Linguagens Escolares e Educação Histórica / História Revista / 2012

Neste número, a História Revista apresenta o dossiê temático: Linguagens Escolares e Educação Histórica. Organizado pela professora Maria da Conceição Silva, o dossiê apresenta um tema caro aos professores e alunos da Universidade Federal de Goiás que integram o grupo de pesquisa Didática da História e Educação Histórica (CNPq). Liderado pelos professores Maria da Conceição Silva e Rafael Saddi, ambos da Universidade Federal de Goiás, esse grupo mantém um profícuo diálogo com pesquisadores sediados em outras universidades, brasileiras e estrangeiras, que se torna mais intenso por ocasião dos encontros nacionais e internacionais.

O dossiê traz à luz diretrizes a respeito das discussões sobre a Didática da História e as metodologias de instrução utilizadas para o tratamento com as linguagens da História na escola. Discussões importantes, sobretudo no momento em que os pesquisadores debatem a profissionalização na área da História. O reconhecimento da Didática da História aplicada ao ensino tem como eixo as especificidades do pensamento histórico, e a Educação Histórica vem contribuir com uma nova metodologia de ensino da História. Nesse aspecto, os artigos deste dossiê colaboram com a proposta de inovação teórica e metodológica para o ensino da História, seja no campo da cultura escolar ou no campo do uso público da História.

Éder Cristiano de Souza, em Cinema e didática da História: um diálogo com o conceito de cultura histórica de Jörn Rüsen, discute o cinema como produtor de narrativas históricas não científicas. O autor propõe um diálogo com os conceitos de Cultura Histórica e de Didática da História definidos por Jörn Rüsen, e com os pressupostos teórico-metodológicos da Educação Histórica, atentando-se para “as implicações estéticas e retóricas da narrativa fílmica como orientadora da vida prática”. Isabel Barca, em Ideias chave para a educação histórica: uma busca de (inter) identidades, aborda a proposta da Educação Histórica na inter-relação da teoria e práticas de Ensino de História, situando a investigação na sua interface, que, por sua vez, “alimenta-se dos princípios da aprendizagem situada, do saber histórico e sua epistemologia (conceitos substantivos e de segunda ordem), dos procedimentos metodológicos da pesquisa social”. Os livros didáticos são objeto do artigo de Kênia Hilda Moreira, intitulado Povo brasileiro nos livros didáticos de história republicanos: 1889-1950. Neste artigo, a autora analisa as concepções de povo brasileiro em seis livros didáticos de História do Brasil e discute, entre outros, os temas da miscigenação e do embranquecimento presentes no material didático pesquisado. Marcelo Fronza, no artigo As ideias de objetividade e verdade sobre o passado presente no pensamento histórico dos jovens a partir das histórias em quadrinhos, investiga como jovens estudantes brasileiros de duas escolas de ensino médio, uma pública e outra particular, compreendem as ideias de objetividade e verdade a partir das histórias em quadrinhos. Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt, em Cultura histórica e cultura escolar: diálogos a partir da educação histórica, discute a consolidação do campo da Educação Histórica como uma das importantes áreas de investigação sobre Ensino de História. Assim, a autora apresenta uma “reflexão acerca da relação dialógica entre categorias que têm sido tomadas como referências para investigações nessa área”. Fechando o dossiê, o artigo A ideia de escravidão presente na narrativa de manuais didáticos de História, de Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd, apresenta estudos sobre a ideia de escravidão presente na narrativa de manuais didáticos de História das séries iniciais do ensino fundamental.

Na sessão Artigos, são apresentados textos com temáticas variadas. Cleusa Maria Gomes Graebin e Danielle Heberle Viegas, em Por uma história rizomática: apontamentos teórico-metodológicos sobre a prática de uma cartografia, apresentam uma pesquisa desenvolvida em uma cidade metropolitana do Sul do Brasil, que se vale prioritariamente do uso de depoimentos orais e que conduzem à problematização dos conceitos de tempo, memória e subjetividade. Eliézer Cardoso de Oliveira, em A realidade da ficção: representações da cidade de Goiânia nos contos literários e poemas, examina contos literários e poemas da cidade de Goiânia, atentando-se para a sensibilidade dos indivíduos em relação à mudança cultural ocorrida em Goiânia, nas décadas de 1960 e 1970. Guadalupe Valencia García, em Aproximaciones a la pluralidad temporal, discute a ideia de pluralidade temporal, defendendo-a como a melhor via de acesso para a reconstrução da variedade de formas temporais em que se constituem os mundos que habitamos. Helen Ulhôa Pimentel, em Denúncias inquisitoriais: universo mágico que se apresenta, traça um perfil histórico do “figurino social” dos mágicos denunciados durante as duas primeiras visitas inquisitoriais ao Brasil, em 1591 e em 1618. José D’Assunção Barros, em A história serial e história quantitativa no movimento dos Annales, analisa as especificidades dos modelos historiográficos quantitativo e serial, bem como sua interação, durante as duas primeiras fases do movimento dos Annales. Julio Bentivoglio, em Historiografia e máquinas de guerra: a história da história como um estudo de relações de forças com breves apontamentos sobre a Escola Histórica Alemã e a Escola dos Annales, trata da Escola Histórica Alemã e da Escola dos Annales, tomando o conceito de máquinas de guerra – “perspectiva aberta por Deleuze” – e as reflexões em torno da operação historiográfica de Michel de Certeau. Maria de Fátima Marinho, em Literatura e construção da identidade, aborda as relações entre a literatura e a construção da identidade do sujeito enquanto ser individual e enquanto membro de uma comunidade. A autora apresenta a interlocução entre literatura e identidade e como estas dialogam com a História.

Na sessão Resenhas, Eduardo Gusmão de Quadros analisa a obra Protestantismo ecumênico e realidade brasileira: Evangélicos progressistas em Feira de Santana.

Na sessão Traduções, consta o texto A institucionalização da moralidade cosmopolita: o holocausto e os direitos humanos – originalmente The institucionazlization of cosmopolitan morality: the Holocaust and human rights – de Daniel Levy e Natan Sznaider, traduzido por Fabiana de Souza Fredrigo e Laura de Oliveira.

Por fim, neste número, a História Revista publica o poema Dulce patria, de Horacio Gutiérrez, lido no recital de poesia sobre a ditadura chilena, durante V Simpósio Internacional de História – Culturas e Identidades, realizado na Universidade Federal de Goiás no segundo semestre de 2011.

Maria da Conceição Silva – Professora da Faculdade de História – UFG. Organizadora do dossiê


SILVA, Maria da Conceição. Apresentação. História Revista. Goiânia, v. 17, n. 1, jan. / jun., 2012. Acessar publicação original [DR]

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