Iniciação científica no ensino superior: funcionamento e contribuições – MASSI; QUEIROZ (EPEC)

MASSI, Luciana; QUEIROZ, Salete Linhares. Iniciação científica no ensino superior: funcionamento e contribuições. Campinas, SP: Editora Átomo, 2010. Resenha de: FERREIRA, Luciana Nobre de Abreu. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v.13, n. 03, p. 285-286, set./dez. 2011.

No livro Iniciação Científica no Ensino Superior: Funcionamento e Contribuições, Luciana Massi e Salete Linhares Queiroz apresentam um importante trabalho que engloba diferentes aspectos ligados à atividade de Iniciação Científica (IC), com ênfase para sua evolução, principais características e contribuições. No entendimento das autoras, a IC trata-se de um “conjunto de experiências vivenciadas por alunos de graduação, vinculadas a um projeto de pesquisa, elaborado e desenvolvido sob a orientação de um docente, com ou sem financiamento de agências de fomento”. Dessa forma, destacam a relevância de tal atividade em favorecer a formação do graduando, especialmente no que toca ao conhecimento em pesquisa e ao direcionamento profissional.

A obra encontra-se estruturada em seis capítulos, os quais são resultantes de pesquisas desenvolvidas pelas autoras e integram um considerável conjunto de informações sobre a atividade de IC, revelando-se um guia valioso para os atores envolvidos nessa prática.

O primeiro capítulo traz inicialmente definições sobre a IC, além de menções a projetos desenvolvidos em diversos níveis de ensino. Na sequência, as autoras passam a apresentar um histórico do desenvolvimento da IC nas universidades brasileiras. Neste têm destaque os principais marcos da IC, como a criação da Universidade de São Paulo (USP), do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq) – pioneiro no fomento às atividades de IC –, e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), concebido pela mesma agência como um instrumento adicional de apoio.

Com o intuito de mostrar um panorama a respeito das pesquisas realizadas sobre IC no Brasil, no segundo capítulo as autoras apresentam considerações resultantes de um levantamento bibliográfico abrangente em confiáveis bases de dados e obras bibliográficas brasileiras sobre o tema. Embora tenham constatado uma quantidade relativamente escassa de pesquisas na área, estas evidenciam diversas contribuições das atividades de IC realizadas nas instituições de ensino superior.

Com a finalidade de melhor explicitar essas contribuições, nos capítulos 3, 4 e 5 as autoras abordam, respectivamente, a IC como atividade de formação do universitário, apresentam as principais considerações sobre o PIBIC e fazem uma caracterização de algumas particularidades do funcionamento da IC. Com respeito à IC como atividade de formação do universitário, as autoras exploram, no terceiro capítulo, as influências desta atividade no desempenho dos graduandos, no seu desenvolvimento pessoal, além de possibilitar-lhes uma nova visão de ciência e socialização profissional.

Discussões a respeito do PIBIC, especialmente com relação a seu amparo à formação de pesquisadores e ao encaminhamento profissional são relatadas no quarto capítulo. Segundo as autoras, o PIBIC, além de auxiliar no fortalecimento da pesquisa e na qualificação do corpo docente, permite que a prática de IC seja parte da própria concepção do que é a universidade.

No quinto capítulo as autoras, com base nos relatos das pesquisas estudadas a respeito do tema, evidenciam certas peculiaridades da IC, como os tipos de atividades desenvolvidas, as motivações para as pesquisas realizadas, o processo de seleção do orientador e do orientando em IC, bem como as expectativas, decepções e dificuldades vivenciadas nesta atividade.

O sexto capítulo traz os resultados de estudos empíricos desenvolvidos pelas autoras a respeito da IC em cursos de graduação em Química. Tendo como sustentação aportes teórico-metodológicos da Análise do Discurso de Linha Francesa e da Sociologia e Antropologia da Ciência, apresentam as contribuições da IC para a apropriação da linguagem científica por graduandos em Química. As pesquisas desenvolvidas apontaram a atividade de IC como uma forma de apropriação do discurso científico, propiciada pela troca com os pares, a imitação de modelos e a vivência de pesquisa, além de uma formação humanística desejável a graduandos, expressa principalmente por meio do “desenvolvimento da autonomia e senso crítico, compreensão e domínio do conteúdo científico particular do laboratório, além da articulação entre esses temas e aqueles abordados na graduação”.

Portanto, a obra aqui descrita configura-se um relevante material para o conhecimento dos mais variados âmbitos da atividade de IC e um instrumento de estímulo à prática da pesquisa por estudantes de graduação e ao desenvolvimento de novas pesquisas na área.

Luciana Nobre de Abreu Ferreira – Mestre em Ciências pelo Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo Professora Assistente do Centro de Ciências da Natureza da Universidade Federal do Piauí E-mail: [email protected]

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Estudo de caso no ensino de química – SÁ; QUEIROZ (EPEC)

SÁ, Luciana Passos; QUEIROZ, Salete Linhares. Estudo de caso no ensino de química. Campinas: Editora Átomo, 2009. Resenha de: OLIVEIRA, Jane Raquel Silva de. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v.12, n.02, p.279-280, mai./ago. 2010.

