Leibniz e o problema de uma língua universal – POMBO (ARF)

POMBO, Olga. Leibniz e o problema de uma língua universal. Lisboa. Editora: Junta Portuguesa de Investigação Científica e Tecnológica, 1997. Resenha de: SILVA, Marcos. Argumentos – Revista de Filosofia, Fortaleza, n.10, jul./dez, 2013.

Porque se compreenderes de forma justa simplesmente a tua língua materna, terás nela um fundamento tão firme como se fosse o hebreu ou o latim

Jacob Böhme

O livro “Leibniz e o problema de uma Língua Universal” escrito pela professora portuguesa Olga Pombo, publicado em 1997, pela Junta Portuguesa de Investigação Científica e Tecnológica, é surpreendentemente desconhecido no Brasil, esta resenha tenta emendar, em parte, esta injustiça editorial. No excelente livro de Olga Pombo, Leibniz é apresentado como autor-chave da discussão sobre o hoje em dia marginalizado tema da Língua Universal. Os signos por si só abreviam, fixam, pintam, ordenam, expressam, transmitem pensamentos.

Ao cumprirem função heurística, operacional e mnemônica, são, sem dúvida, de grande apoio material para o conhecimento. Entretanto signos ordenados numa eventual Língua Universal ganhariam um papel ainda mais importante na constituição do conhecimento. Uma vez que permitiriam a expressão clara e exata de todos os pensamentos, um meio de comunicação universal e transparente, um juiz de controvérsias, um cálculo rigoroso e infalível, uma estratégia de descoberta de verdades, a transmissão ideal do conhecimento e, por extensão, representariam o progresso das ciências em uma unidade tão cara ao século XVII e abandonada em nossos tempos. Com efeito, uma Língua Universal potencializaria a já grande operacionalidade cognitiva dos signos.

A tese subjacente ao livro de Olga Pombo afirma a existência de uma unidade nas estratégias leibnizianas para investigação da Língua Universal, apesar do caráter difuso e fragmentário de sua obra. A autora defende a existência de uma unidade velada, um núcleo central na obra de Leibniz que revelaria uma complementaridade de finalidades e estratégias acerca deste tema- -obsessão dos séculos XVI e XVII. Segundo a autora, “o objetivo principal de Leibniz, a unidade possível dos seus trabalhos nesta matéria, seria então: investigar a origem motivada das línguas naturais; examinar os mecanismos responsáveis pela naturalidade do seu vocabulário (especialmente no caso do Alemão), a estrutura profunda que subjaz às particularidades gramaticais das várias línguas (investigações sobre a Gramática Racional) e aplicar essas descobertas à construção de uma nova língua filosófica dotada de uma similar, ou ainda maior, capacidade de revelação. Por essa razão, Leibniz exigirá da língua filosófica a construir que seja, também ela, natural, isto é representativa do Mundo que nela se des-cobre e que ela visa dizer.”(p. 24)1 A Língua Universal, una, regular, invariável, uniforme, que permitiria a comunicação e o conhecimento irrestrito, nos remeteria a um período ideal e mítico pré-Babel. Olga Pombo conduz seu leitor ao terreno de discussões multidisciplinares que compõem o mosaico cultural e histórico deste tema “maldito, marginal, escandaloso”, alguns dos adjetivos usados pela autora. Ela sugere, então, que este projeto seria uma espécie de sonho de Leibniz de anulamento progressivo de opacidades e sombras, pela abertura plena e radical das coisas pela pura literalidade dos signos, pela busca de um lugar mítico de todos os regressos: o momento em que as coisas são criadas racionalmente pelo verbo divino. Leibniz circunscreve o problema em diferentes perspectivas e estratégias para extrair todas as implicações lógicas e epistemológicas de um programa tão ambicioso. Olga Pombo aponta o horizonte da discussão: “Nos precisos contornos que a delimitam, essa ideia reguladora – na qual coexistem e intimamente se articulam o mais mítico de todos os mitos (o mito da origem) e o mais racional de todos os projetos (o de cobrir toda a extensão do ser e do saber pelo manto de uma racionalidade discursiva e universalmente partilhável) – encerra intuições fundamentais, hoje em grande parte esquecidas ou postas fora de debate, mas que, no século de Leibniz, polarizaram a atenção dos maiores espíritos.” (p. 60).

O espectro de atuação de Leibniz neste contexto, como em outros assuntos de seu interesse, é gigantesco: é filólogo e historiador de línguas naturais, investigador da origem e natureza de signos linguísticos, gramático especulativo das invariâncias das sintaxes indo-europeias, lógico de sistemas formais e propostas de coordenação de paradigmas linguísticos aos matemáticos, semiólogo, interrogador do alcance e natureza dos símbolos e, finalmente, filósofo que coordena e investiga sistematicamente toda esta interdisciplinariedade.

