País jovem com cabelos branco: a saúde do idoso no Brasil | Renato Veras

É parte do senso comum a idéia de que a estrutura etária da população brasileira situa-nos como um ‘país jovem’. Ao contrário desta suposição ingênua, contudo, a queda da mortalidade infantil e a progressiva diminuição da fecundidade em nosso meio já nos garantem uma considerável população de idosos, que, projetada para 2025, nos colocará àquela altura como o sexto país do mundo em número de idosos. Este aparente paradoxo é uma questão central do livro de Renato Veras, indicada já na escolha mesmo de seu título. Assim como com outros indicadores sócio-demográficos, pouco a pouco a estrutura etária da população brasileira aproxima-se do perfil dos países centrais (ainda que vários indicadores, como por exemplo a mortalidade infantil, continuem mostrando a gravidade da questão social do Brasil) sem que se produzam alterações correspondentes na qualidade de vida da população, colocando-nos frente aos problemas gerados por um contingente crescente de idosos sem que haja adequada provisão de fundos sociais para fazer frente às suas demandas.

Os impactos desta transição nas políticas públicas já se fazem sentir, com a virtual inviabilização da seguridade social pela situação de ‘cobertor curto’ criada pelo sistema de financiamento em bases correntes da previdência pública associado à iníqua distribuição de renda que se agrava cada vez mais. Não equacionamos a desnutrição e as verminoses e nos vimos frente ao crescimento das doenças cardiovasculares e das neoplasias; da mesma forma, não logramos dar conta das necessidades de crianças e adolescentes e já não temos, com os recursos ora disponíveis, como enfrentar adequadamente o desafio de uma população em processo de envelhecimento. Ainda temos tempo — não muito — para equacionar as demandas que certamente surgirão e/ou se ampliarão a partir deste novo quadro populacional. Leia Mais