História e música / História – Debates e Tendências / 2018

Sófocles [1], logo no início de sua tragédia mais famosa, introduz um personagem crucial para explicar as atribulações que cercam Édipo. O personagem é Tirésias, um velho adivinho (e figura recorrente na mitologia grega) que chega conduzido por um menino. Interessado em descobrir o assassino do Rei Laio e salvar Tebas, Édipo interpela Tirésias sobre o que sabe a respeito. O diálogo é ríspido e logo tira a paciência de Édipo, pois Tirésias se recusa a revelar qualquer coisa. É então que Édipo usa um argumento surpreendente, acusando Tirésias de ser o articulador do crime, dada sua recusa em colaborar: “Pois bem. Não dissimularei meus pensamentos, tão grande é minha cólera. Fica sabendo que em minha opinião articulaste o crime e até o consumaste!”. Depois da acusação, Tirésias “vira o jogo”; de “encurralado” pelas insinuações maldosas passa a assumir a condição de agente da “impávida verdade” e põe “na mesa” aquilo que Édipo jamais sonhara: “Pois ouve bem: és o assassino que procuras!”; e, na sequência, referindo-se ao casamento incestuoso com Jocasta: “Apenas quero declarar que, sem saber, manténs as relações mais torpes e sacrílegas com a criatura que devias venerar, alheio à sordidez de tua própria vida!”. Leia Mais