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Rosa Luxemburgo, mulheres, liberdade e revolução | Historiae | 2019
Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres. Rosa Luxemburgo
O Convite à propositura desse dossiê se nutriu da tarefa político-acadêmica desafiadora de honrar a memória da revolucionária judia-polaco-alemã Rosa Luxemburgo, assassinada pelas mãos do partido socialdemocrata alemão, em 15 de janeiro de 1919, em Berlim, Alemanha, aos 47 anos de idade.
Sobre o assassinato de Rosa Luxemburgo, George Lukács assim analisa: Leia Mais
Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas. Londrina, v. 19, n.4, 2018.
Artigos
- Formação Continuada em EAD: Possíveis Contribuições para a Prática de Docentes em Matemática | Fátima Aparecida da Silva Dias, João Acácio Busquini, Idalise Bernardo Bagé | |
- A História das Equações Algébricas no Livro Didático da Educação Básica: Identificando as Abordagens | Francisco Wagner Soares Oliveira, Ana Carolina Costa Pereira, Suziê Maria de Albuquerque | |
- A (des)Construção da Concepção Hegemônica da Infância: um Estudo do Filme Alice no País das Maravilhas | Luana Santos Nogueira Garcia, Maritza Maciel Castrillon Maldonado | |
- The Discovery of X-Rays: a Probable Case of Second Order Observation | Marco Aurélio Clemente Gonçalves, Mariele Regina Pinheiro Gonçalves, Pablo Eduardo Ortiz | |
- A Qualidade na Educação Pública Infantil Brasileira: um Estudo de Caso em uma Cidade do Vale do Paraíba Paulista | Pétala Gonçalves Lacerda, Edna Maria Querido de Oliveira Chamon, Nilsen Aparecida Vieira Marcondes | |
- Caracterização da Aprendizagem da Docência no PIBID – Matemática Por Meio dos Relatos dos Participantes | Diego Fogaça Carvalho, Osmar Pedrochi Júnior | |
- Percursos Históricos da Escola Primária em Mato Grosso | Laura Isabel Marques Vasconcelos de Almeida, Neuza Bertoni Pinto | |
- O Fórum no Ensino Presencial: Despertando o Interesse dos Alunos Por Meio da Integração de Conteúdos da Sala de Aula para Ambientes Virtuais | Cleonice Jose de Souza, Luciane Guimarães Batistella Bianchini, Solange Franci Raimundo Yaegashi, Juliana Gomes Fernandes, Bernadete Lema Mazzafera | |
- Fatores que Afetam a Saúde Docente: Estudo Introdutório em uma Escola de Educação Básica de São Paulo | Leandro Ferreira de Melo, Julia Bernardo, Tatiane Clair Silva, Denise De Micheli | |
- Valores que os Estudantes de Psicologia Consideram Necessários para Serem Felizes | Nelson Pedro-Silva, Marcos Henriques Freiria | |
- A Prática Religiosa e a Psicologia Positiva | Thayná Laís de Souza Arten, Plínio Marco de Toni | |
- A Importância das Ferramentas Tecnológicas para o Processo de Aprendizagem no Ensino Superior | Ediane Zanin, Anathan Bichel | |
- Trabalho em Equipe na Formação do Enfermeiro: Perspectivas e Desafios sob a Ótica do Pensamento Complexo | Raphaella Lima de souza Guimarães, Mara Lúcia Garanhani, Sarah Nancy Deggau Hegeto de Souza, Maria do Carmo Lourenço Haddad | |
- Olhares Acerca do Letramento Digital: Perspectivas da Prática | Zuleica Aparecida Cabral, Mariele A. Mickalski | |
Publicado: 2019-01-23
Machado de Assis – Antes do livro, o jornal: suporte, mídia e ficção – GRANJA (MAEL)
GRANJA, Lúcia. Machado de Assis – Antes do livro, o jornal: suporte, mídia e ficção. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2018. 111 pp. Resenha de: SALA, Thiago Mio. Machado em meio à civilização do jornal. Machado Assis Linha v.12 n.26 São Paulo Jan./Apr. 2019.
Em Machado de Assis – Antes do livro, o jornal: suporte, mídia e ficção, Lúcia Granja retoma alguns de seus trabalhos relativos à produção cronística e ficcional do célebre autor de Quincas Borba e à história literária do século XIX, mas, diferentemente do que se poderia pensar num primeiro momento, não se trata da simples compilação de artigos, capítulos de livros ou trechos de teses. A obra consiste, na verdade, no reexame da produção recente da distinta pesquisadora à luz de novas ideias, reflexões e, sobretudo, de um pressuposto que confere ao livro em questão um sabor original quando se consideram as relações entre letras e comunicação: o papel do suporte editorial na produção do sentido. Em conformidade com tal perspectiva, Lúcia Granja procura examinar o fazer jornalístico e literário de Machado tendo em vista, para além da dimensão de artefato verbal do texto, a forma midiática na qual o escritor se fixou e se manteve durante grande parte de sua trajetória, isto é, o jornal.
Matriz importante para tal proposta analítica são os trabalhos do historiador francês Roger Chartier, com destaque para os estudos por ele conduzidos em torno do conceito de “mediação editorial”. Segundo Chartier (2002, p. 61-62), os escritos não existiriam “fora dos suportes materiais por meio dos quais foram veiculados, pois a construção de seus significados estaria diretamente ligada às formas que permitiriam sua leitura, audição ou visão”. Em outras palavras, para além do aparente truísmo, aquilo que costuma ser tratado como exterior e apartado da história do livro e da literatura, isto é, a análise das condições técnicas e materiais de produção ou de difusão dos objetos impressos e a dos conteúdos que eles transmitem (CHARTIER, 2002, p. 62), ganha importância quando se tem em vista, em perspectiva ampliada, os efeitos de sentido produzidos por um texto. Seguindo os passos de Chartier, mas caminhando por conta própria e com desenvoltura pela produção de Machado e por nosso jornalismo oitocentista, Granja se detém no exame das formas particulares e sucessivas de transmissão dos textos do autor em oposição a uma leitura abstrata, que desconsidera a poética do suporte periódico.
Todavia, para além de uma compreensão reduzida do papel da imprensa diária ou de uma descrição instrumental do espaço ocupado pelo texto machadiano nas diferentes folhas, Lúcia procura entender o suporte jornalístico enquanto peça-chave de um sistema midiático e civilizacional que floresce no século XIX. Para tanto, vale-se, em chave crítica, da produção de uma plêiade de autores franceses dedicados ao estudo do periódico do Oitocentos em conformidade com tal enquadramento: Dominique Kalifa, Marie-Ève Thérenty, Allain Vaillant e Marie-Françoise Melmoux-Montaubin, entre outros. Em linhas gerais, tais pesquisadores procuram examinar o intercâmbio entre formas literárias e jornalísticas, bem como o novo regime de comunicação instituído: se o jornal, por um lado, emprestava à literatura atributos como o ritmo da vida moderna, coletivização da escrita (numa única página de jornal passam a conviver diferentes rubricas com espaços delimitados), remissões internas e externas, fragmentação, periodicidade, ficção da atualidade (assuntos na ordem do dia passam a oferecer temas para a produção artística) etc., por outro, recebia dela esquemas narrativos e retóricos que permitiam seu desenvolvimento.
Mais especificamente, observa-se que o livro se divide em apenas duas partes. Na primeira, Granja trata, sobretudo, das características plásticas e estruturais dos rodapés dos jornais no século XIX, promovendo o devido contraponto entre Brasil e França. Ao abordar a crônica machadiana e, em chave comparatista, a produção folhetinesca do escritor francês Théophile Gautier, a pesquisadora examina não apenas a textualidade das realizações de ambos os autores, mas a materialidade destas, ou seja, o fato de elas terem sido publicadas em suportes editoriais e em enquadramentos históricos específicos. Assim, sem prescindir da análise intrínseca (linguística e literária) dos escritos de Machado e Gautier, também ganha destaque, na pena da pesquisadora, o estudo dos significados a eles agregados no processo de sua transmissão e difusão. Além disso, ela ressalta como os escritores-jornalistas em questão, enquanto artistas dotados de consciência tipográfica e concepção metarreflexiva do texto, integraram a lógica da materialidade do jornal na própria construção de suas obras.
Estabelecidas tais bases, a segunda parte do livro dedica-se a uma análise mais vertical de um corpus reduzido, com destaque para o exame de um conto, uma crônica e aspectos de um romance. Trata-se, mais especificamente, de “Conto alexandrino” (publicado de início em 13 de maio de 1883, na Gazeta de Notícias, e, um ano depois, recolhido em Histórias sem data); crônica de 7 de julho de 1878 (estampada na série “Notas semanais” do jornal O Cruzeiro, na qual ganha atenção o caso bizarro de um homem que teria expelido um feto natimorto); e Memórias póstumas de Brás Cubas. Em chave metonímica, tal conjunto cuidadosamente selecionado permite divisar com mais clareza o modo como “as revoluções ideológicas e reconfigurações sociais operadas pelo jornal em nível mundial teriam resultado em transformações estéticas para um escritor carioca daquele século, afastado dez mil quilômetros da ‘capital do século XIX’, mas completamente inserido naquela civilização do jornal e do impresso” (GRANJA, 2018, p. 15).
De acordo com tal perspectiva, que toma as folhas periódicas não apenas como espelhos do mundo exterior, mas como espécies de substitutos dele, Lúcia procura entender os cruzamentos entre realidade (recriada pelo imaginário jornalístico) e ficção na prosa machadiana. Assim, os movimentos trepidantes da modernidade espacializados nas páginas dos jornais se tornam motivos da própria produção literária de Machado. Nesse processo, ao recuperar a divisão e a disposição da primeira versão de Memórias póstumas de Brás Cubas publicada em periódico, a autora revela a forma por meio da qual o escritor desconstrói os modos de leitura ligados ao romance-folhetim. Prosseguindo na análise da correspondência entre os efeitos produzidos pelo referido romance em jornal e no livro, Granja (2018, p. 99) caracteriza a novidade literária da narrativa concebida por um defunto autor como “uma transposição de uma manobra retórica da crônica jornalística e da própria poética da escrita dos jornais”, elevando o jornal a protagonista da originalidade e do impacto da referida obra que ganhará perenidade no suporte livresco.
Para a construção de tal percurso argumentativo em torno do papel do suporte e do fazer jornalístico-literário de Machado, Granja se vale não só de seu trabalho como professora e pesquisadora, mas também como editora. Em parceria, respectivamente, com Jefferson Cano e com John Gledson, ela esteve à frente da edição anotada, em livro, das séries cronísticas Comentários da semana e Notas semanais, ambos os volumes publicados pela editora da Unicamp em 2008. Tais experiências lhe possibilitaram o contato íntimo com o texto de Machado ambientado em seu suporte primeiro, bem como lhe conferiram a percepção in loco dos gêneros textuais nos quais o escritor investia. Desse modo, pôde articular as relações existentes entre crônicas, contos e romances com a materialidade das páginas onde tais produções foram originalmente estampadas.
A ênfase no particular permite que Granja lance um novo olhar sobre as respostas que a obra literária de Machado de Assis propõe a questões estéticas e contextuais do tempo em que circulou quer em periódico, quer, posteriormente, em livro. Nesse sentido, sem questionar o talento individual do artista, a pesquisadora interpreta a singularidade dele de acordo com as demandas da “civilização do jornal” (KALIFA et al, 2011, p. 7-21). Segundo tal perspectiva, portanto, o autor de Dom Casmurro passa a ser encarado, em sentido mais amplo, como um “escritor-jornalista” (MELMOUX-MONTAUBIN, 2003), isto é, como um intelectual e artista de seu tempo que não apenas se revelava consciente do lugar da imprensa enquanto universo textual responsável pela ampla e contínua difusão de conteúdos, mas que também se valeu das formas forjadas nesse novo e pulsante sistema de escrita para conferir à sua literatura o ritmo da vida moderna.
***
Por fim, em consonância com a orientação seguida por Lúcia Granja a respeito da importância dos diferentes suportes e das dinâmicas particulares de produção e circulação dos escritos estampados nestes, convém destacar que o livro da autora, em seu formato eletrônico e-pub, pode ser baixado gratuitamente no site da editora da Unesp (disponível em <http://editoraunesp.com.br/catalogo/9788595462816,machado-de-assis-antes-do-livro-o-jornal>). Todavia, para os desejosos em ter o livro em mãos e efetuar uma leitura mais detida dele, é ainda possível, no mesmo endereço, encomendar a impressão da obra sob demanda. Se o novo procura se impor, a materialidade, a verticalidade e a contiguidade do impresso tradicional felizmente, neste caso, também estão ao alcance dos leitores.
Referências
CHARTIER, Roger. A mediação editorial. In: ______. Os desafios da escrita. São Paulo: Editora Unesp, 2002. [ Links ]
GRANJA, Lúcia. Machado de Assis – Antes do livro, o jornal: suporte, mídia e ficção. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2018. [ Links ]
KALIFA, Dominique; RÉGNIER, Philippe; THÉRENTY, Marie-Ève; VAILLANT, Alain. La civilisation du journal: une histoire de la presse française au XIXe siècle. Paris: Nouveau Monde, 2011. [ Links ]
MELMOUX-MONTAUBIN, Marie-Françoise. L’écrivain-journaliste au XIXe siècle: un mutant des lettres. Saint-Étienne: Éditions des Cahiers Intempestifs, 2003 (Collection Lieux Littéraires 6). [ Links ]
Thiago Mio Salla – É doutor em ciências da comunicação e em letras pela Universidade de São Paulo. Enquanto docente e pesquisador da Escola de Comunicações e Artes da USP e do Programa de Pós-graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da FFLCH/USP, dedica-se às áreas de Literatura Brasileira, Teorias e Práticas da Leitura e Editoração. E-mail: thiagosalla@usp.br.
Virada global: tensões, limites e perspectivas / Esboços / 2019
A juventude, abertura e multiplicidade da história global são topoi recorrentes nas apresentações do campo, assim como as ressalvas diante do risco de que se trate apenas de mais uma moda acadêmica. No entanto, a multiplicação dos livros e artigos introdutórios à história global (SACHSENMAIER, 2011; OLSTEIN, 2014; KUNTZ FICKER, 2014; CROSSLEY, 2015; POTTER; SAHA, 2015; MARQUESE; PIMENTA, 2015; CONRAD, 2016; BELICH; DARWIN; FRENZ; WICKHAM, 2016; GARCIA; SOUSA, 2017; SANTOS JÚNIOR; SOCHACZEWSKI, 2017; DRAYTON; MOTADEL, 2018), com suas particulares seleções de autores precursores e modelares, aponta para a consolidação da área em um contexto onde a crítica ao chamado “globalismo” também ganha cada vez mais adeptos, espaço e voz no Brasil e no mundo (BORGER, 2018; VILELA, 2019). Mas afinal, o que é a história global? Seria a boa abordagem histórico-global aquela herdeira de Fernand Braudel (1967) ou a tributária de William McNeill (1991)? Ela se definiria pelas macro ou pelas microanálises? Sua ênfase recairia sobre a comparação, a conexão, o cruzamento ou a integração? Seu objeto seria o globo, a globalização ou as globalizações? Há uma história global ou várias?
Diversas abordagens e modos de se fazer história global convivem e/ou competem pela hegemonia. Assim, ao lado de uma renovada world history, que procura reconfigurar as narrativas da história do mundo todo (CHRISTIAN, 2014; DUNN; MITCHELL; WARD, 2016; KARRAS; MITCHELL; BENTLEY, 2017), os estudos inspirados nas teorias dos sistemas-mundo (WALLERSTEIN; ROJAS; LEMERT, 2015; KORZENIEWICZ, 2017) e do desenvolvimento desigual e combinado (ANIEVAS; MATIN, 2016; ANIEVAS; NIŞANCIOĞLU, 2015) buscam organizar analiticamente as relações entre diferentes estruturas e macrorregiões, a big history, que se propõe integrar a história em contextos espaço-temporais de escala cósmica (CHRISTIAN, 2011; SIMON; BEHMAND; BURKE, 2015), convive com a micro-história global, que demonstra a presença de processos globais em unidades de análise restritas a locais ou mesmo trajetórias individuais (ANDRADE, 2010; SACHSENMAIER, 2018), e com a história conectada, que explora os fluxos e circuitos a partir dos quais dinâmicas são construídas e efetivadas (GRUZINSKI, 2017; SUBRAHMANYAM, 2017), enquanto a história comparada supera as unidades estanques na direção de comparações integradas (POMERANZ, 2000); histórias totalizantes de séculos inteiros (CONRAD; OSTERHAMMEL; IRIYE, 2018; OSTERHAMMEL, 2014) ou de oceanos (ARMITAGE; BASHFORD; SIVASUNDARAM, 2017) convivem com histórias globais do trabalho (HOFMEESTER; LINDEN, 2018) ou da família (MAYNES; WALTNER, 2012). Ao mesmo tempo, os estudos pós-coloniais questionam epistemológica e concretamente a centralidade e/ou o provincianismo da Europa na produção de narrativas e interpretações de alcance planetário (CHAKRABARTY, 2000). As “histórias globais” são múltiplas, seja do ponto de vista dos objetos (a globalização contemporânea, as globalizações ou processos semi- ou subglobais, as redes de integração e a produção de fronteiras, as dialéticas entre o local/global etc), dos diálogos interdisciplinares (com a economia, a antropologia, a sociologia histórica etc) e de suas modalidades (dos diversos métodos comparativos à construção de narrativas singulares ou plurais). Cada abordagem combina-se de modos específicos com outras de acordo com as agendas, trajetórias intelectuais e acadêmicas dos pesquisadores. Categorias compartilhadas, tais como as de “conexão”, “fluxos”, “circuitos”, “integração” e “fronteiras” são reconfiguradas em função de seus múltiplos usos em esquemas interpretativos distintos. O contexto cada vez mais multivocal, marcado pela construção de redes de pesquisa que ultrapassam as fronteiras dos centros globais, em particular com a incorporação de vozes de historiadores do sul global, amplia a tensão acerca do sentido e da pertinência das “histórias globais” na prática historiográfica contemporânea. Trata-se, pois, de uma arena aberta, em disputa e em construção.
Se a consolidação da história global como campo e/ou abordagem, em sua multiplicidade, indica que não se trata apenas de mais uma moda historiográfica entre tantas, surge a questão dos impactos – reais ou potenciais – de seus debates específicos nos demais campos historiográficos, sejam eles definidos por períodos, objetos, fontes ou abordagens. Para seus proponentes mais otimistas, a incorporação de historiadores de diferentes especializações à história global começa a se constituir como uma “virada global” (BALACHANDRAN, 2017; DRAYTON; MOTADEL, 2018; ROMÁN, 2017). Diante disso, pode-se questionar: os debates do campo da história global têm relevância do ponto de vista dos territórios historiográficos tradicionais? A discussão sobre as conexões históricas e os processos de integração e produção de fronteiras ajuda a repensar os objetos consolidados ou, ainda, ajuda a construir novos objetos nos campos tradicionais?
As respostas a essas questões são tão variadas quanto os praticantes da história global. Mais do que realizar um levantamento das múltiplas formulações do que é ou do que deveria ser o campo, é possível analisar o fenômeno de sua consolidação considerando sua juventude: os “historiadores globais” e algumas comunidades em geral se formaram em espaços consolidados da historiografia e encontram na história global uma possibilidade de renovação dos debates e das abordagens habituais. Nesse sentido, a história global é, ao mesmo tempo, um campo no qual se encontram historiadores oriundos de diferentes contextos acadêmicos e portadores de diferentes agendas intelectuais; e uma abordagem com a qual os historiadores repensam suas agendas e contextos de formação. A proposta deste dossiê é discutir a integração da história global com áreas tradicionais, sejam elas definidas em termos de objeto, abordagem ou escopo. As estratégias dos autores do dossiê foram variadas, demonstrando os múltiplos caminhos pelos quais o problema pode ser explorado. Vejamos com mais detalhe.
Rafael de Bivar Marquese, em seu artigo “A história global da escravidão atlântica: balanço e perspectivas”, elabora uma extensa discussão historiográfica das transformações do campo da história da escravidão, em particular nos contextos caribenho, norte-americano e brasileiro, para demonstrar que o diálogo com a história global, longe de se apresentar como uma novidade radical, se dá nos termos da retomada de tradições internas já existentes que ganham força por meio do contato com os debates contemporâneos. Assim, “a história global da escravidão atlântica: balanço e perspectivas” é pensada a partir da recuperação das abordagens comparadas e integradas desenvolvidas em meados do século XX, superando tanto o nacionalismo metodológico que “peculiarizava” as instituições escravistas a cada país, quanto a recusa às análises estruturais em favor de um – segundo o autor – excessivo peso dado à subjetividade dos atores sociais. Favorecendo a leitura da história global como uma abordagem, Marquese sugere a incorporação de diferentes tradições teóricas (a perspectiva do sistema-mundo, a história comparada, o materialismo histórico- -dialético) para a construção de uma história integrada da escravidão como fenômeno total, umbilicalmente ligado ao capitalismo histórico.
Carlos Riojas, em seu artigo “Luces y sombras sobre América Latina en una historia global”, discute os lugares reais e potenciais da América Latina tanto nos principais periódicos quanto em determinadas macronarrativas da história mundial e global. A partir da análise bibliométrica dos números do Journal of World History e do Journal of Global History nos últimos anos, o autor aponta para a periferização da América Latina como tema dos artigos em vista da hegemonia da Europa e da Ásia. Tal periferização é contraposta à grande quantidade de temas e períodos nos quais a América Latina exerce um papel central em processos de escopo global, tanto no plano material quanto na produção e circulação de saberes tais como: a conquista, colonização e crise das narrativas bíblicas nos séculos XVI e XVII, a reorganização do sistema interestatal na economia mundial e nas concepções da natureza nos séculos XVIII e XIX, o impulso na perspectiva terceiro-mundista e a elaboração da teoria da dependência no século XX etc. Como hipótese, o autor sugere que a periferização se mantém em função de uma transição de “encapsulamentos”: das fronteiras das áreas de estudo, base do tão criticado nacionalismo metodológico, a história global passaria ao anglocentrismo linguístico, cuja agenda de poder e saber manteria o caráter periférico da América Latina. O autor conclui o artigo apontando as possibilidades e os caminhos para a construção de histórias que articulem a história latino-americana a fenômenos globais e vice-versa.
