História Social do Trabalho na Amazônia / Manduarisawa / 2017

História Social do Trabalho na Amazônia / Manduarisawa / 2017

A Manduarisawa – Revista Discente do Curso de História da Universidade Federal do Amazonas tem por objetivo ser um periódico anual, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal do Amazonas (PPGH / UFAM), que conta com a participação, no seu corpo editorial, dos alunos da graduação do Curso de Licenciatura Plena em História (UFAM) e do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Amazonas (PPGH / UFAM).

A Manduarisawa nasceu da inquietação de jovens acadêmicos que almejavam contribuir e incentivar a produção do conhecimento científico na Amazônia. Dessa forma, desejamos que a Revista Discente seja um canal de divulgação das pesquisas acadêmicas e um meio no qual possibilita a troca de experiências e saberes. Esperamos que o periódico possa também colaborar de forma significativa para o desenvolvimento intelectual de cada autor (a), parecerista e leitor (a). E por fim, que esse seja um espaço de debate, crítica e reflexão sobre a nossa pratica de pesquisa e escrita no campo da História.

Nesse seu primeiro volume, o corpo editorial decidiu estimular o debate sobre a História Social do Trabalho na Amazônia, por isso, lança-se com onze artigos, dividindo-se entre: Dossiê temático, Artigos Livres, Resenhas e Pesquisa em Experiência em Docência.

Considerando a constante necessidade de discutir as experiências e práticas sociais que englobam as categorias do trabalho na região amazônica, este dossiê visa fomentar o debate do campo da História do Trabalho que tem articulado discussões bastante amplas e diversificadas, como os estudos de gênero, etnicidade, relações e interações entre trabalho livre e escravo, pós-abolição, identidade e migrações. Revisita também temas clássicos, como as múltiplas relações que se estabelecem entre os trabalhadores e suas organizações representativas; entre eles e o patronato, assim também como com o Estado. No interior destes Mundos do Trabalho, para usar a feliz e rica expressão consagrada por Eric Hobsbawm, os temas são os mais variados, indo desde a discussão de paradigmas interpretativos e debate historiográfico em torno da temática, até a análise das relações entre categorias distintas de trabalhadores, passando pelo tenso diálogo estabelecido pelas associações operárias com as mais diversas organizações da sociedade e instituições do Estado; pelos conflitos trabalhistas; as relações e distinções entre campo e cidade e entre trabalhadores urbanos e rurais, os mecanismos de controle e resistência, o trabalho feminino e infantil, etc.

Iniciamos o Dossiê “História Social do Trabalho na Amazônia” com o artigo “Novas incursões da Pesquisa Histórica: o uso do processo judicial trabalhista como fonte”, de Francisca Deusa Costa, que discute o uso do processo judicial trabalhista como fonte histórica na Amazônia, apresentando um estudo de caso com base numa reclamatória em Itacoatiara no ano de 1974. A autora também apresenta quadro atual do acervo do Centro de Memória da Justiça do Trabalho da 11ª Região – CEMEJ11, disponível para consulta e pesquisa.

Em “Imigração, propaganda e legislação: a marginalização do trabalhador nacional nos programas de colonização no Pará (1880 – 1900)”, os autores Francisnaldo Sousa dos Santos e Francivaldo Alves Nunes abordam sobre a imigração ao analisar a todo o favorecimento dado pelas iniciativas estatais no Pará aos trabalhadores estrangeiros em detrimento dos trabalhadores nacionais quanto aos programas de colonização onde esses agentes públicos buscavam por meio da criação de núcleos coloniais e o consequente povoamento desses espaços agrícolas fomentar a produção agrícola nas áreas próximas à capital Belém.

No artigo “Operariado feminino: uma conjuntura plural em uma capital da Amazônia (Belém, 1930–1935)”, de José Ivanilson Rodrigues e Lais Luane Veras, discute-se as questões de gênero, operariado feminino e associativismo na capital paraense. Os autores se empenharam em demonstrar os espaços diversos de atuação das operárias: fabricas, serviços autônomos, oficinas, companheiras de labuta, entre outros, além de aspectos cotidianos, como: os salários auferidos, a aflição do desemprego, o compartilhamento do oficio entre operários e operárias no trabalho autônomo, a busca por recolocação mercado de trabalho, inclusive suscitando a migração entre ofícios.

