The Soft Power of War | Lilie Chouliaraki

Um dos reconhecidos avanços propiciados pelo chamado Terceiro Debate em Relações Internacionais foi ter aberto a possibilidade de diálogo entre a área e outros ramos das Ciências Humanas, tais como a Filosofia, Sociologia e Linguística. Tal abertura proporcionou um estreitamento dos laços com o que se convencionou chamar Virada Linguística, movimento intelectual que colocou em cheque a concepção representacionalista da linguagem, isto é, a mesma não seria apenas um reflexo das condições materiais e/ou ideacionais da sociedade e às suas funções descritiva e representacional seria mais do que oportuno considerarmos seu caráter produtivo, ou seja, sua capacidade de criar identidades e posicionar sujeitos e objetos em relações entre si.

Nesse sentido, uma tradição intelectual interessante para se refletir sobre o papel da linguagem na construção do real é a Análise Crítica do Discurso (Critical Discourse Analysis), especialmente a contribuição de Norman Fairclough, mais conhecida como Teoria Social do Discurso. Acolhendo influências marxistas significativas, como o dialogismo de Bakhtin e a concepção de hegemonia de Gramsci, mas também influenciado por ideias foucaultianas, especialmente o aspecto constitutivo do discurso e a natureza discursiva do poder, Fairclough define o discurso como uma forma de prática social, um modo de se agir sobre o mundo e sobre a sociedade, enfim, um elemento da vida social que se interconecta com demais práticas. Em suma, o discurso possui uma relação dialética com a realidade, influenciando-a, mas também sendo influenciado por ela, e a ambição do autor, ao longo principalmente de três obras (FAIRCLOUGH, 2008; CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1998; FAIRCLOUGH, 2003) foi desenvolver uma teoria do discurso que possibilitasse os analistas a unir a análise linguística dos textos com abordagens da teoria social. Leia Mais