Diógenes, o cínico | Luis E. Navia

Diógenes é um dos mais intrigantes personagens da história social e cultural do mundo antigo. Nascido na cidade grega de Sinope – situada na costa sul do Mar Negro e que, à época do nascimento do filósofo, exercia importante papel como ponto de intercâmbio cultural e comercial entre o Ocidente (a cidade esteve sob a influência política de Atenas desde 444 a.C.) e o Oriente (tanto o Oriente grego, com a presença de homens de Mileto e de outras cidades jônicas da Ásia Menor, quanto o Oriente não grego, com a presença de persas e indianos que chegavam à cidade na esteira de rotas comerciais) – Diógenes, condenado e expulso, viveu a maior parte de sua vida em Atenas e Corinto. Não possuía casa – passava as noites em um grande jarro de cerâmica, que carregava com ele ao longo do dia como um caracol que carrega sua casa às costas – e nem qualquer propriedade, vivendo de esmolas e oferendas. Nas ruas, além de esmolar, costumava satisfazer suas necessidades fisiológicas. Uma anedota conta que “por ocasião de um banquete, algumas pessoas lançaram-lhe ossos como a um cão; ao sair, Diógenes urinou sobre eles, como um cão”; outra anedota conta que ele tinha por hábito se masturbar em plena ágora e que teria exclamado certa feita a um indivíduo que se escandalizara com seu gesto: “ah, seu eu pudesse aliviar a fome também apenas esfregando a barriga”; um outro relato diz que, durante os Jogos Ístmicos, em Corinto, Diógenes interrompeu um discurso que pronunciava para, diante de seus ouvintes, acocorar-se e defecar. Leia Mais