Ensino Híbrido ou Blended Learning | EmRede – Revista de Educação a Distância | 2019

O saber instituído e aplicado nas ações de difusão do conhecimento nas mais diversas áreas da atuação humana remete a uma apropriação de categorias analíticas e conceituais que são demandadas pelo ato de inovar, inerente aos processos criativos e de produção. Dessa maneira, o ator social imerso nesses processos potencializa a dinâmica formativa, e a tendência de incorporar em sua malha de conhecimentos formais e a adequação espaço-temporal de sua atuação corrobora com a busca de caminhos metodológicos que possibilitem a convergência entre a necessidade de atualização e o atendimento das demandas contemporâneas.

O avanço constante e acelerado das possibilidades tecnológicas de comunicação e difusão a distância vem alterando – substancialmente – as formas de vivência coletiva com a incorporação gradual do uso das Tecnologias Digitais em Rede nos diversos campos da organização social. A realidade – cada vez mais comum na sociedade contemporânea – da convergência de ações em presencialidade física e ações com mediação tecnológica – Ensino Híbrido ou Blended Learning – impõe ao campo educacional a problematização teórica, a investigação dos artefatos computacionais e o desvendamento metodológico inerentes a essas práticas convergentes no campo formativo e da construção do conhecimento.

A partir do primeiro movimento legal de experiência híbrida – a previsão de atividades semipresenciais em cursos presenciais de graduação (2004) – a legislação vem trazendo alterações que flexibilizam as exigências de materialidade física; a mais recente, amplia em até 40 % a possibilidade de oferta a distância em cursos presenciais de graduação. Com caminho já consolidado na Educação superior, a discussão pedagógica e o aparato legal para a inserção da oferta a distância (integral ou em parte) tem se ampliado para a Educação Básica, já sendo realidade sua previsão para o Ensino Médio a partir da LEI Nº 13.415/2017, também conhecida como Reforma do Ensino Médio.

Tendo como tema central o Ensino Híbrido ou Blended Learning, esta edição da Revista EmRede objetiva a difusão – qualificada e teoricamente substanciada – de reflexões e marcos teórico-epistemológicas sobre as práticas hibridas de ensino ou Blended Learning, considerando o potencial mediador das TIC, especialmente as TDR e os novos marcos regulatórios da educação no país. Essa publicação traz contribuições de especialistas que pesquisam, lecionam, fazem gestão e produzem conhecimento neste campo temático, transversalizando as seguintes linhas temáticas: a) Marcos regulatórios da educação no Brasil: espaços e orientações para o ensino híbrido; b) Ensino híbrido – o que impacta na institucionalidade dos sistemas educacionais?; c) Currículo e ensino híbrido – princípios epistemológicos e desenhos pedagógicos; e) Tecnologias digitais para o ensino Hibrido.

Este número inicia por textos que fundamentam teórica, epistemológica e metodologicamente o Ensino Híbrido. No primeiro texto, Emanuel Nonato e Mary Valda Sales (UNEB) abordam uma proposta de modelo pedagógico na oferta de disciplinas semipresenciais em cursos de graduação presencial, apresentando e fundamentando a convergência de metodologias ativas com tecnologias digitais no âmbito da Educação a Distância e do ensino híbrido, como um processo de convergência de metodologias e fazeres pedagógicos.

No texto seguinte, Carolina Souza (UFBA) destaca o valor da hibridização e sua capacidade em apresentar alternativas para a inovação no ensino-aprendizagem, aponta competências e habilidades exigidas para o professor, indicando práticas de metodologias ativas e tecnologias educacionais que podem compor a dinâmica didático-pedagógica de cursos oferecidos de forma híbrida.

Camila Santana (IFBA) problematiza as apropriações das plataformas de redes sociais digitais como modo de compreender o impacto provocado por elas em relação ao ensinar e aprender no contexto da sociedade blended. Ela desta a dimensão da cibercultura como referencial teórico e as redes sociais digitais como redes de conexões e interações humanas, instituindo as Pedagogias das Conexões.

Rosana Abutakka, Lídia Silva e Alexandre dos Anjos (UFMT) – identificando lacunas a respeito da apreensão conceitual – realizam um levantamento de conceitos nas pesquisas publicadas na academia, visando disponibilizar um quadro conceitual que abarque entendimentos e compreensões de ensino híbrido, desvelando assim algumas dubiedades conceituais e prospectando novos horizontes.

