Relações internacionais: os excluídos da Arca de Noé | Argemiro Procópio

A opinião púbica em geral e a maioria dos especialistas em relações internacionais consideram a fase atual da evolução do capitalismo, denominada de globalização pela literatura, o caminho natural em direção ao mundo ideal. Os críticos da globalização sobrevivem, porém representam minoria nos meios políticos e acadêmicos. Argemiro Procópio, professor de longos anos da Universidade de Brasília, não se situa nem entre os entusiastas nem entre os críticos. Vai além, ao reunir uma plêiade de intelectuais de estirpe, da elite mundial, que solta um grito de indignação em uma seqüência de textos originais sobre o tema da moda. Os excluídos da Arca de Noé, os excluídos do sistema internacional contemporâneo, são atualmente as massas da periferia, mas serão, no futuro, todos os povos, caso não se conserte o rumo da globalização.

A indignação mantém seu ímpeto quando se derrama sobre as interpretações da História acerca das origens do sistema internacional atual, sobre a utilização devastadora dos recursos naturais que se exaurem, sobre a ação imperialista norte-americana contra o Iraque atrás do petróleo, um recurso natural escasso, sobre as populações da Amazônia, cuja sorte o multilateralismo regional não favorece. A indignação vai se amainando quando se analisa o pensamento latino-americano aplicado às relações internacionais e, enfim, a transição da globalização eurocêntrica para a bipolar no período que se estende entre as duas guerras mundiais. Os intelectuais que escrevem o fazem, em geral, na primeira pessoa, querendo significar discordância e autoridade. Posicionam-se distantes dos cânones do conhecimento disponível, de uma vasta e erudita literatura mundial que, aliás, dominam e manipulam com desenvoltura. O livro organizado pelo professor de relações internacionais da Universidade de Brasília desperta o apetite de quem procura os vírus que se escondem no âmago do mundo atual. Leia Mais