História, tempo e memória / Estudos Ibero-Americanos / 2006

Colocamos à disposição dos leitores um número especial de Estudos Ibero-Americanos que trata de História, tempo e memória. Esses temas representam um domínio de estudos muito vasto em que se interceptam diferentes caminhos de análise, isto é, situa-se no cruzamento de diversas vias da pesquisa histórica. A história das idéias, como uma via de pesquisa, permite observar a ressonância da propagação das idéias sobre o tempo e a memória na cultura ocidental. Embora as perguntas sobre essas questões se constituam como complexidades perenes, a forma de respondê-las vem se modificando sem, no entanto, haver respostas conclusivas, o que permite novas pesquisas. Ao “aproximar” o passado e o presente, as experiências existentes no âmbito acadêmico possibilitaram realizar, no Programa de Pós-Graduação em História, um ciclo de conferências sobre História, tempo e memória objetivando ampliar a discussão que embora povoe desde um passado bastante distante os debates, o mesmo se presentifica e se torna cada vez mais importante para os historiadores.

Os artigos reunidos neste volume cruzam diversas perspectivas, apresentam olhares vários, propõem maneiras diferentes de analisar e de compreender o encontro entre o texto e seus autores. Fernando Catroga, através da história dos conceitos, propõe investigar a idéia de História como mestra da vida, desde os seus primórdios com Cícero – historia magistra vitae – até o mundo contemporâneo, quando a História passa por uma crise de sentido, crise que legitima a pergunta pela História como mestra da vida. Wolfgang Heuer relata a utilização da memória pela História e nos remete à questão da confiabilidade, e, com isso, “ao voto de confiança” (Ricoeur) à testemunha. Em contraste com as formas usuais de tentar impedir ou impor a memória, o interesse público contemporâneo por depoimentos pessoais tem levado a vários casos de falsificação da memória, entre os quais o mais famoso é a história de “Wilkomirski”. O artigo se dedica às formas atuais de auto-vitimização, procurando entender por que a maioria dos historiadores falhou em reconhecer a falsificação, por que mentir traz mais vantagens do que dizer a verdade, e qual a função do julgamento crítico como pré-requisito para a confiabilidade. Marion Brepohl de Magalhães apresenta uma proposta de refletir sobre o papel da memória e da História em nossa cultura contemporânea, através de uma aproximação ao pensamento de Hannah Arendt e de Walter Benjamin. Salo de Carvalho avalia as práticas punitivas como mnemotécnicas, aproximando a perspectiva filosófica de Nietzsche e a teoria agnóstica da pena. A hipótese desenvolvida na investigação é de que a ritualização e institucionalização dos castigos, através dos primitivos procedimentos penais, atuam como mecanismos de manutenção da memória dos delitos, da “culpa moral” e do “sentimento de dever”. Carlos Henrique Armani traz um estudo ao pensamento de alguns intelectuais que viveram durante a Primeira Guerra Mundial e testemunharam um período histórico profundamente conturbado pela violência e morte – a experiência da temporalidade. Marçal de Menezes Paredes focaliza a polêmica entre dois intelectuais que marcaram a cena cultural luso-brasileira: Silvio Romero e Teófilo Braga. O estudo da intensidade, abrangência e extensão dessa polêmica possibilita o delineamento dos termos nos quais se davam as trocas, debates e críticas culturais entre Brasil e Portugal no final do século XIX, além de possibilitar uma reflexão sobre a dimensão escalar da nação como critério histórico utilizado na compreensão de interfaces culturais, imagens que funcionam como instrumentos taxonômicos de memórias nacionais.

Ruth M. Chittó Gauer – Organizadora

GAUER, Ruth M. Chittó. Apresentação. Estudos Ibero-Americanos. Porto Alegre, Edição Especial, v.32, n. 2, 2006. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

Relações internacionais / Estudos Ibero-Americanos / 2008

SILVEIRA Helder Gordim da (Org d), RECKZIEGEL Ana Luiza Setti (Org d), SVARTMANN Eduardo Munhoz (Org d), Relações internacionais / Estudos Ibero-Americanos / 2008, Relações Internacionais (d), Estudos Ibero-Americanos (EId)

Apresentamos neste número de Estudos Ibero-Americanos um dossiê reunindo artigos de autores brasileiros, uruguaios e argentinos acerca das relações internacionais e políticas externas destes países nos contextos hemisférico e global.

Os artigos privilegiam os campos econômico, político e estratégico daquelas relações, vistas em cenários bilaterais e multilaterais, envolvendo, direta ou indiretamente, a inserção da sub-região sul-americana na sociedade internacional, em diferentes conjunturas históricas nos séculos XIX e XX, e considerando o papel desempenhado pelos centros hegemônicos britânico e norte-americano naquelas conjunturas.

As temáticas variam de abordagens teóricas e conceituais gerais a análises de aspectos históricos específicos, os quais, entretanto, nunca deixam de ser notavelmente elucidativos ao representarem a concretização de tendências históricas conjunturais e mesmo estruturais da inserção internacional do Brasil, da Argentina, do Uruguai e dos demais países da sub-região.

Desejamos a todos uma excelente leitura.

Helder Gordim da Silveira

Ana Luiza Setti Reckziegel

Eduardo Munhoz Svartmann

Organizadores desta edição


SILVEIRA, Helder Gordim da; RECKZIEGEL, Ana Luiza Setti; SVARTMANN, Eduardo Munhoz. Apresentação. Estudos Ibero-Americanos. Porto Alegre, v.34, n. 1, jun., 2008. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê