Ensino de história e história da educação: caminhos de pesquisa (Parte II) / História e Diversidade / 2014

O dossiê temático “Ensino de história e história da educação: caminhos de pesquisa” (Parte II) apresenta textos que compõem uma diversidade de investigações relativas ao ensino de história e da história da educação. Essas pesquisas são marcadas pela multiplicidade de perspectivas que estruturam a historicidade dos processos educativos no Brasil. Assim como o dossiê “Ensino de história e história da educação: caminhos de pesquisa” (1), o presente é uma continuação organizada por artigos de investigadores de diferentes regiões do país, em momentos distintos da formação acadêmica: são professores doutores, pós-graduandos, professores da educação básica e estudantes de graduação.

Em “Inventariando caminhos de pesquisa: a imprensa periódica como fonte para a escrita da historia da educação de / em Mato Grosso”, Adriana Aparecida Pinto investigou periódicos em circulação em Mato Grosso, (São Luiz de Cáceres, Corumbá e Cuiabá), entre os anos de 1880 a 1910, cujo levantamento, mapeamento, catalogação e análise orientaram-se a partir da abordagem teórico metodológica da História Cultural.

O artigo “A Guerra do Paraguai nas edições do livro didático História do Brasil, de Nelson Piletti”, de autoria de André Mendes Salles, buscou compreender como este autor de manuais didáticos incorporou ou não novas interpretações historiográficas quando abordava as causas desse conflito.

Por seu turno, André Wagner Rodrigues, no ensaio intitulado “O ensino de história em busca de novas referências: considerações sobre o pensamento de Edgar Morin” reflete sobre os resultados de uma pesquisa bibliográfica que objetiva investigar possíveis contribuições do pensamento transdisciplinar de Edgar Morin para as ciências históricas a partir de análises de problemas sociais, políticos, econômicos, culturais, ecológicos, éticos e estéticos que irrompem na vida prática contemporânea.

André Luis Ramos Soares, Andrielli Matos da Rosa, Carolina Bevilacqua Vedoin e Thaise Vanise Corrêa, no artigo “Dinamicidade no ensino formal: resgate histórico através de maquetes”, buscam trabalhar a história através de maquetes como Navio Negreiro, Casa Grande & Senzala e O Cortiço, cada uma representando conceitos referentes ao processo histórico que constituiu a cultura afro-brasileira.

Analisar comparativamente as versões sobre a Guerra do Paraguai presentes nos livros didáticos produzidos durante duas ditaduras é o horizonte do texto “Usos políticos da memória: a história da Guerra do Paraguai nos manuais didáticos durante o regime militar no Brasil e Stroessner no Paraguai”, de Bruna Reis Afonso.

Em “O ensino de história em Mato Grosso: Uma análise das Orientações Curriculares”, Carlos Edinei de Oliveira propõe uma reflexão teórica sobre a interface entre o currículo formal e o currículo real que acontece nas escolas públicas de Mato Grosso.

Já o artigo “Grupos escolares e escolas reunidas: similaridades e diferenças em Mato Grosso (1910-1940)”, de autoria de Elton Castro Rodrigues dos Santos, aborda por meio de fontes documentais como relatórios de presidentes do estado, inspetores de ensino e diretores da instrução pública, disponíveis nos principais acervos de Mato Grosso, expressam as diferenças e semelhanças entre os grupos escolares e escolas reunidas, como modalidades educacionais destinadas na instrução primária neste estado.

“Escola, ensino e historia local: Lei Municipal 283 / 09 na cidade de João Câmara– RN” é o título do ensaio de Iranilson Pereira de Melo, que investiga a perspectiva memorialista presente na disciplina Cultura do Rio Grande do Norte.

Em “Aportes teórico-metodológicos para a seleção de edificações urbanas como fontes históricas primárias: uma proposta pedagógica para a pesquisa em história”, Ivan Ducatti discute como o patrimônio histórico urbano pode ser abordado não apenas pelo seu caráter estético e cultural, mas como resultados de obras humanas, trabalhos concretos, em um conjunto de relações sociais passíveis de serem analisadas pelo historiador.

Por sua vez, José Antonio Gabriel Neto apresenta um balanço da produção acadêmica a partir principais temáticas tratadas sobre o ensino de história nos encontros da Associação Nacional de História (ANPUH) no estado do Ceará, em “Pesquisando sobre ensino de história: a produção historiográfica no Ceará (2006-2012)”.

A autora Josiane Alves da Silveira, em “História da formação de professoras que atuaram no ensino superior da cidade do Rio Grande / RS a partir da década de 1960”, indica importância da História Oral, como apoio teórico-metodológico, e de temas como a memória nas atuais pesquisas em História da Educação.

“Anúncios e educação no jornal A União da Paraíba (1900 – 1930)” é o título do artigo de Kalyne Barbosa Arruda. A autora propõe uma análise investigativa sobre os anúncios que tratam de questões relativas à educação, tendo sido um recurso de divulgação e consolidação das identidades escolares, em que os professores eram apresentados como um elemento de qualidade, constatando, muitas vezes, o sucesso de instituições educacionais e profissionais.

Já Mairon Escorsi Valério, Marciano Bonatti, Vinicius Fruscalso Maciel de Oliveira e Waleska Walesca Beatriz Miola Freitas, no texto intitulado “Projetos Interdisciplinares: espetáculo, resignação e aparência”, questionam o papel dos projetos interdisciplinares nas escolas públicas ao perceberem que necessitam de um repensar dos temas que são repetidamente trabalhados de forma conservadora como uma política de reparo de danos educacionais.

Por sua vez, Marineide de Oliveira da Silva, em “A expansão das escolas isoladas no Estado de Mato Grosso (1910 – 1930)”, analisa a criação e expansão das escolas isoladas mato-grossenses, considerando a legislação educacional oficial da época, as peculiaridades do Estado, bem como a relevância dessa instituição para o cenário educacional mato-grossense.

Em “A disciplina Prática Pedagógica no curso de Pedagogia da UFPR: perspectiva histórica (1980-2010)”, Sandra Guimarães Sagatio, Leilah Santiago Bufrem e Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt propõem, por meio da análise documental das resoluções relativas à estrutura curricular do referido curso, entender como as disciplinas escolares representam determinações históricas e sociais.

Por fim, o artigo “A educação da infância paraense a partir dos discursos de propagandas de colégios do início do século XX”, de Welington da Costa Pinheiro e Laura Maria da Silva Araújo Alves, procura desenvolver algumas reflexões sobre os discursos materializados em propagandas de colégios procurando evidenciar a história da educação da infância no Estado do Pará, deste recorte temporal.

Esse segundo volume do dossiê “Ensino de história e história da educação: caminhos de pesquisa” é resultado da alta quantidade e qualidade de artigos encaminhados pelos colaboradores de diferentes partes do país, respondendo a chama da de artigos iniciada em meados de 2013. Agradecemos a generosidade e o empenho dos autores no envio dos textos para o dossiê. É uma satisfação tê-los conosco nessa empreitada.

Bom proveito!

Alexandra Lima da Silva– Professora doutora (UFMT.)

Marcelo Fronza – Professor doutor (UFMT).

Renilson Rosa Ribeiro – Professor doutor (UFMT).

Os organizadores


SILVA, Alexandra Lima da; FRONZA, Marcelo; RIBEIRO, Renilson Rosa. Apresentação. História e Diversidade. Cáceres, v.5, n.2, 2014. Acessar publicação original [DR]

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