Sergipe Republicano / Revista do IHGSE / 2016

Com o entendimento de que “De fato, jornais e revistas não são no mais das vezes, obras solitárias, mas empreendimentos que reúnem um conjunto de indivíduos, o que os torna projetos coletivos, por agregarem pessoas em torno de idéias, crenças e valores que pretende se difundir a partir da palavra escrita” [1]. A Revista do IHGSE apresenta este conjunto de ideias a serem difundidas e colocadas para o diálogo nos meios intelectual sergipano e brasileiro.

No presente número apresentamos o Dossiê “Sergipe Republicano”, no qual, uma dezena de pesquisadores deixaram registrados nas páginas da Revista da “Casa de Sergipe” uma variedade de temas e inquietações que contagiarão o leitor. Encerramos assim, um ciclo iniciado com “Dinâmicas Coloniais na Capitania de Sergipe D’El Rey”, seguido por “Sergipe Provincial”, ao todo, foram publicados vinte e um trabalhos nos três recortes temporais propostos.

Neste Dossiê, podemos encontrar os seguintes artigos: “Subsídios para o estudo da tributação em Sergipe República (1889-2000)”, no qual, Lourival Santana Santos continua o trabalho apresentado na Revista do IHGSE, no número 41, tendo ali estudado o período de 1500 a 1889. Desta vez, o autor revela as dificuldades enfrentadas pelos governantes por conta dos déficits constantes nas suas finanças mesmo com o fiscalismo exagerado sobre as rendas estaduais.

No segundo artigo, os pesquisadores Joaquim Tavares Conceição, Jorge Carvalho do Nascimento e Marco Arlindo Amorim Melo Nery discorrem sobre aspectos da trajetória de Emanuel Franco (1919-2008) desde a sua formação educacional até a sua atuação como engenheiro, agrônomo, professor e pesquisador. Aspectos da trajetória desse significativo intelectual sergipano são traçados em um texto que apresenta muitas contribuições para os interessados na temática.

No trabalho “Entre sussurros e silêncios: as passeatas cívicas dos grupos escolares sergipanos e a ausência das festas republicanas nas ruas (1923-1930)” Degenal de Jesus da Silva examina o percurso das festividades, indivíduos e instituições envolvidos nesses momentos de celebração e as representações utilizadas naquele período histórico. Já Cibele de Souza Rodrigues, em co-autoria com Eva Maria Siqueira Alves, trata do jornal estudantil O Porvir pertencente ao Atheneu Sergipense. As autoras observam como os alunos lidavam com as questões da instrução e como expressavam suas opiniões, vislumbrando o citado periódico como pertencente à cultura escolar daquela significativa instituição de ensino secundário.

A dinâmica de funcionamento da sociedade sergipana em 1939, às vésperas da eclosão da Segunda Guerra Mundial, é o tema da pesquisadora Janaína Cardoso de Mello, que utiliza o viés do anúncio publicitário e da visão de consumo para identificar o destinatário, o potencial motivador e o alcance dos produtos comerciais difundidos nos periódicos Correio de Aracaju, Folha da Manhã, O Nordeste e Sergipe Jornal, nesse momento da História de Sergipe.

Mariana Emanuelle Barreto de Gois volta-se para as “páginas criminais” para investigar histórias carcerárias da Penitenciária Modelo de Aracaju, na primeira metade do século XX. Especialista no assunto, a autora investiga histórias dos detentos e nos leva ao debate sobre gênero no espaço prisional em um texto repleto de surpresas.

Finalizando o Dossiê “Sergipe Republicano”, Carine Santos Pinto discute sobre “O extinto aldeamento de Água Azeda e suas relações de conflito com a Fazenda Escurial – SE no século XX”, como um desdobramento do trabalho de Mestrado em História defendido na Universidade Federal de Alagoas.

Na sessão de artigos livres, Lorena Campello “abre” o arquivo pessoal de Epifânio Dória para mostrar as várias possibilidades de pesquisa que o rico acervo pode oferecer. Anne Emilie Cabral analisa a formação do ser docente de Maria Júlia Cabral, entre os anos de 1936 e 1957, na cidade de Capela (SE) e Suely Cristina Silva Souza investiga “Os programas de Matemática do Atheneu Sergipense durante a Reforma Capanema”.

Para concluir este número, temos a satisfação de publicar o necrológio de Santo Souza elaborado por Estácio Bahia Guimarães, somado ao discurso de Igor Leonardo Moraes Albuquerque em homenagem a José Aloízio de Campos e a resenha de Wagner Lemos com o título “A um passo do esquecimento, o derradeiro e intenso romance de Giselda Morais”.

Nota

1 LUCA, Tânia Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 140.

Aracaju, Junho de 2016

João Paulo Gama Oliveira – Editor da RIHGSE.


OLIVEIRA, João Paulo Gama. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.46, v.2, 2016. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê