Technologie de la pierre taillée – INIZAN et al (RA)

INIZAN, M. L.; REDURON, M.; ROCHE, H.; TIXIER, J. M. Technologie de la pierre taillee. Meudon: CREP, 1995. Resenha de: SCHLOBACH, Mônica Carsalad. Revista de Arqueologia, v.10, 1997.

O livro de referência pata estudantes franceses na área de tecnologia lítica tem, desde 1995, uma edição revista e ampliada, dessa vez organizado por M.L. Inizan; trata-se do Technologie de la pierre taillée, Meudon: CREP. O volume anterior, de 1980, organizado por J. Tixier, entitulava-se Préhistoire de la pierre taillée (vol. 1 ), terninologie et technologie.

O novo título resume bem o sentido da mudança que se pode observar nessa nova edição em relação à anterior: se na primeira edição os autores apresentavam uma nova abordagem para o estudo de coleções líticas, onde as preocupações principais residiam em distinguir os tipos de gestos e produtos do lascamento, bem como em estabelecef um vocabulário comum de base para ambos, na nova edição, o objetivo (certamente complementar aos anteriores) consiste sobretudo em apresentar novos conceitos e abordagens desenvolvidos nos últimos anos a partir de estudos recentes que utilizam a noção de cadeia operatória como ponto de partida. O capítulo introdutório resume bem tal intenção, mas ela está presente ao longo de todos os demais capítulos.

No que tange à organização dos capítulos, não há grandes modifìcações a assinalar : eles estão organizados de forma a permitir ao leitor seguir as etapas da produção das diferentes indústrias líticas, a partir do conceito de cadeia operatória – tal como ele é utilizado pelos tecnólogos.

Única modifìcação importante nessa organização; foi acrescentado um capítulo sobre a representação gráfica e, particularmente, sobre as técnicas, convenções e objetivos adjacentes ao desenho de peças líticas, onde são propostas formas de se responder a necessidades específicas a cada indústria a ser representada graficamente. O que é algo que concerne diretamente aos arqueólogos brasileiros, freqüentemente confrontados a matérias-primas e acidentes pouco comuns em outros contextos.

Outro ponto positivo dessa edição: o léxico comporta agora sete línguas (e não somente o inglês), incluindo o português (de Portugal). Mas é interessante notar que as diferenças entre os termos propostos e os utilizados mais freqüentemente no Brasil não são tantas quanto se poderia supor. Além do que, tal léxico nos sugere a adoção de alguns termos, como o de talhe para toda atividade de lascamento (tanto as que têm como fim a obtenção de lascas, quanto aquelas que visam a produção de um objeto sobre massa central). Solução que nos permitiria evitar que um mesmo termo seja usado em dois sentidos, como é o caso atualmente: lascamento nesse sentido genérico e lascamento como produção que visa a obtenção de lascas.

O que nos remete a questões de terminologia, a qual, afìnal, não deixa de ser contemplada nesse volume. Como não poderia deixar de ser. Afìnal, a necessidade de adoção de novos termos acompanha toda nova abordagem ou análise que venha contribuir para a compreensão das indústrias líticas.

Mônica Carsalad Schlobach – Setor de Arqueologia. Universidade Federal de Minas Gerais.

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