Um exemplo de encapsulamento, agora na perspectiva francesa, é oferecido por João Júlio Gomes dos Santos Júnior em seu artigo “A história política na hora da virada transnacional: novas possibilidades de pesquisa”. A estratégia adotada pelo autor foi a de avaliar até que ponto um dos principais nomes da nova história política, Jean-François Sirinelli, dialoga – ou deixa de dialogar – com a história global. Sirinelli, na recuperação do autor, aponta, em artigo de 2011, para o autocentramento da nova história política francesa das últimas décadas: após a reabilitação da história política por meio da multiplicação dos objetos e abordagens, o campo teria se isolado dos desenvolvimentos das demais ciências humanas e limitado excessivamente seu escopo às fronteiras do Estado nação. Com isso, apontava Sirinelli, perdia-se a perspectiva transnacional ou mundial, fundamental para a compreensão dos fenômenos políticos, em particular no contexto do século XXI. No entanto, como aponta João Júlio dos Santos Júnior, Sirinelli apresenta como solução teórica um retorno ao “jogo de escalas” de Jacques Revel: ignorando os múltiplos desenvolvimentos da história mundial, em particular o de sua matriz norte- -americana, e da história global, Sirinelli receitaria o “novo” autocentramento como remédio para o “antigo” autocentramento.
Em síntese, os três artigos do dossiê apresentam a multiplicidade de arranjos construídos pela incorporação da história global nos campos tradicionais e dos campos tradicionais na história global. A história da escravidão atlântica se enriquece no diálogo com a história global, apropriada a partir de estruturas autóctones; a história global periferiza a história da América Latina não mais pelo isolamento metodológico, mas pelo anglocentrismo linguístico e suas agendas; a história política, de matriz francesa, se emparelha com a história global pelo recurso a tradições locais, evitando um entrecruzamento talvez mais transformador. Diferentes campos, variadas combinações. Esperamos, com este dossiê, estimular a reflexão dos pesquisadores e pesquisadoras a respeito dos modos como a história global é apropriada, reforçando seu caráter aberto e essencialmente agonístico.
Referências
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Fábio Augusto Morales – Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: fabio.morales@ufsc.br https://orcid.org/0000-0002-9942-5011
Mateus Henrique de Faria Pereira – Universidade Federal de Ouro Preto. E-mail: matteuspereira@gmail.com https://orcid.org/0000-0001-7489-7365
Organizadores
[DR]Modos. Campinas, v.3, n.1, 2019.
EDITORIAL
- MODOS. Revista de História da Arte
- Maria de Fátima Morethy Couto, Emerson Dionisio Gomes de Oliveira, Marize Malta
ARTIGOS – COLABORAÇÕES
- As exposições de Arte Latino-americana no Riverside Museum de Nova York em 1939 e 1940Trâmites da organização da seção brasileira
- Renata Gomes Cardoso
- Museografia e História da ArteA experiência de Jeanron no Louvre na República de 1848-1852
- Maria Teresa Silveira
- Ativismo poéticoTranspondo a política das ruas para os espaços da arte
- Pedro Caetano Eboli Nogueira
DOSSIÊ – A EMERGÊNCIA DA IMAGEM CRÍTICA
- Apresentação. A emergência da imagem críticaThe emergence of the critical image
- Luiz Cláudio da Costa
- Ensaio Visual. Zonas de Ressaca
- Simone Cortezão – Instituto Federal de Minas Gerais
- Virada icônicaUm apelo por três voltas no parafuso
- Emmanuel Alloa
- Na caverna de TarsilaSobrevivências do primitivo como presença do não colonial
- Maria Bernardete Ramos Flores, Michele Bete Petry
- “Quem adora as imagens adora o diabo”Reflexões sobre iconoclastia no Brasil
- Pedro Hussak van Velthen Ramos
- /des/aparecer: histórias de imagens, fantasmas e espelhos
- Carolina Junqueira dos Santos
- Guerra das luzesVisão e olhar na obra de Harun Farocki
- Fernanda Albuquerque de Almeida
- Imagem, consumo e presençaAspectos de um regime visual americanista no Brasil
- Marcos Alexandre Arraes
EX-POSIÇÕES/33ª BIENAL DE SÃO PAULO
- Apresentação. 33ª Bienal de São Paulo
- Francisco Dalcol (org..
- Uma Bienal sem coesão interna
- Maria Hirszman
- Quais são os fios?
- Felipe Scovino
- Do artista-curador à (não) curadoriaDilemas da 33ª Bienal de São Paulo
- Luiz Camillo Osorio
- Questionar para reafirmarReflexões sobre o “rolezinho” curatorial e político da 33ª Bienal de São Paulo
- Clarissa Diniz
- A pregnância da forma
- Juliana Coelho Gontijo
- Artista enquanto curadorDas convergências e dissoluções entre práticas artísticas e curatoriais
- Francisco Dalcol
PUBLICADO: 2019-01-18
Toda história é história conectada? / Esboços / 2019
História global, histórias conectadas: debates contemporâneos
Acrescente bibliografia do campo da História Global elegeu como um de seus principais alvos o que foi definido como “internalismo metodológico”. Tal postura se basearia, segundo as críticas dos historiadores globais, na supervalorização dos fatores internos à unidade de análise escolhida para a explicação e a interpretação dos processos históricos (GRUZINSKY, 2001; CONRAD, 2016, p. 108; MARQUESE, 2019). As unidades de análise variam do Estado-nação, base do recorrente “nacionalismo metodológico”, a comunidade étnica, civilização, império ou região, entre outras (CONRAD, 2016, p. 79; GUARINELLO, 2003).
Em contraponto, críticos da história global argumentam que a ênfase nas conexões e nos processos de integração acabam por criar histórias sem fronteiras, reiterando ideologias que apontam para a criação de uma “aldeia global”, integrada e harmônica, em que ideias, pessoas e bens circulariam em redes cambiantes de fluxos multiformes – ideologia particularmente artificial quando observada do hemisfério sul (BLAUT, 1993). A defesa das unidades de análise tradicionais e de seus fatores internos – o Estado-nação acima de todos – seria uma resistência à ideologia globalista subjacente à história global, condenada desde a concepção.
As respostas dos historiadores globais são variadas, mas, no geral, apontam para a incorporação das fronteiras como parte fundamental dos processos de integração (GUARINELLO, 2010). Longe de eliminarem as fronteiras em favor dos fluxos, os processos de integração e conexão também promoveriam a reconfiguração das fronteiras (CONRAD, 2016, p. 67). Assim, a ênfase nas conexões reposiciona o problema das unidades de análise em outros termos – Estados-nação, impérios ou comunidades étnicas definem seus contornos e limites em contextos mais amplos de contatos e interseções de fronteiras variadas (SUBRAHMANYAN, 1997). Não mais pressupostas, as fronteiras deixam de ser fundamento da historicidade para se tornar também componentes da problemática, discutidas em função de processos concretos que as ultrapassam, sendo ao mesmo tempo seus vetores.
Assim, a revista Esboços apresenta o dossiê Toda história é história conectada?, composto por cinco artigos, com escopos temporais e espaciais variados, que abordam, sob diferentes pontos de vista, a questão das conexões e das fronteiras, bem como da própria definição da história global.
José Ernesto Knust, em “Os Pláucios, a emancipação da plebe e a expansão romana: conectando as histórias interna e externa da República Romana”, realiza uma crítica radical da divisão que estruturou a historiografia sobre o período republicano em Roma: a “história interna”, dominada pelas guerras entre ordens (patrícios e plebeus), e a “história externa”, dominada pelas guerras de conquista da Itália e do Mediterrâneo. Essa divisão, arbitrária, define como fronteira da análise uma Roma raramente definida (uma cidade?, um estado?, a comunidade cívica?) e produz alguns enigmas insolúveis fora de uma história conectada. Um deles é a ascensão meteórica de uma família plebeia, os Pláucios, à mais alta magistratura romana, o consulado, sem antes ter ocupado qualquer magistratura menor.
Com base no caso dessa família, Knust demonstra que, enigmática quando se toma a história interna de Roma como fronteira, sua ascensão é compreensível quando se incorpora a história das comunidades vizinhas de Roma, onde a família já estava inserida em redes de elites. A ascensão dentro do estado romano, por sua vez, é fundamental para a compreensão de guerras no centro da Itália, que resultarão na criação de um império formado por um arranjo complexo de alianças particulares.
A história global oferece, segundo Knust, o impulso para a superação de fronteiras historiográficas insuficientes na direção da dimensão mediterrânica da circulação horizontal das elites, da reconfiguração de suas fronteiras intraelites e externas contra as comunidades camponesas (2019).
Em “Connecting worlds, connecting narratives: global history, periodisation and the year 751 CE”, Otávio Luiz Vieira Pinto realiza um exercício de história conectada reduzindo o escopo temporal ao ano de 751, ao passo que amplia o escopo espacial à Eurásia. Discute três processos históricos que têm nesse ano um marco fundamental: o conflito entre o Califado Abássida e o Império Chinês sob a dinastia Tang; a ascensão da família carolíngia no reino franco; a guerra iconoclasta e a ascensão ao trono bizantino de um imperador de origem centro-asiática.
O autor demonstra a conexão entre esses processos tomando o Império Bizantino como ponto de ligação – a decisão bizantina de se concentrar no oriente abássida em ascensão reforça a separação com a Europa ocidental, abrindo o terreno para a separação das igrejas e a construção de um império cristão europeu, o carolíngio. Assim, o ano 751 seria um marco não para a história de uma ou outra região, mas para a história da Eurásia, pois significou o fim da Antiguidade eurasiática com a instauração da divisão em três superpotências – Império Carolíngio no ocidente, Califado Abássida no centro, China Tang no oriente –, com consequências duradouras para o período medieval. As conexões, portanto, passaram pela formulação de novas fronteiras entre macrorregiões (PINTO, 2019).
O artigo “Más allá de una simple biografía: ‘el caso Cerruti’, una historia conectada y multinivel enlazada por un ‘historiador electricista’”, escrito por Luciana Fazio, é um exército de micro-história conectada, que toma como caso a “questão Cerruti”, a qual começa com a prisão de um imigrante italiano na Colômbia oitocentista e resulta numa crise diplomática de grandes proporções entre Itália e Colômbia. Para tanto, a autora articula processos históricos de natureza e escalas diversas: das estratégias comerciais, matrimoniais e políticas de um migrante italiano na Colômbia até a formação do Estado nacional colombiano; do terror da população de uma cidade portuária prestes a ser bombardeada até a afirmação do imperialismo italiano, do hispano-americanismo espanhol e da doutrina Monroe norte-americana.
Fazio analisa a história da migração, do imperialismo, da formação de um sistema comercial, financeiro e diplomático internacional, bem como da criação do Estado nacional e do nacionalismo, como macroprocessos, à luz do local/particular, superando separações arbitrárias de historiografias internalistas. A autora conclui, no entanto, que a história global pode ser empregada somente quando há globalização e suspensão das fronteiras – para ela, algo que se deu após os anos 1970 –, que são úteis na medida em que oferecem uma caixa de ferramentas boa para pensar processos históricos integrados, entre os quais se destaca a história conectada (FAZIO, 2019).
O quarto artigo do dossiê, “Contribuições preliminares da história universal de H.G. Wells: elementos de história socioevolucionista e da world history contemporânea”, escrito por Fábio Iachtechen, discute as escolhas científicas e as implicações geopolíticas do escritor britânico H.G. Wells na redação de sua História Universal, cuja primeira edição aparece em 1919. Contra histórias centradas na Europa e nos Estados-nacionais, Wells buscou nas ciências naturais a unidade fundamental da história, que seria a base para a construção de uma Liga das Nações que superasse os traumas da Primeira Grande Guerra.
Em Wells, não se trata de relatos conectados, já que as histórias das várias civilizações e “raças” são tratadas separadamente. No entanto, a discussão científico- -evolucionista que orienta a obra fundamenta uma “história unificada” do gênero humano, que parte de uma mesma raiz (IACHTECHEN, 2019).
O último artigo do dossiê é “Bandung, 1955: ponto de encontro global”, escrito pelas historiadoras Raissa Brescia dos Reis e Taciana Almeida Garrido Resende, que discute a produção e a interação das produções narrativas – em documentos, relatórios e revistas – acerca da unidade e das fronteiras dos países do Terceiro Mundo. Em função dos sujeitos e dos contextos discursivos, diferentes fronteiras eram engajadas na definição das prioridades da ação terceiro-mundista. Tratava-se de uma aliança de países não alinhados, que excluiria os alinhados a cada potência da Guerra Fria? Qual era o maior inimigo: o colonialismo europeu ou o em geral, incluído o comunista? A luta anticolonial se sobrepunha às disputas entre os países terceiro-mundistas? O Terceiro Mundo se centrava na Ásia ou na África? A luta anticolonial deveria ser feita por estados ou por movimentos sociais?
A conexão de diferentes pautas governamentais e ideias sobre geopolítica e relações sociais, em vez de suspender fronteiras, tornou-as mais complexas, mergulhada em tramas narrativas de sujeitos que disputavam posições dentro da nova comunidade (REIS; GARRIDO, 2019).
O dossiê, portanto, apresenta múltiplas respostas ao desafio colocado pelo paradigma da história conectada, identificada ou não com a história global. Historiadoras e historiadores especialistas em períodos diferentes, e com trajetórias formativas diversas, apontam para a multiplicidade pela qual as conexões são produzidas e produzem fronteiras tanto no nível dos objetos quanto no enquadramento historiográfico das pesquisas. Sem encerrar a questão, o dossiê apresenta mais elementos para o debate sobre os limites e as possibilidades da história global como conectada.
Referências
BLAUT, James M. The Colonizer’s Model of the World: Geographical Diffusionism and Eurocentric History. London: The Guildord Press, 1993.
CONRAD, Sebastian. What is Global History? Princeton: Princeton University Press, 2016.
FAZIO, Luciana. Más allá de una simple biografía: “el caso Cerruti”, una historia conectada y multinivel enlazada por un “historiador electricista”. Esboços, Florianópolis, v. 26, n. 42, p. 270-289, maio/ago. 2019.
GRUZINSKI, Serge. Os mundos misturados da monarquia católica e outras connected histories. Topoi, Rio de Janeiro, p. 175-195, mar. 2001.
GUARINELLO, Norberto Luiz. Ordem, integração e fronteiras no Império Romano: um ensaio. Mare Nostrum, São Paulo, v.1, p. 113-127, 2010.
GUARINELLO, Norberto Luiz. Uma morfologia da história: as formas da história antiga. Politeia: História e Sociedade, Vitória da Conquista, v. 3, n. 1, p. 41-61, 2003.
IACHTECHEN, Fábio Luciano. Contribuições preliminares da História universal de H.G. Wells: elementos de história socioevolucionista e da world history contemporânea. Esboços, Florianópolis, v. 26, n. 42, p. 290-308, maio/ago. 2019.
KNUST, José Ernesto Moura. Os Pláucios, a emancipação da plebe e a expansão romana: conectando as histórias interna e externa da República Romana. Esboços, Florianópolis, v. 26, n. 42, p. 234-254, maio/ago. 2019.
MARQUESE, Rafael de Bivar. A História Global da escravidão atlântica: balanço e perspectiva. Esboços, Florianópolis, v. 26, n. 41, p. 14-41, 2019.
PINTO, Otávio Luiz Vieira. Connecting worlds, connecting narratives: global history, periodisation and the year 751 CE. Esboços, Florianópolis, v. 26, n. 42, p. 255-269, maio/ago. 2019.
REIS, Raissa Brescia dos; RESENDE, Taciana Almeida Garrido. Bandung, 1955: ponto de encontro global. Esboços, Florianópolis, v. 26, n. 42, p. 309-332, maio/ ago. 2019.
SACHSENMAIER, Dominic. Global History, Pluralism, and the Question of Traditions. New Global Studies, v. 3, n. 3, p. 1-9, 2009.
SUBRAHMANYAM, Sanjay. Connected Histories: Notes Towards a Reconfiguration of Early Modern Eurasia. Modern Asian Studies, Cambridge, v. 31, n. 1, p. 735-762, 1997.
Alex Degan – Doutor. Professor adjunto, Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de História, Florianópolis, SC, Brasil. Organizador do dossiê Toda História é História Conectada? https://orcid.org/0000-0001-7359-0265 E-mail: alexdegan@yahoo.com.br
Lindener Pareto Junior – Doutor. Professor titular, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Faculdade de História, Campinas, SP, Brasil. Pós-doutorando, Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de História, Campinas, SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-1441-4979 E-mail: lindenerpareto@gmail.com
[DR]Amsterdam’s Atlantic: Print Culture and the Making of Dutch Brazil – GROESEN (RH-USP)
GROESEN, Michiel van. Amsterdam’s Atlantic: Print Culture and the Making of Dutch Brazil. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2017. Resenha de: FERREIRA, Bictor Bertocchi. O mundo atlântico pelo prisma da opinião pública. Revista de História (São Paulo) n.178 São Paulo 2019.
Em seu mais recente trabalho, o historiador neerlandês Michiel van Groesen dá sequência a seus estudos sobre a cultura impressa europeia referente à América e ao mundo atlântico. Se, em sua tese de doutoramento, o agora professor de História Marítima da Universidade de Leiden teve por objeto a publicação dos relatos de viagem e as estratégias editoriais da família De Bry (GROESEN, 2008), em Amsterdam’s Atlantic: Print Culture and the Making of Dutch Brazil o autor escreve a história de como as ações militares, comerciais e evangelizadoras da Companhia das Índias Ocidentais (WIC) no Atlântico foram assimiladas pela população de Amsterdam, transformando-se em objeto de acalorado debate público.
O termo Print Culture (Cultura Impressa) incluído no subtítulo não expressa, entretanto, a real dimensão do livro. As mídias impressas e as práticas sociais a elas relacionadas representam, indubitavelmente, parcela substantiva do estudo de Groesen. Porém, a unidade de análise por meio da qual a história da ascensão e queda do “Brasil holandês” se apresenta em sua totalidade histórica é a da “opinião pública”. O objetivo da obra é mostrar não apenas como o mundo atlântico invadiu os circuitos de informação e discussão de Amsterdam, mas também a maneira pela qual esses mesmos canais e a própria lógica do debate público impactaram os rumos dos acontecimentos atlânticos. Nas palavras do autor,
“Print may have initiated and stimulated popular interest in Brazil, but public opinion and its reflections in print ultimately determined how and why Dutch Brazil came to be ‘Amsterdamnified’.” (GROESEN, 2017, p. 8).
Por esta razão, ao apresentar os argumentos de Amsterdam’s Atlantic, o historiador ressalta mais uma vez a centralidade do conceito de opinião pública:
“By emphasizing public opinion, I therefore aspire to achieve two broader goals. First, I will demonstrate the relevance of Atlantic history for the Dutch Republic, in that information from across the ocean transformed opinion making at home in a way other colonial ventures had never done. And, second, I will demonstrate the relevance of the Dutch Republic for Atlantic history, urging scholars to look beyond the discourse of empire that has traditionally favored Spain and Britain (and to a lesser extent Portugal and France) and appreciate the crucial role of news, information, and public opinion in the making of the Atlantic world.” (GROESEN, 2017, p. 9).
Que a unidade de análise de Amsterdam’s Atlantic ultrapassa a cultura impressa podemos constatar também pela diversidade de fontes manejadas por Groesen. Nos primeiros capítulos, os argumentos são construídos sobretudo a partir dos “jornais” (newspapers) publicados semanalmente por Broer Jansz. e Jan van Hilten, além dos “mapas de notícias” (news maps, p. 51) comissionados pela WIC e produzidos por Claes Jansz. Visscher e Hessel Gerritsz. Porém, em função do aumento da presença neerlandesa no Atlântico e o vai-e-vem contínuo de soldados, marinheiros, ministros da Igreja Calvinista, mercadores, indígenas e africanos, o conjunto de testemunhas oculares das vicissitudes americanas fez ampliar as redes informais de comunicação, dilapidando a proeminência das mídias impressas. Por meio de cartas privadas, diários, um album amicorum, panfletos avulsos, sermões, poemas e até mesmo pelas petições dirigidas à WIC, o autor consegue inferir e mapear essas redes, fazendo-nos ver a importância das relações entre familiares, vizinhos e conhecidos, o poder do púlpito e os contatos travados na região portuária, nas tabernas, bordéis, hospedarias e imediações da Bolsa de Amsterdam. Atento aqui à junção entre história urbana e história da comunicação, o autor assim reconstitui espacialmente a arena de informação e discussão por meio da qual o Atlântico penetrava a cidade.
Os seis capítulos que compõem o livro organizam o enredo de uma forma ao mesmo tempo cronológica e temática, o que torna a leitura fluida e a compreensão do texto clara. Ao passo em que a história do “Brasil holandês” vista a partir de Amsterdam se desenrola, passando pelo gradual envolvimento da população com temas brasileiros, a celebração das primeiras vitórias, o crescimento das tensões e disputas, o jogo da “culpabilização” pela derrota e a rememoração da antiga colônia, Groesen nos apresenta os elementos que definem o engajamento da opinião pública com as matérias atlânticas. Nesse sentido, reflete-se, por exemplo, sobre os gargalos da comunicação entre Europa e América, responsáveis por formatar uma “cultura de antecipação” (culture of anticipation): a demora das notícias amplificava a expectativa da população, estimulando hábeis editores a prepararem livretos e panfletos para o imediato momento da confirmação das vitórias militares.
Outro aspecto diz respeito ao já citado aumento dos canais de informação sobre o Atlântico, que não só diminuía a primazia das mídias impressas tradicionais, como também facilitava a apropriação das matérias atlânticas por segmentos médios e baixos da população, conferindo-lhes capacidade de agência frente às instâncias que geriam a Companhia. Isso pode ser visto na maneira frequente com que mães, esposas e viúvas de soldados e marinheiros traziam demandas às reuniões da Câmara de Amsterdam (um dos cinco escritórios que compunham a administração da WIC). O relativo sucesso com que tais mulheres exigiam o pagamento dos soldos de seus familiares mostra o quão bem informadas mantinham-se pelas redes de comunicação existentes sobre o que ocorria do outro lado do oceano. A aparente preocupação em receber as demandas e, acima de tudo, aceitar os pedidos, revela, por sua vez, o cuidado dos diretores em manter a credibilidade da Companhia em alta.
