Ensino da Geografia e Mídia: linguagens e práticas pedagógicas | Vicente de Paula Leão e Inêz Aparecida de Carvalho

A obra Ensino da Geografia e Mídia: linguagens e práticas pedagógicas dos autores Vicente de Paula Leão e Inêz Aparecida de Carvalho Leão traz reflexões sobre a utilização de textos mediáticos no ensino de geografia, a partir de uma pesquisa de campo realizada através de questionários e observações de vídeos feitos com professores em escolas publicas e privadas nos Estados de Minas Gerais e São Paulo. A obra explora os aspectos ligados à aplicação desse recurso em sala da aula, avaliando suas vantagens e desvantagens e fazendo reflexões sobre o ensino de geografia e a prática docente. Apresentaremos o livro conforme sua organização, a introdução, posteriormente seus capítulos e as considerações finais, finalizaremos destacando pontos importantes, tecendo criticas e sugestões.

A introdução do livro de Vicente de Paula apresenta quais os pontos serão discutidos ao longo da obra, indica que sua investigação surgiu de uma preocupação, sobre como o recurso midiático esta sendo utilizado nas aulas de geografia pelo docente, destacando as dificuldades que os professores possuem em relacionar esses recursos com a própria ciência geográfica e principalmente a ausência de mediação entre o texto midiático e o ensino em sala de aula. Entre seus procedimentos metodológicos, utilizou a pesquisa de campo com questionário com aspectos quantitativos e qualitativos e filmagens de aulas de geografia onde os professores utilizavam o recurso midiático.

No primeiro capitulo “A mídia e a Construção da Noticia” o autor expõe um breve histórico sobre a construção da notícia na mídia e aponta que o rádio foi o primeiro instrumento de comunicação de massa, e nos anos 50 perde seus ouvintes para a televisão. Com uma sociedade em constantes transformações e que não dispõe de tempo, a imagem possibilitou uma informação mais rápida, e essa caraterística faz com que a forma de noticiar fique fragmentada e transmitida por um único ponto de vista. Tal fato é bastante enfatizado no decorrer da obra, no qual ele afirma que “A fotografia – assim como as imagens em movimento da televisão auxilia no processo de manipulação da mensagem” (2012, p.32). A grande preocupação é que uma informação para chegar à casa da população, passa por varias edições, no qual é reelaborada da melhor maneira possível para atingir diretamente e de forma ágil seu ouvinte, com isso tal informação constitui de uma única forma de interpretação.

O segundo capítulo “O ensino de Geografia e a ressignificação do texto midiático” trata do ensino de geografia provendo uma discursão sobre a geografia tradicional e geografia critica mostrando o que os PCNs apresentam como metodologia para a educação. Mas o ponto forte desta discursão é a formação dos professores, pois, os docentes encontram-se em um conflito constante, uma vez que, o universo da sala de aula é complexo e muito diversificado. Para isso, os professores procuram adequar-se a esse novo contexto, apresentando desafios aos seus alunos na utilização de novos recursos e esquecem do verdadeiro objeto da geografia, o espaço geográfico, e suas categorias de analise. Quando o recurso mídia é utilizado na prática em sala de aula, este deve, segundo o autor, enfatizar a compreensão das categorias de analises geográficas, desafiando assim os alunos para a construção de novos saberes. Contudo, é necessário que o professor esteja preparado e seguro diante do material que será analisado, fazendo uma nova ressignificação do recurso, transformando o senso comum utilizado pela mídia em interrogações para seus discentes, para estes construírem suas respostas favorecendo a aprendizagem significativa.

Os dados obtidos na pesquisa correspondem ao terceiro e quarto capítulos, sendo que, no terceiro capítulo apresenta-se o resultado dos questionários, onde nota-se que os docentes aplicam o recurso midiático em sala de aula sem um planejamento prévio, possuem dificuldades em discernir o que seja o material midiático de outros recursos e que os materiais utilizado por grande parte dos professores não são específicos para o ensino de geografia, o que gera uma preocupação, se realmente este recurso utilizado esta sendo ressignificado em sala de aula.

No quarto capítulo temos uma analise do material videográfico onde são analisadas quatro aulas diferentes com assuntos diversos, mas em comum observamos que estas aulas não possuem um planejamento prévio, os professores trabalhavam o texto, mas não explorava aspectos geográficos, não ocorre discusão e nem questionamentos do material, os conhecimentos prévios dos alunos não foram considerados. Em um caso específico a escolha do recurso não estava, sequer, de acordo com o nível cognitivo dos alunos e, principalmente, não ocorreu espaço para ressignificação dos textos midiáticos com os alunos.

Ainda nesse capitulo, os autores fazem considerações bem interessantes sobre os materiais que foram utilizados nas aulas, eles apresentam as possibilidades de uso dos materiais para o entendimento das categorias de analise geográficas e o espaço geográfico. Também se referem aos aspectos conceituais e atitudinais e a possibilidade de se trabalhar com temas transversais e, por fim, nos apresentam como a ressignificação do recurso midiático poderia ter sido realizada e potencializada para o processo de ensino e aprendizagem.

Os autores finalizam o livro apresentando um quadro comparativo dos procedimentos adotados pelos professores de geografia analisados no capítulo anterior, que permiti uma melhor visualização das metodologias dos mesmos e, principalmente, faz ressalvas sobre as escolhas dos recursos midiáticos, a necessidade de um aprofundamento e a ressignificação desse material em sala de aula, a responsabilidade do professor como um profissional e principalmente o comprometimento com a educação dos seus alunos.

A obra traz varias contribuições para o ensino de geografia, sendo uma leitura importante para os docentes que procuram dinamizar o processo de ensino e aprendizagem. Também destaca que o recurso midiático esta disponível para os professores trabalharem em suas aulas de forma diferente, mas é necessário ter objetivos, fazer escolhas, e ter compromisso com sua pratica docente.

Enfim, apresenta uma leitura breve e de fácil entendimento, inicialmente com uma postura negativa sobre as praticas docentes realizadas com o recurso midiático, mas que é analisada e justificada durante a leitura do livro, e principalmente, apresentando as possibilidades de aplicação dessas novas metodologias ao estudo do espaço geográfico, pois, muitas vezes podem fazer parte da realidade diária dos alunos, tornando a aprendizagem envolvente para os educandos e facilitando assim, a apreensão dos conteúdos geográficos trabalhados pelo professor.


Resenhista

Aline Camilo Barbosa – Graduanda do 7° período em Licenciatura Plena em Geografia oferecido pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). E-mail: [email protected]


Referências desta Resenha

LEÃO, Vicente de Paula; LEÃO, Inêz Aparecida de Carvalho. Ensino da Geografia e Mídia: linguagens e práticas pedagógicas. Belo Horizonte- MG: Argvmentvm, 2008. Resenha de: BARBOSA, Aline Camilo. Revista de Ensino de Geografia. Uberlândia, v. 4, n. 6, p. 175-178, jan./jun. 2013. Acessar publicação original [DR]

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