Corpo, poder e resistência no mundo antigo e medieval/Mythos – Revista de História Antiga e Medieval/2021

El proyecto de la presente reflexión consiste en relevar el concepto de epimeleia heautou en el marco general del pensamiento foucaultiano en su retorno al mundo antiguo, a fin de establecer un arco de lectura con la problemática del alma y del cuerpo como campos de batalla donde se libra el combate entre la hybris, desmesura, y la sophrosyne, mesura como par antagónico. Leia Mais

Corpo em Dança: transformações, ritmos e lugares | Hawò | 2020

Este dossiê reúne dez artigos e uma entrevista de autores brasileiros e estrangeiros que discorrem sobre diversos aspectos da dança em contextos afro e indígena no Brasil, na Argentina, no Peru e no Cabo Verde. Enquanto as danças afro têm sido objeto de estudo há muito tempo na antropologia, as danças indígenas aparecem como foco de interesse de pesquisa bem mais recentemente no caso do Brasil, à semelhança do que já aconteceu na Argentina e no Peru – neste caso, aliás, as danças andinas são protagonistas mais antigas nos repertórios de pesquisa do que as danças das terras baixas. Interessante notar, ainda, que várias das danças afro no nordeste brasileiro trabalham a figura do caboclo, uma imagem que torna visível, em alguma medida, o(s) indígena(s).

Assim, o artigo que abre este dossiê tem como título “O Caboclinho como afeto: a presença indígena nas danças populares e tradicionais brasileiras”, de autoria de Maria Acselrad, e questiona a ausência da influência indígena nos estudos sobre a cultura popular do nordeste brasileiro, sugerindo abordar as danças nordestinas como arquivos vivos da memória dos povos originários da região. A autora percorre uma série de documentos históricos a partir de século XVI, analisando relatos, imagens, objetos e práticas rituais em torno dos povos indígenas de outrora que foram objetivados pelo olhar do colonizador; e apontando para as suas transformações nas figuras dos caboclos das danças populares atuais. Ela enfoca as agremiações carnavalescas do Caboclinho, em Goiana, para mostrar que, além da presentificação dos caboclos nas fantasias, os passos e as coreografias acionam uma dinâmica relacional que revela uma intensidade guerreira indígena de resistência ao desaparecimento. A presença indígena, ela argumenta, perpassa os aspectos visíveis e invisíveis da dança nas habilidades dos dançarinos que, por um lado, acionam relações de amizade e ajuda mútua dentro da unidade músico-coreográfica, mas por outro lado, enaltecem relações de inimizade e rivalidade. Leia Mais

Corpo, gênero e sexualidade no Caribe / Revista Brasileira do Caribe / 2017

Corpo – gênero – sexualidade no Caribe / Revista Brasileira do Caribe / 2017

O corpo é a expressão material e biológica da existência humana. Mas haveria um corpo material preexistente à experiência cultural? Na tradição ocidental há muito tempo cristalizou-se a ideia essencialista de um binarismo corpo/alma, corpo/espírito, corpo/mente, natureza/cultura. Entretanto, é impossível pensar o ser humano separado da cultura. Nesse sentido, o corpo não pode ser separado da cultura, em uma preexistência, como algo já dado em que se inscreve a experiência social e cultural. Portanto, o corpo é um produto histórico e cultural, e também produtor de cultura, status, identidades e sexualidades.

Se admitirmos que o corpo seja produto e produtor de identidades, então as identidades de gênero são mesmo performances sociais contínuas, nem verdadeiras ou falsas, nem reais ou aparentes, nem originais ou derivadas. Por conseguinte, as sexualidades também constituem disposições, representações e práticas voltadas para a experiência do desejo que contribuem na formação das identidades de gênero e de outra ordem. Por outro lado, a sexualidade também pode ser vista como um dispositivo normativo para controle da dissipação das energias, para o estabelecimento de normas e valores, enfim, para o controle e a docilidade dos corpos.

O trinômio corpo, gênero e sexualidade como produto e produtor das experiências culturais, históricas, políticas e sociais, tem produzido relações de poder em que o masculinismo e a heterossexualidade aparecem como hegemônicos e naturalizados, muitas vezes, marginalizando, excluindo, perseguindo e silenciando outras formas identidárias de gênero e de sexualidade.