As tentativas da WIC de criar um consenso público em torno das iniciativas coloniais no Brasil mostraram-se, a médio prazo, infrutíferas. Se nos primeiros anos, os esforços publicísticos da Companhia e a conjuntura de vitórias marítimas foram suficientes para manter um relativo “controle” do debate público, com a Insurreição Pernambucana (1645) e o crescente endividamento da empresa, antigas fraturas antes abafadas reapareceram com virulência em panfletos anônimos, mostrando que também o mundo Atlântico estaria sujeito à feroz “cultura de discussão” (discussion culture) de Amsterdam. Esse aspecto da opinião pública é sintetizado por Groesen através do neologismo Amsterdamnified (capítulo 5), termo retirado de um panfleto escrito pelo poeta inglês John Taylor em 1641. A expressão resume a maneira como o acirramento do debate público em Amsterdam poderia, por vezes, sair da esfera de controle das autoridades municipais, adquirindo uma dinâmica própria na qual escritores profissionais e editores, protegidos pelo anonimato, inflamavam a audiência urbana. Em defesa da colônia, panfletos acusavam de traição oficiais do exército, ou mesmo regentes de Amsterdam, pela alegada recusa de apoio à WIC. Folhetos contra os defensores da Companhia, em contrapartida, também se tornaram abundantes no período, criticando o estado calamitoso da Nova Holanda. O ano de 1649, em particular, experimentou o apogeu das praatjes (diálogos), gênero de panfletos impressos nos quais os temas cotidianos eram apresentados através da encenação de conversas entre figuras típicas locais.
Ao fim, a WIC perderia a batalha doméstica pela opinião pública, erodindo parte do que lhe restava do suporte político nas Províncias Unidas e apressando, segundo o autor, a queda de Recife. Os regentes de Amsterdam, justamente no momento em que a Companhia mais precisava de auxílio financeiro, recusaram-se a salvar a colônia em apuros. O abandono do “Brasil holandês” pela cidade teria, com efeito, um papel decisivo nos rumos da guerra luso-neerlandesa.
A perda da colônia americana não significou, todavia, o fim das representações sobre o Brasil nas Províncias Unidas. No sexto capítulo, Groesen apresenta quais imagens permaneceram vivas na memória coletiva dos neerlandeses. Impulsionando tal esforço de rememoração encontrava-se, em primeiro lugar, a própria campanha publicística levada a cabo pelo conde João Maurício de Nassau, que utilizaria o conjunto de pinturas, livros e utensílios referentes ao Brasil como capital político na corte de Haia. Ao lado das obras patrocinadas por Nassau, circulavam também no mercado neerlandês os quadros feitos por Frans Post após seu retorno a Haarlem. Os temas e motivos tropicais pintados nessa fase de sua carreira passariam a impulsionar uma imagem supostamente “exótica” do Brasil, em franco contraste com as representações do período de ocupação da colônia, detentoras de “elementos etnográficos” particulares ao impulso nassoviano. Finalmente, a imagem do Brasil permaneceria indiretamente presente na celebração dos almirantes da WIC. A partir da década de 1650, dá-se início nas Províncias Unidas àquilo que ficaria conhecido como o “culto aos heróis navais” (LAWRENCE, 1992). Livros e biografias coletivas sobre as principais batalhas e almirantes dariam grande espaço à rememoração de homens que fizeram sua fama no Atlântico, como Hendrick Loncq, Jan Lichthart, Joost Banckert e Jacob Willekens. Piet Heyn, o mais célebre de todos, se tornou conhecido não apenas pelo roubo da frota de prata (1628), mas também pelos ataques a Salvador em 1624 e 1627, sobre os quais desde a segunda metade do século XVII até a segunda metade do XIX seria produzida rica iconografia.
O argumento central de Amsterdam’s Atlantic repousa no conceito que amarra o livro na Conclusão: a existência de um Atlântico Público durante o período moderno. Groesen quer com isso chamar atenção, em primeiro lugar, para o ávido interesse com que o Atlântico era acompanhado pelas audiências europeias. Vitórias e derrotas em pontos extremos do oceano repercutiam no circuito de informações e nos espaços de debate público, mostrando que a matéria atlântica havia se transformado em elemento da cultura política europeia. Mas, no caminho inverso, o autor mostra pelo exemplo do “Brasil holandês” como a cultura de discussão e o acirramento do debate público mantinham estreita relação com os rumos dos acontecimentos atlânticos. As opiniões defendidas calorosamente nos circuitos de discussão tinham a capacidade de influenciar os agentes e instituições engajadas nas tarefas coloniais: o Atlântico transformava-se, assim, em opinião veiculada na praça pública, impactando as respostas com que estados e companhias europeias reagiam aos desafios imperiais.
“Contemporaries in Amsterdam (and possibly elsewhere in Europe) realized that their own opinions might help consolidate or change the course of Atlantic developments. This not only raised the stakes of public debate in early modern Europe but also raises the significance of a ‘public Atlantic’ for the field of Atlantic history.” (GROESEN, 2017, p. 194).
Embora o livro se coloque como um estudo sobre História Atlântica – o que sem dúvida alguma é -, o conceito de Atlântico Público tal qual formulado por Groesen não é operativo para todo o mundo atlântico. Vale lembrar que o livro fornece um estudo de caso que, segundo o autor, poderia ser extrapolado para outras comunidades políticas europeias, para as quais o Atlântico também teria relevância enquanto matéria de discussão pública. Que todos os exemplos se refiram às sociedades europeias se explica pela própria unidade de análise subjacente ao estudo:
“The making of news and opinion on Dutch Brazil was an exclusively European affair.” (GROESEN, 2017, p. 4).
Com efeito, Groesen mostra implicitamente como a compreende e quais os limites de sua aplicação: o resultado, ao fim, é que embora o Atlântico seja público, o público que discute mediante opiniões não é atlântico, mas exclusivamente europeu.
A história do ocaso da WIC e do “Brasil holandês”, contada a partir da opinião pública de Amsterdam, pode por vezes tornar opacas algumas das grandes tensões políticas entre grupos e frações de classe que operavam por trás de panfletos anônimos. Em alguns momentos do livro – sobretudo no capítulo 5 – a ênfase dada à lógica do debate público – em particular a seus aspectos editoriais – acaba por relegar a um plano secundário as forças sociopolíticas rivais à WIC, que possivelmente manejaram de forma ativa tais canais. Veja-se por exemplo o ciclo de diálogos anônimos publicados em 1649 contra a Companhia, o qual Groesen limita-se a classificar como uma “poderosa campanha midiática emanada de Amsterdam”, sem questionar especificamente qual ou quais grupos poderiam ter de fato se engajado nessa polêmica. Os “diálogos” de 1649 servem, para o autor, como exemplo da citada “Amsterdamnização” do debate público. Mesmo com a dificuldade advinda da natureza das fontes arroladas – escritos anônimos -, o leitor perde a referência dos interesses econômicos e geopolíticos subjacentes. Com efeito, a dilapidação da credibilidade da WIC parece ter sido obra apenas dessa lógica do debate público e de seus “profissionais”.3
A crítica, porém, em nada reduz a qualidade e relevância de Amsterdam’s Atlantic, uma vez que a grande questão de fundo da investigação de Groesen – ponto candente dentro da historiografia da colonização europeia no Novo Mundo – gira em torno do impacto que a colonização das Américas teve para os rumos das sociedades europeias. Vale lembrar que John Elliot, em The Old World and the New: 1492-1650 – um dos primeiros a elaborar a questão em seus contornos precisos -, havia minimizado o poder do Novo Mundo como referência cultural ao Velho. No início dos anos 2000, o estudo de Benjamin Schmidt, que assim como Groesen parte da experiência colonial neerlandesa do século XVII, já respondia ao problema em novos termos, apontando a importância da América e dos americanos como referência fundamental na construção do discurso político neerlandês durante a Guerra dos Oitenta Anos (SCHMIDT, 2006). A originalidade de Groesen é enfrentar o problema por meio de uma outra unidade de análise – até então pouco explorada nos estudos sobre o mundo atlântico -, desafiando, mais uma vez, a ideia de que o impacto da América na Europa teria sido menor ou tardio.
As contribuições de Amsterdam’s Atlantic ultrapassam, portanto, o campo historiográfico do “Brasil holandês”, colocando-se no ponto de intersecção entre História Atlântica e História Moderna. O livro apresenta um rico conjunto de evidências que sustentam as teses propostas, comprovando, assim, a importância das notícias atlânticas para a cultura política europeia.
1O autor também editou o livro The Legacy of Dutch Brazil (GROESEN, 2014).
2“a powerful media campaign emanating from Amsterdam throughout 1649.” (GROSEN, 2017, p. 138). Há dois aspectos importantes na maneira como o autor lida com a questão. De um lado, a disputa é descrita como uma luta entre Zelândia e Amsterdam, sem levar em conta os grupos econômicos que, na maior cidade holandesa, apoiavam a Companhia. Por outro, a ênfase na “Amsterdamnização” do debate, promovida por uma mídia impressa sem sujeitos ou grupos concretos, nubla os interesses em jogo. “In the second half of the 1640s, the print media exploited the polarization to an extent that public discussion on Brazil could be conducted only by anonymous authors and printers whose addresses and names did not exist. At the same time, their rhetoric concretely named and shamed public figures such as Amsterdam burgomasters and the local directors of the West India Company or used stereotypically ordinary citizens to castigate the corrupted regent class.” (GROESEN, 2017, p. 156, grifo nosso).
3Como não pensar no paralelismo entre o que se discute no capítulo 5 e os acontecimentos que marcaram o ano de 2016 na Inglaterra e nos Estados Unidos? Sem embargo da distância entre o século XVII e o mundo contemporâneo, a aproximação dos dois contextos pode ter ao menos uma importante valia: tanto quanto a lógica dos canais de discussão, importa investigar a participação furtiva de agentes com desigual capacidade de intervir nos debates públicos.
Editores responsáveis pela publicação:
Iris Kantor e Rafael de Bivar Marquese.
Referências
GROESEN, Michiel van. The Representations of the Overseas World in the De Bry Collection of Voyages (1590-1634). Leiden & Boston: Brill, 2008. [ Links ]
GROESEN, Michiel van . The Legacy of Dutch Brazil. Cambridge: Cambridge University Press, 2014. [ Links ]
GROESEN, Michiel van . Amsterdam’s Atlantic: Print Culture and the Making of Dutch Brazil. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2017. [ Links ]
LAWRENCE, Cynthia. “Hendrick de Keyser’s Heemskerk Monument: The Origins of the Cult and Iconography of Dutch Naval Heroes”. Simiolus: Netherlands Quarterly for the History of Art, Vol. 21, No. 4, 1992, p. 265-295. [ Links ]
SCHMIDT, Benjamin. Innocence Abroad. The Dutch Imagination and the New World, 1570-1670. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. [ Links ]
Victor Bertocchi Ferreira – Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, processo 2016/21278-5). E-mail: victor.bertocchi@gmail.com.
Língu@ Nostr@. Vitória da Conquista, v.6, n.2, 2018.
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Publicado: 2019-01-07
Many Cold Wars: Reconceptualizing the Post-WWII World / Esboços / 2016
A little more than a quarter of century has passed since the Cold War ended. As the frenzy associated with it now appears odd, if not surreal, the nature of inquiry cannot be the same. It’s time to change our ways of thinking about the Cold War. To this end, we are co-editing a special issue of The Esboços, one of the leading historical magazines in Brazil on “Many Cold Wars: Reconceptualizing the Post-WWII World.” The key questions we are examining in this edition are as follows: How did local situations contribute to the shaping and maintenance of the Cold War? In what ways did local people utilize, or even take advantage of, Cold War narratives? How can we re-conceptualize the Cold War? How have studies of the Cold War developed in the last two decades, and what possible directions can we explore further? In short, what we are trying to do is to question the standard narrative of the Cold War, shedding light on diverse social conflicts, culture wars, and historical struggles at home that have often been obscured under the Cold War mantle. In doing so, we hope to draw attention to many “Cold Wars,” seen from many different places and diverse points of view, and fought for various purposes in many parts of the world. Ultimately we hope to foster discussions that will question the standard Cold War narrative that prioritizes the US-USSR conflict as the most important current in the history of the second half of the twentieth century.
In this special edition, scholars from different parts of the globe analyze diverse aspects of the Cold War. Some articles look into localized or regional conflicts enhanced by the global conflict played out by the two superpowers. Others examine various aspects of the global Cold War, exploring its historical meanings and functions in societies to understand this conflict that lasted for more than four decades.
From Australia, we have three contributions. First, in “The Indonesian Coup and Mass Killings, 1965-1967: A Reconceptualization of the Influence of the Cold War,” Angela Keys and Drew Cottle investigate how Indonesian local situations contributed to the occurrence of two vital and connected Cold War events, the Indonesian coup and massacre. The authors demonstrate how an Indonesian Army General, Suharto, was able to manipulates Cold War narratives to prompt anti-communist fervour, which triggered the massacre of more than half a million supposed “communists.” The authors show that domestic factors were vital to the development of these events, which can be understood as a kind of localized Cold War.
Second, in “Seeing ‘Reds’ in Colombia: Reconsidering the ‘Bogotazo’, 1948,” James Trapani investigates an event known as the Colombian Bogotazo—a series of massive riots that followed the assassination of Liberal leader Jorge Eliécer Gaitán in 1948, which brought Colombia to the verge of civil war. The author points out that the Soviet Union had scant influence on the region prior to the Cuban Revolution, and that the U.S. State Department recognized that the Colombian Bogotazo was not related to the global Cold War. The event involved its own social struggles and local backgrounds, and did not pose any legitimate threat to the region, nor to the United States. Nevertheless, U.S. Secretary of State George Marshall, according to the author, seized the opportunity as a pretext to intervene in Latin American affairs as part of the global Cold War. Trapani contends that similar cases can be seen in other parts of the region, characterizing a pattern of Latin American ‘Cold War’ that resulted in devastating national and regional consequences.
Third, Mitchell Yates and Drew Cottle’s “Conceptualizing Localized Cold Wars in Southern Africa” investigates what its authors call “little Cold Wars” in southern Africa between 1961 to 1989, during which ‘brushfire’ conflicts erupted in the Portuguese colonial territories of Angola and Mozambique, as well as in Rhodesia (and later Zimbabwe), South-West Africa (now Namibia), and the Republic of South Africa. This article intends to reconceptualize the history of the Cold War in southern Africa by demonstrating that, although intrinsically linked, these conflicts constituted not one homogenous conflict but several “little Cold Wars,” and that localized conditions, such as the consequences of colonization and decolonization, as well as racial and ethnic tensions, were the driving forces for conflict, not solely the global East-West ideological confrontation.
From the Ukraine, Viktoria A. Sukovata’s “Soviet Spy Cinema of the Early Cold War in the Context of Soviet Cultural Politics” examines Soviet cultural consciousness during the Cold War, which was echoed in the genre of spy cinema and literature. The article points out that the spy movie was one of the most representative genres of the Cold War period, and shows that this genre emerged and evolved because spy films were expressions of basic cultural notions of the epoch, public fears, and media clichés. In the article, the author closely investigates how images of spies and secret agents transformed Soviet cinema. Sukovata contends that Soviet cinema during the Cold War focused not on nuclear fears, but on the genre of the spy and military detectives because they were more representative of the perceptions of Soviet society of the clash between Soviet and the Western societies. Finally, she argues that Soviet spies and detectives were a metaphorical representation of Soviet intellectuals’ opinions concerning the nature of Soviet authorities.
From Argentina, Fabio Nigra contributes “The Victory Was Also Ideological: The Cold War of Reagan and Hollywood,” which examines the early 1980s, when the conflict with the Soviet Union took on a new impetus following Ronald Reagan’s triumph in the presidential election. The author shows how the new president sought to defeat the enemy by pushing on all fronts, even in the cultural sphere, and how Hollywood, particularly the major studios, collaborated with what was called the “Second Cold War” through producing popular films such as Rambo, Rocky, and Terminator, among many others, which created a new consensus. According to the author, these Hollywood films constructed the image of the abnormally muscular superman, who only with his own efforts could triumph in a situation where the world was against him. The author finds a parallel between this image of a solitary man struggling against the world and the fight of Reagan against the pessimistic atmosphere in his country, showing the power of Hollywood in fighting the Vietnam Syndrome.
From Brazil, Flavio A. Combat contributes “The Centrality of William Appleman Williams’ Thinking in the Historiographical Debate on the Cold War,” discussing the importance of the founder of the Wisconsin School, William Appleman Williams. To Combat, Williams was the first American historian to offer a new interpretation in the late 1950s on the origins and consequences of the Cold War. The author explains the ways in which Williams challenged orthodoxy views through proposing a new interpretation of American society and its interests. The article aims at closely analyzing Williams’ viewpoint, with a particular focus on The Tragedy of American Diplomacy (1959), a masterpiece that summarized his interpretation of U.S. expansionism and its centrality in shaping U.S. foreign policy since the late nineteenth century. In particular, Combat looks into Williams’ “frontier thesis,” the foundation of expansionist U.S. foreign policy, contending that the “tragedy” of U.S. diplomacy in the twentieth century took place precisely as a result of the introjection of the “frontier thesis” in U.S. foreign policy.
Finally, also from Brazil, Sidnei J. Munhoz, contributes “Imperialism and anti-Imperialism, Communism and Anti-Communism during the Cold War,” which explores various regional and local conflicts during the Cold War. In particular, the article examines the ways in which the rise of dozens of new nation-states as a result of anticolonial struggles influenced international relations, impacting the superpowers’ global order projects. The author pays significant attention to regional wars, revolutions, and military coups d’état in the so-called Third World, and argues that, within each bloc, there were many rivalries and disputes among small partners in their search for the consolidation of regional hegemonies, as well as frictions inside of these societies. The article concludes that a cautious examination shows the limits of analysis based only on the bipolar perspective, arguing instead that there was less homogeneity inside of each bloc, where small actors acted in pursuing their own objectives.
As editors of this special issue, we—Sidnei J. Munhoz and Masuda Hajimu—hope that these articles will stimulate scholarly discussions about the Cold War, encourage new perspectives and approaches, and further expand the field to better understand what the Cold War really was.
Sidnei J. Munhoz – Universidade Estadual de Maringá-UEM. PhD in Economic History from the Universidade de São Paulo (1997). Associate Professor at the Universidade Estadual de Maringá and the Postgraduate Program in History (PPH-UEM, Maringá, Paraná, Brazil). Email: sidneimunhoz@pq.cnpq.br
Masuda Hajimu – National University of Singapore-NUS. Ph.D. from Cornell University in 2012. Assistant Professor in the Department of History at the National University of Singapore, Singapore. Email: hishm@nus.edu.sg
Organizers
[DR]História, Ciências, Saúde-Manguinhos. Rio de Janeiro, v.26, n.4, 2019.
- EVIDÊNCIAS científicas em homeopatia Livros & Redes
- Teixeira, Marcus Zulian
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- A história das ciências e o Qualis Periódicos Carta Do Editor
- Cueto, Marcos
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- Em defesa das fontes em tempos incertos Carta Dos Editores Convidados
- Heymann, Luciana; Rodrigues, Rogério Rosa
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- A morte e os milagres de frei Fabiano de Cristo: conexões entre crenças religiosas e cura de doenças no Rio de Janeiro setecentista Análise
- Martins, William de Souza
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- Curas milagrosas: publicidades de medicamentos varios en la prensa santafesina, Argentina (1890-1918) Análise
- Sedran, Paula María; Carbonetti, Adrián
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- O conceito de regionalização do Sistema Único de Saúde e seu tempo histórico Análise
- Mello, Guilherme Arantes; Demarzo, Marcelo; Viana, Ana Luiza D’Ávila
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- “Do meu amor ao Paraguai e à raça guarani”: ideias e projetos do naturalista e botânico Moisés Santiago Bertoni (1857-1929) Análise
- Fleck, Eliane Cristina Deckmann
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- Franco Basaglia: biografia de um revolucionário Análise
- Serapioni, Mauro
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- Educação e propaganda sanitárias: desdobramentos da formação de um sanitarista brasileiro na Fundação Rockefeller Imagens
- Batista, Ricardo dos Santos
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- Del Hospício de Pedro II al Hospital Nacional de Alienados: cien años de historias (1841-1944) Nota De Pesquisa
- Dias, Allister Andrew Teixeira; Capela, Raisa Monteiro
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- Instrumentos, objetos e coleções como fontes para a história do ensino das ciências Fontes
- Gomes, Inês
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- Fontes para uma história do Hospital de Manguinhos Fontes
- Guimarães, Maria Regina Cotrim
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- Homeopatia na América Latina e na Espanha: avanços locais e redes internacionais Dossier Homeopathy In Latin America And Spain
- Berrones, Jethro Hernández; Palma, Patricia
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- Rompendo as barreiras da regulamentação profissional: licenciamento médico, influência estrangeira e consolidação da homeopatia no México Análise
- Berrones, Jethro Hernández
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- George Deacon e a circulação de tratamentos homeopáticos em Lima (1880-1915) Análise
- Palma, Patricia
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- A difusão da homeopatia no início do século XIX: abordagem comparativa e os casos da Suécia e do Brasil Análise
- Waisse, Silvia; Eklöf, Motzi
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- Vínculos entre homeopatia e espiritismo no Rio Grande do Sul na passagem para o século XX Análise
- Weber, Beatriz Teixeira
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- Homeopatia, medicina alternativa: entre contracultura, Nova Era e oficialização (Brasil, década de 1970) Análise
- Sigolo, Renata Palandri
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- El “específico homeopático”: legitimación comercial de la homeopatía en Barcelona (1902-1910) Análise
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- Defensa de los derechos adquiridos: luchas y albures del ejercicio de la homeopatía en Colombia (1905-1950) Análise
- Orrego, Victoria Estrada; Valderrama, Jorge Márquez
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- Homeopatia no serviço público de saúde: pré-avaliação das ações no município do Recife (PE) Análise
- Lima, Sebastianjorge Florêncio Ferreira de; Cazarin, Gisele; Vanderlei, Carlos Eduardo Danzi
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- Eugenia, crise e as incertezas do futuro Livros & Redes
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- Alarma y control, olvido y resistencia: el devenir histórico de la poliomielitis en la Argentina Livros & Redes
- Ferreyra, Fausto Gabriel
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- Do ponto de vista da espécie Livros & Redes
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- El legado de Hypnos Livros & Redes
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- ERRATA Errata
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Tempo. Rio de Janeiro, v.25, n.3, 2019.
