Antiguidade e Medievo / Fato & Versões / 2017

Neste número da Fato & Versões – Revista de História, os artigos foram articulados no dossiê Antiguidade e Medievo; acompanhando o perfil adotado pelo corpo editorial, as contribuições abarcam uma multiplicidade de enfoques e metodologias sobre esses períodos, privilegiando o aspecto interdisciplinar do saber histórico.

Iniciamos nosso dossiê com o artigo de Fabiano de Souza Coelho intitulado História, Religião e Ecumenismo: o Primado Petrino católico romano e as comunidades eclesiais ortodoxas, iluminados a partir de alguns documentos do Concílio Vaticano II. Suscita-se as vinculações entre a Igreja Católica Romana e as Otodoxas a partir do decreto Unitatis Redintegratio e o Primado do bispo de Roma nas intersecções entre o Ocidente e o Oriente cristão em busca de uma oficialidade, destacando também o decreto Orientalium Ecclesiarum. Nesse ínterim, é evidente as relações de poder inseridas, o que permeia de maneira semelhante o artigo de Carlos Eduardo Schmitt intitulado Valentiniano I e o início de uma nova dinastia, que trabalha o viés da antiguidade tardia, investigando o conhecimento do historiador Amiano Marcelino sobre a relação entre a corte imperial e o Senado no início dessa nova dinastia do Império Romano.

Evidenciando o período medieval, Jonathas Ribeiro dos Santos Campos de Oliveira apresenta o artigo A cidade de Coimbra e o Mosteiro de Santa Cruz no século XII: reflexões sobre o Priorado de D. Teotônio, que busca compreender os eventos que cercaram o processo de fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra na primeira metade do século XII, bem como o exercício do primeiro priorado por D. Teotônio. Novamente aponta-se as relações de interesses políticos e religiosos dentro do debate e permeando os textos.

Retornando à antiguidade, Luis Filipe Bantim de Assumpção em seu artigo Revisitando os valores sociais espartanos no discurso de Xenofonte concentra-se na análise sociopolítica espartana de Xenofonte a partir da Constituição dos Lacedemônios, situando seu lugar social no século IV a. C. e a maneira como fomenta elogios à Esparta diante das avaliações críticas sobre posicionamentos da democracia ateniense. Relações territoriais e de perspectivas políticas podem, assim, ser ressaltadas, o que, de maneira semelhante é possível destacar nos demais trabalhos apresentados.

Alexandre Cozer propõe um debate de aprofundamento dos quesitos morais na sexualidade romana da antiguidade pelo viés do riso e da comicidade a partir do texto Nolite omnia quae loquor putare: apontamentos sobre a leitura e o humor na Priapeia Romana, levando em consideração a teoria da estética da recepção de Hans Jauss em suas análises. Finalizando esta edição, Gabriel Freitas Reis resenha o livro Antiguidade Tardia e o fim do Império Romano no Ocidente de Pedro Paulo Funari, discussão que finaliza a proposta do dossiê.

Boa leitura a todos!

Dolores Puga


PUGA, Dolores. Apresentação. Fatos e Versões. Campo Grande, v.9, n.18, 2017. Acessar publicação original [DR]

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