Luciano Everton Teles em “Acerca do Jornal Confederação do Trabalho: Mundos do Trabalho, Elite Extrativista / Comercial e “Bloco de interesses do Trabalho” – Amazonas 1909 / 1910” analisa o movimento operário e os interesses de segmentos da elite local em produzir uma fala direcionada ao operariado cujo conteúdo continha uma proposta política de formação de um “bloco de interesses do trabalho”, explicitando o contexto social e político que contribuíram para esse processo.

“Entre restos: memórias e história de mulheres garis em Manaus (1985-2015)”, de Ramily Frota Panjota, busca investigar, através de fontes orais, as histórias e memórias das mulheres que trabalham como garis na cidade de Manaus, refletindo acerca da constituição das relações sociais na cidade através das questões de gênero e trabalho no interstício de 1985 a 2015.

Fechando o Dossiê Temático, Richard Kennedy Candido em “Primeiro de maio em tempos de repressão: o “Grande Dia” do operariado mundial na ditadura civil-militar brasileira através do Jornal do Comércio do Amazonas (1964-1968)” expõe como as celebrações do Primeiro de Maio foram realizadas em Manaus nos anos de 1964-1968 dentro do período da ditadura civil-militar brasileira. Utiliza como fonte o Jornal do Comércio para mostrar toda a amplitude da maior data do operariado mundial na cidade.

Os autores Daniel Rodrigues Palheta e Alexandre da S. Santos abrem a sessão Artigos Livres com o trabalho “As motivações econômicas do Estado Português que levaram à diáspora de populações africanas para Amazônia, nos séculos XVII e XVIII” e realizam uma discussão histórica e historiográfica sobre a escravidão de negros na Amazônia Colonial.

No artigo “A metáfora da fronteira no Poema Uiara, de Octávio Sarmento”, Alexandre da Silva Santos discute sobre a alteridade constituinte na identidade do imigrante nordestino, por meio do personagem Militão, no período áureo da borracha na Amazônia, através do poema “Uiara”, de Octávio Sarmento, poeta amazonense recém descoberto pela crítica local.

Apresentam-se nesse volume duas resenhas: “Informação, repressão e memória: a construção do estado de exceção no Brasil na perspectiva do DOPS-PE (1964-1985)” de Rafael Leite Ferreira e “Representações utópicas no Ensino de História” de Michele Pires Lima.

Na sessão Pesquisa em Experiência em Docência, o trabalho de Nadinny Alves de Souza, “Entre o real e o ideal: Reflexões sobre o saber histórico a partir da experiência do PIBID” apresenta os problemas presentes na relação estabelecida entre o debate acadêmico e atuação docente dos profissionais de História e busca constituir uma discussão o mais próximo possível da realidade encontrada nas salas de aula do ensino básico.

Enaltecemos a contribuição dos autores com seus respectivos trabalhos, a colaboração generosa e qualificada dos pesquisadores (as) e professores (as) que avaliam os trabalhos enviados à revista, aos nossos incentivadores e apoiadores nessa jornada. Fazemos menção à colaboração da equipe fundadora da Revista que promoveram a criação do periódico, ao Departamento de História e Programa de Pós-graduação em História da UFAM, nosso agradecimento.

Com isso, a Manduarisawa espera continuar cumprindo a sua missão de origem que é estimular, por meio do debate e divulgação, os trabalhos de pesquisa na área da História, Ciências Humanas e Sociais.

Kívia Mirrana Pereira

Davi Monteiro Abreu

Evelyn Ramos

Isabela Albuquerque

Raoni Lopes

Rômulo de Sousa

Thaieny Gama

Equipe Editorial


PEREIRA, Kívia Mirrana et. al. Apresentação. Manduarisawa, Manaus, v.1, n.1, 2017. Acessar publicação original. [DR].

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