História do marxismo no Brasil | História & Luta de Classes | 2021

A corrente de ação e pensamento tributária à longa trajetória política e intelectual de Karl Marx e Friedrich Engels, desenvolvida por uma miríade de revolucionárias e revolucionários sob a sua inspiração, incorporada em diferentes organizações e reverberando em teorizações nos mais distintos campos, tem como uma de suas marcas a ampla difusão global. A circulação do marxismo acompanhou o próprio espraiar da sociedade burguesa: ao invadir todos os espaços do globo, não apenas a burguesia cria um mundo à sua imagem e semelhança, mas também desenvolve “um intercâmbio universal e uma universal interdependência das nações. E isso se refere tanto à produção material como à produção intelectual. As criações intelectuais de uma nação tornam-se patrimônio comum”1. Neste sentido, não é de estranhar que a ampliação das comunicações e migrações para a América tenha sido acompanhada de uma série de ideias radicais críticas que, enraizando-se no solo local, inspiraram a classe trabalhadora a não apenas pensar a sua inserção e situação em um mundo cada vez mais integrado pelo capital, mas também propor como superá-las.

Objeto assim longevo, a história do marxismo no Brasil não é tema novo na historiografia nacional. Esforços para a sua elaboração remontam às iniciativas de militantes diretamente envolvidos na formação da própria tradição marxista brasileira. É o caso de Astrojildo Pereira, um dos fundadores do PCB em 1922, que décadas após, já um experimentado quadro, narraria a trajetória da imprensa operária nos primeiros anos do século2. Discutir imprensa política é discutir esforço de organização a partir da circulação de ideias e da iniciativa de agitação e propaganda. É evidenciar como se trata de dar carne a um corpo de ideias, ou seja, tratar da própria constituição de um marxismo no Brasil e brasileiro. Leia Mais