatozoides e do líquido seminal na reprodução animal; Paulo Henrique Monteiro, Olga Alves e Cristiano Monteiro, da equipe do Butantan dedicada à história da ciência, contam a trajetória do Centro de Pesquisa e Treinamento em Imunologia de São Paulo, ligado à Organização Mundial de Saúde; a interdisciplinaridade da história da ciência aplicada ao ensino de ciências naturais, em especial física e química, é ressaltada por Lia do Amaral; João Machado apresenta aspectos econômicos e culturais ligados ao Instituto Oscar Freire de Medicina Legal, da USP, na primeira metade do século XX; fechando a parte temática desta edição, Ewerton da Silva trata da medicina tropical nos países de língua portuguesa, focalizando especificamente as doenças do sono e de Chagas no início do século XX.

A seguir, esta edição contém texto de Beatriz Bandeira sobre o “Mecanismo de Anticítera”, espécie de complexo e engenhosos planetário grego cujos fragmentos foram descobertos em 1901 nos restos de um naufrágio ocorrido no século III a.C., e que vêm suscitando pesquisas apaixonadas.

O famoso cientista suíço Leonhard Euler (1703-1787) exerceu desde o século XVIII uma influência duradoura nas pesquisas de física e matemática. Sua intensa atividade de correspondência com sábios de sua época lhe trouxe notoriedade, de tal forma que em matemática o século XVIII foi chamada de “Era de Euler”, graças às suas contribuições em cálculo infinitesimal, funções complexas, teoria dos números, cálculo variacional, geometria e outros assuntos, juntamente com suas aplicações da matemática à astronomia, mecânica e óptica. É menos conhecida sua faceta de tecnólogo, exercida principalmente em projetos na Academia de Ciências de São Petersburgo, em que se consagrou à geografia, artilharia, navegação, construção naval. Dedicou-se também às máquinas hidráulicas e são deste gênero suas publicações de matemática aplicada a líquidos e gases, em que desenvolve a hidrostática e hidrodinâmica, incluindo-se o ensaio sobre o atrito nos fluidos, publicado em 1761 e que aqui se apresenta, em tradução direta do latim por Sílvio Bistafa.

Fecha a edição uma breve referência ao espanhol Jorge Wagensberg, que esteve por diversas vezes no Brasil, e cujo falecimento ocorreu recentemente em Barcelona.

Gildo Magalhães – Editor


MAGALHÃES, Gildo. Editorial. Khronos – Revista de História da Ciência. São Paulo, n.5, maio, 2018. Acessar publicação original [DR]

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