História, Corpo e Saúde / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2011

Cordis é uma palavra de origem latina que significa coração. Muitas palavras em nossa língua derivam de cordis, como: concordar, discordar, recordar, decorar, etc. A palavra cordial também deriva de cordis. Foi com a intenção de homenagear o “Homem Cordial”, descrito pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda, que, em 2008, o Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC) batizou, de Cordis, a Revista Eletrônica de História Social da Cidade. Feliz escolha! Em sua sétima edição, a referida revista traz a temática História, Corpo e Saúde. Este título está ligado à palavra cordis em muitos sentidos: História, recordar, cordis; Corpo, saúde, coração, cordis.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), “saúde não é apenas a ausência de doença, mas um estado de completo bem-estar físico, mental e social.” Esta definição possui, portanto, implicações legais, sociais e econômicas. A percepção de saúde muda com o tempo e varia entre as diferentes culturas, assim como as crenças sobre o que traz ou retira a saúde.

A presente edição da Revista Cordis aborda, em onze artigos, uma nota de pesquisa e uma resenha, aspectos históricos ligados ao corpo e à saúde física e mental, da pré-história aos dias atuais.

Duas pestes, a bubônica, medieval, e a AIDS, atual, são tratadas em diferentes ângulos. A peste bubônica, mais conhecida como a Peste Negra, que assolou a Europa na Baixa Idade Média, dizimando mais de 50 milhões de pessoas, é analisada na cidade de Campina Grande, em 1912. A AIDS, peste moderna, que já afetou 37,8 milhões de pessoas em todo o mundo e ceifou 20 milhões delas, é abordada através de uma polêmica que ocorreu, entre 1986 e 1998, nos meios médicos e científicos, sobre um dos aspectos de sua transmissão.

Corpos evidenciados em cenas rupestres em São Raimundo Nonato, no Piauí, dialogam com os corpos do mundo de ontem e de hoje. O corpo feminino e suas representações sociais na contemporaneidade, com novas linguagens, e as influências da mídia também é contemplado.

A criança é vista de várias maneiras: em uma perspectiva histórica, a educação e o cuidado com crianças pequenas são estudadas nas políticas públicas, mostrando que quase sempre são confundidas.

A eugenia, movimento científico e social que surgiu no final do século XIX na busca de uma “raça pura”, não foi um movimento homogêneo no mundo, mas apresentou várias facetas, como nos mostra um dos artigos. No Brasil, a eugenia esteve presente nos discursos médicos, no Paraná. Na capital alencarina, a eugenia influenciou o modo de vida e de diversão das pessoas.

A violência contra crianças e suas consequências psicológicas, gerando o medo, com mudanças na atuação das instituições sociais para combatê-la, foi fruto de estudos e pesquisas.

Segundo a psicologia, a loucura é uma condição patológica da mente humana, que apresenta pensamentos considerados “anormais” pela sociedade. O problema da loucura na historiografia do século XX, com a visão de segregação das pessoas consideradas insanas, pelas autoridades administrativas, médicas e policiais, também é abordado.

O uso político, por meio da imprensa paraense, entre 1897 e 1909, de questões ligadas a falta de alimentos de primeira necessidade, e problemas ligados a falta de saúde na cidade de Campinas, entre os anos de 1929 e 1945, são aqui retratados.

Tudo isso, e muito mais, o leitor encontrará neste número da Revista Cordis.

Boa leitura!

Fortaleza- CE, dezembro de 2011

Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg

Conselho Editorial


ROSEMBERG, Ana Margarida Furtado Arruda. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 7, jul. / dez., 2011. Acessar publicação original [DR]

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