Trilhas, roteiros e legendas de uma cidade chamada Duque de Caxias: memórias e representações de Francisco Barboza Leite (1950- 1990) | Tania Maria da Silva Amaro de Almeida

Vou falar de uma cidade da Baixada Fluminense que ganhou notoriedade que ao meu sentir não convence – é preciso que se repense o que ela foi dito em tanto papel mal escrito que a imprensa divulgava e, de tal modo criava a noção falsa de um mito

A cidade é muito nova mas cresceu muito depressa digo e ofereço a prova que é o que me interessa para quem o valor meça de uma terra em expansão formada sem previsão guiada só pelo senso de um proveito assaz imenso fruto espontâneo do chão.

(LEITE, 1975)

Duque de Caxias, retratado no cordel de Francisco Barboza Leite (1975), é considerado um dos principais municípios que compõem a região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, e que, durante muito tempo, “ganhou notoriedade”, devido à imagem de violência presente nas manchetes de jornais. No entanto, para muitos, como no caso do poeta, a cidade possui outras características, muitas qualidades. O município de Duque de Caxias se constituiu administrativamente desvinculado de Nova Iguaçu em 1943, quando o então 8º Distrito de Nova Iguaçu, sob a denominação de Caxias, teria adquirido autonomia, com São João de Meriti, Xerém e Estrela, e se tornado o município de Duque de Caxias. Particularmente, nos anos 1950 e 1960, a partir da expansão demográfica da região metropolitana do município do Rio de Janeiro, foi crescente o volume de ocupações de terras e de venda de loteamentos na Baixada Fluminense1. Tais acontecimentos renderam registros na imprensa sobre as lutas por terra, com destaque para as ações de violência no território. Tanto o cordel de Barboza Leite (1975) quanto a historiografia sobre a Baixada Fluminense se inserem no esforço de pesquisar, escrever, registrar e valorizar a memória e a história na região, ao proporem outras leituras ou novas problematizações sobre o seu passado. Leia Mais