Desta forma, segundo Olga Pombo, Leibniz poderia “estreitar a distância que separa um Deus que criou o Universo pela palavra e o homem que constrói um universo de palavras” (p.261). Segundo a autora, o fio unificador dos projetos é a certeza de que o símbolo antes de ser um empecilho ou perturbar o conhecimento humano, conduz à revelação racional do real, promovendo e potencializando o conhecimento. (p.23) Destaca-se e radicaliza-se, assim, o valor heurístico, cognitivo e constitutivo da linguagem para o pensamento e razão humana.

Olga afirma que “há em Leibniz, o reconhecimento de uma verdade fundamental da linguagem, hoje grandemente esquecida perante a diversidade das línguas humanas, ele sempre sentiu a nostalgia cratiliana de uma transparência original, sempre se deixou (in)justificadamente maravilhar pela hipótese de uma unidade latente das palavras e das coisas.” (p. 8) Leibniz se encontra numa tradição histórica que tenta resguardar os fins científicos da linguagem protegendo-a de imperfeições das línguas vulgares como a equivocidade, irregularidade, instabilidade e ambiguidades. Desta forma, participa da consolidação de um projeto de Língua Universal que, para lá de finalidades meramente comunicacionais, exprima adequadamente o pensamento e as suas articulações. Para tanto, deveria se construir uma simbologia rigorosa e estável para traduzir todos os conhecimentos e cumprir uma função eminentemente cognitiva: guiar a formação de novos conhecimentos ao trazer à tona as comunidades sintáticas escondidas no fundo das línguas naturais. A matemática, então, aparece como paradigma natural deste sistema simbólico pelo seu rigor e simplicidade notacional e pela tese de uma afinidade categorial intrínseca entre mundo e linguagem, estabelecendo um mundo pitagórico matemático, ordenado e estruturado, como parâmetro e horizonte de investigação.

Dentre as dificuldades reconhecidas por Olga Pombo em sua Introdução estão: (1) a histórico-conceitual, i.e., a vastidão e heterogeneidade do problema de linhas de investigação marginais e interdisciplinares, e a sempre perigosa elucidação de mitos, seus pressupostos e pressentimentos; (2) a dificuldade na própria geografia conceitual de Leibniz, com a elucidação da relação deste problema com os fundamentos internos à sua filosofia; e (3) a dificuldade hermenêutica, a relação do projeto leibniziano com as suas muitas abordagens. A estas três dificuldades principais somam-se três objetivos: (i) determinar a amplitude da ideia da Língua Universal no contexto histórico no qual Leibniz se insere; (ii) compreender o significado e alcance da questão no sistema de Leibniz; e (iii) apresentando as várias estratégias e perspectivas adotados por ele.

Fazendo par aos problemas e objetivos, o livro é divido, também, em três grandes partes. Na primeira parte, a autora apresenta o movimento do século XVI e XVII acerca de uma língua natural ou sistema linguístico que traduzisse rigorosamente o pensamento e a sua articulação, comportando, assim, uma semântica de expressividade natural e permitindo avanços cognitivos. Na segunda parte, apresenta o empenho de Leibniz para a formação de uma teoria geral do simbolismo que delimitaria o fundamento, a adequação e o limite de uma Língua Universal. Há neste ponto do livro um pertinente contraste entre a Filosofia de Descartes e de Leibniz, o qual possivelmente Chomsky não conhecia quando propôs uma gramática cartesiana, enquanto seu programa gerativo teria mesmo fortes contornos leibnizianos como demonstra Pombo (cf.

215-16). Grosso modo, para Leibniz símbolos são auxiliares porque constitutivos do pensamento, para Descartes algo dispensável para o conhecimento de essências. Na terceira parte de seu trabalho apresenta a tentativa de uma unidade de abordagem do tema na Filosofia de Leibniz, sobretudo em seus escritos tardios.

Seguindo estes movimentos de três passos, Olga Pombo apresenta uma interpretação conjunta das perspectivas e especulações de Leibniz. Olga nos apresenta três projetos leibnizianos para criticar e suplantar a intransigente defesa do postulado da arbitrariedade do signo linguístico: A) o aperfeiçoamento do alemão, língua defendida por Leibniz como provável candidata de mais próxima de uma língua adâmica; B) a construção a posteriori de uma gramática comparativa, a partir da assunção de uma sintaxe profunda comum a todas as línguas que espelharia o espírito humano; e c) construção a priori de uma Língua Universal que garantiria a operacionalidade, representatividade e potencial heurístico idealizado por Leibniz. Estaríamos falando de um método pragmático pela manipulação de algo provisório, mas adequado e funcional, que deveria, portanto, conduzir o progresso científico humano através do cálculo de notações gráficas autônomas. Assim, ciências e esta Chararacteristica Universalis poderiam se desenvolver por um mútuo condicionamento. Há ainda, em anexo ao seu livro, um notável estudo comparativo entre Hobbes e Leibniz e possíveis influências e claras rupturas entre ambos, além de um rico inventário cronológico dos textos de Leibniz sobre as várias facetas do tema da Língua Universal. Destaco, ainda, a riquíssima bibliografia do livro com autores e obras do século XVI e XVII, textos de Leibniz, autores sobre Leibniz e trabalhos mais contemporâneos sobre esta problemática.

