História, Educação e Sociedade / Cadernos do Tempo Presente / 2016

Esta edição dos Cadernos do Tempo Presente traz consigo textos livres e um dossiê, intitulado História, Educação & Sociedade. Para nossa revista, ter a oportunidade de abrigar coletâneas de textos produzidos por pesquisadores vinculados à Pós-Graduação é privilégio. Estamos contentes pela adesão dos estudiosos que compõem esse dossiê e esperamos contar com a mesma confiança de outros pesquisadores. Nossa revista está sempre aberta a propostas de blocos temáticos.

Ao mesmo tempo, a contínua colaboração de autores que individualmente submetem seus artigos ao nosso periódico permanece fundamental para a existência dos CTP, sobretudo depois do grave problema decorrente do nosso “sumiço” temporário da plataforma Qualis Capes. Problema que esperamos ver resolvido no setembro que se inicia.

Entre os textos que antecedem ao dossiê, o primeiro é de Luiz Alberto Ribeiro Rodrigues, cujo objetivo é estudar a gestão escolar nos sistemas municipais e estadual de educação em Pernambuco, caracterizando suas concepções e práticas. Para isso utilizou como aporte teórico os conceitos de gestão escolar democrática e autonomia nas perspectivas pedagógica, administrativa e da gestão financeira, além de elementos da teoria da administração existente na prática de gestão escolar. Como metodologia utilizou da pesquisa participante e análise de políticas públicas. Sendo assim, procurou compreender e problematizar aspectos técnicos, políticos e estratégicos da gestão escolar.

Ainda na área de políticas públicas e gestão democrática, mas com foco nas escolas da rede estadual de ensino de Alagoas, Luciene Amaral da Silvae Inalda Maria dos Santos investigam a presença de indicações de gestores dentro deste processo. Ou seja, as autoras identificam as falhas no sistema democrático de gestores escolares no estado e na sua Legislação. Para esta pesquisa utilizaram do método qualitativo em um estudo de caso, mais especificamente em três escolas, para apresentar como a participação da sociedade civil no Conselho Escolar e suas medidas ainda possuem deficiências no estado de Alagoas.

Mudando o foco para as Ciências Sociais a partir dos Estudos Culturais, José Cristian Góes faz uma reflexão teórica dos conceitos de identidade e dispositivos, observando seus entrelaçamentos. Para tal, Góes entende identidade como uma construção social presente no cotidiano. Ao passo que adota as ideias de Michel Foucault sobre dispositivos como uma ferramenta política utilizada nas relações de poder. Assim, o autor tenta pensar as configurações contemporâneas e globalizantes das identidades.

Em seguida, temos um dossiê sobre História, Educação & Sociedade, composto por sete artigos produzidos por pesquisadores de diferentes instituições. Abrindo os trabalhos, Ana Paula Leite Nascimento e Maria Helena Santana Cruz fazem um estudo sobre a relação entre escola e juventude. Trabalhando com a ideia de cultura a partir das culturas juvenis das escolas, as autoras discutem os desafios do diálogo entre os sujeitos escolares e contribuem com referências teóricas para entender manifestações e estilos da vida juvenil.

Já em uma abordagem mais voltada para a História Econômica e marcante influência do conceito marxista de lutas de classes, Jailda Evangelista do Nascimento Carvalho e Sônia Meire Santos Azevedo de Jesus analisam a contradição entre o avanço de políticas públicas na Educação Superior e o fechamento das escolas no campo em Sergipe. Observando o contexto neoliberal do agronegócio e as transformações que esse sistema causou na vida camponesa, elas refletem sobre como este cenário causou danos na educação dos camponeses.

No texto seguinte, com o propósito de abordar a construção de conhecimento nas redes, Maria Conceição da Silva Linhares observa como nestes espaços se processa a interação entre sujeitos e o meio. Desta forma, a autora reflete sobre as conexões entre os indivíduos e os contextos socioculturais que estão inseridos e a forma como os percebem. Para isto, utilizada as ideias da relação dialógica como princípio de formação e a metáfora do conhecimento como fluxo de comunicação e interação. Isso para evidenciar como conceitos, saberes e contextos se interconectam através de uma rede.

Continuando no tema sobre TICs, Socorro Aparecida Cabral Pereira trabalha com a formação de professores e a sua inserção no contexto digital. Para isso, utiliza o paradigma educacional emergente proposto por Maria Cândido Moraes e as narrativas dos bolsistas de Iniciação a Docência (PIBID) como campo de reflexão teórica. São utilizadas as ideias de cibercultura, interatividade e colaboração narrativas para entender como ocorre a inserção destes indivíduos no ciberespaço.

O terceiro artigo do dossiê é de autoria de Flávia Lopes Pacheco, cujo trabalho reflete sobre as relações entre educação e cultura popular. A autora entende que a educação possui um caráter emancipador capaz de transformações sociais e de combate ao domínio sobre povo. Sendo assim, neste texto são analisadas essas concepções por meio da educação popular fora dos espaços escolares com a criação de projetos com tais fins. Neste cenário, Pacheco adota principalmente as ideias de Paulo Freire na elaboração destas iniciativas.

Finalizando o dossiê, os dois últimos artigos tratam-se de textos na área da linguagem, abordando sobre o ensino de inglês. O primeiro, de Aline Cajé Bernardo, trabalha com o conceito de identidade no processo de ensino e aprendizagem do inglês. Seu objetivo é analisar como as interações dos alunos com os estrangeiros contribuem para a ressignificação das identidades e influencia na aprendizagem do novo idioma. Nesta abordagem a autora entende que a compreensão da língua é uma pratica social. Como aporte teórico-metodológico utilizou da Teoria da Relação com o Saber de Bernard Charlot e realizou entrevistas com estudantes do ensino fundamental aplicando questionários.

Encerrando a coletânea, Rodrigo Belfort Gomes investiga o método direto para o ensino de inglês. Criado no século XIX com o advento dos estudos fonéticos e instituído no Brasil em 1931, este método priorizava a oralidade. Em seu texto, Gomes analisa a lei que instituiu o referido método e a sua recepção por parte dos professores, observando as possíveis reações aos métodos da gramática e da tradução.

Após o dossiê, temos a resenha de Diego Leonardo Santana Silva sobre a obra “A informação: uma história, uma teoria, uma enxurrada” de James Gleick.

Desejamos a todos uma ótima leitura!

Os Editores


Editores. [ História, Educação e Sociedade]. Cadernos do Tempo Presente, São Cristóvão, n.23, 2016. Acessar publicação original [DR]

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