E. P. Thompson | Mundos do Trabalho | 2013

Em 2013, dezenas de eventos acadêmicos e publicações ao redor do mundo registraram os 50 anos da publicação do livro A formação da classe operária inglesa e os 20 anos da morte de seu autor, o historiador inglês Edward Palmer Thompson. Homenagens que revelaram a amplitude verdadeiramente global da repercussão da obra thompsoniana. Algo que não deixa de ser curioso, visto que uma das características mais marcantes do seu trabalho como historiador tenha sido sua preocupação com o estudo das particularidades de cada contexto histórico, o que o fez circunscrever suas obras de análise histórica ao estudo de uma formação social específica e “peculiar”, a Inglesa. Por certo que a história da Inglaterra, primeira grande potência imperialista do mundo capitalista industrial, afetava e era afetada pela presença global do Império Britânico, o que poderia explicar porque a história das lutas sociais na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, estudadas por Thompson, interessaram a tanta gente. Além disso, como aquela foi a primeira sociedade a experimentar a formação de uma classe trabalhadora assalariada em sua forma contemporânea, talvez muitos dos leitores de Thompson levassem a sério a proposta internacionalista, explicitamente comprometida com o presente e o futuro, que ele apresentou no prefácio de A formação, quando escreveu que “causas que foram perdidas na Inglaterra poderiam ser ganhas na África e na Ásia”.1 Leia Mais

Processos e condições de trabalho | Mundos do Trabalho | 2010

Ao idealizarmos o dossiê “Processos e condições de trabalho”, tivemos o objetivo de retomar o que se pode definir como um dos temas clássicos das pesquisas em História Social do Trabalho. Em meio à diversidade temática que tem caracterizado a recente produção acadêmica nessa área, as pesquisas a respeito da industrialização e, especificamente, sobre os processos e as relações de trabalho não deixaram de ser realizadas, mas talvez estejam ocupando cada vez menos a atenção dos pesquisadores.

Particularmente, tenho grande interesse pela análise dos processos, das relações e das condições de trabalho e aponto diferentes motivos que justificam a relevância de se continuar a pesquisar esse tema: em primeiro lugar, o fato de que a maioria das trabalhadoras e trabalhadores dedicou a maior parte de suas existências trabalhando e não militando em instituições classistas. Dessa maneira, conhecer em detalhes como eram suas lidas diárias me parece por si só um objeto relevante de pesquisa. Não obstante, não pretendo edificar uma barreira entre as pesquisas dedicadas à compreensão do trabalho, em suas variadas formas, e aquelas voltadas para o conhecimento e a interpretação da atuação política pública da classe trabalhadora. Minha intenção é afirmar que essa temática relaciona-se diretamente à proposta de uma História Social que busca compreender os múltiplos aspectos do processo de formação das classes trabalhadoras. Leia Mais