Há dois momentos em sua excelente obra em que Olga Pombo ao descrever os trabalhos de Leibniz parece antecipar o que estava pensando ao ler seu trabalho. Primeiro, quando afirma que a grandiosidade da obra de Leibniz estaria na revisão e organização de textos e tradições anteriores além é claro na contribuição positiva ao problema clássico de uma Língua Universal. Em analogia a este elogio a Leibniz, destaco a exuberante erudição de Olga Pombo com substanciosa revisão da literatura acerca do tema e a sua contribuição com a sugestão da necessidade exegética de ver as diferentes e fragmentárias perspectivas leibnizianas como complementares e convergindo para o endosso e necessidade do projeto de uma língua transparente e natural. Em um segundo momento, ao falar de Leibniz afirma que sua obra “enquanto particular forma de questionamento da origem e natureza íntima da linguagem, da sua relação ao mundo, abre um horizonte múltiplo de interrogação desenhando em termos conceituais complexos, vasto e fecundo campo de reflexão.” (p.261). A meu ver, esta seria a própria descrição do livro de grande fôlego de Olga Pombo. Sua obra é necessária pelo tema e revisão e pela pertinente defesa de uma leitura que confere sistema aos fragmentos, fio condutor às anotações dispersas, unidade às aparentes perspectivas inconclusas e indicações heterogêneas do espólio leibniziano. Isto leva a um reconhecimento seminal de um processo de evolução na historicidade interna dos textos assistemáticos de Leibniz. Segundo a autora, “em Leibniz, o ponto de partida é sempre múltiplo e a unidade uma tarefa”. (p.174) Entretanto, o que é ponto alto também pode representar seu fraco, muitas vezes uma quantidade excessiva de referências e notas de pé de página trunca a fluência do texto. Elas poderiam facilmente ser incorporadas ao corpo do texto principal. Além disso, há frases excessivamente longas, lembrando a fraseologia alemã, e inúmeros erros tipográficos que poderiam ser resolvidos em uma eventual futura edição. Contudo, isto certamente não ofusca o brilho da obra em seu esplendor de catalogamento de referências, nível de erudição filosófica e o potencial interdisciplinar. Estes aspectos certamente contribuíram para a indicação de sua dissertação defendida em 1986 para a publicação em inglês no ano seguinte e, mais tarde, no original português em 1997.

Leibniz está em definitivo na “corrente maldita da Filosofia” que acredita haver algo de naturalmente comum entre a linguagem e o mundo, fora de convencionalidades humanas ou da história natural das coisas. Acredito ser esta tradição ainda defendida em pleno século XX pelo tractariano Wittgenstein que postula uma espécie de naturalidade formal entre coisa e símbolo para que uma representação seja possível. Aliás, o livro de Olga Pombo ganharia, e muito, caso tivesse investigado, não só em sugestão de notas de pé-de-página (cf. p. 252), as intuições leibnizianas presentes em Frege, Russell e no Tractatus representativos de uma tradição que traz Leibniz de novo ao centro de discussão filosófica sobre matemática, lógica e simbolismo, como que ressuscitado (e reabilitado?) depois da hegemonia do criticismo kantiano. Aliás, a interdisciplinaridade do livro parece muito mais conduzida pela interação da Filosofia com a Linguística do que com a Matemática ou a Lógica Simbólica. Tal aproximação seria pertinente por Leibniz tentar estender explicitamente métodos matemáticos, sobretudo de análise algébrica, para a análise de línguas naturais, como faz, por exemplo, em seu inaugural Ars Combinatória de 1666.

Ao terminar o livro fiquei com a dúvida: Por que a partir da complementaridade entre grandes avanços em linguística comparada com claros vestígios de concordância sintática entre as línguas naturais e o desenvolvimento de técnicas de análise e manipulação de sistemas simbólicos artificiais não poderíamos reintroduzir no campo de investigações filosóficas uma via consequente sobre a naturalidade simbólica? Poderíamos revisitar esta escola marginalizada da Filosofia como ilusória e esotérica por um tratamento mais sintático da relação signo/coisa, justamente porque não parece existir signo fora de uma estrutura de relações a qual ele pertenceria e que poderia espelhar através de uma rede de signos outra estrutura independente. Afinal, padrões (Resenha) Leibniz e o problema de uma língua universal – Marcos Silva Argumentos, ano 5, n. 10 – Fortaleza, jul./dez. 2013 239 conceituais parecem sempre emergir caprichosamente em terrenos anteriormente incomunicáveis. Daí vem a seminalidade dos olhos corajosos de um filósofo.

