Ferreiros e fundidores da Ilamba: uma história social da fabricação do ferro e da Real Fábrica de Nova Oeiras (Angola, segunda metade do século XVIII) | Crislayne Alfagali

Crislayne Alfagali e Dayana Facanha Ferreiros
Crislayne Alfagali e Dayana Façanha | Imagem: Unicamp (2018)

Aos poucos, a historiografia vem dando novo enfoque à experiência que envolve os agentes transformadores dos processos políticos e econômicos que surgiram em fins do século XVIII, sobretudo a história das pessoas que operavam estas transformações diretamente no chão das fábricas e manufaturas. Vemos no trabalho de Elaine Santos (2010), que estudou os trabalhadores centro-africanos na expedição do militar Henrique Carvalho, o destaque dado aos homens e mulheres que não foram marginais à organização e sucesso das iniciativas dos portugueses.2 Os empreendimentos setecentistas corporificavam os anseios das nações que recorreram às concepções fundadas no movimento ilustrado e no utilitarismo de recursos que garantiriam destaque às mesmas no cenário comercial. O perfil e a perspectiva das pessoas que estavam transformando as matérias primas em recursos para os anseios dos Estados têm tomado resultado nos trabalhos desenvolvidos por Crislayne Alfagali. Na sua dissertação Em casa de ferreiro pior apeiro: trajetórias dos oficiais do ferro (Vila Rica, 1750-1795) (2012), a autora lançou mão sobre uma abordagem social dos trabalhadores manipuladores do ferro na capitania de Minas Gerais.

Na dissertação citada, Alfagali apresentou um dos perfis desses trabalhadores que seriam mais tarde analisados ostensivamente no seu doutoramento: os centro-africanos que possuíam larga tradição na obtenção e manipulação de ferro em seus locais de origem na África. Essas pessoas eram os fundidores e os ferreiros da região conhecida pelos colonizadores por Reino de Angola. Leia Mais