- Um caso raro: O moço loiro e a formação do acervo comum do romance brasileiro Artigo
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- Santa Teresa e os fundadores: iconologia da pintura de João de Deus e Sepúlveda na Igreja da Ordem Terceira Carmelita do Recife (Séc. XVIII) Artigo
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- A era da crise migratória Article
- Guizardi, Menara Lube
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- Liberdade entre fronteiras: libertos no Território Indígena e no Sul dos Estados Unidos Artigo
- Yarbrough, Fay A.
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- O federalismo e os Estados Unidos no pensamento de Valentín Gómez Farías: convicções e suspeitas Artículo
- Dupré, Eduardo Andrés Hodge
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- O processo de tombamento da primeira sede do Museu Nacional na atual Praça da República – Rio de Janeiro Artigo
- Gomes, Ana Lúcia de Abreu; Lopes, Maria Margaret
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- Introdução: História como diagnóstico Dossier History As Diagnosis
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- A gripe de Charles Péguy: a metáfora do diagnóstico no cruzamento dos discursos históricos, sociológicos e filosóficos em 1900 Dossier History As Diagnosis
- Bauwelinck, Egon
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- Espanha e os médicos: teorias históricas como diagnósticos em psicopatologia nacional Dossier History As Diagnosis
- Vega, Juan Luis Fernández
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- Erguendo barreiras contra o irracionalismo: História das Ciências e diagnóstico da atualidade em Gaston Bachelard Dossiê História Como Diagnóstico
- Almeida, Tiago Santos
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- O conceito de evento limite: Uma análise de seus diagnósticos Dossiê História Como Diagnóstico
- Caldas, Pedro Spinola Pereira
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- O imenso mundo de Portugal Resenha
- Franco, Renato
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- História relacional: uma entrevista com Dale Tomich Interview
- Marques, Leonardo; Parron, Tâmis
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- Errata Errata
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Cadernos Pagu. Campinas, n.57, 2019
- Un recorrido por la historia trans*: desde el ámbito biomédico al movimiento activista-social Artigo
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- Perfechatividades de gênero: a contribuição das fechativas e afeminadas à teoria da performatividade de gênero Artigo
- Colling, Leandro; Arruda, Murilo Souza; Nonato, Murillo Nascimento
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- Códigos corporales y tecnológicos: Los feminismos como prácticas hacker Artigos
- Pozo, Lola Martínez
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- O rolê feminista: autonomia e política prefigurativa no campo feminista contemporâneo Artigo
- Carmo, Íris Nery do
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- Fluctuaciones de la energía emocional durante las clases de salsa y bachata Artigo
- Palumbo, Mariana
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- Ideários da Educação Feminina na Primeira República Brasileira Artigo
- Valentim, Renata Patricia Forain de; Martins, Renata Dahwache; Rodrigues, Mariana Martelo
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- Loucas ou modernas? Mulheres em revista (1920-1940) Artigo
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Almanack. Guarulhos, n.23, 2019.
Almanack. Guarulhos, n.23, 2019.
Palavras para Debate
- Almanack para quê? | Slemian, Andréa; Chaves, Claudia EN
Fórum
- TRAJETÓRIAS MILITARES NA ERA DAS INDEPENDÊNCIAS: ENTRE PROSOPOGRAFIAS E NARRATIVAS | Costa, Wilma Peres EN
- MILITARES Y AGENTES NAPOLEÓNICOS EN LA INDEPENDENCIA DE AMÉRICA LATINA: DE FORJADORES DE LOS EJÉRCITOS NUEVOS A ACTORES DEL DEBATE POLÍTICO1 | Puigmal, Patrick
- DOS INDIVÍDUOS COMO ATORES DA HISTÓRIA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O | ARTIGO| DE PATRICK PUIGMAL1 | Neves, Lucia Maria Bastos Pereira das
- CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRESENÇA DE MILITARES NAPOLEÔNICOS NO IMPÉRIO DO BRASIL | Ribeiro, José Iran
- ARGENTINE POLITICAL VIOLENCE DURING STATE FORMATION (1862-1880) AN INTERPRETATIVE ESSAY | Cucchi, Laura
Artigo
- CAPITALISM, SLAVERY AND THE MAKING OF BRAZILIAN SLAVEHOLDING CLASS: A THEORETICAL DEBATE ON WORLD-SYSTEM PERSPECTIVE | Ferraro, Marcelo Rosanova
- COMÉRCIO ILEGAL DE AFRICANOS NO INTERIOR DO BRASIL OITOCENTISTA: O CASO DO PATACHO HERMINIA (PARAÍBA – 1850) | Guimarães, Matheus Silveira
- DUAS NARRATIVAS PARA O LUGAR DOS INDÍGENAS NAS ORIGENS DA NAÇÃO: A HISTÓRIA FICCIONAL DE MAGALHÃES E ALENCAR | Ferreira, Cristina; Lenz, Thiago
- ARTESANOS HISPANOAMERICANOS DEL SIGLO XIX: IDENTIDADES, ORGANIZACIONES Y ACCIÓN POLÍTICA | Meglio, Gabriel Di; Guzmán, Tomás; Katz, Mariana
- “UM JOGO DE PARTIDOS”: EDUCAÇÃO PÚBLICA E POLÍTICA NO MARANHÃO IMPERIAL | Silva, Alexandre Ribeiro e; Vidal, Diana Gonçalves
- HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA ANALÍTICA E SENTIMENTAL: PROPOSIÇÕES SOBRE DISTÂNCIA HISTÓRICA, NOSTALGIA E VISÕES DA MODERNIDADE BRASILEIRA NOS OITOCENTOS1 | Silva, Rodrigo Machado da
- REPUBLICANISMO OU REPUBLICANISMOS? IDEIAS DE REPÚBLICA NA PROVÍNCIA DO ESPÍRITO SANTO, 1887-1889 | Siqueira, Karulliny Silverol
Resenha
- O CAPITALISMO NO QUADRO ESCRAVISTA DOS EUA E A MODERNIDADE INDUSTRIAL | Novaes, Fernanda
- THE PLACE OF CUBA IN THE GLOBAL HISTORY OF RECONSTRUCTION | Payne, Samantha EN EN IMPRESSOS E SUA DIMENSÃO PRÁTICA | Telles, Danielly
Errata
História, Ciências, Saúde-Manguinhos. Rio de Janeiro, v.26, n.3, 2019.
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- Feld, Adriana; Kreimer, Pablo
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- Batista, Ricardo dos Santos
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- Anopheles gambiae no Brasil: antecedentes para um “alastramento silencioso”, 1930-1932 Análise
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- Pediatría y cultura de viaje: los pensionados españoles y la apropiación del laboratorio en la periferia, 1907-1939 Análise
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- Memórias póstumas da loucura mulata: as apropriações de Machado de Assis sob o corte patológico Análise
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- Governo eletrônico da vida cotidiana por aplicativos de gestão da saúde no Apple Watch Análise
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- “Onde estão os botocudos?” Exposições antropológicas e olhares entrelaçados, 1882-1883 Analysis
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- Lutas pela história da saúde: perspectivas sobre as ciências sociais em saúde a partir da trajetória intelectual de Luiz Antonio de Castro Santos Depoimento
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- O “direito à memória”: Escola Eunice Weaver, memória individual e a constituição de um arquivo histórico em Goiás Fontes
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- Políticas públicas, gênero e moralidades Livros & Redes
- Aureliano, Waleska
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- Cronos tudo devora! Livros & Redes
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- Isla nerviosa: loucura, psiquiatria e reforma em Cuba, séculos XIX e XX Books & Networks
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- As muitas faces do darwinismo no Brasil do século XIX Livros & Redes
- Stahl, Moisés
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- ERRATA 2 Errata
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Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v.27, n.3, 2019
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- Alós, Anselmo Peres
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- Nothaft, Raíssa Jeanine; Beiras, Adriano
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- · Rumo a uma reconceituação do assédio nas ruas Artigos
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- · Violência contra as mulheres nos textos legais da América Latina e do Caribe Artigos
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- · Gênero e constitucionalismo: sobre a Lei de proteção às mulheres do Estado Plurinacional da Bolívia Artigos
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- · Um corte na alma: como parturientes e doulas significam a violência obstétrica que experienciam Artigos
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- · Violência contra mulheres nos livros didáticos de História (PNLD 2018) Artigos
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- · Violência na Internet contra feministas e outras ativistas chilenas Artigos
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- · Una aguja, una lámpara, un telar Artigos
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- · Mulheres Indígenas nas Missões: patrimônio silenciado Artigos
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- · Em nome de Maya Angelou Artigos
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- · Cronologia do movimento feminista no Chile 2006-2016 Artigos
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- · Mulheres Empresárias: Uma Abordagem da Teoria da Identidade Performativa Artigos
- Astorga, Paulina Soledad Santander
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- · Formas organizacionais feministas na implementação de políticas públicas Artigos
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- · Educação e gênero: histórias de estudantes do curso Gênero e Diversidade na Escola Artigos
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- · Dos Museus dos Descobrimentos às Exposições do Império: o Corpo Colonial em Portugal Artigos
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- · Problematizando o discurso biológico sobre o corpo e gênero, e sua influência nas práticas de ensino da biologia Ponto De Vista
- Marin, Yonier Alexander Orozco
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- · “O humor mostra… como as coisas não devem ser”: uma entrevista com Ciça Ponto De Vista
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- · Cooperação internacional, parcerias acadêmicas e afeto na perspectiva Sul-Sul Seção Temática Nações E Memórias Em Transe: Moçambique, África Do Sul E Brasil
- Moutinho, Laura
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- · Herança colonial confrontada: reflexões sobre África do Sul, Brasil e Estados Unidos Seção Temática Nações E Memórias Em Transe: Moçambique, África Do Sul E Brasil
- Neves, Paulo Sérgio da Costa; Moutinho, Laura; Schwarcz, Lilia Katri Moritz
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- Texto: PT
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- · Deficiência como categoria do Sul Global: primeiras aproximações com a África do Sul Seção Temática Nações E Memórias Em Transe: Moçambique, África Do Sul E Brasil
- Lopes, Pedro
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- · Soberania Alimentar no Machimbombo e na aldeia: gênero na perpectiva Sul-Sul Seção Temática Nações E Memórias Em Transe: Moçambique, África Do Sul E Brasil
- Liberato, Rita Simone; Moutinho, Laura; Noronha, Isabel; Bagnol, Brigitte
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Construindo espaços de pertencimento: lésbicas queer na Cidade do Cabo Seção Temática Nações E Memórias Em Transe: Moçambique, África Do Sul E Brasil
- Holland-Muter, Susan
- Resumo: EN PT
- Texto: EN
- PDF: EN
- · Sugar relationships: sexo, afeto e consumo na África do Sul e no Brasil Seção Temática Nações E Memórias Em Transe: Moçambique, África Do Sul E Brasil
- Tiriba, Thais Henriques
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Experiências que tangenciam o (in)visível e a mobilidade: etnografias em diálogo Seção Temática Nações E Memórias Em Transe: Moçambique, África Do Sul E Brasil
- Barros, Denise Dias; Mariano, Esmeralda Celeste
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · “Machamba não é trabalho!”: HIV/SIDA e Produção Agrícola no centro de Moçambique Seção Temática Nações E Memórias Em Transe: Moçambique, África Do Sul E Brasil
- Braga, Carla Teofilo
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- · Uma escrita biográfica apaixonada Resenhas
- Pereira, João Lenon Siqueira
- Texto: PT
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- · Imagens do gênero nas disputas pelo poder na América Latina Resenha
- Martins, Joyce Miranda Leão
- Texto: PT
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- · As freiras que resistiram: atuação de religiosas durante a ditadura militar no Brasil Resenha
- Silva, Kelly Caroline Noll da
- Texto: PT
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- · Por uma antropologia engajada Resenha
- Fonseca, Larissa Mattos da; Ramos, Leonardo de Miranda
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Reescrevendo a história da literatura irlandesa Resenha
- Oliveira, Leide Daiane de Almeida
- Texto: PT
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- · O discurso dos perversos: praticantes de BDSM em busca de legitimação Resenha
- Barp, Luiz Fernando Greiner
- Texto: PT
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- · Quem tem medo do feminismo negro? A urgência do debate racial no Brasil Resenha
- Malcher, Monique; Rial, Carmen Silvia
- Texto: PT
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- · Feminismo, filosofia e teoria social: mulheres em debate Resenha
- Santos, Patrícia da Silva
- Texto: PT
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- · Da teoria às práticas: a epistemologia cotidiana de um feminismo em comunhão Resenha
- Lucena, Sarah Catão de
- Texto: PT
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História das Mulheres e Estudos de Gênero: novas questões e abordagens / Ars Historica / 2019
Obs.: Apresentação indisponível na publicação original.
[História das Mulheres e Estudos de Gênero: novas questões e abordagens]. Ars Historica, Rio de Janeiro, v.18, n.1, 2019. Acessar dossiê [DR]Tempo. Rio de Janeiro, v.25, n.2, 2019
- Intelectuais e culturas políticas em Portugal: à volta de Antero de Quental e António Sérgio Artigo
- Martinho, Francisco Carlos Palomanes
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- A (des)fortuna de Thomas Paine: um problema histórico e historiográfico Artigo
- Carvalho, Daniel Gomes de; Florenzano, Modesto
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- Olhos de mosca. Peronistas, política e os lugares de ação (1945-1955) Artigo
- Rogé, Mariana Garzón
- Resumo: ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- Vencidas a distância e floresta!: A Transbrasiliana e a Amazônia desenvolvimentista Artigo
- Andrade, Rômulo de Paula
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Da construção de uma memória de santidade ao culto público: reflexões sobre a santidade do bispo Ordonho de Astorga (? – 1066) Artigo
- Silva, Andréia Cristina Lopes Frazão da
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Exílio e afastamento: considerações sobre uma hermenêutica da distância? Dossiê Apresentação
- Jensen, Silvina; Parada, Mauricio
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Falar sobre o (no) exílio no século XX: questões terminológicas, literárias e editoriais. Apontamentos sobre o exílio da Guerra Civil Espanhola Dossiê Exílio E Afastamento: Considerações Sobre Uma Hermenêutica Da Distância?
- Gerhardt, Federico
- Resumo: ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- O exílio africano de Paulo Farias (África Ocidental, 1964-1969) Dossiê Exílio E Afastamento: Considerações Sobre Uma Hermenêutica Da Distância?
- Reis, Luiza Nascimento dos
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- Filantropia cultural e exílio político: a Fundação Ford entre Argentina e os Estados Unidos (1959-1979) Dossiê Exílio E Afastamento: Considerações Sobre Uma Hermenêutica Da Distância?
- Calandra, Benedetta
- Resumo: EN PT
- Texto: EN
- PDF: EN
- “Reaparecer no exílio”: experiências de militantes argentinos sobreviventes de desaparição forçada na Venezuela (1979-1984) Dossiê Exílio E Afastamento: Considerações Sobre Uma Hermenêutica Da Distância?
- Ayala, Mario
- Resumo: ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- “Deixar de ser sintoma com o silêncio”: o retorno do exílio no campo da saúde mental na pós-ditadura argentina (1983-1986) Dossiê Exílio E Afastamento: Considerações Sobre Uma Hermenêutica Da Distância?
- Lastra, María Soledad
- Resumo: ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- História digital do tráfico transatlântico de escravos: uma entrevista com David Eltis Entrevista
- Marques, Leonardo
- Resumo: EN PT
- Texto: EN PT
- PDF: EN PT
- O interno e o externo: o barão do Rio Branco revisitado Resenha
- Soares, Rodrigo Goyena
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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Cadernos Pagu. Campinas, n.56, 2019.
- Simone de Beauvoir e a escrita dos feminismos Dossiê Simone De Beauvoir
- Moraes, Maria Lygia Quartim de; Santos, Magda Guadalupe dos
- Texto: EN PT
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- O que pode ser criticado nas críticas a O Segundo SexoDossiê Simone De Beauvoir
- Candiani, Heci Regina
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Filosofía de la ambigüedad o el ambiguo lugar de las mujeres Dossiê Simone De Beauvoir
- Femenías, María Luisa
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
- PDF: ES
- El bagaje filosófico de Beauvoir Dossiê Simone De Beauvoir
- Pardina, Teresa López
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
- PDF: ES
- Feminismo versus neoliberalismo: práticas de liberdade das mulheres numa perspectiva mundial Dossiê Simone De Beauvoir
- Vintges, Karen
- Resumo: EN PT
- Texto: EN PT
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- Ser e devir: Butler leitora de Beauvoir Dossiê Simone De Beauvoir
- Rodrigues, Carla
- Resumo: EN PT
- Texto: EN PT
- PDF: EN PT
- As ideias e os ideais que definem uma vida: Simone de Beauvoir e Carmen da Silva Dossiê Simone De Beauvoir
- Barroso, Carmen
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Os desafios da “escrita por encomenda” e o esforço de desmitificação no pensamento de Simone de Beauvoir Dossiê Simone De Beauvoir
- Santos, Magda Guadalupe dos
- Resumo: EN PT
- Texto: EN PT
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- “Todas queríamos ser como Simone”: Las primeras lecturas de El Segundo Sexoen Argentina Dossiê Simone De Beauvoir
- Tarducci, Monica
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
- PDF: ES
- As mulheres desiludidas: de Simone de Beauvoir à “ideologia de gênero” Dossiê Simone De Beauvoir
- Mano, Maíra Kubík
- Resumo: EN PT
- Texto: EN PT
- PDF: EN PT
- La noción de performatividad de género para el análisis del discurso fílmico*Artigo
- Esparza, Hortensia Manuela Moreno; Cruz, César Torres
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
- PDF: ES
- Militância política e relações de gênero: o caso das mulheres militantes no Curdistão* Artigo
- Amorosi, Lucia
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- Feminismos em movimento no ciberespaço*Artigo
- Martinez, Fabiana
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- Mujeres profesionales del sexo: prácticas reflexivas y posiciones en el campo* Artigo
- Ibacache, Jacqueline Espinoza; Íñiguez-Rueda, Lupinicio
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
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- Relações de gênero e acesso à educação: migrantes nordestinas no pontal mineiro (1950-1960) * Artigo
- Silveira, Daiane de Lima Soares; Souza, Sauloéber Tarsio de
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Cientistas na TV: como homens e mulheres da ciência são representados no Jornal Nacionale no Fantástico * Artigo
- Massarani, Luisa; Castelfranchi, Yurij; Pedreira, Anna Elisa
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Caracterización del liderazgo femenino en ámbitos militares. Reflexiones a partir de las experiencias de las alféreces en su fase de mando Artigo
- Husain-Talero, Soraya; Angulo, Luis Guillermo Muñoz
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
- PDF: ES
- Derecho y Cambio Social: Un Ejercicio Aplicado desde Vidas Trans Artigo
- Salas-Herrera, Natalia
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
- PDF: ES
- Jóvenes universitarias en el Valle del Mezquital: autonomía frente a la violencia Artigo
- Huerta Mata, Rosa María
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
- PDF: ES
- Caminos hacia la corresponsabilidad: los varones en el cuidado infantil en Uruguay Artigo
- Solari, Sol Scavino; Batthyány, Karina
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
- PDF: ES
- Ciberfeminismos contemporáneos, entre usos y apropiaciones Artigo
- Natansohn, Graciela; Paz, Mônica
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
- PDF: ES
- Gênero e violência simbólica em eventos esportivos universitários paulistas Artigo
- Michetti, Miqueli; Mettenheim, Sofia Leonor Von
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- As assembleias públicas a partir do pensamento de Judith Butler: versões emergentes e provisórias de soberania popular? Resenha
- Dal’Igna, Maria Cláudia; Scherer, Renata Porcher
- Texto: PT
- PDF: PT
- Entre desigualdades, limites e relações de gênero: a democracia no Brasil Resenha
- Rosalen, Eloísa
- Texto: PT
- PDF: PT
- Gênero e consumo no espaço doméstico em perspectiva transnacional Resenha
- Silva, Joana Mello de Carvalho e
- Texto: PT
- PDF: PT
“Maps in Newspaper: Approaches to Study and Practices in Portrayin War since the 19th Century” | André Novaes
Fazer a leitura de Maps in newspapers: approaches to study and practices in portraying war since the 19th century é, sem dúvida, percorrer uma obra ímpar. Primeiramente, por seu formato não tão comum na produção acadêmica do Brasil, trata-se de uma monografia que compõe o primeiro volume da coleção Brill Research Perspectives in Map History, da editora holandesa Brill, que propõe trabalhos aprofundados sobre uma determinada perspectiva da história da cartografia e suas abordagens.1 Em segundo, mas não menos importante, também se destaca a particular riqueza das abordagens metodológicas que o texto explora para a pesquisa e compreensão das construções cartográficas, particularmente aquelas da imprensa.
De ímpar, torna-se também uma obra necessária no sentido de colocar em diálogo as diversas abordagens para o estudo dos mapas em sua pluralidade de formas. Mais da metade de suas páginas são destinadas a essa densa discussão, que o autor desenvolve com fluidez, aportado em uma variedade de autores que nos faz sentir viajando entre ideias. Trata-se de uma espécie de confluência de todo trabalho que André Novaes vem construindo sobre o universo dos mapas na imprensa, desde seu mestrado, passando pelo doutorado, até seus mais recentes projetos de pesquisa. Leia Mais
Almanack. Guarulhos, n.22, 2019.
Almanack. Guarulhos, n.22, 2019.
