História da Mídia e Saúde (Parte 2) | Revista Brasileira de História da Mídia | 2021

No primeiro semestre de 2021, continuamos enfrentando a maior crise sanitária que o Brasil já teve. Foram cerca de 500 mil vidas perdidas e o processo de imunização da população brasileira continua lento. Mesmo assim, temos esperança de que todos possam ter acesso à vacina. Diante de situação tão grave, a Revista Brasileira de História da Mídia (RBHM) se solidariza com as famílias que perderam entes queridos, alguns dos quais familiares dos pesquisadores do campo da Comunicação.

A edição compartilha dessa dor coletiva e publica a segunda parte do dossiê “História da Mídia e Saúde”, contendo abordagens a respeito da doença e suas reverberações no campo social e cultural. São artigos contendo estudos que indicam a pluralidade de pesquisas que se relacionam à temática da saúde no tempo e em variados espaços.

Os três primeiros artigos abordam a temática da Sars-CoV-2, a Covid-19. Ana Javes Luz reconstitui os processos memoráveis a respeito da doença em sites oficiais no Brasil. Os pesquisadores Thaiane Oliveira, Ronaldo Ferreira Araujo, Roberta Cardoso Cerqueira e Patricia Pedri discutem a politização de controvérsias científicas e a circulação de preprints sobre Covid-19. Já Felipe Viero Kolinski Machado e Vanessa Costa Trindade analisam as revistas femininas e como as mulheres foram afetadas pela Covid-19.

Alguns problemas de saúde no Brasil têm sido recorrentes ao longo do tempo. Regina Oliveira Santos Nicolosi e Malena Segura Contrera abordam os processos de historicidade a respeito do suicídio e a mídia. A cobertura sobre a Síndrome Congênita do Zica Vírus no Brasil, ocorrida entre 2015 e 2016, é retomada de forma retrospectiva por Alessandra Santana Soares e Barros. As campanhas de saúde de 1920 e 2018/2019 também são relembradas criticamente pelos pesquisadores Bruna Vanessa Dantas Ribeiro, Roberta Cristina Barboza Galdencio, Elzimar Evangelista Peixoto Pinto, Erika Drumond Saraiva e Luisi Maria Costa de Oliveira.

O método Cooper, a mídia impressa e a emergência da corrida de rua como prática de saúde no Brasil são discutidos por Glauber Tiburtino e Alice Gatto. Já Camila Fortes Monte Franklin e Juliana Fernandes Teixeira abordam a construção discursiva sobre as pessoas consideradas loucas a partir do jornal O Dia, no Piauí. A edição do dossiê conclui com o artigo de Roseane Arcanjo Pinheiro e Gessiela Nascimento da Silva, que analisam os discursos do podcast Mamilos a respeito da pandemia da Covid-19.

Os artigos gerais da revista trazem a multiplicidade da produção científica no campo da história da mídia proveniente de diferentes países e regiões do Brasil. Zulmira Nóbrega Piva de Carvalho e Tatiana Ramalho Barbosa discutem a criação dos primeiros programas culinários na televisão nos Estados Unidos (The French Chef), apresentado por Julia Child, e no Brasil (A Cozinha Maravilhosa da Ofélia), com Ofélia Anunciato. A adaptação do romance A Muralha, de Dinah Silveira de Queiroz, para a televisão, na minissérie homônima produzida pela Rede Globo no contexto de celebração dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, em 2000, é tema do artigo de André Luís Bertelli Duarte.

No campo da mídia sonora, a produção musical de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins é discutida por Herom Vargas e Mozahir Salomão Bruck. Já a situação dos arquivos sonoros radiofónicos de Portugal e Espanha é tema do artigo de Cláudia Henriques. Experiências com rádios-postes nordestinas são apresentadas por Izani Pibernat Mustafá e Giovana Borges Mesquita.

No âmbito da imprensa, Andréa Cristiana Santos, Edonilce Rocha Barros e Rafhael Nobre analisam o discurso jornalístico no Rivale no tempo da construção da barragem de Sobradinho. A crítica da prática jornalística no jornal A Luta é tematizada por Nilsângela Cardoso Lima e Kamilo Carvalho de Almeida. Clayton José Ferreira, por sua vez, discute textos de conhecidos autores brasileiros veiculados em jornais da época a respeito do ensaio Retrato do Brasil, publicado por Paulo Prado em 1928.

Os pesquisadores Daniela Osvald Ramos e Gabriel Rizzo Hoewell discutem temporalidade no jornalismo contemporâneo e Otávio Cezarini Ávila, concluindo a edição, aborda migração, nostalgia e tempo nas mídias digitais a partir de um videoclipe com a música Ave Cesária.

A presente edição marca um momento de mudanças na RBHM. Depois de cinco anos, as editoras Aline Strelow e Karina Janz deixam de integrar a comissão editorial da revista, permanecendo em seu conselho científico. As editoras Netília Silva dos Anjos Seixas, que atua desde 2015, e Valci Zuculoto, desde 2019, dão continuidade ao trabalho, agora com as colegas Andréa Cristiana Santos e Cláudia Peixoto de Moura, ambas experientes pesquisadoras de história da mídia com longa trajetória nos eventos e diferentes atividades na Alcar.

Para as editoras que saem, esse foi um período de intenso aprendizado. A atuação em uma revista com foco específico em história da mídia permitiu acompanhar de perto as pesquisas realizadas em nossa área de estudos, sendo uma grande oportunidade para aprofundar conhecimentos e experiências. Para as que ficam e chegam, o desejo de um caminho de trocas e crescimento, de diálogo e contribuições para o desenvolvimento e qualificação da RBHM.

Boa leitura!


Organizadores

Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia


Referências desta apresentação

Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia. Editorial. Revista Brasileira de História da Mídia. São Paulo, v. 10, n. 1, p. 8-10, jan./jun. 2021. Acessar publicação original [DR]

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