Sociedades senhoriais no medievo: diversidades culturais e relações de poder / Ponta de Lança / 2016

Os estudos medievais no âmbito do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Sergipe são uma realidade indiscutível, assim como no restante do nosso país.

Não é mais possível relegar ao status de “exótico” e “alienado” a preocupação de historiadoras e historiadores por temas que versam a respeito de um período da história das relações de poder que, aparentemente, estaria tão distante de nós. Estudar e pesquisar, refletir e produzir historiografia sobre a Idade Média (ou das “Idades Médias”) não se restringe a fazer justificadas conexões culturais de herança de um passado que não deixa de ser também nosso. Mas de perceber que o processo constante entre dominantes e dominados, de saberes culturais e complexidades de relações políticas devem ser sempre olhadas ao crivo do método e da teoria da História e que nós historiadores não somos servos e adoradores de Clio, essa musa que é erigida diariamente como intocável às críticas, elas sim, tão necessárias ao fazer histórico. Nós somos e devemos ser aqueles que olham para o horizonte repensando caminhos e posições e que põem em cheque constantemente o risco de imobilidade na Educação.

Sem se atrair pelo eruditismo de gabinete, a formação de jovens pesquisadoras e pesquisadores no âmbito da História Medieval vem demonstrar o quanto o Nordeste brasileiro é fértil não só na busca por conexões com um medievo que pode ainda hoje ser ouvido na Literatura de Cordel ou nos repentes entoados pelos trovadores modernos nos Mercados Municipais sergipanos, mas, também, na análise de fontes primárias e edições críticas de textos medievais.

Os artigos presentes neste dossiê pretenderam trazer à luz como é possível conduzir investigações sobre a Idade Média através do uso de documentos que vão do século VI até o XIV, tendo o senhorio como o ponto de partida. Mas não somente ele.

Tal empenho pode ser observado no artigo/ensaio de Bruno Gonçalves Alvaro, pós-doutor em História pela Universidade Federal de Mato Grosso e docente de História Medieval no DHI-UFS e no PROHIS-UFS, e no artigo do Professor Guilherme Marinho Nunes, mestre em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC-UFRJ) e pesquisador colaborador do Programa de Estudos Medievais (PEMUFRJ).

Os artigos do Professor Rafael Costa Prata, mestre em História pelo PROHIS-UFS e doutorando em História pelo PPGHis-UFMT, com bolsa CAPES, e Lívia Albuquerque Couto, mestranda em História pelo PROHIS-UFS, apresentam pertinentes reflexões sobre o século XIII ibérico ou aquilo que hoje conhecemos como Espanha.

Reunidos, sobretudo, em torno dos debates e reuniões realizadas no âmbito do Grupo de Pesquisa Dominium: Estudos sobre Sociedades Senhoriais (CNPq-UFS), este dossiê também abriu espaço para reflexões teóricas e metodológicas, como nos artigos da mestranda em História pelo PROHIS-UFS, Professora Airles de Almeida Santos e do Professor Cassiano Celestino de Jesus, graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe.

Esta edição da Revista Ponta de Lança também traz aos leitores uma importante entrevista com Leandro Duarte Rust, docente do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Mato Grosso, realizada pelos Professores Bruno Gonçalves Alvaro e Bruna Oliveira Mota, mestranda em História pelo PROHIS-UFS e bolsista CAPES.

Finalmente, buscando a divulgação de obras de História Medieval produzidas por pesquisadores brasileiros, será possível ler uma resenha escrita pelo graduando Victor C. Barros de Jesus, bolsista de Iniciação Científica da UFS.

Boa leitura!


ALVARO, Bruno Gonçalves. Apresentação. Ponta de Lança, São Cristóvão, v.10, n.18, 2016. Acessar publicação original [DR]

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