História da Mídia e Saúde | Revista Brasileira de História da Mídia | 2020

Em plena pandemia do coronavírus, que completou mais de um ano e já vitimou mais de 2 milhões pessoas no mundo todo, discutir as relações entre a saúde e os processos comunicacionais é fundamental. Com o objetivo de aprofundar o debate sobre o assunto, a Revista Brasileira de História da Mídia publica, nesta edição, a primeira parte do dossiê História da Mídia e Saúde, que tem como editores convidados os professores Igor Sacramento e Wilson Couto Borges. O conjunto de textos selecionados lança luz sobre a história do presente, problematizando e analisando a pandemia do novo coronavírus, assim como desvela as relações entre mídia e saúde em momentos importantes do nosso passado recente.

Para pensar a pandemia do coronavírus em contraste com epidemias do passado, como a gripe espanhola, o artigo de Paulo Vaz, Nicole Sanchotene e Amanda Santos, que estudam a articulação entre sofrimento e futuro, traz relevantes contribuições. Em uma discussão metodológica, Maria Lívia de Sá Roriz observa as aproximações e distanciamentos entre as histórias de vida na pesquisa em comunicação e a abordagem de escuta realizada na clínica analítica.

Allan de Gouvêa Pereira analisa os processos de saúde-doença em relatos biográficos, para discutir questões como reivindicações e fatores culturais que envolvem os atores sociais em seus estados de saúde e doença. As investigações sobre mídias digitais compõem também estão presentes – a formação de redes relacionadas à pandemia no twitter é o tema do artigo de Priscila Kalinke, Anderson Alves da Rocha e Karol Natasha Lourenço Castanheira.

Marcio da Silva Granez analisa o papel da “autoridade” médica na divulgação de conhecimentos científicos durante a crise sanitária da covid-19. A campanha publicitária do governo federal “O Brasil não pode parar” é o objeto de pesquisa de Julio Cesar Sanches, Raika Julie Moisés e Rhayller Peixoto da Costa Souza – o estudo é realizado tendo como eixos norteadores o racismo e a desigualdade social.

A cobertura da imprensa capixaba durante a epidemia de febre amarela no Espírito Santo é analisada por Marcio Martins Calil e Victor Israel Gentilli, que estudam os jornais impressos A Gazeta e A Tribuna. O discurso de saúde pública por meio da divulgação de dados da Covid-19 e suas repercussões midiáticas e populares é discutido por Victória Sayuri Freire dos Santos Kudeken. Izamara Bastos Machado estuda a produção de memórias sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) no jornal O Globo no ano de 1988.

A edição conta também com artigos gerais, que contemplam temáticas diversas, mas dialogam entre si por serem estudos de história da mídia. De Portugal, Jorge Pedro Sousa e Helena Lima traçam uma proposta de periodização para a história do jornalismo em seu país. As dinâmicas históricas e as contradições que antecedem as atividades do jornalismo impresso em Goiás são discutidas por Rosana Maria Ribeiro Borges e Marialva Carlos Barbosa, em trabalho que analisa as atividades mercantis e escravagistas do Comendador Joaquim Alves de Oliveira.

As narrativas visuais sobre a Primeira Guerra na revista A Cigarra são observadas por Ana Regina Rego, Antonio Carlos Hohlfeldt e Ranielle Leal Moura, com o objetivo de investigar a historicidade e a força das imagens na construção dos contextos que chegavam ao Brasil. Mario Luiz Fernandes estuda a trajetória da revista Grifo, primeira publicação dessa linha do Mato Grosso do Sul, em 1979 – a revista foi lançada simultaneamente à instalação do estado.

Janaíne Kronbauer e Juliana Gomes investigam a defesa do ambiente natural nas ondas do rádio, tendo como objeto de pesquisa o programa Ambiente Vivo, veiculado pela Unijuí FM de 2001 a 2013. O debate sobre a leitura no universo digital é realizado por Taynée Mendes Vieira e Márcio Souza Gonçalves, em artigo que revisita o pensamento de autores clássicos da história do livro para problematizar uma visão linear dessas histórias e pensar uma concepção complexa da relação entre leitura, tecnologia e cultura na história.

A construção de memórias em torno de Edson Luís de Lima Souto, estudante assassinado no Rio de Janeiro em 1968, é analisada por Leylianne Alves Vieira em edições do jornal Folha de S. Paulo e Jornal do Brasil, publicadas no dia seguinte à morte, e três livros. Edna Mendes dos Reis Okabayashi e Monica Franchi Carniello estudam o processo de constituição e institucionalização da comunicação pública do governo do estado de Rondônia.

Boa leitura!


Organizadores

Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia


Referências desta apresentação

Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia. Editorial. Revista Brasileira de História da Mídia. São Paulo, v. 9, n. 2, p. 6-7, jul./dez. 2020. Acessar publicação original [DR]

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