Uma década de prosa: impressos e impressões da professora e jornalista Maria Mariá (1953- 1959) | Hebelyanne Pimentel da Silva

A jovem pesquisadora Hebelyanne Pimentel da Silva, graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Alagoas apresenta, nesse livro, o resultado de um estudo em que analisa aspectos da trajetória de Maria Mariá de Castro Sarmento (1917-1993), professora e jornalista que viveu e atuou na cidade de União dos Palmares, situada ao norte do estado de Alagoas. Apoiando-se na micro-história, especificamente nos estudos de Carlo Ginzburg (2006) e em diálogo com Arlette Farge, Michelle Perrot, Joan Scott e outros, a autora se dedica, por um lado, a contribuir com a construção da história da educação em Alagoas e, por outro, a dar visibilidade a uma personagem que, conforme tantas outras mulheres, tiveram suas ações e a própria existência relegadas ao esquecimento (PERROT, 2018).

A pesquisa foi realizada em diferentes acervos locais: Casa Museu Maria Mariá, Secretaria de Cultura Palmarina, Biblioteca Municipal Jorge de Lima e Escola Estadual Rocha Cavalcanti. Foram também consultados acervos estaduais: Arquivo Público de Alagoas (APA), Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL) e Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos (BPEGR), além da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O seu resultado é organizado em duas partes: na primeira, em três capítulos, apresenta o aporte teórico e o diálogo com outros estudos que apresentam mulheres letradas de diversas regiões brasileiras e de outros países, que realizaram ações em prol da difusão da leitura e do desenvolvimento da educação e cultura. Apresenta também o perfil da jornalista Maria Mariá e busca aproximações e distanciamentos com o movimento da Escola Nova. Na segunda parte, a autora apresenta a transcrição de 57 textos de autoria de Mariá, constituídos por notícias locais e regionais, crônicas e textos de opinião – seu grande achado -, publicados no período de 1953 a 1959 no Jornal de Alagoas, periódico impresso em Maceió1. Essa característica particular da obra demonstra a generosidade da autora em compartilhar fontes inéditas por ela “garimpadas”, possibilitando novas interlocuções, além de proporcionar, efetivamente, maior visibilidade à personagem em estudo. Leia Mais

Ser jornalista no Brasil: identidade e formação acadêmica | Fernanda Lima Lopes

Ler o livro Ser jornalista no Brasil. Identidade profissional e formação acadêmica é, sem dúvida, muito estimulante para quem estuda o jornalismo no país. A busca da autora por respostas sobre esse grupo de agentes sociais com lugar privilegiado no ambiente midiático é a de muitos estudantes e pesquisadores da área. A investigação foi desenvolvida ao longo de seis anos, na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e a publicação abarca parte dos resultados encontrados. Fernanda Lopes tem se dedicado ao eixo do ensino em suas pesquisas empíricas e faz teoria e prática dialogarem em vários tópicos essenciais para responder a essa pergunta tão pouco esclarecida: “Afinal, quem é o jornalista brasileiro?”.

Para justificar sua pesquisa, Lopes lembra que as prerrogativas profissionais do bacharel em jornalismo estão sempre sob tensão e problematizadas. Sua intenção é, entre outras questões, investigar por que a formação acadêmica do jornalista é tão questionada. No caminho para essas respostas, muitos atores sociais dessa polêmica são colocados em diálogo pela autora, como os membros da academia, de entidades de classe, do mercado de trabalho, empresários, enfim, todos esses que ajudam a construir a identidade profissional do jornalista. Segundo a autora, nos momentos em que os sentidos que permeiam a identidade desse profissional, sobretudo devido a tensões entre esses atores, ficam mais evidentes, os valores que ajudam na investigação também sobressaem. Leia Mais