Dossiê
- O OITOCENTOS VISTO A PARTIR DE SUAS DOENÇAS E ARTES DE CURAR | NOGUEIRA, ANDRÉ LUÍS LIMA; KURY, LORELAI BRILHANTE; FRANCO, SEBASTIÃO PIMENTEL
- DISCÍPULOS DE ASCLÉPIO: AS TESES MÉDICAS E A MEDICINA ACADÊMICA NO OITOCENTOS (1836-1897)1 | Abreu, Jean Luiz Neves
- “A IMPUGNAÇÃO ANALÍTICA”(…): UMA SEMIOLOGIA DAS DOENÇAS NERVOSAS, EM DEFESA DA MEDICINA DOUTA NO PERÍODO JOANINO 1 | Silva, Simone de Almeida
- MÉDICOS E CIRURGIÕES NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XIX NO BRASIL | Pimenta, Tânia Salgado
- TRÁFICO E ESCRAVIDÃO: CUIDAR DA SAÚDE E DA DOENÇA DOS AFRICANOS ESCRAVIZADOS1 | Sousa, Jorge Luiz Prata de
- DECRÉPITOS, ANÊMICOS, TUBERCULOSOS: AFRICANOS NA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DA BAHIA (1867-1872) | Sampaio, Gabriela dos Reis
- CRUZ JOBIM E AS DOENÇAS DA CLASSE POBRE O CORPO ESCRAVO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO MÉDICO NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX | Lima, Silvio Cezar de Souza
- CURAS ILEGAIS E REPRESSÃO NO OITOCENTOS ESPÍRITO SANTENSE: OS CASOS DE TREM E OLEGÁRIO | Franco, Sebastião Pimentel; Nogueira, André Luís Lima
Entrevista
- O CAMINHO DA HISTÓRIA: A TRAJETÓRIA ATLÂNTICA DE UM AFRICANISTA ENTREVISTA COM JOSEPH C. MILLER
Fórum
- IBERIAN DOMINANCE AND THE INTRUSION OF THE NORTHERN EUROPEANS INTO THE ATLANTIC WORLD: SLAVE TRADING AS A RESULT OF ECONOMIC GROWTH?1 | Eltis, David
- O COMÉRCIO “PORTUGUÊS/BRASILEIRO” DE ESCRAVOS NO TRANSATLANTIC SLAVE TRADE DATABASE | Soares, Mariza de Carvalho
- VARIETIES OF POLITICAL ECONOMY IN CAPITALISM WITH SLAVERY: COMMENTS ON DAVID ELTIS’S ESSAY AND HIS CONTRIBUTIONS TO BRAZILIAN HISTORIOGRAPHY1 | Slenes, Robert W.
Resenha
- O ESTADO IMPERIAL: UM SENHOR DE ESCRAVOS “POUCO DEFINIDO” | Azevedo, Larissa Biato
- O IMPÉRIO NEGOCIADO: AGENTES PROVINCIAIS NO AJUSTE DA ORDEM NO BRASIL INDEPENDENTE | Andrade, Claudia de
- HISTÓRIA SERIAL E ECONOMIA DE ABASTECIMENTO NO SUL DE MINAS | Santos, Karina Oliveira Morais dos
ERRATA
“Associações religiosas de leigos na América Portuguesa”: novas fontes e perspectivas de análise / Revista de História da UEG / 2019
As irmandades leigas surgiram na Idade Média europeia. Suas principais funções eram a ajuda mútua e o incremento do culto religioso. Na América portuguesa, elas cumpriam um papel semelhante, sendo responsáveis pelo ministério dos sacramentos e pelo socorro material e espiritual dos confrades. Presentes nas diversas instâncias da vida do indivíduo, as irmandades constituíam espaços em que, via de regra, os “socialmente semelhantes” se encontravam. Estes buscavam santos de devoção (oragos) que correspondessem simbolicamente ao estrato social ao qual pertenciam. Era comum a participação em mais de uma irmandade; entretanto, o livre trânsito entre essas associações era possível apenas para alguns, já que era algo dispendioso e algumas agremiações estavam restritas a segmentos sociais específicos. Além do pagamento do ingresso e de anuais, as irmandades de elite impunham exigências mais rígidas para a aceitação de novos irmãos, como a comprovação de “pureza de sangue” e ausência de “defeitos de cor”.
A associação para a veneração de um santo não tinha somente a intenção de reunir pessoas que partilhassem da mesma fé. Visava também agregar indivíduos com condições financeiras e sociais que seriam, em tese, semelhantes. Embora não possamos negar que a fé era o motivo que impulsionava a criação dessas associações, a demarcação das hierarquias sociais circunscrevia, sobremaneira, a participação nelas. Entre os negros e mulatos, elas constituíam – ao lado das milícias – um dos únicos canais legais de organização. Por isso, as irmandades tornaram-se verdadeiras porta-vozes das aspirações dos “homens de cor” na América portuguesa (AGUIAR, 1993).
Um dos principais motivos para o ingresso nessas associações era a preocupação com a “boa morte”, incluindo os rituais realizados nos últimos momentos de vida e aqueles post mortem, como as missas para salvação das almas do purgatório. Para além desses sufrágios e da devoção aos santos, o auxílio em caso de pobreza e doença constituía um dos principais motivos para o ingresso de irmãos. Assim, “tratava-se de fazer face à imprevisibilidade dos acontecimentos do dia a dia, assegurando a solidariedade em uma espécie de ‘família alargada’, a partir de uma valorização do sentimento cristão de fraternidade e de amor ao próximo” (PENTEADO, 1995, p. 26).
Desde os estudos pioneiros de Fritz Teixeira Salles (1963), Julita Scarano (1978), Russell-Wood (1981) e Caio Boschi (1983), emergiu uma volumosa produção historiográfica sobre as associações religiosas de irmãos leigos. Em busca realizada no Banco de Teses e Dissertações da CAPES, a partir das palavras-chave “irmandade”, “confraria”, “associações religiosas” e “ordem terceira”, encontramos 46 trabalhos que investigam essas instituições no período colonial, defendidos na área de História entre 2001 e 2016. Para conhecermos os principais temas abordados, classificamos os trabalhos entre aqueles que têm essas instituições como objeto de pesquisa e os que tratam de algum assunto específico valendo-se das agremiações religiosas de leigos como um meio de compreensão dos seus temas centrais – tais como: a morte e os ritos funerários, os regimentos e a iconografia. Entre os 46 trabalhos defendidos em programas de pós-graduação stricto sensu, treze são do segundo tipo descrito acima.
Nove pesquisas se dedicaram à compreensão do funcionamento, atuação e perfil de seus membros. As demais se valeram de variados enfoques: análise de devoções, estudo da estratificação social, análise de ritos mortuários etc. As pesquisas abordaram corporações de diferentes tipos (confrarias, irmandades, arquiconfrarias, ordens terceiras e Santas Casas de Misericórdia) e que reuniam homens e mulheres de diferentes condições jurídicas (livre, forro e escravo) e qualidades (preto, crioulo, pardo e branco). As associações mais estudadas pertencem, respectivamente, aos seguintes oragos: irmandades de Nossa Senhora do Rosário, nove; Santíssimo Sacramento, três; São José, dois; Santa Ifigênia, Nossa Senhora dos Remédios, São Crispim, São Jorge, São Gonçalo Garcia, Nossa Senhora das Mercês e São Miguel e Almas, contam com um trabalho cada um. Quatro estudos tratam das Santas Casas de Misericórdia e oito das ordens terceiras.
As dissertações e teses aqui compreendidas adotaram recortes espaciais diversificados, abrangendo tanto estudos mais localizados quanto análises mais amplas que tratam de mais de uma capitania, incluindo uma pesquisa que abarca Brasil e Portugal. Contudo, dentre os trabalhos que se concentram em espaços geográficos menores, os mais recorrentes são Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.
A partir dos dados arrolados podemos evidenciar a importância desse tipo de instituição durante o período colonial brasileiro, tanto no que se refere ao número de trabalhos realizados sobre a temática quanto à difusão dessas agremiações pela colônia. Apesar de o assunto contar com diversos trabalhos, ainda há bastante campo de pesquisa a ser explorado pelos historiadores, seja a partir de fontes inéditas ou por novos olhares para fontes já conhecidas.
O propósito desse dossiê é divulgar os novos debates sobre a temática das associações religiosas de irmãos leigos no período colonial, realizados por jovens pesquisadores de diferentes programas de pós-graduação do país. Os artigos aqui reunidos formam uma bela amostragem dessa produção mais recente.
Leonara Lacerda Delfino analisa como os irmãos do Rosário de São João del-Rei (MG) buscaram uma maior autonomia no interior dos seus templos, em detrimento da autoridade paroquial. Com essa intenção, a pesquisadora examinou os argumentos usados pelos próprios irmãos do Rosário para a defesa de uma auto sustentação material e simbólica dos seus bens sagrados.
Cristiano Oliveira de Sousa interpreta os critérios estabelecidos no estatuto de 1805 da Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Vila Rica para o recrutamento e a seleção dos seus irmãos, verificando, ainda, o modo como foi estatuída a realização das eleições da mesa administrativa da Ordem.
Gilian Evaristo França Silva examina o surgimento das irmandades durante o período de vacância (1745-1803) da Prelazia de Cuiabá, procurando inseri-las no campo religioso católico da Capitania de Mato Grosso. Nesse contexto, o pesquisador reconstitui as posições dos grupos sociais na hierarquia local a partir das irmandades.
Edson Tadeu Pereira, coadunando-se com proposta do dossiê de pensar as devoções aos santos católicos no período colonial, discute a centralidade que determinados oragos adquiriram como intercessores dos vivos em períodos críticos de pestes e epidemias, elegendo como protetores santos especializados em certas mazelas que afligiram a América portuguesa.
Igor Roberto de Almeida Moreira dedica-se à análise da construção do perfil socioeconômico dos membros da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, instalada em Vila da Cachoeira, Bahia, durante a primeira metade do Setecentos. Para identificar a filiação de diferentes sujeitos à Ordem, tendo em vista a não preservação da documentação produzida pela agremiação, o pesquisador recorreu a fontes eclesiásticas ou judiciais. Essa estratégia de pesquisa sugere alternativas que podem contribuir para o estudo das irmandades e ordens terceiras.
Maria Clara C. S. Ferreira, em seu estudo sobre a Arquiconfraria do Cordão de São Francisco da Vila Nova da Rainha do Caeté (MG), traz à tona uma modalidade de associação religiosa de leigos pouco estudada, a arquiconfraria, analisando pormenorizadamente um complexo conjunto de elementos, debruça-se sobre uma gama de fontes de diferentes naturezas, em especial, aquelas produzidas pela própria instituição, com o fito de compreender o processo de instalação, desenvolvimento e a dinâmica interna da agremiação.
Petros José da Rocha Brandão discute como a Irmandade de Nossa Senhora dos Pretos de Recife, entre 1715 e 1730, conformava diferentes grupos sociais de ampla variedade de condições: escravos, forros e livres, no interior de uma mesma instituição, e, principalmente, como as irmandades de pretos contribuíam para a organização da sociedade colonial.
Finalmente, Monalisa Pavonne Oliveira, analisa a distribuição de diferentes segmentos sociais entre as diversas associações religiosas de leigos no período colonial, principalmente, como estas instituições colaboraram paradoxalmente por um lado, com a definição de limites hierárquicos nesta sociedade e, por outro, na busca por ascensão social; ora amortecendo possíveis conflitos, ora contribuindo para o alcance de melhores condições de vida.
A partir da colaboração de autores e autoras com pesquisas que exploram diversas fontes, abordagens e recortes espaciais e temporais pretendemos contribuir para a discussão de um tipo de instituição bastante presente no período colonial nos mais distantes locais da América portuguesa: as associações religiosas de leigos. Desse modo, reforçamos a importância dos estudos acerca das irmandades, ordens terceiras e arquiconfrarias, haja vista a centralidade que essas associações ocuparam durante o processo de colonização da América portuguesa.
Uma ótima leitura!
Referências
AGUIAR, Marco Magalhães de. Vila Rica dos Confrades: a sociabilidade confrarial entre negros e mulatos nos séculos XVIII. Dissertação Mestrado. Orientadora, Prof. Dr. Maria Beatriz Nizza Marques da Silva. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1993.
BOSCHI, Caio César. Os Leigos e o Poder (Irmandades Leigas e Política em Minas Gerais). São Paulo: Ática, 1983.
PENTEADO, Pedro. Confrarias Portuguesas da Época Moderna: Problemas, resultados e tendências de investigação. Lusitânia Sacra, 2ª série, 7, 1995, p. 15-52.
RUSSEL-WOOD, A.J.R. Fidalgos e Filantropos: a Santa Casa de Misericórdia da Bahia, 1550- 1775. Brasília: Universidade de Brasília, 1981.
SCARANO, Julita. Devoção e escravidão: a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos no Distrito Diamantino no século XVIII. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1978.
SALLES. Fritz Teixeira. As associações religiosas no ciclo do ouro. Belo Horizonte: Universidade de Minas Gerais, 1963.
Daniel Precioso – Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com período sanduíche em Universidade de Évora (Portugal); docente do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em História (mestrado – stricto sensu) da Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus Morrinhos (PPGHIS / UEG-Morrinhos). E-mail: daniel.precioso@gmail.com
Monalisa Pavonne Oliveira. Doutora em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); docente na Universidade Federal de Roraima (UFRR).E-mail: monalisapavonne@gmail.com
PRECIOSO, Daniel; OLIVEIRA, Monalisa Pavonne. Editorial. Revista de História da UEG, Morrinhos – GO, v.8, n.2, jul / dez, 2019. Acessar publicação original [DR]
“Tiranias Ibero-Americanas”: institucionalização dos poderes, resistência social e seus agentes / Revista de História da UEG / 2019
Prefácio
Sabe-se da definição clássica de Max Weber [1] acerca do Estado Moderno como uma associação de dominação com caráter institucional que tratou, com êxito, de monopolizar num dado território a “violência física legítima” como meio de dominação. Assim podemos estabelecer, de partida, uma relação intrínseca e inextirpável entre Estado, poder e violência; violência, claro, “legitimada” pela legislação, por instituições de justiça e aparatos policiais – mecanismos de fundamentação deste monopólio estatal, entre outros, como o monopólio fiscal e o monopólio da guerra. É claro que estamos a falar em “tipos ideais”, já que tais atribuições estatais – forjadas não sem disputa ao longo de séculos – passaram ainda por longo processo de “governamentalização do Estado”[2], bem como presenciam ainda a concorrência ou mesmo simbiose com organismos paraestatais, como o crime organizado e o terrorismo, ademais do próprio terrorismo de Estado [3].
Acontece que o estabelecimento desta noção de “violência física legítima” foi acompanhada do desenvolvimento coetâneo da figura da violência iníqua, ilegal, ilegítima, condensada na construção do retrato do tirano e da tirania como o lugar da ruptura da legalidade do poder político – imagens antitéticas ao “bom governo” e que, como seu reverso fotográfico que se desejava afastar, tinham a função correlata de reforçar a legitimidade do que se considerava como a correta dominação política. De todo modo, o exercício tirânico do poder resultaria na transgressão das regras de um governo justo, no estabelecimento de um regime baseado na violência, no medo e no interesse privado do governante, acima do interesse público e do bem comum.
Ora, se levarmos em consideração a afirmação do historiador de Tyrannie et tyrannicide de l’Antiquité à nos jours (2001), Mario Turchetti, que reivindica a utilização atual do conceito de tirania – definindo-a como “um regime que viola os direitos humanos” [4] – seria mais interessante, da nossa perspectiva, avaliar as diversas formas de governo, bem como os governantes, consoante os graus de tirania potencial ou exercida. Ou seja, segundo análise do maior ou menor respeito aos direitos humanos [5] – tanto no que toca ao aspecto do “discurso / atos de fala” [6] quanto na implementação de programas governamentais. Assim, contornaríamos o debate milenar sobre “formas de governo e suas degenerações” bem como as armadilhas do pensamento dicotômico preocupado com classificações demasiado estanques. Não se trata neste texto, por conseguinte, de algo como democracias x tiranias (autoritarismos, ditaduras, totalitarismos, terrorismos?), mas sim de evidenciar os níveis variáveis de tirania que podem ser observados lá no que há de mais tangível, o exercício do poder. A própria previsão funcional da tirania naquilo que é a forma mais elaborada e translúcida do “Estado de exceção” – imerso no corpo constitucional das democracias contemporâneas desde a Revolução Francesa – sustenta tal compreensão [7].
Sem perder de vista as concepções acima enunciadas – e afim de demonstrar ainda a manutenção da operacionalidade e viabilidade dos conceitos antigos de tirania – propomos um pequeno exercício mental através de exemplos de “tirania clássica”, devidamente adaptados ao período atual.
Quando, em idos de 2017, o presente dossiê temático foi aprovado – visando publicação no primeiro semestre do corrente ano – muitos analistas políticos não vislumbraram que a Nova República testemunhasse uma rápida transição entre as duas figuras clássicas da tirania, tais quais foram conceituadas no pensamento Greco-romano [8], ou seja, por: 1) aquisição original ilícita, como “conquista” ou ”usurpação” ao 2) exercício cruel de um poder originariamente legal.
Que a “conquista do poder” veja-se realizada mediante violência física estrangeira e / ou através da articulação conspiracionista de um “Golpe de estado” – seja este via emprego de quaisquer tipos de “Forças Armadas” (“oficiais” ou “milícias paraestatais”) e / ou com o concurso das próprias “Instituições Civis” (Golpe civil-militar); sejam as mesmas instituições civis estruturando uma “judicialização da política” que leva a uma “espetacularização da Justiça” (tal como afirma o pesquisador Wanderley Guilherme dos Santos [9]); quer ainda protocolando todo tipo de “abusos” ou “jogo duro constitucional” [10] (cujo auge estaria no “Golpe branco / suave” ou “Golpe midiático-parlamentar”) – enfim, tudo isto são apontamentos detalhados do modus operandi utilizado em cada situação concreta. Assim, o antigo conceito de tirania por 1) aquisição original ilícita, como “conquista” ou ”usurpação”, permanece um conceito heurístico de filosofia política, cuja validade e relevância para os tempos atuais é flagrante.
Passemos àquela que era a preocupação central da filosofia política greco-romana, a clássica tirania por 2) exercício cruel de um poder originariamente legal. Ou, em sua forma mais atualizada, “um regime que viola os direitos humanos”.
Boa trilha para efetuar este tipo de análise é a utilização dos relatórios anuais sobre violações de direitos humanos – produzidos por organizações não-governamentais (ONG’s) como a Human Rights Watch (HRW) e a Anistia Internacional (AI). O recente relatório da AI (2017 / 2018) resumidamente afirma que:
A situação dos direitos humanos no Brasil foi examinada pela terceira vez de acordo com o processo de Revisão Periódica Universal da ONU. O Brasil recebeu 246 recomendações, entre outras: com relação aos direitos dos povos indígenas à terra; aos homicídios cometidos por policiais; à tortura e às condições degradantes nas prisões; e à proteção aos defensores de direitos humanos. (…) Entre essas medidas retrógradas, estavam propostas que reduziam para menos de 18 anos a idade em que crianças podem ser julgadas como adultos; alteravam ou revogavam o Estatuto do Desarmamento, facilitando o licenciamento e a compra de armas de fogo; restringiam o direito de manifestação pacífica e criminalizavam os protestos sociais; impunham a proibição absoluta do aborto, violando os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres e meninas; mudavam o processo de demarcação de terras e a exigência do consentimento livre, prévio e informado dos povos indígenas e das comunidades quilombolas; e diminuíam a proteção aos direitos trabalhistas e o acesso à previdência social. A Lei N 13.491 / 2017 [11], assinada pelo Presidente Temer em 13 de outubro, estabelecia que violações de direitos humanos, inclusive homicídio ou tentativa de homicídio, cometidas por militares contra civis seriam julgadas por tribunais militares. Esta lei viola o direito a um julgamento justo, uma vez que os tribunais militares no Brasil não oferecem garantia de independência judicial [12] (…) As Forças Armadas foram cada vez mais designadas a cumprir funções policiais e de manutenção da ordem pública (Anistia Internacional, Informe 2017 / 18, p.88-93).
O símbolo maior foi a Intervenção Federal no Rio de Janeiro [13], que ante a elevada taxa de violência cotidiana foi veículo de uma aposta conservadora na militarização da sociedade (com cobertura corporativa aos militares através da “justiça militar”), numa política punitivista e pautada no confronto policial. Por outro lado, as diminuições na demarcação de terras de minorias étnicas, a postura reacionária quanto ao aborto – via proposta de criminalização até do aborto em caso de estupro, hoje ainda legalizado – a desconfiguração dos direitos trabalhistas (Lei 13.467 / 2017 [14]) e dos direitos previdenciários (com a proposta de reforma da previdência [15]) configura um quadro geral de escalada na retirada de direitos sociais (parte integrante dos direitos humanos), bem como de reduzida participação política da sociedade em geral.
O relatório da HRW alerta ainda sobre os ataques e perigos à liberdade de expressão já demonstrados durante as eleições de 2018:
Mais de 140 repórteres foram intimidados, ameaçados e, em alguns casos, fisicamente agredidos durante a cobertura das eleições, concluiu a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Depois de vencer a eleição, Bolsonaro disse que cortaria verba publicitária para veículos de imprensa que se comportassem de forma “indigna”. Durante a campanha, juízes de tribunais eleitorais ordenaram que universidades ao redor do país reprimissem o que consideraram “propaganda eleitoral irregular”, incluindo um evento contra o fascismo e publicações “em defesa da democracia”. Em uma decisão unânime, o Supremo Tribunal Federal derrubou essas restrições por violarem a liberdade de expressão. A decisão ocorreu em um cenário em que Bolsonaro e seus aliados buscavam aprovar um projeto de lei que proibiria professores de “promover” suas próprias opiniões nas salas de aula ou de usar os termos “gênero” ou “orientação sexual”, e determinaria que escolas dessem preferência a “valores de ordem familiar” na educação moral, sexual e religiosa [16]
Tal cenário de cerceamento das liberdades democráticas (como a liberdade de imprensa e de manifestação) e do pluralismo de ideias – direitos na Constituição Federal (CF) de 1988 – tem ponto nodal no campo pedagógico: bem simbolizado no projeto “Escola sem Partido”, que críticos mais corretamente designariam como “Escola sem Liberdade” ou “Escola de Partido Único”. [17]
Poderíamos ainda sublinhar o uso sistemático das Fake / Junkie News [18] ao longo da corrida presidencial. Um estudo encomendado pela ONG Avaaz apontou que 98,21% dos eleitores do candidato vitorioso em 2018 foram expostos a uma ou mais notícias falsas durante a eleição, e 89,77% acreditaram que os fatos eram verdadeiros [19]. A prática permanece, pois em 136 dias como presidente Bolsonaro deu 186 declarações falsas ou distorcidas, segundo checagem sistemática realizada pela “Aos Fatos” [20]. Mas não bastam Fake News, é preciso um terreno fértil para que as pessoas acreditem em determinadas coisas (“terraplanismo”, “Nazismo de esquerda”, “kit gay” [21] etc.) veiculadas pelas redes sociais.
