História do Tempo Presente: perspectivas / Tempo e Argumento / 2017

História do Tempo Presente / Tempo e Argumento / 2017

O Programa de Pós‐Graduação em História, da Universidade do Estado de Santa Catarina, comemora dez anos de existência em 2017 com uma ótima notícia. No último ano, este periódico do curso, a revista Tempo & Argumento, obteve posicionamento no estrato A2 no sistema de avaliação Qualis / Capes. Esta conquista é fruto do trabalho árduo de editores, docentes, discentes, técnicos universitários e gestores públicos. Agradecemos a todas as pessoas envolvidas nos esforços de dar consistência à revista desde 2009 e, em especial, aos editores anteriores Rogério Rosa Rodrigues e Márcia Ramos de Oliveira.

Aproveitamos para informar também que nos próximos números de Tempo & Argumento apresentaremos uma nova seção, denominada Debates, bem como contaremos com editores assistentes internacionais. Essas inovações têm o objetivo de fazer com que o periódico seja cada vez mais uma referência nacional e internacional nos estudos da História do tempo presente.

Este primeiro número de 2017 conta com as seções Dossiê, Artigos, Resenha, Entrevista e Tradução. O dossiê História do Tempo Presente: perspectivas é composto por cinco artigos que debatem rumos desse domínio historiográfico em construção no Brasil, seja do ponto de vista da teoria ou sob o viés metodológico.

“Ditaduras brasileiras: aproximações teóricas e historiográficas”, de autoria de Carlos Fico, discute visões presentes na historiografia brasileira e estrangeira sobre o tema da ditadura militar, bem como os embates acerca das temporalidades que configuram esse período histórico. A historiadora Maria Conceição Francisca Pires, no artigo “Bob Cuspe: resistências microscópicas, contra condutas e a potência do ‘não’ nos quadrinhos underground de Angeli”, analisa as novas formas de expressão do campo do político que emergiram nos anos de 1980 através dos quadrinhos do cartunista Angeli. Daniel Pinha Silva, por sua vez, no artigo “O lugar do tempo presente na aula de história: limites e possibilidades”, apresenta uma reflexão sobre os usos pedagógicos da epistemologia que norteia os estudos sobre o tempo presente. O discurso jornalístico e suas intersecções com o campo disciplinar da História no que tange ao teórico e ao metodológico é o tema do artigo de Rodrigo Bragio Bonaldo, intitulado “Quando a Odebrecht construiu Salvador: a narrativa jornalística da história na coleção Terra Brasilis, de Eduardo Bueno (1998‐2006)”. As historiadoras Luciana Rossato e Maria Teresa Santos Cunha apresentam uma cartografia das pesquisas realizadas pelos discentes do Programa de Pós‐Graduação em História, da Universidade do Estado de Santa Catarina, entre 2007 e 2017. O artigo é alusivo às comemorações de dez anos de criação do curso.

A seção Artigos também é composta por cinco trabalhos de investigação. O historiador Alberto Gawryszewski, em um estudo de caráter comparativo entre a revista “Careta” e a imprensa comunista, esboça um panorama sobre caricaturas de Getúlio Vargas produzidas entre 1945‐1954. A antropóloga social Miriam de Oliveira Santos discute os pressupostos que balizaram a produção de identificações entre grupos sociais – italianos, alemães e portugueses – que habitavam o Sul do Brasil nos séculos XIX e XX. Jorge Pagliariani Junior, por sua vez, em um estudo acerca da História Pública, reflete sobre os processos de produção dos conteúdos históricos de sites de municípios do Estado do Paraná. O historiador Marcelo Hansen Schachta, em artigo que tematiza os testemunhos na Comissão Nacional da Verdade do Paraná, problematiza um conjunto de questões presente na Justiça Restaurativa no Brasil. Por fim, Mario Marcelo Netto discute a produção historiográfica do historiador estadunidense Robert James Maddox, tendo em vista o problema posto na relação temporal presente‐futuro‐passado.

A seção Resenha traz a análise de duas obras. O historiador Dilton Cândido Santos Maynard comenta de forma crítica a obra do historiador francês Henry Rousso, membro do Institut de Histoire du Temps Présent (IHTP), intitulada “La dernière catastrofe: l´histoire, le présent, le contemporain”, traduzida para o português em 2016. A tradução dessa obra de grande importância para o estudo da História do tempo presente ocorreu a partir de uma parceria entre o Programa de Pós‐Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina e a Fundação Getúlio Vargas. Dilton Cândido Santos Maynard, além de descrever o conteúdo do livro, aponta para o / a leitor / a os principais debates de cunho teórico metodológicos propostos por Henry Rousso. Em seguida, o historiador Carlos Gregório dos Santos Gianelli apresenta comentários críticos sobre o livro “As estórias a favor da História: as efemérides mineiras de José Pedro Xavier da Veiga”. Na resenha são ressaltadas as interfaces entre o discurso literário e o da História.

Esse número da revista Tempo e Argumento inaugura um conjunto de entrevistas que serão realizadas ao longo de 2017 com historiadores / as da América Latina com o intuito de traçar um cenário sobre esse campo historiográfico no continente. O primeiro pesquisador, entrevistado por Elisangela da Silva Machieski, foi Hugo Antonio Fanzio Vengoa. O historiador, autor de vários estudos sobre História Global e História do Tempo Presente, descreve seu itinerário nesse campo do saber, bem como a situação em que se encontra a História do tempo presente em seu país, a Colômbia.

A seção Tradução apresenta o capítulo 4 da obra do historiador inglês Quentin Skinner intitulada, “Visions of Politics” inédita no Brasil, vertido para o português por Marcus Vinícius Barbosa. O referido capítulo do livro constitui‐se em referência para os estudos sobre a relação entre Filosofia Política e a História.

Silvia Maria Fávero Arend

Luiz Felipe Falcão 

Editores


AREND, Silvia Maria Fávero; FALCÃO, Luiz Felipe. Editorial. Tempo e Argumento, Florianópolis, v.9, n.20, 2017. Acessar publicação original [DR]

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