A construção de conhecimentos em tempo de Covid-19 | Das Amazônias | 2020

O ano de 2020 representou um grande desafio para os editores da Revista Das Amazônias (DAM), considerando o contexto social, político e econômico que o mundo vivencia em decorrência da pandemia causada pelo COVID-19. Essa crise sanitária e política também presentes no Brasil nos obrigou a reconfigurar todas as nossas relações sociais. Assim tivemos de nos adaptar as limitações impostas por essas circunstâncias, dessa feita a DAM propôs três projetos de extensão, nos quais tínhamos como objetivos estimular e divulgar a produção cientifica do discentes dos cursos de história. Isso nos possibilitou diversificamos nossa atuação, partindo para os espaços de redes sociais com a realização de LIVES e publicização dos nossos textos.

Em âmbito extensionista referente ao nosso periódico obtivemos a publicação do v.3 n.1: “Entre a Sala de aula, pesquisas e historiografias: trajetórias na construção dos profissionais de História” e agora o v.3. n.2: “A construção de conhecimentos em tempo de Covid-19”, ganhando maior significado por ser lançada durante a realização da XX Semana de História da Universidade Federal do Acre, cuja temática é Ensino de História e Pesquisa em História: pesquisas e possibilidades e almeja a articulação de saberes oriundos dos processos de perquirição e produções acadêmicas concebidas nas Amazônias/ Pan-Amazônias.

O intuito desse exemplar multitemático é congregar materiais de distintos formatos, com assuntos diversos recebido ao longo do último ano, que resultaram em um par de resenhas e mais de uma dezena de artigos. Abrindo a edição com um desses, denominado “A violência contra a mulher no Brasil: avanços e retrocessos sob uma perspectiva histórica e simbólica” escrito por Laura Emília R. Monte Blanco e Silvio Lucas Silva, onde tomando como referencial analítico um caso especifico de violência doméstica, observando observam-se e comentam-se os estágios de atendimento as vítimas e os problemas relativos a isso, tanto em uma perspectiva social quanto pública.

Chamando a um contexto educacional Rayra T. de Lima propôs pensar “Educaçãodireito a quê e para quem: o avanço do direito a educação no Brasil”, retratando o processo históricos de educação no Brasil, indo de um privilégio social a um direito fundamental da dignidade humana.

Partindo para uma discussão sobre concepções historicamente construída o artigo “A releitura ideológica enquanto ato desmistificador de imposições hegemônicas”, de Rocinete dos Santos Silva e Rovílio de L. Nicácio discute a busca de notabilizar, bem como a compreensão através do ato da leitura e releitura ideológica diante de ideias (pré)concebidas, convicções transcritas e repassadas como verdades absolutas. Não distante do cunho teórico Rovílio de L. Nicácio se manteve no gênero textual, porém enveredando por uma redação de solista em “Ideologia e interação em “Olhos d’água” de Conceição Evaristo” verifica como o conto retrata tal perspectiva.

Alusivo à temática cultural essa edição nos expõe o escrito “ ‘O Waldemar Henrique não é lugar ideal para shows de rock’: circuito da ‘música pesada’ e política cultural na história social do mundo artístico do heavy metal em Belém-PA (1993-1996)” redigido por Bernard A. Silva e Franknaldo S. Oliveira, que problematiza as novas configurações do mapa de Metal da cidade de Belém do Pará. Enquanto, Nicoly de Lima Quintela nos apresenta resenha resultante da tese do professor Carlos Alberto Ferreira da Silva, sob o título de “Teatro e História: Notas sobre Teatro e Educação Inclusiva vinculado a contextos históricos.”

Ramon N. de Lima em parceria com o autor desse editorial apresentam “‘Milagre da flecha’: devoção a São Sebastião em Xapuri – AC” dialogando com a devoção a esse santo e sua festividade como contributo a construção da identidade social daquela comunidade.

No artigo “Entre invenções e representações: a Amazônia concebida pelas narrativas” Emilly Nayra Soares Albuquerque e Jeissyane Furtado da Silva debatem e repensam os escritos acerca da região por uma perspectiva de desconstrução de concepções da Amazônia como um espaço exótico, atrasado e primitivo. Seguindo a linha de análise acerca das terras e gentes amazônidas Sandy Maria G. de Andrade e Diego C. Machado em seu “Um contingente móvel: Cabanos entre histórias, memórias e narrativas” fazem uma revisão das narrativas do processo de resistência imprimido pela Cabanagem, na capital Belém, entre 1835 e 1836.

Em “Jornais como fonte para o estudo da economia de couros e peles e na Amazônia” de autoria de Leonardo M. de Lima Leandro, Marina L. Soares e Péricles D. Batista somos conduzidos a observar pelas fontes hemerográficas a grande importância destas matérias-primas para a economia regional, tendo como baliza temporal a investigação a primeira metade do XIX.

Adriano da Silva Almeida escreveu “Terra, a briga para ser dono: conflitos agrários no seringal nova empresa no ano de 1970” relata os conflitos travados entre seringueiros e fazendeiros no decorrer da década de 1970, a partir da campanha realizada por Wanderley Dantas ao abrir o estado do Acre para que esses empresário desenvolvessem a pecuária extensiva.

Conjuntamente com Lucas Nascimento A. de Carvalho exponho “Experiência de editoração na Revista Das Amazônias: Dossiê República Brasileira e Autoritarismo (2019), e Entre a sala de aula, pesquisas e historiografias: trajetórias na construção dos profissionais de história (2020)” relatando nossa experiência como membro da equipe editorial da Revista.

Fechando esse número nos são mostradas reflexões relativas aos meandros da administração do Acre feitas por Rodrigo de S. Silva em “As raízes do autoritarismo no executivo acreano – 1921/1964” resenhando a dissertação do professor Francisco Bento da Silva.

Assim, totalizando duas resenhas e onze artigos encerramos mais uma edição da Revista Discente Das Amazônias. E apesar das incontáveis perdas emocionais, físicas e materiais, incomodados e inquietos ante ao “novo normal” que tende a naturalizar e banalizar a polissêmica crise: resistimos produzindo e nos reinventando com “A construção de conhecimentos em tempo de Covid-19”.


Apresentador

Jardel Silva França –  Membro do corpo editorial da Revista Das Amazônias.


Referências desse dossiê

FRANÇA, Jardel Silva. Editorial. Das Amazônias. Rio Branco, v.3, n.2, ago./dez. 2020. Acessar publicação original [DR]

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