Podemos dialogar com o historiador Luiz Edmundo de Souza Moraes. Ele descarta que crises políticas e econômicas gerem automaticamente um ambiente propício para a expansão de um discurso de extrema-direita, que recusa valores como igualdade e dignidade humana, a universalidade de tratamento, princípios da democracia liberal. Na verdade, nos últimos 30 anos é possível perceber o quanto o espaço público foi sendo paulatinamente ocupado por discursos e ideias extremistas como “os bandidos não devem ser tratados legalmente”, que “o assassinato é parte do bom trabalho policial”, ou de que “não há nenhum problema no fato de você sofrer algum tipo de violação de seus direitos individuais e direitos humanos” [22]. Assim, discursos de desrespeito e restrição aos Direitos Humanos no Brasil – sintetizados no conhecido slogan “Direitos Humanos para humanos direitos” [23] – não surgiram mas ganharam força pública na presente década, estruturando um imaginário receptivo para certas Fake News. Sobre os perigos de se acreditar numa realidade ficcional, salienta ainda o historiador estadunidense Timothy Snyder: “Renunciar à diferença entre o que se quer ouvir e o que de fato é verdadeiro é uma maneira de se submeter à tirania. Essa recusa à realidade pode parecer natural e agradável, mas o resultado é o seu fim como indivíduo (…)”[24].
Aproveitando-se da efeméride de 100 dias do governo atual, o início de abril foi ocasião de diversos balanços críticos no âmbito das propostas e das políticas governamentais em fase de implementação, que vieram a lume em vários jornais, revistas, observatórios [25]. Como exemplo e na qualidade de fiscalização judiciária de atos administrativos e decretos executivos, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) [26], entre várias medidas, ressalta que:
O afrouxamento das hipóteses de registro, posse e comercialização de armas de fogo no Brasil – estabelecido pelo governo federal – é ilegal e inconstitucional (…) compromete a política de segurança pública no Brasil – um direito fundamental de todas as pessoas, especialmente no tocante à vida (…). A decisão do governo federal de “supervisionar, coordenar, monitorar e acompanhar” a atuação de organizações da sociedade civil no Brasil também foi considerada inconstitucional (…) a PFDC destaca que a medida viola princípios da legalidade, além de impactar no controle social e no combate à corrupção (…) Em ação coordenada que reuniu Procuradorias da República em pelo menos 18 estados e o Distrito Federal, o Ministério Público Federal recomendou a unidades militares em todo o país que se abstivessem de promover ou tomar parte de qualquer manifestação pública, em ambiente militar ou fardado, em comemoração ou homenagem ao período de exceção instalado a partir do golpe militar de 31 de março de 1964. A medida foi adotada após a Presidência da República ter recomendado ao Ministério da Defesa para que fosse comemorado o aniversário de 55 anos do golpe (…) (Informe PFDC 2019 em 100 dias: p.6-7).
No caso da “saudade da ditadura” [27], argumenta Moraes que se trata do “fato de que durante 30 anos pouco se falou que a ditadura é um regime criminoso, pouco se falou da tortura e não [se] judicializou os torturadores” [28], ausências balizadas pela Lei de Anistia (L.A) de 1979 – que impediu o necessário trabalho de uma Justiça de Transição no Brasil – e são conhecidas as reclamações sobre a ativação da Comissão Nacional da Verdade (2011-2014) [29] e sobre tentativas de revisão da L.A [30].
Os direitos humanos foram ainda atingidos por enorme retrocesso com a Medida Provisória (MP) 870 [31]. O “Ministério de Direitos Humanos” passou a se chamar “Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos” e excluiu a população LGBTI de suas diretrizes, institucionalizando o preconceito [32]. Parece transparente que a MPV 870 contraria o artigo 3º, IV, da CF, que expressa, como objetivo republicano, a promoção do bem de todos – sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Corrobora essa ideia o artigo 5º da Carta pois “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, logo, ao excluir qualquer indivíduo de seu rol de atenção e direitos, contraria gravemente a Lei Maior do país. [33]
Empregamos aqui, em especial, a atualidade do conceito de tirania como um “regime que viola os direitos humanos”, não no sentido de um regime formal de governo, mas tendo como foco os discursos, as propostas e medidas governamentais – em suma, o exercício do poder. Observamos um recrudescimento do desrespeito e violações aos direitos humanos- nas áreas previdenciária, trabalhista, educacional , sexual e reprodutiva, na segurança pública bem como na discriminação de minorias – no recorte temporal aqui proposto (2017-2019), demonstrando assim a relevância do conceito de tirania para a política brasileira atual, com exemplos do que pode ser percebido incluso na vida cotidiana. De todo modo, este esquema de interpretação permite avaliar quaisquer governos e governantes, afastando-se, ainda, das dicotomias classificatórias das “formas de governo e suas degenerações”, em prol de uma análise mais dinâmica do poder.
Assim, as considerações enunciadas até aqui são só um pequeno exercício analítico, mas fornecem uma grade de leitura e caminhos de interpretação, bem como um esboço de método para observar os graus variáveis de tirania na conquista e exercício do poder.
Tirania: Restituir seus usos heurísticos – ou um nome forte para tempos brutos [34].
Os paradigmas e os conflitos cíclicos da sobrevivência humana em sociedade estão declarados. A busca por compreensão sobre as formas de se interagir, de interseccionar diferenças e relacionar aproximações têm sido cada vez mais importante e difícil ao mesmo tempo no campo das ciências humanas e sociais. Lançar um dossiê temático sobre um tema tão polêmico e atual é com certeza um contributo que esperamos representar algum nível de reflexão e mensuração sobre a sociedade que nos cerca, em pensar que todos nós, sem exceções, somos seres políticos e sociais. Vivemos, comemos, respiramos política, quer queira quer não. Deixamos claramente o convite ao fomento de reflexão crítica não apenas aos acadêmicos e acadêmicas, mas para os que se interessam em explorar novos temas e ângulos sobre as tiranias e resistências sociais do mundo moderno aos nossos dias.
Esse pertinente tema que calhou tão exatamente com as relações sociopolíticas que enfrentamos hoje no Brasil não seria possível sem a abertura da Revista de História da UEG, tampouco sem o total apoio, eficiência e atenção do coordenador editorial Léo Carrer Nogueira, que nos acompanhou com toda prestatividade ao longo destes meses. Agradecemos aos autores e autoras que se propuseram a adentrar neste desafio contribuindo com as mais diferentes pinceladas de objetos, visões, posições geográficas e temas que abarcaram desde a América Latina até os países Ibéricos em discussões com diferentes espaçamentos temporais, em cenários tão diversificados, porém, ao mesmo tempo conectados por similitudes: regimes autoritários e resistência social!
Buscamos agrupar os onze artigos apresentados neste dossiê por suas diferentes abordagens seja pela temática ou pelo período histórico em que se agregam. Abrimos este caderno temático partindo de discussões teóricas e conceituais sobre tirania no espaço / tempo moderno. Bruno Silva de Souza apresenta-nos um contributo importantíssimo com seu artigo sobre a reflexão dos processos de tirania ligados à razão do Estado no século XVII a partir de um viés político, buscando dialogar com a herança conceitual de certa leitura católica acerca de Nicolau Maquiavel. Já Walter Luiz de Andrade Neves guia-nos através dos “manifestos” e “papeis da restauração” como objetos para se compreender o golpe de Estado e alterações dinásticas nos seiscentos na Europa. Partindo desta temática, apresenta importantes conceitos para se compreender as problemáticas acerca da “tirania” e suas representações memoriais. No Brasil, o período moderno também passou por distintos processos não só de tirania, mas de exploração e imposição. Em seu artigo, Luiz Henrique Souza dos Santos discutirá as produções de discurso e das tomadas de posição e poder em torno de conceitos fundamentais – como a tirania-, à volta de figuras públicas na Bahia seiscentista. Por sua vez, Marcos Arthur Viana da Fonseca debate um importante movimento de uso dos conceitos e construções de argumento jurídico-político como forma de enfrentamento contra os governantes pernambucanos na segunda metade do século XVII.
Em um segundo bloco, navegando em território português contemporâneo, temos o artigo de Franco Santos Alves da Silva em um significativo questionamento sobre o caráter fascista de Oliveira Salazar durante a ditadura portuguesa, a partir do jornal Portugal Livre. Já com nuances de resistência artística e literária, Thales Reis Alecrim apresenta-nos a importante e interessante história das redes de sociabilidades subversivas no Porto durante o regime autoritário português, através do jornalista e poeta João Apolinário. Uma ruptura tão pouco discutida e conhecida no Brasil, a Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974, é trazida a baila para este dossiê como um importante evento de mudanças socioeconômicas e políticas no Portugal contemporâneo, como mostra de resistência e poder popular frente a anos de um regime autoritário e fascista do Estado Novo português, discutido no artigo de Pamela Peres Cabreira. Partindo de uma análise comparativa entre as ditaduras em Portugal e Brasil, Tiago João José Alves discute e avalia de forma dinâmica o paralelismo entre os dois regimes e como as relações diplomáticas entre os dois países foram sui generis nas cooperações e decorrências políticas engendradas por esta relação.
Atravessando o Atlântico, a ditadura civil-militar-empresarial brasileira é discutida a partir de dois artigos que balizam instituição e resistência. Destarte, no início do golpe de 1964, Roberto Porto Castro traz uma intensa discussão sobre como se constituiu a mobilização da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil no Rio Grande, buscando traçar resistência e opressão no contexto do golpe. Ao analisar os parlamentares da Legislatura entre 1963 a 1966, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Guilherme Catto abre o debate deste grupo em oposição a Jango e ao Golpe de 1964, alinhando este grupo com a Doutrina de Segurança Nacional, trazendo para o viés da história política um amplo espectro do poder e das fissuras de uma democracia em capitalismo. Saltando para o México, apresentamos o artigo de Mariana Varandas Lazzari que discutirá o conceito de tirania em torno da democracia e legalidade em uma brutal relação de forças entre o Estado mexicano e as resistências formadas, resultando em uma institucionalização antipopular.
Gingando entre história política e história social, os temas intercruzam-se e compõem um dossiê que atravessa continentes e interpela relações de poder e de resistência. Esperamos, ao abrir este leque de discussões, que novos horizontes de expectativas surjam, que a história de hoje não seja deixada a passar para depois se discutir. Desejamos que este contributo seja frutífero em engendrar-se novas perspectivas e estudos críticos acerca da nossa visão crítica enquanto cientistas sociais.
Notas
1 WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1979.
2 Como se sabe, Foucault havia realizado a história da governamentalização do Estado e da vida, a partir do chamado “poder pastoral”, que seria mais tarde vinculado à prática católica da confissão (o exame de si e o processo de subjetivação através do poder), e através das teorias da “razão de Estado”, até o aparecimento da “população” enquanto fenômeno e realidade nova no século XVIII, que o poder estatal tem por função gerir através de uma tecnologia da segurança da vida. Cf. FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população: curso dado no Collège de France (1977-1978). Martins Fontes, São Paulo: 2008.
3Sobre a política contemporânea enquanto gestão do terror (interno e externo) cf. MBEMBE, Achille. Necropolitica. Arte & Ensaios. Revista do ppgav / eba / UFRJ nº. 32, dezembro de 2016, p.122-151. Sobre a segurança como pedra de toque os programas governamentais, cf. ESPOSITO, Roberto. Biopolítica y filosofia. In: CAPPELLI, Guido & RAMOS, Antonio Gómez (Edição e introdução). Tiranía: aproximaciones a uma figura del poder. Madrid: Dykinson, 2008, pp. 255-265.
4 Cf. o capítulo de Mario Turchetti, intitulado “’Tiranía’ y ‘despotismo’: una distinción olvidada”. In: CAPPELI, Guido; RAMOS, Antonio Gómez. (ed.). Tiranía: aproximaciones a una figura del poder. Madrid, Editorial Dykinson, S. L., 2008. p. [17-58].
5 A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um documento marco na história dos direitos humanos. Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, através da Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos. Desde sua adoção, em 1948, a DUDH foi traduzida em mais de 500 idiomas – o documento mais traduzido do mundo – e inspirou as constituições de muitos Estados e democracias recentes. A DUDH, em conjunto com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e seus dois Protocolos Opcionais (sobre procedimento de queixa e sobre pena de morte) e com o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (e seu Protocolo Opcional), formam a chamada Carta Internacional dos Direitos Humanos. Uma série de tratados internacionais e outros instrumentos adotados desde 1945 expandiram ainda o corpo do direito internacional dos direitos humanos. Eles incluem a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio(1948), a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965), a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (1979), a Convenção sobre os Direitos da Criança(1989) e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), entre outras. Disponível em: https: / / nacoesunidas.org / direitoshumanos / declaracao / e https: / / nacoesunidas.org / direitoshumanos / documentos. Acesso em maio 2019.
6 Estudar o discurso político implica estudar fatos históricos, pois faz parte desse enfoque pensar os discursos como ações – “atos de fala”, para usar o termo da filosofia da linguagem contemporânea derivada de Wittgenstein -, para reagir a fatos passados (geralmente ações humanas), modificar fatos presentes ou criar futuros. Cf. ARAÚJO, Cícero. Introdução In: POCOCK, J.G.A. Linguagens do ideário político. São Paulo: EDUSP, 2003, p.9.
7 “Diante do incessante avanço do que foi definido como uma “guerra civil mundial”, o estado de exceção tende cada vez mais a se apresentar como o paradigma de governo dominante na política contemporânea. Esse deslocamento de uma medida provisória e excepcional para uma técnica de governo ameaça transformar radicalmente – e, de fato, já transformou de modo muito perceptivo – a estrutura e o sentido da distinção tradicional entre os diversos tipos de constituição. O estado de exceção apresenta-se, nessa perspectiva, como um patamar de indeterminação entre democracia e absolutismo”. AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. (Tradução de Iraci D. Poleti). 2 ed. São Paulo: Boitempo, 2004, p.13.
8 Guido Cappelli e Antonio Gómez Ramos, na introdução que realizam ao conjunto de artigos organizado na recente obra coletiva Tiranía: Aproximaciones a una figura del poder, sublinham a presença constante da figura do tirano em toda teoria de poder desde as origens do pensamento político ocidental. É com Platão que será definida tipologicamente o tirano e a tirania em oposição à figura antitética do governante virtuoso – anteriormente rei e tirano eram imagens que se superpunham, como ressalta Guido Cappelli em La otra cara del poder. Virtud y legitimidad en el humanismo político (2008: 98). Será o filósofo das Ideias que identificará tirania com injustiça, infelicidade, escravidão e infração à lei, como salienta Francisco Lisi em Tiranía, justicia y felicidad en Aristóteles (2008: 81). São frutos do Seminário Internacional El poder y sus limites: figuras del tirano, que se deu em Madrid (junho de 2005), patrocinado pelo Instituto L. A. Sêneca, da Universidade Carlos III. O seminário abriu um pertinente debate sobre a viabilidade para a reflexão contemporânea da noção tradicional de tirania, cuja utilização atual ainda se advoga como instrumento de análise e classificação política, no que nosso texto vem à guisa de corroboração. CAPPELLI, Guido & RAMOS, Antonio Gómez (Edição e introdução). Tiranía: aproximaciones a uma figura del poder. Madrid: Dykinson, 2008. Digamos que esta antiga “confusão” entre rei e tirano oferece perspectivas mais profícuas a partir de uma concepção mais anarquista do poder do Estado.
9 Disponível em: https: / / jornalggn.com.br / justica / cardozo-falhou-diante-de-abusos-institucionais-dizcientista-politico / . Acesso em maio 2019.
10 Steven Levitsky, professor de Ciência Política da Universidade Harvard, lançou recentemente o livro Como as Democracias Morrem (Zahar), escrito em parceria com o colega de instituição Daniel Ziblatt. A tese central defendida pelos autores é que golpes de Estado clássicos, com uso de armas e fechamento do Congresso, já não são mais aplicados. As democracias, diz ele, morrem por ataques sutis e sistemáticos contra as instituições. O autor prefere falar em “Jogo duro constitucional”, isto é, usar as instituições como arma política contra o seu oponente, usar a letra da lei de maneira a diminuir o espírito da lei. Cf. Steven Levitsky: Por que este professor de Harvard acredita que a democracia brasileira está em risco. Disponível em: https: / / www.bbc.com / portuguese / brasil-45829323. Acesso: março de 2019. O livro é mais detalhado no que toca à política institucional norte americana.
11 Disponível em: http: / / www.planalto.gov.br / ccivil_03 / _ato2015-2018 / 2017 / lei / l13491.htm . Acesso em: maio de 2019.
12 “Artigo X: Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele” (DUDH – UNIC / RIO / 005, janeiro 2009. DPI / 876: p.7)
13 A decisão foi instituída por meio do Decreto n.º 9.288, de 16 de fevereiro de 2018, outorgado pelo Presidente da República. Foi nomeado como interventor o general de exército Walter Souza Braga Netto. A Intervenção durou até 31 / 12 / 2018.
14 Disponível em: http: / / www.planalto.gov.br / ccivil_03 / _ato2015-2018 / 2017 / lei / l13467.htm. Acesso em: maio de 2019.
15 PEC 287 / 2016. Disponível em: https: / / www.camara.leg.br / proposicoesWeb / fichadetramitacao?idProposicao=2119881 . Acesso em: maio de 2019. Em continuidade e aprofundamento está a proposta do governo atual. Cf. Disponível em: http: / / download.uol.com.br / files / 2019 / 02 / 2265192701_pec-da-reforma-da-previdencia-bolsonaro.pdf . Acesso em maio de 2019.
16 Jair Bolsonaro, um membro do Congresso Nacional que endossou a prática de tortura e outros abusos, e fez declarações abertamente racistas, homofóbicas e misóginas, venceu a eleição presidencial em outubro. Cf. Disponível em: https: / / www.hrw.org / pt / world-report / 2019 / country-chapters / 326447 . Acesso em: maio de 2019.
17 Disponível em: https: / / profscontraoesp.org / bibliografia-referencias-academicas / . Acesso em: maio de 2019.
18 O problema se torna ainda maior pela prática de as notícias falsas trazerem elementos passíveis de verdade ou com ela mesclados / deturpados, quando seria mais preciso intitulá-las Junkie News.
19 Ainda de acordo com dados da pesquisa, 93,1% dos eleitores de Bolsonaro entrevistados viram “notícias” sobre fraudes nas urnas eletrônicas e 74% afirmaram que acreditaram nelas. A pesquisa, realizada pela IDEA Big Data de 26 a 29 de outubro com 1.491 pessoas no país, analisou Facebook e Twitter. Cf. Disponível em: https: / / www.valor.com.br / politica / 5965577 / estudo-diz-que-90-dos-eleitores-de-bolsonaro-acreditaram-emfake-news . Acesso em: maio de 2019. A Folha de São Paulo revelou que empresas contrataram disparos massivos de mensagens pelo aplicativo WhatsApp contra o Partido dos Trabalhadores, em contratos que chegavam a 12 milhões de reais. Cf. Disponível em: https: / / apublica.org / 2018 / 10 / grupos-pro-bolsonaro-nowhatsapp-orquestram-fake-news-e-ataques-pessoais-na-internet-diz-pesquisa / . Acesso em: maio de 2019. Cf. Disponível em: https: / / www1.folha.uol.com.br / poder / 2018 / 10 / empresarios-bancam-campanha-contra-opt-pelo-whatsapp.shtml. Acesso em: maio de 2019.
20 A organização deste agregador de declarações parte de uma ideia concebida originalmente pelo Fact Checker, a tradicional coluna de checagem do jornal americano Washington Post. Tal como lá fiscalizam Donald Trump, esta base agrega todas as declarações de Bolsonaro feitas a partir do dia de sua posse como presidente. As checagens são feitas pela equipe do Aos Fatos semanalmente. Disponível em: https: / / aosfatos.org / todasas-declara%C3%A7%C3%B5es-de-bolsonaro / . Acesso em e atualizado: maior de 2019.
21 O estudo também revelou que 85,2% dos eleitores do Bolsonaro entrevistados leram a notícia que Fernando Haddad implementou o “kit gay” e 83,7% acreditaram na história. Cf. Disponível em: https: / / www.valor.com.br / politica / 5965577 / estudo-diz-que-90-dos-eleitores-de-bolsonaro-acreditaram-emfake-news. Acesso em: maio de 2019
22 O especialista foi convidado a proferir uma palestra no âmbito do colóquio internacional “Que direita tomou o poder no Brasil?”, organizado na Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais. Com o tema Entre o visível e o invisível: a afirmação lenta e certa da extrema-direita no Brasil Contemporâneo, o historiador falou para estudantes e pesquisadores que procuram entender o atual momento político e social do país. Cf. Disponível em: http: / / br.rfi.fr / brasil / 20170602-ideias-da-extrema-direita-circulam-livremente-no-brasil-diz-historiadorluis-edmundo . Acesso em: maio de 2019.
23 Disponível em: https: / / www.em.com.br / app / noticia / politica / 2018 / 11 / 01 / interna_politica,1002158 / generalheleno-defende-direitos-humanos-para-humanos-direitos.shtml . Acesso em: maio de 2019. Ora, “Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros”. Cf. Disponível em: https: / / nacoesunidas.org / direitoshumanos / . Acesso em: maio de 2019.
24 É sabido que “o estilo fascista baseia-se na repetição interminável destinada a tornar o ficcional plausível e a conduta criminosa desejável (…)”. Atualmente alguns sublinham a novidade da “pós-verdade”, pensando que o desprezo pelos fatos cotidianos e a construção de realidades alternativas sejam algo “pós-moderno”. Contudo, uma releitura atenta de 1984 de George Orwell dissiparia facilmente esta crença. “Os fascistas desprezavam as pequenas verdades da experiência cotidiana, amavam palavras de ordem que ressoavam como uma nova religião e preferiam mitos de criação à história ou ao jornalismo. Usavam os novos meios de comunicação, representados na época pelo rádio, para criar uma propaganda que apelasse aos sentimentos antes que as pessoas tivessem tempo para pensar E hoje, como naquela época, muitas pessoas confundiram a fé num líder cheio de enormes defeitos com a verdade sobre o mundo em que todos vivemos. A pós-verdade é o pré-fascismo” SNYDER, Timothy. Sobre a Tirania: Vinte Lições do Século XX para o presente. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. Tradução de Donaldson M. Garschagen. (p. 32-33). Disponível em ebook em http: / / dagobah.com.br / wp-content / uploads / 2019 / 01 / Snyder-Timothy.-Sobre-a-Tirania.pdf.
25 Conferir as publicações de El País, O Globo, Carta Capital, Estado de São Paulo, Le monde diplomatique, Folha de São Paulo, Observatório da Democracia e Observatório judaico dos direitos humanos, entre tantos outros.
