História Social | Em Perspectiva | 2018

Neste número, a Revista Em Perspectiva acolheu investigações que abordam diferentes objetos, fontes e recortes temporais com o intuito de fomentar um debate amplo em torno das potencialidades da área de concentração em História Social. Assim sendo, os trabalhos aqui reunidos têm como foco as múltiplas experiências historicamente construídas por homens e mulheres.

Partindo dessa premissa, Ana Luíza Mello Santiago de Andrade, em Coisas da cidade: as transformações urbanas de São Paulo e seus debates na imprensa periódica na década de 1920, analisa as crônicas publicadas por Plínio Barreto durante a década de 1920 no jornal O Estado de S. Paulo, no período em que ocorriam diversas obras estruturais e nos hábitos cotidianos, para perceber tanto o processo de modernização ocorrido na cidade como também a forma como a imprensa periódica atuava de forma pedagógica para ensinar os habitantes como usufruir da modernidade.

Em O empoderamento da educação nos sertões do Rio Grande do Norte: José de Azevêdo Dantas, Ariane de Medeiros Pereira e Paula Rejane Fernandes discutem o papel da educação nos sertões do Rio Grande do Norte, na primeira metade do século XX, como um meio capaz de promover alteridade aos atores sociais que pudessem se apoderar do saber através do discurso civilizador e progressista que despontava no Brasil nas primeiras décadas do período republicano.

Já Bárbara Madruga da Cunha, no artigo Uma análise histórica da criminalização do auto aborto no Brasil (1890-1940):dos discursos médicos ao positivismo criminológico, perscruta a doutrina de três juristas brasileiros filiados à Escola Positiva Italiana – João Vieira Araújo (1902), Oscar Macedo Soares (1910) e Galdino Siqueira (1932), no sentido de verificar a presença dos discursos médicos em seus comentários em relação ao aborto.

Carolina Maria Abreu Maciel, em O Centro Liceal de Educação e Cultura: formação cívica, cultura e defesa dos direitos dos estudantes do Colégio Estadual do Ceará, estuda o movimento estudantil cearense por meio da atuação do Centro Liceal de Educação e Cultura (CLEC).

Em Humana, subalterna e auxiliar: representações em torno de uma liderança feminina na história da Comunidade Católica Shalom, Emanuel Freitas da Silva parte das representações em torno de Emmir Nogueira no interior da Comunidade Católica Shalom para investigar como esta é tida como “humana”, “subalterna” e “auxiliar” da figura masculina de maior expressão no interior da Comunidade, Moysés Azevedo, e enuncia-se como “feliz” por ser a sua “auxiliar”.

Gabriel Ignacio Garcia, em Uma imagem, diversas possibilidades: os avanços e os desafios no estudo das caricaturas, investiga a historicidade das caricaturas, seus usos e apropriações políticas e sociais e efetua um mapeamento dos principais desafios que esse tipo de linguagem oferece aos historiadores. Já Giovana Eloá Mantovani Mulza, em Pontifex Maximus e monarquia inglesa: bipolarização e disputa de poderes na Era Elisabetana, investiga o antagonismo estatal-ideológico suscitado entre a monarquia inglesa de Elizabeth I (1558-1603) e o Pontifex Maximus.

O texto O Acervo Padre José Nilson e o Mucuripe: entrecruzando a memória e escrevendo a história, de Ianna Edwirges Uchoa Almeida, busca compreender a trajetória do padre José Nilson enquanto mediador das questões sociais do bairro, como os problemas habitacionais e a melhoria das condições de vida dos jangadeiros através do conjunto de fontes do Acervo Padre José Nilson localizado em uma sala anexa a Igreja de Nossa Senhora da Saúde no bairro Mucuripe.

Em O púlpito como lugar de combate: a crítica de Teodoro de Almeida ao pensamento moral francês no século XVIII, Júnior César Pereira analisa o debate promovido pelo padre e filósofo oratoriano Teodoro de Almeida (1722-1804) acerca da difusão dos livros de alguns pensadores franceses no âmbito de sua parenética.

Luiz Vinícius Maciel Silva, em Discurso de uma cidade em dúvida: tradicionalismo e Modernidade no Recife nos anos 1920, analisa as mudanças político-sociais que tiveram espaço no Recife do início do século XX, objetivando compreender como esse cenário de influência da belle-époque francesa e da mundialização comercial acarretou embates discursivos no cenário intelectual recifense.

Em Família e poder político na Paraíba através do livro Menino de Engenho, José Lins do Rego: literatura e história sob o viés da História Cultural, Queila Guedes Feliciano Barros, discute a literatura como fonte para a história, levando em consideração o conhecimento histórico enquanto ciência e prática narrativa, a partir da análise do romance Menino de engenho, de

Já o artigo “Pelotão, sentido”: João Goulart sitiado e os impactos do golpe civil-militar em Sergipe (1964), de Raphael Vladmir Costa Reis, investiga as ressonâncias do golpe civilmilitar em Sergipe, com destaque para sua dimensão sócio-política, adotando enquanto eixo analítico as dinâmicas da conjuntura nacional transcorridas após a Marcha da Família paulista, dia 19 de março.

Já os pesquisadores Vitor Manuel Pereira de Lima Gomes e Fernanda Capri Raposo, em Memórias em construção: implantação física e virtual do Centro de Memória Leopoldina Amélia Ribeiro de Souza Marques – CMLARSM, realizam um balanço sobre ao processo de estruturação do Centro de Memória Leopoldina Amélia Ribeiro de Souza Marques.

Nesta edição contamos com a tradução realizada por José Fernando Saroba Monteiro do texto História Global para uma cidadania global, de Patric O’Brien, professor da London School of Economics. Há, também, uma excelente entrevista realizada pela professora Ana Rita Fonteles Duarte com Joana Maria Pedro, atual presidenta da ANPUH, na qual a entrevistada faz um balanço de sua importante carreira acadêmica e aponta novos caminhos diante dos atuais desafios para os historiadores e demais cientistas sociais.

Por fim, mas não menos importante, temos a resenha elaborada por Rafael Leite Ferreira, intitulada O sistema de vendas diretas da Natura: o hiato entre a acumulação da empresa e a precarização do trabalho, do livro Sem maquiagem: o trabalho de um milhão de revendedoras de cosméticos, de Ludmila Costhek Abílio.

Desejamos uma boa leitura!


Organizador

Gilberto Gilvan Souza Oliveira


Referências desta apresentação

OLIVEIRA, Gilberto Gilvan Souza. Apresentação. Em Perspectiva. Fortaleza, v. 4, n. 1, p.5-7, 2018. Acessar publicação original [DR]

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