Democracia e cidadania  / Escritas / 2013

A democracia e a cidadania são conceitos que remontam ao período da antiguidade e, desde então, estão sendo constantemente redimensionados, tanto no campo da produção intelectual quanto no campo das práticas políticas e sociais, de acordo com as novas experiências e expectativas dos sujeitos históricos. Notadamente, porém, esses dois temas emergiram como ideias-força, sobretudo, após a Segunda Guerra Mundial. Com a crise dos regimes autoritários na Europa e na América Latina, a sociedade civil organizada, cada vez mais, passou a demandar o fortalecimento das instituições democráticas, a redução das desigualdades sociais e a garantia dos direitos humanos. Partindo dessas considerações, com o dossiê Democracia e cidadania a Revista Escritas do Colegiado de História da UFT (Araguaína) em seu Vol. 5, n.1 apresenta, de início, dois artigos que versam sobre a imprensa. Jordana Caliri estuda a imprensa na cidade de Manaus na passagem do século XIX para o XX. Especial destaque, aqui, para o tema da modernização, já que estamos em pleno boom da borracha que condiciona a emergência de uma elite “modernizadora” na região. O outro artigo, de Eleni Lechinski, analisa os periódicos da Metalúrgica Duque-Joinville e localiza o discurso maternalista. Nesse universo discursivo, procura-se configurar novos sujeitos, inseridos nesse ambiente fabril.

Posteriormente, temos três artigos que se situam no contexto histórico do Regime Militar brasileiro. O primeiro de Rita de C. S. Lucas e Charles Sidarta M. Domingos, aborda a presença (de forma alegórica) do Regime Militar em duas obras do escritor Josué Guimarães; o outro, de Cristopher S. Alves, estuda as diversas concepções de democracia no periódico Jornal do Brasil no momento precedente ao golpe de 1964. Aqui, estamos em pleno governo de João Goulart, onde se verifica a polarização das forças políticas. Finalmente, o artigo de Priscila O. Pereira que estuda o direito ao voto do analfabeto em alguns jornais piauienses nos anos 1964 e 1965.

Finalizando o dossiê, temos o artigo de Vilson C. Schenato que apresentanos um amplo quadro da democracia no Brasil em seu aspecto histórico. Schenato destaca a herança autoritária da cultura política brasileira, bem como o início de uma nova era democrática com a Constituição de 1988.

Na Seção Livre, apresentamos o artigo de Ronaldo Q. de Morais que estuda o discurso historiográfico de cunho militar. O autor investiga a reação dessa forma específica de discurso ante os novos “paradigmas” da historiografia contemporânea, principalmente o de origem francesa. O artigo de Vera L. Caixeta que realiza uma ampla investigação sobre a prática religiosa dos dominicanos franceses na diocese de Goiás em fins do século XIX. A autora reconstrói a tentativa desses religiosos de reformar as práticas cotidianas (e crenças) da população da região.

O atual volume conta com duas resenhas. Numa, Dagmar Manieri faz um balanço sobre os avanços dos estudos biográficos shakespearianos na obra Como Shakespeare se tornou Shakespeare, de Stephen Greenblatt. Em outra, Raylinn B. da Silva procura inserir a obra Fiel é a palavra: leituras históricas dos evangélicos protestantes no Brasil, dos autores Elizete da Silva, Lyndon de A. Santos e Vasni de Almeida, no conjunto dos estudos sobre as igrejas protestantes reformadas no Brasil.

Com essa Apresentação, esperamos que o leitor sinta-se motivado a pesquisar em nossa Revista. Que tenha uma boa leitura.

Os Editores.

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