Américas: fronteiras, identidades e conexões / Em Tempo de Histórias / 2016

Apresentação

O intuito do dossiê Pensando as Américas: fronteiras, identidades e conexões, foi motivar o diálogo sobre a história do continente inspirado nos novos métodos e abordagens que têm alimentado a área nos últimos anos, por exemplo, ao incorporar novos métodos que procuram observar seus processos históricos em perspectiva global, e que contam com os aportes metodológicos das histórias cruzadas e transnacionais, entre outras.

Três artigos têm como horizonte temporal os agitados anos que vão desde final do século XVIII até o final do século XIX nas Américas lusa e espanhola. O primeiro deles, “As ideias de América, América Latina, latino-americano e o Ensino da História”, escrito por Wilian Carlos Cipriani Barom, propõe um entendimento processual da identidade latino-americana, a partir da demonstração provisória dos interesses que estiveram envolvidos nos contextos de criação, apropriação e ressignificação das ideias de América, América Latina e latino-americano, ao longo do século XIX.

O segundo artigo, “A coroa e a Fé: os pilares da sociedade Sollicitudo Omnium Ecclesiarum – à luz da carência de orientação gerada pela Independências da América”, de Rebeka Leite Costa, foca nas relações entre a ordem dos jesuítas com Santa Sé entre o final do século XVIII e o início do século XIX, que marca o auge da crise institucional e existencial da que fosse o braço mais importante na evangelização do continente desde os alvores da colonização europeia até o advento da monarquia bourbônica.

O terceiro artigo, “O Brasil e o Prata: instabilidade e equilíbrio”, de José Viegas Filho, traça o denso panorama da política do Império brasileiro no Rio da Prata desde as lutas dos anos de 1820 até o fim da Guerra da Tríplice Aliança. O autor argumenta que a hipótese simplificada de que as disputas do Prata consistiram essencialmente em uma polarização entre o Brasil e a Argentina oculta a existência de fortes dissenções internas em cada um dos três países do Atlântico Sul.

Já o quarto artigo do dossiê, “O passado da conquista da América nas canções do festival folclórico de Parintins”, de Lucas da Mota Farias, analisa a cultura histórica sobre a conquista da América difundida nas letras de duas canções – A Conquista e Continente Perdido –, entoadas pela Associação Folclórica Boi Garantido no Festival Folclórico de Parintins em 1998.

No marco da história política contemporânea do Brasil contamos com três contribuições: “O espectro político liberal dos atores da Constituinte de 1823”, de Cecília Siqueira Cordeiro; “Trânsitos políticos e intelectuais da geração 1870: um novo olhar sobre o movimento e sua relação com o repertório europeu”, de Bruno Gontyjo do Couto; e “Promessas de futuro na brecha do tempo: O momento constitucional brasileiro de 1987/1988 como produtor de um regime próprio de historicidade”, de Eduardo Ubaldo Barbosa.

Os três artigos restantes podem ser enquadrados na história do disciplinamento social, na história urbana e na teoria da história, respectivamente. Eles são: “Edificante e temerário: dimensões e ambiguidades do trabalho prisional no Recife oitocentista”, de Aurélio de Moura Britto; “O processo de urbanização da cidade de São Paulo e o Movimento Popular de Arte em São Miguel Paulista”, de Valdemir Camargo Bueno; e “A escrita de si em The Handmaid’s Tale, de Margaret Atwood: limites e possibilidades na relação entre narrativas ficcionais e a ciência histórica”, de Isabela Gomes Parucker.

Nós do conselho editorial agradecemos a todos os autores e autoras que submeteram contribuições para esse número e os docentes que gentilmente participaram da sua avaliação. Acreditamos que em conjunturas de bruscas mudanças políticas em que se veem ameaçadas diversas conquistas coletivas, como a que estamos atravessando atualmente, o desafio da história continua a ser oferecer pautas de sentido em meio às “carências de orientação”, contribuir a ressignificar o passado de formas novas e coerentes com as demandas e lutas do presente, e potenciar assim novos horizontes de futuro.

Boa leitura!

Juan David Figueroa Cancino

Conselho Editorial

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