História & Cinema | ArtCultura | 2013

Edição especial: Ano XV

Como quem participa de uma corrida de obstáculos – o pão nosso de cada dia de todos os que têm pela frente a edição de periódicos universitários –, a ArtCultura 27 comemora o Ano XV da revista. Para nossa satisfação, as dificuldades encontradas ao longo do caminho foram em grande parte superadas graças ao esforço e colaboração de um sem-número de pessoas e agências. No caso destas, ressaltamos a injeção de recursos que, em diferentes momentos, recebemos do CNPq, da Capes e da Fapemig, bem como da Edufu.

Ao retomarmos as pegadas de sua caminhada, constata-se que uma publicação que nasceu ancorada num projeto relativamente tímido adquiriu, com o passar do tempo, adquirindo maior musculatura intelectual. Abriu-se, por assim dizer, para o mundo a ponto de acolher contribuições de distintos países das três Américas e da Europa (neste número, por exemplo, contamos com colaboradores radicados na Alemanha, Estados Unidos, França e Inglaterra). Ao convocarmos igualmente colegas brasileiros para juntarem-se a nós, a resposta obtida foi a mais positiva. Centenas e centenas de textos assinados por pesquisadores de todos os cantos do país chegaram até nós, o que nos possibilitou procurar manter a qualidade dos artigos publicados, algo atestado por nossos quase mil assinantes.

Em que pese a voragem dos crescentes afazeres que atingem a vida acadêmica, buscamos não arredar pé dos nossos propósitos. À época do surgimento da revista, em 1999, ainda havia – se bem que isso não significa afirmar que eles se dissiparam por completo – muitos mal-entendidos e preconceitos que rondavam o campo no qual nos situamos: a História Cultural e/ou a história cultural do social, quando não a história social da cultura. Pensamos ter colaborado para destravar determinado tipo de pensamento ao nos lançarmos à tarefa – assumida, é certo, por muita gente em diversas trincheiras de luta – de suturar áreas do conhecimento comumentemente cindidas. História, arte e cultura em geral se deram as mãos aqui. Por sinal, chamada, de início, ArtCultura, ela, que em 2004, com seu n. 9, sofreu um redirecionamento considerável, a partir do n. 13, datado de 2006, alterou sua denominação, ou melhor, complementou-a; foi rebatizada como ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte.

Para esta edição comemorativa do seu Ano XV, empreendemos uma viagem no tempo e reproduzimos 17 textos até então não disponibilizados na versão on line (eles cobrem a etapa que se estende da ArtCultura 9 à 13, quando ela se limitava a ser apenas impressa) e que estão entre os mais solicitados por nossos leitores (excluímos outros tantos que já haviam sido franqueados no formato digital). Destacam-se cinco blocos. O primeiro deles com um pequeno rol de nossos colaboradores internacionais. Seguem-se trabalhos agrupados em torno de quatro eixos temáticos que alimentaram a história da revista, pondo em evidência os enlaces entre História, Música, Cinema, Teatro e Artes Visuais.

Reservamos para este número tão somente um artigo inédito, de autoria do nosso conselheiro José Roberto Zan. Convidado especialmente para abri-lo, Zan aceitou de pronto a incumbência. Desde 2004, quando a ArtCultura conheceu uma reformulação radical dos seus quadros, ele jamais se negou a nos prestar-nos sua contribuição. Ex-professor do Departamento de Ciências Sociais da UFU, docente do Instituto de Artes e do Programa de Pós-graduação em Música da Unicamp, Zan vem ainda, não é de hoje, se dedicando à formação de novos pesquisadores no âmbito da música popular. Tudo isso pesou para o distinguirmos com essa consideração.

Nesse embalo, queremos também render nossas homenagens ao conselheiro Marcos Antonio de Menezes, que se graduou em História na UFU. Professor extremamente atuante, vinculado à Universidade Federal de Goiás-campus Jataí, ele é o único remanescente do núcleo de fundadores da ArtCultura. Foi, certamente, anos atrás, quem mais se atirou com afi nco ao trabalho de internacionalização da ArtCultura, estabelecendo contatos com intelectuais do porte de Robert Darnton, Marshall Berman, Dolf Oehler e outros mais. A Marcos, pois, o que é de Marcos.

E mais: não poderíamos nos esquecer de apresentar um agradecimento público a Eduardo Warpechowski, que, em larga medida, responde pelo projeto visual da ArtCultura. A revista, num certo sentido, é a sua cara, ela que até desperta reações de admiração de quem confessa aguardar com ansiedade pelas suas capas e se entrega à fruição das imagens (agora coloridas) que a recheiam. Desde o n. 10, de 2005, foi-lhe passado esse bastão, e Edu, como é tratado na intimidade, arcou com tal função com competência.

Dois registros finais. O primeiro é para saudar a entrada em nosso conselho editorial de Wolney Vianna Malafaia, professor do Colégio Pedro II, com doutorado em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas, ambos do Rio de Janeiro. Faz muitos anos que Wolney se ligou à ArtCultura. Era mais do que chegada a hora de consolidar de vez essa ligação e, de quebra, republicar seu texto sobre o Cinema Novo e a política cultural cinematográfica no período da ditadura militar no Brasil.

Nem tudo são flores, porém. O semestre que ora finda assinalou, lamentavelmente, a morte de um intelectual de prestígio internacional, Marshall Berman. Como se não bastasse seu legado, para nós, em particular, sua ausência cava um vazio. Entusiasmado com o projeto da revista, ele se dispôs, já em 2007, a colaborar conosco com alguma frequência (como se viu nas edições n. 14 e 18, para não falar aqui de outras propostas engatilhadas). Seja como for, Marshall Berman continuará a figurar in memoriam em nosso conselho consultivo.


Organizadores

Adalberto Paranhos – Mestre em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Doutor em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor do Instituto de Ciências Sociais e dos Programas de Pós-graduação em História e em Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pesquisador do CNPq. Autor, entre outros livros, de O roubo da fala: origens da ideologia do trabalhismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2007.  E-mail: [email protected]

Kátia Rodrigues Paranhos – Professora do Instituto de História da UFU e co-editora da ArtCultura.


Referências desta apresentação

PARANHOS, Adalberto; PARANHOS, Kátia Rodrigues. Apresentação. ArtCultura. Uberlândia, v. 15, n. 27, p.5-6, jul./dez. 2013. Acessar publicação original [DR]

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