Educação não escolar: Religiosidade e modos de fazer de uma curadora | Márcio Barradas Sousa e Maria betânia B. Albuquerque

A obra é resultado da dissertação de mestrado defendida em 2015 no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA). No livro, Márcio Barradas Sousa e Maria Betânia B. Albuquerque analisam os saberes e as práticas educativas cotidianas presentes no atendimento de pessoas submetidas às orações e tratamento de cura realizada por Odinéia dos Santos Barbosa, na comunidade quilombola de Abacatal, em Ananindeua, no Pará. Dona Dionéia, como costumava ser chamada, era conhecida como benzedeira que tratava os males espirituais provocados pelos seres habitantes das matas. Como aporte teórico metodológico os autores buscaram alicerçar-se nos pressupostos da história cultural, cuja abordagem historiográfica volta-se para a vida cotidiana, objetos e temas ligados à vida social dos homens e mulheres no tempo. Além disso, utilizaram-se do método da história oral e da técnica da entrevista semiestruturada, bem como características da pesquisa etnográfica.

Nesse movimento analítico os autores demonstraram o protagonismo de dona Dionéia e conferiram-lhe o status de exímia educadora ao revelar que esta, ao mudar de religião, criou uma metodologia própria de prática de cura ressignificando os processos educativos que utilizava no enfrentamento de doenças espirituais das pessoas que a procuravam. Nesse aspecto, tratava-se de processos educativos de natureza não escolar identificado pelos autores nas tessituras cotidianas das práticas de dona Dionéia e seus educandos, cuja relação era perpassada pelo processo de ensino e aprendizagem, na qual era mediadora de múltiplos saberes, disseminados pelo método da oração e da terapia de cura. Leia Mais