Por essas razões, foi organizado para este número da Revista Brasileira do Caribe, um dossiê intitulado “Corpo, gênero e sexualidade no Caribe”, com o objetivo de debater as experiências históricas, artísticas, políticas e sociais dessas três categorias no Caribe. Como corpo, gênero e sexualidade se articulam no Caribe para formar identidades, relações de poder, desejo? O dossiê se inicia com o artigo “El amor en tiempos de Sidentidades: eros y thanatos en las “autohistorias” de Pedro Lemebel y Reinaldo Arenas” de Massimiliano Carta. Nesse artigo, Carta analisa como a obra de Reinaldo Arenas e Pedro Lemebel, no contexto sanitarista da pandemia da AIDS, nos EUA do final do século passado. O texto aborda a questão do amor, da morte, das identidades latino-americanas e LGBTQI (Lésbica, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queers e Intersexuais) na formação de identidades, mais especificamente as sidentidades proposta por Llamas.

O segundo artigo, “La metáfora de la libertad: el discurso del cuerpo en la literatura de Zoé Valdés” de Brigida Pastor trata de uma análise do romance La nada cotidiana da escritora cubana exilada em Paris, Zoé Valdés. Pastor aborda em seu artigo o uso da linguagem do corpo utilizada pela escritora Zoé Valdés como instrumento e “estratégia feminina/feminista” de resistência da mulher a qualquer forma de repressão.

O terceiro artigo, “Big Bang o el uso de los cuerpos en la poesía de Severo Sarduy”, de Denise León, trata da obra Big Bang de Severo Sarduy, que explora em sua poesia a divulgação científica, restos literários em uma linguagem minimalista, bem como o papel dos corpos no universo do desejo erótico e sua ambígua trajetória, onde o importante é ter algo ou alguém a quem desejar. São corpos que, nas palavras de León, se quebram sem limites e se abrem em infinita expansão.

No artigo “Corpo e negritude no discurso do rap cubano e do rap brasileiro: diálogos (d)e resistência”, Yanelys Abreu Babi analisa, por meio da análise de discurso de Pêcheux, como as condições de produção, formação ideológica e formação discursiva são usadas na construção de sentidos em torno do corpo negro. Para tanto, o artigo analisa seis letras de rap, compostas por rappers negros de Havana e São Paulo no período entre 2000-2012.

O artigo de Clara Heibron trata da representação da mulher Mokaná. A autora reúne na sua análise uma documentação variada constituída por crônicas, imagens do artesanato local que evidencia o constituir feminino na comunidade Mokaná, especialmente, da mulher mohana, a mulher guerreira.

A seção Outros Artigos abre-se com o artigo “Legal and Extra-Legal Measures of Labor Exploitation: Work, Workers and Socio-Racial Control in Spanish Colonial Puerto Rico, c. 1500-1850” de Jorge Chinea. O artigo analisa e debate a conexão entre trabalho, regimes de trabalho e o desenvolvimento da colônia espanhola de Porto Rico de 1500 até a metade do século XIX, em que os exploradores buscaram extrair o máximo de trabalho da população alvo ao mínimo custo possível para reduzir despesas operacionais e maximizar os lucros em seus empreendimentos de mineração, criação de gado e agricultura, bem como controlar essa população.

O artigo “Convenios laborales de las personas de origen africano y afrodescendientes en el valle de Toluca, siglos XVI y XVII”, de Georgina Flores, Maria Guadalupe Zárate Barrios e Brenda Jaqueline Montes de Oca, também trata da temática do trabalho. Com base na documentação histórica do Arquivo Geral de Notarías do Estado do México as autoras debatem parte da história laboral de homens e mulheres africanos e afrodescendentes que habitaram o vale de Toluca durante o período colonial. O artigo apresenta a forma na qual os escravos alcançaram a liberdade, as atividades realizadas, as relações sociais e econômicas entre os grupos étnicos, os contratos laborais pactuados entre indivíduos de diferentes qualidades etc.

Por sua vez, no seu artigo, “A Revolução Cubana e o perfil ideológico do Movimento 26 de Julho”, Rafael Saddi analisa o perfil ideológico do Movimento 26 de Julho na luta contra a ditadura de Fulgêncio Batista e algumas de suas consequências para a Revolução Cubana após a tomada do poder.