26 A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) nasce do compromisso constitucional do Ministério Público de proteger e promover direitos individuais indisponíveis, coletivos e difusos, desempenhando papel de ombudsman nacional. Nesses cem primeiros dias de 2019, a PFDC se manteve atenta à defesa de garantias fundamentais, em um trabalho que envolveu a articulação com movimentos sociais e organismos internacionais, o monitoramento de políticas públicas, a incidência no Judiciário, além da interlocução com o Congresso Nacional. A diretriz foi de permanente vigilância. Ver Informe PFDC 2019 em 100 dias.
27 Sublinhamos aqui a recente tentativa de “revisionismo” ou “negacionismo” histórico acerca do período de exceção de 1964-1985, assim como de rejeição da Constituição Federal de 1988, presente no “documentário” “1964: Entre Armas e Livros”. Cf. Disponível em: https: / / gauchazh.clicrbs.com.br / politica / noticia / 2019 / 03 / bolsonaro-e-militares-tentam-reescrever-historiasobre-1964-cjtuq47o601rf01llaovmi7mu.html e https: / / www.cartacapital.com.br / opiniao / o-golpe-de-1964-ea-reescrita-da-historia-do-brasil / . Acesso em: maio de 2019.
28 Disponível em: http: / / br.rfi.fr / brasil / 20170602-ideias-da-extrema-direita-circulam-livremente-no-brasil-dizhistoriador-luis-edmundo . Acesso em: maio de 2019.
29 Disponível em: http: / / cnv.memoriasreveladas.gov.br / . Acesso em: maio de 2019.
30 Disponível em: https: / / brasil.elpais.com / brasil / 2014 / 04 / 17 / politica / 1397764903_857222.html . Acesso em: maio de 2019.
31 Disponível em: https: / / www.congressonacional.leg.br / materias / medidas-provisorias / – / mpv / 135064 . Acesso em: maio de 2019.
32 “Artigo II, 1 – Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição” (DUDH – UNIC / RIO / 005, janeiro 2009. DPI / 876, p.5)
33 Disponível em: https: / / www.observatoriodademocracia.org.br / 2019 / 04 / 10 / relatorio-sobre-governobolsonaro-100-dias / . Acesso em: maio de 2019.
34 Sobre o direito de resistência e o tiranicídio: o historiador Mário Turchetti ressalta que tiranicídio, num sentido mais lato, quer dizer acabar com a tirania, o que não significa necessariamente assassinar o tirano, podendo resultar, por exemplo, no seu exílio, que foi historicamente a primeira forma romana de tiranicídio. O primeiro Brutus, Lucius Iunius, condenou ao exílio a Tarquino, O Soberbo. Foi o segundo Brutus, o mais célebre, Marcos Iunius, que ficou famoso ao ser um dos assassinos de Júlio César, cometendo um tiranicídio por meio do homicídio do tirano. Assim, e adequada aos tempos atuais, a doutrina do tiranicídio podia se basear em diferentes direitos de defesa, como o de legítima defesa, de defesa dos inocentes, da pátria, e poderia redundar em deposição, exílio e, no caso mais extremo, no assassinato ou condenação à morte do tirano. TURCHETTI, Mario. ¿Por qué nos obstinamos en confundir Despotismo y tiranía? Definamos el derecho de resistência. Revista de Estudios Políticos (nueva época), n. 137, Madrid, julio-septiembre (2007), pp. 67-111, p.109. É válido ter-se em conta uma das considerações do preâmbulo da DUDH de 1948: “Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão”. (DUDH – UNIC / RIO / 005, janeiro 2009. DPI / 876, p.2).
Walter Luiz de Andrade Neves – Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); professor da Prefeitura Municipal de Itaguaí (RJ). E-mail: drummond@hotmail.com
Pamela Peres Cabreira – Doutoranda em História Contemporânea pela Universidade Nova de Lisboa (UNL) – Portugal; bolsista CAPES. E-mail: cabreiraperes@gmail.com
NEVES, Walter Luiz de Andrade; CABREIRA, Pamela Peres. Editorial. Revista de História da UEG, Morrinhos – GO, v.8, n.1, jan / jun, 2019. Acessar publicação original [DR]
Revista de Ensino de Geografia. Uberlândia, v. 10, n. 18, jan./jun. 2019.
APRESENTAÇÃO
ARTIGOS
- A FORÇA DO LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA NA PRÁTICA DO PROFESSOR |
- Carina Copatti |
- ANÁLISE DAS TEMÁTICAS AMBIENTAIS EM UM LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA
- Fábio Pessoa Vieira | Laura Santana Rodrigues
- AULA DE CAMPO NO ENTENDIMENTO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO: UM PROJETO NO CETI GOVERNADOR FREITAS NETO, TERESINA-PIAUÍ |
- Marcondes e Silva Sousa | Simone Miranda Fontineles da Silva | Emanuel Lindemberg Silva Albuquerque
- AS PERCEPÇÕES DE “BRASIL” DE ESTUDANTES DE 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NO CENÁRIO POLÍTICO ATUAL |
- Victor Hugo Nedel Oliveira | Andreia Mendes dos Santos | Miriam Pires Corrêa de Lacerda
- PAISAGENS DO MEDO EM GEOGRAFIA: A PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DO ENSINO BÁSICO |
- Wilcilene da Silva Corrêa | Amélia Regina Batista Nogueira
- LUGARES DE MEDO E DE ALEGRIA NOS DESENHOS DE ESTUDANTES DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM AULA DE GEOGRAFIA | | Léia Aparecida Veiga | Eloiza Cristiane Torres | LiliamAraujo Perez
- A ESCOLA COMO LUGAR DE FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA | | Daniel Rodrigues Silva Luz Neto | Lineu Aparecido Paz e Silva
- A IMPORTÂNCIA DO CONCEITO DE TERRITÓRIO NO ENSINO DA GEOGRAFIA NAS ESCOLAS DO/NO CAMPO |
- Lis Pimentel Almeida | Ednice de Oliveira Fontes Baitz
- CURRÍCULO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA: TEORIA E PRÁTICA NO CURSO DE UMA UNIVERSIDADE ESTADUAL |
- Klevia Lima Delmiro | Claudionor de Oliveira Silva
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS E PRÁTICAS
- PAISAGEM DA JANELA: ORALIDADE, ESCRITA, DESENHO E MÚSICA PARA LEITURA DA PAISAGEM COM ALUNOS DE 3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL | | Mariane de Oliveira Fernandes
- CONCEITOS CARTOGRÁFICOS NA ESCOLA E NA FORMAÇÃO INICIAL PARA A DOCÊNCIA EM GEOGRAFIA: APROXIMANDO SABERES | | Rafael Aparecido Gonçalves Xavier
History of Education in Latin America. Natal, v.2, 2019.
ARTIGOS
- Educadores brasileiros e o despertar de aptidõesa escrita dos “Subsídios para o estudo do Ginásio Polivalente” (1969)
- Francisco das Chagas Silva Souza e16506 PDF/A
- Veinte años de dictadurala enseñanza de la última dictadura militar (1976 – 1983) en las escuelas secundarias de Argentina
- Gonzalo Amézola e17201 PDF/A (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- A presença/ausência da produção marxiana e de Manacorda nos currículos de pedagogia das universidades federais
- Marco Antonio de Oliveira Gomes e17199 PDF/A
- A expansão do ensino primário rural na região de Birigui – Noroeste Paulista – Brasil (1920-1960)
- Áurea Esteves Serra e17200 PDF/A
- A Revista Careta e a instituição de saberes religiosos nos discursos para a educação feminina (1914-1918)
- Fernanda Conceição Costa Frazão e17295 PDF/A
- Análise de impressos no Brasil Impérioa circulação do ensino universal de Jacotot na pedagogia e homeopatia
- Suzana Lopes Albuquerque PDF/A
- Educação feminina desvalida em Sergipeo caso da Escola da Imaculada Conceição (primeiras décadas do século XX)
- Josineide Siqueira de Santana e17348 PDF/A
- Abordagem cívica e jesuítica da história do Brasil para crianças, no livro do Padre Raphael Maria Galanti
- Ligia Bahia de Mendonça e17350 PDF/A
- Ensino Profissional na nova capital mineira (1909-1927)marcadores republicanos de secularização e Estado laico
- Betânia de Oliveira Laterza Ribeiro, Elizabeth Farias da Silva, José Carlos Souza Araujo, Carlos Eduardo Bao e17351 PDF/A
- Educação Eugênicaas recomendações de Renato Kehl a educadores, pais e escolares
- Paulo Ricardo Bonfim e17449 PDF/A
- Historiografia Educacional no Brasilreflexões a partir das publicações da Revista História da Educação (ASPHE, 1997-2006) e dos Cadernos de História da Educação (UFU, 2002-2011)
- Sauloeber Tarsio de Souza e17794 PDF/A
- Dilemas da experiência liceal em Portugal (1950-1970)relações entre psicanálise e educação na revista Labor
- Matheus Zica, António Gomes Ferreira e17734 PDF/A
- Florêncio Luciano e o Plano de Propaganda Contra o analfabetismo:modernização pela educação no Sertão do Seridó Potiguar – (1928-1929)
- Laísa Fernanda Santos de Farias, Juciene Batista Félix Andrade e19500 PDF/A
- Notas Sobre a Educação no Governo Pedro Gondim e a Criação da Escola Normal Estadual de Campina Grande (1955-1960)
- Pâmella Tamires Avelino de Sousa, Niédja Maria Ferreira de Lima, Fabiana Sena e19501 PDF/A
- Análise dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino de Históriauma reflexão sobre o uso de fontes históricas em sala de aula.
- Raylane Andreza Dias Navarro Barreto, Tayanne Adrian Santana Morais da Silva, Raquel Barreto Nascimento e19540 PDF/A
RESENHA
- História da formação de professores para o Ensino Primário:a Escola Normal em Natal
- Joilson Silva de Sousa, Maria Keila Jeronimo e19593
PUBLICADO: 02-01-2019
Outras Fronteiras. Cuiabá, v.6, n.2, 2019.
Tema Livre
Artigos
- SUMÁRIO
- Viviane Gonçalves da Silva Costa, Francieli Aparecida Marinato
- APRESENTAÇÃO
- Francieli Aparecida Marinato, Viviane Gonçalves da Silva Costa
- NEWTON E A CAUSA DA GRAVIDADE: REALISMO E ANTIRREALISMO
- Renato Cesar Cani
- PROFISSÃO DE ARTISTA: RELAÇÕES ENTRE A ARTE E O TRABALHO NO NEOLIBERALISMO E O ARTISTA VISUAL COMO TRABALHADOR
- Marina Jerusalinsky
- A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS PLANTAS MEDICINAIS DO PARQUE ESTADUAL ZÉ BOLO FLÔ EM CUIABÁ-MT: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA
- Roselayne Ten Cater Piper, Giseli Dalla Nora
- A (RE)OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA E A DILACERAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA: O USO DO TRABALHO ANÁLOGO AO DE ESCRAVO NOS EMPREENDIMENTOS RURAIS DURANTE A DÉCADA DE 1970
- Luciene Aparecida Castravechi
Resenhas
- UMA COMPREENSÃO HISTÓRICA DO ESTADO POR MEIO DOS AUTORES CLÁSSICOS DA LITERATURA POLÍTICA: PLATÃO, ARISTÓTELES, MAQUIAVEL E OS CONTRATUALISTAS
- Fernando Tadeu Germinatti
- NOS JARDINS DE NAPOLEÃO. A AMÉRICA DE HUMBOLDT E DOS VIAJANTES.
- Thiago Costa
Transcrições Comentadas
- DESORDENS NO MATO GROSSO COLONIAL: TRANSCRIÇÃO COMENTADA DE UM MANUSCRITO DE 1798
- Thaisa Maria Gazziero Tomazi e Camila Viais Leite
História, Ciências, Saúde-Manguinhos. Rio de Janeiro, v.26, n.2, 2019.
- História, Ciências, Saúde – Manguinhos: 25+ Carta Dos Editores
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- Riobó, Enrique; Villarroel, Francisco Javier
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- Una etnografía sobre personas viviendo con sida, calidad de la atención y construcción de la enfermedad Livros E Redes
- Bidegain, Evangelina Anahí
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- Uma história da psiquiatria mexicana a partir das fontes clínicas do Manicomio La Castañeda Livros E Redes
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- La medicina popular peruana: la última reedición de un clásico Livros & Redes
- Loza, Carmen Beatriz
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- Soares, Ricardo
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Recorde. Rio de Janeiro, v.12, n.2, 2019.
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Revista Brasileira de Política Internacional. Brasília, v.62, n.2, 2019.
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- Gonçalves, Leandra Regina
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- Magnabosco, Molise de Bem; Souza, Leonardo Lemos de
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- Dell’Aglio, Daniela Dalbosco; Machado, Paula Sandrine
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- · Feminismos plurais: a América Latina e a construção de um novo feminismo Resenha
- Paula, Thaís Vieira de; Galhera, Katiuscia Moreno
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- · La política exterior ya no es cosa de hombres Resenha
- Salomón, Mónica
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- Henning, Carlos Eduardo
- Texto: PT
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Domínios da Imagem. Londrina, v.13, n.25, 2019.
Expediente
Corpo Editorial
Apresentação
- Apresentação
Editores da revista
Artigos gerais
- Imagens que fazem pensar: a seriedade e o grotesco na narrativa da Paraíso do Tuiuti e na transmissão da Rede Globo no carnaval carioca de 2018
- Marcia Neme Buzalaf, Allison Guilherme Gonçalves Bella
- A utilização da hipermídia QR Code como recurso interdisciplinar no livro “Oficina de História” Using QR Code Hypermedia as a Resource interdisciplinary work in the book “History Workshop”
- Ana Maria Pereira Lima, Isaíde Bandeira da Silva, Amanda Gonçalves Alboíno
- Fotografias na Praça: A produção e os usos das fotografias de atestação nos ex-votos de romeiros em Aparecida (SP)
- André Camargo Lopes, Carlos Alberto Sampaio Barbosa
- O Glam Rock brasileiro: moda e comportamento andrógino na década de 1970
- Patrícia Marcondes de Barros
- O uso de fotografias como potencialização da prática nos estudos organizacionais: uma análise à luz de Bourdieu
- João Gabriel Dias dos Santos, Rafael Borim-de- Souza, Camilla Atibaia Cestari
- O que restou da ditadura? Documentário contemporâneo chileno e as tensões da memória
- Carolina Amaral de Aguiar
Pesquisas seminais
- Imagens fotográficas sobre autoritarismo e manifestações estudantis contra os cortes na educação nas cidades de Goiânia e Londrina 15 maio 2019
- Gledson Rodrigues Nascimento
Homenagens
- Professor Paulo Alves, uma vida pela história
- Jozimar Paes de Almeida
Estudios Históricos. Rivera, n.22, dic. 2019.
Estudios Históricos. Rivera, n.22, dic. 2019.
DOSSIER:
- 1 – El mercado de esclavizados en corrientes. Una revisión a la circulación interna y la estructura económica-productiva. 1750-1850.The slaved market in currents. A review of internal circulation and economic-productive structure. 1750-1850.Fátima Valenzuela (Argentina)
- 2 – Amado Bonpland, su vida en la frontera.Amado Bonpland, your life on the border.Mabel Artigas (Argentina)
- 3 – Migración, Fronteras e Identidades en Uruguay.Migration, Borders and Identities in Uruguay.Leticia Núñez Almeida (Uruguay)
- 4 – A legislação imperial e a naturalização de estrangeiros.Imperial legislation and naturalization of foreigners.Carlos Eduardo Piassini (Brasil)
- 5 – Os Valdenses: dos alpes ao prata.The Valdenses: from the alps to silver.Arthur E. Varreira (Brasil)
- 6 – A região platina e as representações míticas de grandes lagos na cartografia do período colonial.The platine region and the mythic representations of great lakes in colonial period cartography.Yuri Batista da Silva (Brasil)
- 7 – A Revolução Federalista (1893-1895) na região fronteiriça platina: projetos políticos e a trajetória de Gaspar Silveira Martins.The Federalist Revolution (1893-1895) in the platine border region: political projects and the trajectory of Gaspar Silveira Martins.Monica Rossato (Brasil)
- 8 – Bacharéis e grupos políticos: trajetórias e o uso positivo do termo partido para a consolidação do estado imperial brasileiro.Bacharéis and political groups: pathways and the positive use of the party term for the consolidation of the brazilian imperial state.Alessandro Pereira – Leonardo Poltozi Maia (Brasil)
- 9 – Metodologias para a análise de relações de poder no espaço fronteiriço platino: as correspondências do general João Nunes da Silva Tavares durante a revolução federalista. Methodologies for the analysis of power relations in the platino border space: the correspondences of general João Nunes da Silva Tavares during the federalist revolution.Gustavo F. Andrade – Cyro Porto Martins (Brasil)
- 10 – Dois eventos a um só tempo histórico: releitura acerca do envolvimento do Brasil nas guerras mundiais.Two events at one historic time: repeal about Brazil’s involvement in world wars.Günther Richter Mros (Brasil)
- 11 – O Prata na América Latina: perspectivas das teses em história no Rio Grande do Sul.The Prata in Latin America: Perspectives of History theses in Rio Grande do Sul.Cláudio Kuczkowski – Tatiane Dumerqui Kuczkowski (Brasil)
- 12 – A Quarta Colônia e a manutenção da identidade, memoria e cultura regional.The Fourth colony and the maintenance of regional identity, memory and culture.Jorge Cruz – Ricardo Kemmerich (Brasil)
- 13 – Fragmentos sobre a memória da educação superior em Santa Maria – RS, Brasil, a partir das instituições gerenciadas pelas Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã. –Fragments on the memory of higher education in Santa Maria – RS, Brazil, from the institutions managed by the Franciscan Sisters of Christian Penitence and Charity.Luciana Souza de Brito (Brasil)
- 14 – Memória e patrimônio na região das missões do Rio Grande do Sul: os usos do passado nos processos de emancipação de São Miguel das Missões e na criação do Memorial Coluna Prestes de Santo Angelo.Memory and heritage in the Rio Grande do Sul mission region: the uses of the past in the San Miguel mission processes and in the creation of the memorial prestes Santo Angelo column.Sandi Mumbach – Amilcar Guidolin (Brasil)
- 15 – Memória e patrimônio: ações de preservação documental no arquivo municipal de São João do Polêsine – RS.Memory and heritage: documentary preservation actions in the municipal file of São João do Polêsine – RS.Pablo Cruz, Higor Barbosa, Murilo Penha (Brasil)
- 16 – Quando o patrimônio cemiterial vira notícia: a agenda jornalística de Santa Maria (RS) para um espaço de memória fúnebre local.When the cemiterial heritage comes news: Santa Maria (RS) journalistic agenda for a local fumble memory space.Fernanda Kieling Pedrazzi (Brasil)
- 17 – Educação patrimonial em espaços não formais de aprendizagem.Heritage education in non-formal learning areas.Marta Rosa Borin (Brasil)
- 18 – Bomba de chimarrão, fruto de hibridação cultural.Mate straw, Cultural hybridization.Ricardo da Silva Mayer (Brasil)
- 19 – O contexto brasileiro na consolidação da independência e a emergência da Revolução Farroupilha (1835-1845).The brazilian context on consolidation of independence and the emergency of the Farroupil Revolution (1835-1845)Maria Medianeira Padoim (Brasil)
- 20 – Paisaje cultural minero: la región aurífera de Minas de Corrales (Uruguay) a través de la fotografía de época (siglo XIX).Mining cultural landscape: the gold region of Minas de Corrales (Uruguay) through vintage photography (19th century).Eduardo R. Palermo (Uruguay)
- 21 – Fronteira e nacionalização: a Segunda Guerra Mundial em Porto Novo (Brasil, 1942-1943)
- João Vitor Sausen (Brasil)
Artículos de este número:
- 01 – Repression as one of the cornerstones of the totalitarian system (on the example of Soviet Russia during the civil warof 1918-1920)La represión como una de las piedras angulares del sistema totalitario (en el ejemplo de la Rusia Soviética durante la guerracivil de 1918-1920).
- Chukanov Ivan Albertovich,Boyko Natalya Semenovna,Mukhamedov Rashit Alimovich,
- Nikolaev Evgeny Evgenyevich,Krasnova Alyona Sergeevna(Rusia)
- 02- A perda dos ervais dos povos de índios no Rio Grande do Sul. AntecedentesThe loss of indian people herbs in Rio Grande do Sul. Background
- Luiz Carlos Tau Golin (Brasil)
- 03- Levantamientos armados y “diplomacia marginal”. João Francisco Pereira de Souza y las redes políticas del gobierno uruguayo en la frontera con Brasil (1908 y 1910)Armed uprisings and “marginal diplomacy”. João Francisco Pereira de Souza and the political networks of the Uruguayan government on the border with Brazil (1908 and 1910)
- Ana María Rodríguez Ayçaguer (Uruguay)
- 04- História regional em perspectiva: a estância jesuítica de San Francisco XavierRegional history in perspective: the jesutic office of San Francisco Xavier
- Tiara Cristiana Pimentel dos Santos (Brasil)
- 05 – O GLOBO SURPREENDIDO: BRIZOLA GOVERNADOR – campanha e eleição de Leonel Brizola ao governo doRio de Janeiro em 1982THE SURPRISE OF “O GLOBO”: BRIZOLA GOVERNOR – campaign and election of Leonel Brizola to the government ofRio de Janeiro in 1982
- Marcelo Marcon (Brasil)
- 06- “Em defesa da Honra”: Violência e sociabilidade em Mallet -PR (1936-1950)
- “In defense of Honor”: Violence and sociability in Mallet -PR (1936-1950)
- Angelica Stachuk,Oséias de Oliveira (Brasil)
- 07 – Revolução Federalista sob perspectiva regional: As invasões na fronteira oeste do estado do Rio Grande do Sul. Federalist Revolution under regional perspective: The invasions on the western border of the state of Rio Grande do Sul.
- Taciane Neres Moro (Brasil)
Mosaico. Goiânia, v.12, 2019.
