Belo Horizonte: cem anos em cem / Varia História / 1997

Dedicamos este numero ao professor Antônio Luis Paixão, que se estivesse ainda entre nós teria gostado de participar; bem como ao professor Francisco Iglésias por seu amor a Belo horizonte e sua paixão pela Historia.

Porque Belo Horizonte: Cem anos em Cem. Nos primeiros anos pós republicanos é comum encontrarmos nos autores e políticos da República, frases como esta do governador mineiro, em 1895, falando sobre a nova capital de Minas Gerais que se construía: “a República em seis anos fez mais pelo Brasil do que a Monarquia em 70”. Juscelino, mais tarde, em campanha presidencial prometia “50 anos em 5”. Eleito construiu Brasília. Neste NUMERO ESPECIAL não pretendemos demonstrar a aceleração da Historia. Pretendemos tão somente tratar de alguns aspectos da vida de Belo Horizonte ao longo de cem anos de sua historia, cem anos medidos um a um, durante os quais, utopias foram lançadas, sonhos foram discutidos ou desfeitos, problemas sociais e urbanos surgiram e se multiplicaram, discursos esgotaram-se em si mesmos e a cidade, planejada para acolher poucos mil habitantes traz hoje para seus dois e meio milhões de pessoas, um espaço no qual o desenrolar da História, em seu tempo medido, marca a todos por seus dramas do dia a dia …

Os textos que se seguem foram divididos pelos assuntos que os, aproximavam. Não tivemos a pretensão de esgotar temas ou as épocas abordadas. Tão só os autores buscaram tratar de alguns aspectos dentro do universo que se abre em seus trabalhos. Muita coisa ficou de fora, aspectos importantes uns, curiosos outros. nada de buscar o que poderia ser o fim de uma historia.

Começamos por tratar de Curral dei Rei. Passamos em seguida para um fato pouco lembrado. No exato momento em que se construía em nome do progresso, da ordem e da civilização uma cidade eugênica, planejada e riscada na prancheta, destruía-se outra, Canudos, a ferro e fogo, nascida de um Brasil desconhecido, vitima de sua própria ucronia milenarista. Os textos seguem. Passam por projetos urbanos uns, estilos de época outro, grafite contestatorio um terceiro. Crimes, que rompem com um projeto de espaço urbano, que as utopias de momentos diferente podem aproximar, quer pelas greves na cidade que devia ser pacata, quer pelas ideologias que sempre se fazem presentes. Assim passamos pelo “flâneur”, por cronistas, por aquele que se dedicou a revista infantil ou a outros que as queriam literárias. Mas como esquecer a educação sistêmica, a política cultural, as artes aqui presente, a economia e os planejamentos políticos que buscam e buscam o controle do país como um todo? De vários aspectos tratamos um pouco; da musica, do cinema, da produção discográfica de artistas locais, até voltarmos para as utopias possíveis no milênio que se aproxima. Os trabalhos deste numero, por se tratar de um numero especial, dentro do próprio espirito de uma efeméride, apresentam uns, característica acadêmicas, outros fogem a este aspecto, outro arrola uma cronologia, mas todos trazem o interesse comum por tratarem de assuntos que tiveram por espaço o “Iocus” Belo Horizonte.

Por fim, mas não menos importante, que deixar nossos agradecimentos ao Diretor do ARQUIVO PUBLICO DA CIDADE DE BELO HORIZONTE, professor Carlos Roberto Rodrigues, bem como a Ivana Denise Parrela e Adalson de Oliveira Nascimento pesquisadora e estagiário da mesma instituição pela atenção em nos fornecerem as fotos que reproduzimos e que fazem parte, a maioria delas, da coleção do fotógrafo José Góes.

Ciro Bandeira de Melo

João Antonio de Paula


MELO, Ciro Bandeira de; PAULA, João Antonio de. Apresentação. Varia História, Belo Horizonte, v.13, n.18, nov, 1997. Acessar publicação original [DR]

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