Utilizando o método da Pesquisa-formação na Cibercultura, em uma pesquisa do Mestrado em Educação da UERJ, Vivian Martins e Edméa Santos apresentam a compreensão de como os vídeos vêm se materializando e circulando no ciberespaço; mais especificamente, na educação online, desenvolvendo práticas de produção de gêneros de cibervídeos. Destacam destes vídeos a potencialidade para outras arquiteturas do desenho didático on-line, em maior sintonia com as aprendizagens ubíquas e a mobilidade.

Os textos que se seguem trazem uma abordagem analítica de experiências concretas de ensino híbrido, desenvolvidas nos mais diversos espaços e níveis, apresentando metodológica e epistemologicamente estas experimentações e analisando-as à luz de um referencial teórico pertinente e contemporâneo.

Antonio Cardoso, Danila Luz e Fátima Hanaque da UNEB, em parceria com María Martha Ricci da Universidade Del Salvador – Argentina – trazem o aporte conceitual de Ativos Intelectuais e Comunidade Epistêmica na descrição e análise do desenho pedagógico de uma experiência de oferta semipresencial para o ensino de Libras, destacando a articulação entre os atores envolvidos e os Ativos Intelectuais da Comunidade Epistêmica da UNEB.

A compreensão do ensino híbrido, a ressignificação das práticas pedagógicas e o uso das tecnologias digitais na promoção do saber nos espaços educacionais, no sertão maranhense no século XXI, são pautados por Aline Borba Alves, da UEMA, evidenciando as práticas educacionais na era das tecnologias digitais, Ela considera que a educação plural potencializa o desenvolvimento da aprendizagem nos espaços educativos, em suas relações de singularidades e possibilidades.

No texto seguinte, Weider Santos e Luis Mercado – da Universidade Federal de Alagoas – discutem a possibilidade de utilização de um modelo de ensino híbrido rotacional – sala de aula invertida. Isso se dá investigando 22 estudantes do 8º ano ensino fundamental anos finais, e uma professora em um colégio da rede particular de Maceió – AL; o foco investigativo é o desenvolvimento da individualização da aprendizagem em contexto híbrido.

A possibilidade de convergência entre educação presencial e a distância – Blended Learning – é também pautada por Armando Silva da UTFPR, Rosemeire Prado e Elaine Pasqualini, ambas da Fatec/Ourinhos: destacam o confronto de resultados de uma pesquisa inédita sobre Ensino a Distância (EaD), realizada em 2012, envolvendo professores de uma Escola Técnica e a situação atual desta modalidade. Discutem ainda o impacto das Tecnologias de Informação e Comunicação na prática docente e alguns enfrentamentos da Educação a Distância como modalidade de ensino.

Do instituto Federal do Espírito Santo, Ana Paula Santos, Marta Rodrigues Dias, Morgana Simões Meriguete, Weslley Romanha, Marize Passos e Danielli Sondermann trazem a discussão sobre ensino híbrido, utilizando os modelos da sala de aula invertida e rotação por estações, no projeto social Grupo Bizu de Prova (Vitória-ES). Analisam as conquistas didático-pedagógicas advindas da utilização do ensino híbrido como uma proposta alternativa ao modelo tradicional de ensino usado no projeto.

A natureza híbrida do ensino médio a distância e a proposição de uma metodologia de sua abordagem adequada a essa modalidade de educação é pautada por Evaldo Santos e Jorge Brito – ambos da SEED-AP – proporcionando uma análise teórica descritivo-analítica com ênfase nas metodologias ativas, papéis do docente no EAD e na aprendizagem colaborativa.

Por fim, este dossiê traz a contribuição da Equipe multidisciplinar do Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis/Fundação Educacional do Município de Assis. Nele os autores apresentam a proposta do Ensino Híbrido como agente de inclusão de tecnologias digitais no processo educativo por meio da integração do ensino presencial e on-line, evidenciando o compartilhamento de experiência de construção e implementação do Ensino Híbrido em um curso de licenciatura em Química.


Organizadores

Jader Cristiano Magalhães de Albuquerque – UNEB. E-mail: [email protected]

Kathia Marise Borges Sales – UNEB. E-mail: [email protected]

Marcus Túlio de Freitas Pinheiro – UNEB. E-mail: [email protected]


Referências desta apresentação

ALBUQUERQUE, Jader Cristiano Magalhães de; SALES, Kathia Marise Borges; PINHEIRO, Marcus Túlio de Freitas. Apresentação. EmRede – Revista de Educação a Distância. Porto Alegre, v. 6, n.2, p.158-160, 2019. Acessar publicação original [DR]

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