Congadas: Memória e Tradição Afro-Brasileira
Editorial
- AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, OS ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS E A HISTÓRIA
- THAIS ALVES MARINHO
Apresentação / Presentation
- CONGADAS: MEMÓRIA E TRADIÇÃO AFRO-BRASILEIRA
- Rosinalda Correa da Silva Simoni
Artigos de Dossiê / Dossier
- A RELIGIOSIDADE NOS DISTRITOS DE SOUZÂNIA E INTERLÂNDIA: ESTUDO DE CASO DAS FOLIAS DO DIVINO
- Luan Filipe Coelho, Poliene Soares Bicalho
- A MATERIALIDADE DA FÉ: SACRALIZAÇÃO DOS OBJETOS NAS FOLIAS DE REIS DE ITAGUARI – GO
- IGOR JUNQUEIRA CABRAL
- CONGADAS E REINADOS – CELEBRAÇÕES DE UM CATOLICISMO POPULAR, AFRICANO E BRASILEIRO
- Marco Antonio Fontes de Sá
- FÉ E FESTIVIDADES NAS IRMANDADES NEGRAS NO INTERIOR DO BRASIL: (RE)AFIRMAÇÃO IDENTITÁRIA AFRODIASPÓRICA
- Rosinalda Côrrea da Silva Simoni, Noeci Carvalho Messias
- MEMÓRIA E IDENTIDADE NA FESTA EM LOUVOR A NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E SÃO BENEDITO DA VILA JOÃO VAZ – GOIÂNIA (GO)
- Cleber de Sousa Carvalho
Artigos Livres / Articles
- CENAS DE ATELIÊ: O AMBIENTE DE OFÍCIO REPRESENTADO PELOS PINCÉIS DE OSCAR PEREIRA DA SILVA
- Paula Nathaiane de Jesus da Silva
- RELAÇÕES DE PODER E TENSÃO NO TOMBAMENTO DA JAQUEIRA EM PERNAMBUCO – PE
- Rozeane Porto Diniz
- CENTRO DE TRADIÇÕES NORDESTINAS (CTN): REFLEXÕES SOBRE A PRESERVAÇÃO DA CULTURA NORDESTINA EM DOURADOS-MS
- Clecita Maria Moises
- OS SEMITAS NAS TERRAS DOS EGÍPCIOS – UMA SÍNTESE DE SUAS RELAÇÕES DA 12ª À 20ª DINASTIA
- Sérgio Aguiar Montalvão
Resenhas / Reviews
- BATALHAS MEDIEVAIS – AS 20 MAIS IMPORTANTES BATALHAS DA EUROPA E DO ORIENTE 1000-1500 d.C.
- Samuel Tolentino da Silva
- ENTRE RELÍQUIAS E PEREGRINAÇÕES: SER E ESTAR PEREGRINO NA IDADE MÉDIA
- Raimundo Carvalho Moura Filho
Corporativismos: experiências históricas e suas representações ao longo do século XX / Tempo / 2019
O corporativismo foi frequentemente apresentado por intelectuais, associações, grupos de poder e governos como resposta a um período de crise e alternativa às distorções do paradigma liberal na representação dos interesses produtivos. Essa terceira via entre socialismo e liberalismo pretendia criar uma nova ordem social capaz tanto de “reprimir quanto de cooptar o movimento trabalhista, os grupos de interesse e as elites, por meio dos legislativos orgânicos” (Pinto e Martinho, 2016, p. 19).
As características acima delineadas explicam como o corporativismo demonstou ter sido um projeto político, ideológico e econômico de sucesso, em especial durante os anos convulsivos do período entre as duas guerras mundiais, registrando êxito sobretudo nos regimes autoritários de direita na Europa e na América Latina.
Se é inegável que nos anos entre a promulgação da Carta del Lavoro, de 1927, e o fim da Segunda Guerra Mundial o corporativismo viveu seu apogeu em termos de especulação intelectual e vivência histórica, esse fenômeno merece também ser investigado além do marco cronológico e das correntes da direita autoritária (Schmitter, 1974). Este dossiê, inserindo-se no recente debate sobre o corporativismo como fenômeno transnacional (Pasetti, 2016; Pinto, 2017; Pinto e Finchelstein, 2018), quer investigá-lo como um acontecimento complexo e multifacetado do ponto de vista teórico e de suas experiencias práticas e representativas.
As páginas que se seguem abordam os casos inglês, brasileiro, italiano e português, num período compreendido entre a Primeira Guerra Mundial e a queda do regime salazarista, em 1974, tendo como fil rouge comum a análise dos sistemas políticos contemporâneos em períodos de crise e transição e o papel representado pelo corporativismo em meio a tais mudanças.
Os anos da Grande Guerra no Reino Unido são o cenário do artigo de Valerio Torreggiani. A crise política, militar, e a desconfiança em relação ao sistema liberal, em conjunto com a necessidade sempre mais premente de disciplinar as massas, deram lugar a um intenso debate entre os intelectuais britânicos acerca da necessidade de “garantir a ordem social, implementar a eficiência econômica e realizar a representação funcional-corporativa” (infra p. XX).
Por meio da análise de três momentos tópicos – a conferência organizada no Ruskin College, as atividades desenvolvidas pelo Romney Street Group e o relatório produzido pela Garton Foundation em 1916 -, Torreggiani reconstrói o intenso debate que envolveu intelectuais de várias afiliações políticas para promover uma nova democracia econômica, baseada numa tipologia de representação corporativo-empresarial, que tivesse em seu centro os representantes das associações de interesses.
Essa medida, embora elaborada para responder à crise causada pela Grande Guerra e às mudanças sociais, econômicas e políticas do século XX, além de ter por fim encontrar uma nova ordem capaz de disciplinar a sociedade e suas relações laborais, acabou, paradoxalmente, encontrando espaços limitados nas políticas promovidas pela classe dirigente conservadora, que, assustada pela exacerbação do conflito irlandês e pelas notícias provenientes de Moscou, decidiu não apoiar por completo um corporativismo que previa a cooperação entre as classes sociais.
Da mesma forma que o artigo de Torreggiani demonstra que o conceito de corporativismo foi muito versátil e que as hipóteses de suas realizações práticas foram debatidas também em estados democráticos, com a presença marginal de movimentos fascistas, o estudo de Marco Vannucchi ilustra, de modo original, como, no seio do corporativismo brasileiro, surgiram forças oposicionistas ao regime. O tema principal do artigo é a complexa relação entre o Estado e o corporativismo das classes médias na era Vargas, com enfoque específico sobre as profissões liberais.
Mais uma vez, o corporativismo, entendido como projeto político, econômico e social, se delineia nas páginas do texto como uma solução de ordem perante uma fase de transição – no caso especifico, a surgida após a revolução de 1930, com a proscrição das instituições da democracia liberal-oligárquica. Conquanto Vannucchi defina o Estado Novo como o momento forte do corporativismo, ao mesmo tempo sua análise das posições tomadas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Sindicato dos Advogados nos anos 1944 e 1945 prova como a estrutura corporativa não foi granítica, sobretudo por não ter sido capaz de controlar a oposição ao regime exercida pelas profissões liberais ao fim da ditadura varguista.
O fim do regime corporativo e o papel desempenhado pelo corporativismo em meio às oposições ao fascismo é também o tema central dos artigos de Maurizio Cau e Laura Cerasi, mas o cenário é a Itália dos anos de transição democrática, em 1945. Os recentes estudos sobre o corporativismo fascista (Santomassimo, 2006; Stolzi, 2007; Gagliardi, 2010; Cassese, 2010; Cerasi, 2017) asseveram que o ordenamento corporativo previsto pelo regime de Mussolini foi um projeto político, institucional e econômico de sucesso, tanto por ter tido impacto no debate intelectual quanto pelas práticas corporativas em nível mundial (Pasetti, 2006).
Da mesma forma, evidenciam que, para compreender a fundo o corporativismo é necessário reconstruir o debate sobre esse projeto, analisando as diferentes matrizes ideológicas que o animaram desde o início do século XX até os anos imediatamente sucessivos à queda do regime. Esse é o ponto de partida dos textos de Cerasi e Cau. Os dois artigos traçam um perfil das especulações a respeito do corporativismo em meio às forças políticas democráticas italianas e seus relativos pontos de contatos, fricções e incompatibilidades com o fascismo.
A escolha da análise de longa duração é particularmente interessante, em especial quando os dois textos analisam o que resta do corporativismo, definido por Cau como uma “herança incômoda”, nos anos da definição da Constituição Republicana. Focando a atenção no mundo católico, o autor ilustra como o ponto crucial do corporativismo continuou a alimentar o debate nos anos de redefinição do sistema democrático, tornando-se um dos principais protagonistas da nova Itália republicana.
Cerasi, por sua vez, dissolve a questão da herança do corporativismo fascista sublinhando como o leitmotiv entre as forças políticas que emergiram vitoriosas da luta contra o regime e a experiência política anterior se encontra não no corporativismo per si, que já desde a metade dos anos 1930 havia perdido a força inovadora e aglutinadora, mas na dimensão fundadora desempenhada pelo trabalho, entendido como componente econômico, social e ético do Estado italiano.
Essa é uma centralidade que a autora identifica também na sua forma representativa simbólica, seja no monumento icônico do fascismo – o Palazzo del Lavoro, situado no bairro do Eur, em Roma -, seja naquele documento-monumento representado pela nova Constituição italiana, que no seu primeiro artigo afirma que “a Itália é uma República Democrática baseada no trabalho”.
A abordagem de longo prazo carateriza, do modo similar, o artigo de Dulce Freire e Nuno Estêvão Ferreira dedicado à experiência corporativa no Estado Novo português. É interessante analisar esse texto em comparação com os dois anteriores a fim de destacar os pontos de contato e as divergências entre os sistemas corporativos italiano e português. Valendo-se de um novo conjunto de fontes, Freire e Ferreira reconstroem a criação e a estabilização do sistema corporativo português e sua difusão no território, estabelecendo que esse sistema não surgiu de forma casuística ou desordenada, como afirmado em diversos estudos recentes, mas como um projeto sistemático e moldado nas várias fases do regime.
Os estudos de Cau, Freire e Ferreira provam, portanto, que, para entender completamente o fenômeno do corporativismo em cada Estado – por meio de uma perspectiva mais ampla, como um fenômeno transnacional -, este deve ser pensado não como um instrumento de retórica institucional ou mera criação de estruturas administrativas, mas como um sistema que, mesmo apresentando algumas distorções, acabou por ser funcional e dinâmico ao longo de varias décadas.
No caso português, graças à extensão cronológica maior, os autores mostram que o ordenamento corporativista do Estado Novo, assim como seu ditador, foi caracterizado por aquela “arte de saber durar” (Rosas 2012) que o tornou capaz de se adaptar aos vários momentos políticos e se moldar em função do território, de modo a manter um controle funcional sobre as principais atividades econômicas e, mais em geral, contribuir para preservar o controle político sobre a população.
Em conclusão, os estudos que apresentamos neste dossiê procuram oferecer um novo olhar acerca do fenômeno do corporativismo ao revelar sua poliedricidade política e sua duração de longo prazo. Em particular, o dado mais inovador que emerge da leitura dos textos aqui recolhidos é a análise da capacidade de adaptação e preservação – no que diz respeito a alguns aspectos -, bem como de remoção – no tocante a outros -, que o corporativismo teve dentro das grandes mudanças e os desafios que caraterizaram as sociedades ocidentais ao longo do século XX.
Referências
CASSESE, Sabino. Lo stato fascista. Bolonha: Il Mulino, 2010. [ Links ]
CERASI, Laura. Rethinking Italian Corporatism: Crossing Borders between Corporatist Projects in Late Liberal Era and the Fascist Corporatist State: Topics, Variances and Legacies. In: PINTO, António Costa. Corporatism and Fascism: The Corporatist Wave in Europe. Londres: Routledge, 2017, p. 103-123. [ Links ]
GAGLIARDI, Alessio. Il corporativismo fascista. Roma: Laterza, 2010. [ Links ]
PASETTI, Matteo. L’Europa corporativa: una storia transnationale tra due guerre mondiali. Bolonha: BUP, 2016. [ Links ]
PASETTI, Matteo(Ed.). Progetti corporative tra le due guerre mondiali. Roma: Carocci, 2006. [ Links ]
PINTO, António Costa. Corporatism and Fascism: The Corporatist Wave in Europe. Londres: Routledge, 2017. [ Links ]
PINTO, António Costa; FINCHELSTEIN, Federico. Authoritarianism and Corporatism in Europe and Latin America: Crossing Borders. Londres: Routledge, 2018. [ Links ]
PINTO, António Costa; MARTINHO, Francisco Palomares(Eds.). A vaga corporativa: corporativismo e ditaduras na Europa e na América Latina. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2016. [ Links ]
ROSAS, Fernando. Salazar e o poder: a arte de saber durar. Lisboa: Tinta da China, 2012. [ Links ]
SANTOMASSIMO. La terza via fascista: il mito del corporativismo. Roma: Carocci, 2006. [ Links ]
SCHMITTER, Philippe. Still the Century of Corporatism? The Review of Politics (Cambridge), n. XXXVI, v. 1, 1974. [ Links ]
STOLZI, Irene. L’ordine corporativo: poteri organizzati e organizzazione del potere nella riflessione giuridica dell’Italia fascista. Milão: Giuffré, 2007. [ Links ]
Cláudia Maria Ribeiro Viscardi – Universidade Federal de Juiz de Fora- Juiz de Fora (MG) – Brasil. E-mail: claudiaviscardi.ufjf@gmail.com
http: / / orcid.org / 0000-0002-0277-4478
Annarita Gori – Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa – Lisboa- Portugal. E-mail: annarita.gori@ics.ul.pt
http: / / orcid.org / 0000-0002-8703-8700
VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro; GORI, Annarita. Apresentação. Tempo. Niterói, v.25, n.1, jan. / abr., 2019. Acessar publicação original [DR]
Práticas autorais para uma escola do século XXI | Revista Práticas de Linguagem | 2019
O volume “Práticas autorais para uma escola do século XXI” tem como objetivo divulgar relatos de experiências com práticas pedagógicas advindas do exercício docente de alunos egressos do Mestrado Profissional em Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Resultado do I Encontro de Egressos do PROFLETRAS/UFJF, os relatos apontam para o reconhecimento das ações formativas desse programa de pós-graduação stricto sensu em Letras, o qual se configura como um espaço de formação continuada para professores de língua portuguesa do Ensino Fundamental, alicerçado na valorização dos saberes docentes, na troca de experiências, na fundamentação teórica das práticas desenvolvidas e no constante exercício de reflexão sobre a própria prática. Leia Mais
O papel dos colégios de aplicação na formação docente | Revista Práticas de Linguagem | 2019
O ensino, a pesquisa e a extensão formam a natureza tríplice dos 17 Colégios de Aplicação existentes no Brasil. O presente volume, intitulado “O papel dos colégios de aplicação na formação docente”, convida o leitor a conhecer um pouco dessa vocação, por meio dos artigos e relatos de experiência que compõem este volume e que revelam a diversidade e a riqueza do trabalho dos docentes que atuam nos Caps.; da entrevista que coloca em foco o Programa Residência Docente da Universidade Federal de Juiz de Fora e da seção Fale para o Professor, que evidencia a importância dos estágios supervisionados no cotidiano dos Caps.
Os dois artigos científicos que compõem este número da Revista Práticas de Linguagem contribuem para o questionamento do papel da escola na construção de uma educação crítica e democrática, quer problematizando seu protagonismo na formação leitora, em disputa com outras influências, quer discutindo os discursos que a atravessam, a partir das perspectivas de gênero e corpo, apontando para a necessidade de mudanças de perspectivas em relação aos temas e para a criação de espaços e estratégias diferenciados de aprendizado. Leia Mais
As cidades entre a memória, o imaginário e o patrimônio | Revista Latino-Americana de História | 2019
Ítalo Calvino (1990), em sua obra “As cidades invisíveis”, demonstra, a partir da literatura, como as cidades relacionam-se com variadas dimensões da experiência humana – a memória, o desejo, os símbolos, as trocas, os sonhos… todas essas representações podem descrevê-las, ou desvendar as múltiplas faces de uma mesma cidade. Cada urbe descrita revela uma vivência possível dentro de um universo de possibilidades que as mais diferentes e variadas cidades oferecem aos seus moradores.
Ao propor um dossiê envolvendo cidade, memória, imaginário e patrimônio, uma vasta gama de possibilidades foi aberta aos pesquisadores. Alternando temas, fontes, problemas, metodologias e abordagens, diversos artigos foram submetidos a Revista Latino-Americana de História. No entanto, todas as pesquisas apresentam a cidade como foco de análise e objeto de reflexão por parte dos autores. Leia Mais
História do Esporte e Comunicação: para além da imprensa e da mídia como fontes | Recorde | 2019
É com imensa satisfação que apresentamos uma seleção de trabalhos envolvidos com temáticas relacionadas à História do Esporte e da Comunicação. A proposta de organizarmos o presente dossiê surgiu de nosso envolvimento em ambas as disciplinas e da percepção de que existem imensas lacunas e possibilidades na intersecção entre elas. Não obstante, a adesão de pesquisadores nos surpreendeu, tanto pela quantidade de submissões, quanto pelo atendimento a algumas das sugestões e provocações que fizemos na chamada de trabalhos.[3] Neste sentido, foi possível organizar um dossiê com temas diversificados, fato que reforça nossa perspectiva de que existe uma via em construção nos estudos do esporte para pesquisadores de diferentes áreas que dialogam com a História do Esporte e a Comunicação.
Isto posto, convidamos os leitores a apreciarem os artigos. Primeiramente, destacamos três trabalhos que abordam o evento Jogos Olímpicos e dois sobre os Jogos Paralímpicos. Elcio Cornelsen e Izidoro Blikstein escreveram “A utilização da mídia em estratégias de marketing político no contexto da Olímpiada de Berlin” buscando identificar a construção da imagem que a imprensa alemã estabelece no momento da realização do evento utilizando um arcabouço conceitual das áreas de Marketing Político, Mídia e Análise do Discurso. Intitulado “Olimpíadas Rio 2016: A (In) Sustentabilidade do nosso Legado”, o trabalho de Roberta Ferreira Brondani e José Carlos Marques apresenta uma crítica ao suposto legado olímpico a partir de uma comparação entre o que apresenta a página “Rio 2016” no Portal do Comitê Olímpico Internacional e o conteúdo de reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, dois anos após os jogos. O artigo “Os Jogos Olímpicos jamais foram modernos: um ensaio da antropologia simétrica ao longo da história olímpica”, de Carlos Roberto Gaspar Teixeira e Roberto Tietzmann, se utiliza da perspectiva teórica da antropologia simétrica para problematizar a questão da presença dos “não-humanos” nos Jogos Olímpicos, bem como questionar o caráter moderno desses eventos utilizando como referência conceitual a proposta de Bruno Latour em sua obra Jamais fomos modernos (1994).
No que concerne as Paralimpíadas, o artigo de Tatiane Hilgemberg apresenta o desenvolvimento histórico do evento paralímpico em diálogo com as transformações ocorridas nos jogos, no próprio esporte e nas representações da ideia de deficiência. A autora estabelece também um paralelo com estudos críticos da deficiência e apresenta dados de sua pesquisa sobre a cobertura das Paralimpíadas pelo diário O Globo. Em “Paralimpíadas Escolares (2006-2018): evidências em mídias digitais acerca do evento esportivo”, Giandra Anceski Bataglion e Janice Zarpellon Mazo abordam o tema a partir de uma perspectiva local, descrevendo detalhadamente as composições históricas para a organização das Paralímpiadas Escolares no Brasil e buscando identificar agentes importantes, bem como sua repercussão em mídias digitais.
Dois trabalhos que relacionam a Economia com temáticas histórico-comunicacionais não apenas trazem discussões importantes, mas apontam promissoras e pouco exploradas sendas de investigação. Anderson David Gomes dos Santos apresenta uma pesquisa sobre os direitos de transmissão em eventos esportivos no Brasil articulando o tema com um estudo sobre a legislação desportiva no país. Trata-se de uma abordagem inovadora no âmbito da discussão de políticas públicas e econômicas sobre esporte que faz parte de um trabalho comparativo mais amplo com outros países latino-americanos (Argentina e México).
O trabalho coletivo capitaneado por Ana Carolina Vimieiro parte de uma perspectiva histórica da economia política do futebol para analisar criticamente as transformações, contradições e conflitos na mais recente “onda” do processo de mercantilização do futebol no país. Para tanto, as autoras utilizam conceitos como neoliberalização, comodificação e hibridação e uma análise empírica de tradicionais aspectos da organização estrutural e das relações de poder na conformação do futebol brasileiro no século XXI.
Quatro trabalhos se voltam para países latino-americanos, utilizando diferentes fontes para debater aspectos relativos aos próprios países ou à relação com outras nações.
Andrés Morales apresenta aspectos de sua atual pesquisa de doutorado sobre a representação simbólica da final de 1950 no imaginário coletivo dos uruguaios. Trabalhando com o conceito de hibridação de Néstor Canclini para analisar o discurso em diversas fontes da imprensa do país, o autor aponta também a importância do rádio e os vínculos politicos presentes nos diferentes meios de comunicação. Uma reflexão sobre a hipótese de “Maracanização” da sociedade uruguaia e sua influência no próprio futebol do país complementam o artigo, que aponta novos caminhos de investigação sobre um tema paradigmático nos estudos que relacionam Copas do Mundo e identidade nacional tanto no Brasil quanto no Uruguai.
O artigo de Gastón Laborido apresenta uma contextualização histórica dos fatores que possibilitaram a introdução do futebol na cidade de Montevidéu e a entrada desse esporte nos veículos da imprensa no início do século XX. A hipótese de um processo de “criolização” do futebol uruguaio, que teria surgido a partir da formação de um estilo de jogo híbrido, marcado pela presença de imigrantes que se contrapunham à forma britânica de praticá-lo, é reforçada e analisada nos discursos dos periódicos citados.
A partir de uma perspectiva da Nova História Política, o artigo de Alvaro do Cabo aborda questões sobre a Copa do Mundo de futebol realizada na Espanha em 1982. A primeira parte do trabalho é uma contextualização da conjuntura histórica que possibilitou a realização do torneio no país europeu: a transição democrática após a longa ditadura franquista. O segundo item utiliza os periódicos argentinos Clarín e El Gráfico para analisar as expectativas em torno da participação da seleção argentina, então campeã do mundo, na Copa de 1982, em meio a um contexto político marcado pelo conflito bélico com a Inglaterra, conhecido como Guerra das Malvinas.
Leda Soares e Carlos Guilherme Vogel analisam a série de ficção Club de Cuervos, uma produção latino-americana ambientada no México. Além de uma interessante contextualização da pro