Estudos africanos: problemas de pesquisa e perspectiva de análise | Historiae | 2019

O campo dos Estudos Africanos se consolidou a partir de uma perspectiva abertamente interdisciplinar e que, por isso mesmo, objetiva a análise dos mundos sociais que compõem o vasto continente africano em um viés plural e criativo. Este dossiê filia-se a este diapasão e o faz duplamente: i) para pensar, problematizar e interpretar as diversas camadas de significados que são partilhados quando se foca a “África” enquanto problema de pesquisa e ii) para propor e discutir suas diferentes possibilidades hermenêuticas enquanto fenômeno aberto.

Afinal, como ficará evidente nas páginas a seguir, os fenômenos sociais africanos – como quaisquer outros, aliás – possuem como característica fulcral uma historicidade radical e uma multi-escalaridade temporal que faz com que tempos, memórias (orais ou escritas) e experiências sociais se intercalem em âmbitos diversos e à partir de suportes factuais distintos. Assim sendo, não é difícil perceber a interconexão entre demografia, história social, crítica literária e história política em um mesmo dossiê. Sabemos todos – e lá já vai tempo! – que o humano, como experiência viva e como desafio hermenêutico, não é redutível à demarcação (política) de campos do saber historiográfico. Pensar a África como problema histórico é, necessariamente, abrir-se para uma dimensão em que conhecimentos transitam por patamares outros, diferentes dos quais a ciência histórica (ainda resilientemente eurocêntrica) foi construída. Problematizar a historicidade das experiências e saberes oriundos ou vivenciados na ou sobre a África é, por certo, um convite para a originalidade do enfoque interpretativo e para um cuidado mais denodado com a documentação e seu trato. Leia Mais