Fechando a seção de outros artigos, “Bob Marley: memórias, narrativas e paradoxos de um mito polissêmico”, de Danilo Rabelo, debate por meio da biografia de Marley as várias representações e discursos elaborados sobre Bob Marley durante sua vida e após a sua morte, estabelecendo significados, apropriações, estratégias políticas e interesses em jogo, bem como as contradições e paradoxos da sociedade jamaicana quanto ao uso das imagens elaboradas sobre o cantor.

Por último, a resenha sobre a obra de Elzbieta Sklodowska “Invento, luego resisto: El Período Especial en Cuba como experiencia y metáfora (1990-2015)” de Marcos Antonio da Silva. O autor nos convida a ler essa importante obra sobre a História do tempo presente em Cuba e as grandes mudanças do fim de século após o desaparecimento do campo socialista e os reflexos dessas transformações no cenário social e cultural da ilha caribenha.

Na oportunidade, agradecemos aos autores e autoras que contribuíram para a publicação deste fascículo e desejamos aos nossos leitores e leitoras uma ótima e proveitosa leitura.

Danilo Rabelo Isabel Ibarra


RABELO, Danilo; IBARRA, Isabel. Corpo, gênero e sexualidade no Caribe. Revista Brasileira do Caribe, São Luís, v.18, n.35, jul./dez. 2017. Acessar publicação original. [IF].

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Corpo, gênero e sexualidade | Outras Fronteiras | 2017

Neste dossiê nossa proposta foi estabelecer uma ampla reflexão acerca do diálogo da história e as demais ciências, buscando dar visibilidade a uma temática que por muitas vezes foi negligenciada dos estudos acadêmicos: o corpo, a sexualidade e gênero. Busca-se, nesse sentido, uma discussão problematizadora das múltiplas relações que em nossa sociedade estabelecemos com o corpo, com a sexualidade e com o gênero, ora libertadora, ora excludente, às vezes anunciadoras de outras formas de existência e por muitas vezes assujeitadas a formas inauditas de violência física e simbólica.

Em, História do corpo2 , obra coletiva organizada por Georges Vigarelo, Alain Corbin e de Jean Jacques Courtine já vislumbrava estudos sobre a historicidade de problemas referentes às formas de controle e domesticação do corpo, às relações dissimétricas de poder que constrói assujeitamentos, às formas de sensibilidade para as quais o corpo é educado, para a percepção de que normas e preceitos sexuais são culturalmente construídos, o que, por fim, lançava luz questões políticas sobre as formas de coações e de luta pela conquista da posse do corpo, dos desejos, dos prazeres etc., o que curiosamente nos lança a olhar atentamente para nós mesmos, para uma relação de si consigo mesmo, pois a parte mais material de nossa existência que é o corpo, é a menos percebida. Leia Mais

História, Corpo e Saúde / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2011

Cordis é uma palavra de origem latina que significa coração. Muitas palavras em nossa língua derivam de cordis, como: concordar, discordar, recordar, decorar, etc. A palavra cordial também deriva de cordis. Foi com a intenção de homenagear o “Homem Cordial”, descrito pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda, que, em 2008, o Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC) batizou, de Cordis, a Revista Eletrônica de História Social da Cidade. Feliz escolha! Em sua sétima edição, a referida revista traz a temática História, Corpo e Saúde. Este título está ligado à palavra cordis em muitos sentidos: História, recordar, cordis; Corpo, saúde, coração, cordis.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), “saúde não é apenas a ausência de doença, mas um estado de completo bem-estar físico, mental e social.” Esta definição possui, portanto, implicações legais, sociais e econômicas. A percepção de saúde muda com o tempo e varia entre as diferentes culturas, assim como as crenças sobre o que traz ou retira a saúde.

A presente edição da Revista Cordis aborda, em onze artigos, uma nota de pesquisa e uma resenha, aspectos históricos ligados ao corpo e à saúde física e mental, da pré-história aos dias atuais.

Duas pestes, a bubônica, medieval, e a AIDS, atual, são tratadas em diferentes ângulos. A peste bubônica, mais conhecida como a Peste Negra, que assolou a Europa na Baixa Idade Média, dizimando mais de 50 milhões de pessoas, é analisada na cidade de Campina Grande, em 1912. A AIDS, peste moderna, que já afetou 37,8 milhões de pessoas em todo o mundo e ceifou 20 milhões delas, é abordada através de uma polêmica que ocorreu, entre 1986 e 1998, nos meios médicos e científicos, sobre um dos aspectos de sua transmissão.