Esta abordagem, por assim dizer, mais lógico-sintática restringiria o desconfortável apelo místico de uma necessária comunidade icônica entre o símbolo e simbolizado. Logo, a sintaxe, a meu ver, poderia substituir esta excessiva demanda semântica que caracterizou a investigação de uma Língua Universal nos séculos XVI e XVII, como o próprio Leibniz tentou no caso de sua Gramática Racional.

Além disso, fica a pergunta: uma Língua Universal precisaria realmente ser construída? Quando precisamos prospectar algo a grandes profundidades, precisamos criar instrumentos hábeis e eficientes e não criar, por exemplo, o petróleo ou o ouro. Eles, de certa maneira, já estão lá. Acredito que ao procurarmos a língua adâmica cometemos o mesmo erro de Russell ao interpretar o Tractatus de Wittgenstein: não se trata de postular e construir uma língua perfeita, mas de construir instrumentos perfeitos para mostrar o quanto perfeito já é o funcionamento profundo da linguagem.

Tudo se passa como se tivéssemos disponíveis potentes instrumentos de prospecção, mas fôssemos incrédulos quanto à existência do ouro. Aliás, afastamos peremptoriamente a simples possibilidade de existência deste tesouro profundo pelo apelo hegemônico naturalista das investigações acadêmicas de hoje em dia, com grande aversão ao que possa simplesmente parecer mais abstrato ou metafísico. Acredito que haja vestígios em Linguística Comparada que indicam uma comunidade gramatical profunda entre as línguas naturais, uma espécie de universal linguístico, como a presença de quantificação ou oposições lógicas entre proposições em línguas diversas. Os vestígios desta comunidade sintática poderiam justificar a tentativa de prospecção do “ouro” auxiliada, por exemplo, pela nossa avançada mecânica de projeções algébricas, homomorfismos, mapeamentos e modelos. O que fica após a leitura do livro de Olga Pombo é a sensação de que um projeto de Língua Universal, caso coordenado pelas inspirações seminais de Leibniz, além de ainda ser desejável, poderia também ser viável pelo atual grau de avanços técnicos em Linguística e Lógica.

Contudo deveríamos primeiro acreditar no ouro, antes de buscá-lo. Ouro de Leibniz, não de tolo.

Szabó nos diz que a questão “há objetos abstratos?” é aquela que separa nominalistas de não-nominalistas. Os primeiros pensam que não há, enquanto os últimos pensam que há ao menos um tipo de abstracta (objetos abstratos).

Os nominalistas são eliminativistas com relação a abstracta e os reduzem a concreta (objetos concretos). Sua motivação é geralmente indicada como advinda de uma certa consciência ontológica (intuição básica) e de um certo horror abstractae.

Uma objeção ao nominalismo é que ele se autodestrói, pois não há como negar a existência de abstracta sem pressupô-la, pois, para que haja comunicação, é preciso que haja uma proposição, um tipo de sentença ou uma mesmidade de estados mentais, e tudo isso pressupõe abstracta. O nominalista pode tentar dizer que podemos descrever a comunicação como uma tentativa de produzirmos no outro um estado mental semelhante ao seu próprio por meio de certos barulhos particulares. O problema dessa resposta é que se esses barulhos dizem algo, dizem uma proposição, um tipo de sentença ou algum outro objeto abstrato.

Mesmo que o nominalista tenha uma solução para esse problema, ainda precisaríamos ter claro o que queremos dizer com “há entidades abstratas?”, o que o autor tenta fazer com uma exposição sistemática de cada termo dessa sentença.

Com relação ao “há”, o autor nos mostra várias implicações de pensarmos o “há” como o quantificador existencial da nossa lógica clássica de primeira ordem. Uma delas é que não haveria níveis de existência, já que o quantificador quantifica igualmente, embora pudesse haver diferentes categorias ontológicas. Geralmente a objeção a essa ideia é que podemos criar uma lógica não padrão com tipos de quantificadores e, daí, poderíamos falar em diferentes níveis ou tipos de existência. A réplica quineana a essa objeção é dizer que temos que interpretar “há” ou “existe” da maneira como a nossa melhor lógica nos diz que devemos e a nossa melhor lógica (em profundidade, simplicidade, utilidade e beleza) é a lógica clássica de predicados de primeira ordem com quantificação e identidade.

Notas

1 Todas as referências deste trabalho vêm da primeira edição do livro de Olga Pombo.

Marcos Silva – Doutor em Filosofia pela PUC-RJ. Bolsista da Funcap/Capes de Pos-doutoramento na Universidade Federal do Ceará (UFC). Email: [email protected]