Luciana Passos Sá e Salete Linhares Queiroz abordam em sua obra “Estudo de casos no ensino de química” os resultados de seus estudos teóricos e empíricos sobre a produção e aplicação do método de estudo de casos, o qual, segundo as autoras, “consiste da utilização de narrativas sobre dilemas vivenciados por pessoas que necessitam tomar decisões importantes a respeito de determinados problemas” (p. 12). Sob essa perspectiva, um aspecto central permeia todo o livro: a importância do método para o aprimoramento da capacidade de tomada de decisões diante de problemas que envolvem questões sócio-científicas e para o desenvolvimento da prática da argumentação – ambos aspectos essenciais para a formação da cidadania. Dessa forma, a obra apresenta-se como leitura essencial para professores em formação ou em exercício que se preocupam com uma educação na qual o aprendizado de conceitos não seja o fim em si, mas uma ferramenta para sua utilização em contextos mais amplos e significativos na vida dos educandos, isto é, uma educação científica que propicie espaços para debates e reflexões sobre aspectos econômicos, sociais, políticos, éticos etc.

O livro é divido em seis capítulos, dos quais dois são especialmente dedicados a relatar as pesquisas das autoras nessa área. O primeiro capítulo aborda brevemente as origens do método Problem Based Learning (PBL) – do qual deriva o método de estudo de caso – em faculdades de medicina no exterior e sua posterior difusão para outras instituições e outras áreas do conhecimento, bem como relata a utilização do método em algumas universidades brasileiras. Nesse capítulo também são descritos alguns sites e materiais didáticos que disponibilizam casos “prontos” para o ensino de química. Tais informações, além de confirmarem a popularização do método no meio acadêmico, são bastante úteis àqueles que buscam fontes de exemplos de casos para aplicação em sala de aula.

Parte extremamente prática do livro, o segundo capítulo pode ser considerado uma espécie de guia para a elaboração e aplicação de casos em sala de aula, pois fornece uma série de informações úteis ao professor no planejamento e utilização do método. Para tal, as autoras apresentam como produzir um caso, destacando e exemplificado as principais características de um bom caso, relatando as principais fontes de inspiração para a sua elaboração e ressaltando algumas considerações importantes nas etapas que precedem a elaboração do mesmo.

Nesse capítulo as autoras também descrevem e exemplificam algumas estratégias didáticas para utilização dos casos no ensino de ciências, e discutem a estreita relação entre as questões propostas e o estímulo à tomada de decisões, ressaltando alguns modelos que auxiliam o professor na elaboração de questões sobre ele.

O terceiro capítulo traça um panorama geral de trabalhos da literatura que versam sobre a aplicação do método de estudo de caso no ensino de química, com destaque para alguns pontos-chave, como as subáreas da química nas quais são mais utilizados. Esse capítulo destaca também os principais objetivos dos educadores quanto à utilização dos casos, as diferentes maneiras empregadas pelos professores de química na aplicação do método e as impressões de alunos e professores sobre esses estudos de casos.

Os capítulos quatro e cinco trazem os resultados das pesquisas realizadas pelas autoras na produção e implantação de estudos de caso no ensino superior de química. No quarto capítulo as autoras relatam a aplicação do método no ensino superior de química, descrevendo os casos produzidos, as fontes de inspiração para a produção dos mesmos, as etapas de aplicação da proposta e as impressões dos alunos sobre as diversas habilidades que desenvolveram com a proposta aplicada. No quinto capítulo as autoras, com base nas análises dos argumentos produzidos pelos alunos na apresentação da solução dos casos propostos na pesquisa, destacam como a aplicação de estudo de casos pode estimular a prática da argumentação em sala de aula – aspecto cada vez mais valorizado na educação em ciências.

Trazendo informações complementares sobre a literatura da área, no sexto capítulo as autoras apresentam uma bibliografia anotada de 29 artigos internacionais, citados na revisão bibliográfica do terceiro capítulo, os quais abordam a aplicação de estudo de casos no ensino de química.

Dessa forma, as considerações apresentadas pelas autoras nesta obra ratificam a importância do método de estudo de caso tanto para o aprendizado de conteúdos informativos quanto formativos, e, por esse motivo, recomenda-se sua leitura a professores de diversas áreas do conhecimento, pois o método pode ser empregado em debates sobre os mais variados problemas que permeiam o cotidiano dos estudantes. Embora as pesquisas das autoras sobre os estudos de caso tenham sido desenvolvidas apenas no ensino superior de química, os resultados indicam sua aplicabilidade também no ensino básico – o que deixa em aberto importante espaço para novas pesquisas na área.

Jane Raquel Silva de Oliveira – Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal de São Carlos. E-mail: [email protected]

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