Corpos evidenciados em cenas rupestres em São Raimundo Nonato, no Piauí, dialogam com os corpos do mundo de ontem e de hoje. O corpo feminino e suas representações sociais na contemporaneidade, com novas linguagens, e as influências da mídia também é contemplado.

A criança é vista de várias maneiras: em uma perspectiva histórica, a educação e o cuidado com crianças pequenas são estudadas nas políticas públicas, mostrando que quase sempre são confundidas.

A eugenia, movimento científico e social que surgiu no final do século XIX na busca de uma “raça pura”, não foi um movimento homogêneo no mundo, mas apresentou várias facetas, como nos mostra um dos artigos. No Brasil, a eugenia esteve presente nos discursos médicos, no Paraná. Na capital alencarina, a eugenia influenciou o modo de vida e de diversão das pessoas.

A violência contra crianças e suas consequências psicológicas, gerando o medo, com mudanças na atuação das instituições sociais para combatê-la, foi fruto de estudos e pesquisas.

Segundo a psicologia, a loucura é uma condição patológica da mente humana, que apresenta pensamentos considerados “anormais” pela sociedade. O problema da loucura na historiografia do século XX, com a visão de segregação das pessoas consideradas insanas, pelas autoridades administrativas, médicas e policiais, também é abordado.

O uso político, por meio da imprensa paraense, entre 1897 e 1909, de questões ligadas a falta de alimentos de primeira necessidade, e problemas ligados a falta de saúde na cidade de Campinas, entre os anos de 1929 e 1945, são aqui retratados.

Tudo isso, e muito mais, o leitor encontrará neste número da Revista Cordis.

Boa leitura!

Fortaleza- CE, dezembro de 2011

Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg

Conselho Editorial


ROSEMBERG, Ana Margarida Furtado Arruda. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 7, jul. / dez., 2011. Acessar publicação original [DR]

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Corpo e História / Esboços / 2001

 

“Os mistérios das almas são os corpos”‘ [1]

Se a Revista Esboços leva este nome porque nascera sob o signo da incompletude – destinada que fora para publicar os artigos dos alunos do Programa de Pós-Graduaçãó em História da Universidade Federal de Santa Catarina, primeiras referências da tese, um ponto ainda tênue da realização da obra, fragmento que apenas prenuncia o desenho final -, hoje, [8] anos depois, o nome comunica a idéia de esboço como metáfora perene para toda obra humana. Se esboço simboliza o desenho preliminar para representar em escala menor a obra do artista, também pode ensejar a que cada repetição signifique uma experiência, nova sempre aberta à criação e nunca finalizada.

Cada número da Esboços configura as pesquisas com suas temáticas, suas fontes, suas discussões metodológicas, um jeito próprio de lidar com a história que envolve, não só o’ conjunto de interesses dos alunos, de Mestrado e Doutorado, que formam uma turma, mas também uma estética que dá o tom do interesse naquele momento pela história.

Esta nova Esboços que se apresenta traz boas novidades. A partir de agora, ela será organizada em forma de dossiê temático, continuando a receber contribuições sobre outros assuntos; será reservado um espaço para entrevistas e encontros com pesquisadores, que possibilitarão, ao mesmo tempo, reflexões e discussões acerca de assuntos relevantes ao campo historiográfico atual; será aberta uma nova sessão dedicada a ensaios que fomentem reflexões sobre a prática e o método do historiador, será publicado ainda os esboços das pesquisas desenvolvidas por alunos do Programa, além de resenhas que façam a crítica de trabalhos importantes recentemente publicados.

Do esforço, para criar um dossiê temático que represente as perspectivas Metodológicas de bom número de projetos desenvolvidos no Programa, decidiuse abordar o tema empo. Para ampliar o entendimento do tema, inseriu-se artigos de pesquisadores que contribuem para o debate historiográfico deste objeto, o mais concreto da história, o mais palpável e mais presente, e também o mais misterioso difícil de ser apreendido. Corpos de passagem, como bem designou Denise Bernuzzi Sant’anna, que abre o número com uma entrevista a propósito de sua obra [2] e a propósito do debate sobre o corpo como tema da história.

Conselho Editorial

Notas

1. MACEDO, Helder. Vícios e virtudes. Romance. Rio de Janeiro: Record, 2002, p. 59.

2. SANT’ANNA, Denise Bernuzzi de. Corpos de passagem: ensaios sobre a subjetividade contemporânea. São Paulo: Estação da Liberdade, 2001.

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[DR]