Identidades e História Cultural (I) / Embornal / 2012

É com sumo prazer, que apresentamos aos nossos leitores mais um número de nossa Embornal. O prazer da apresentação tem contrastado com a responsabilidade de nossas escolhas, haja vista, a impossibilidade de publicação de todos os textos que nos são submetidos, e que tem se avolumado a cada preparação para a publicação de nosso periódico; o qual, neste número, diante das solicitações realizadas ao longo das atividades realizadas em virtude do XIII Encontro Estadual de História do Ceará, Realizado nas Faculdades INTA (Sobral), traz aos nossos leitores alguns textos que foram apresentados por nossos conferencistas e que versam sobre a temática do objeto do evento: Identidades e Comunidades: História(s) para que(m)?

Com vistas a possibilitar um diálogo mais profícuo entre textos/autores/leitores, optamos por, num primeiro bloco do Volume de número 5 da Embornal, agrupar os textos que refletem em torno das identidades, tendo então os trabalhos de Antonio Clarino Barbosa de Souza, o de Frederico de Castro Neves e o de Nilson Almino de Freitas.

No texto que abre o bloco em torno das identidades, Antonio Clarindo de Souza, Identidades: uma discussão em rede, parte de observações que permeiam nosso cotidiano e que via de regra, nos levam a pensar sobre o que somos, e sobre as quais nos pegamos pensando, por vezes, servem de pivô para o desenvolvimento das reflexões do autor, a partir de referencias clássicas e caras aos que estudam as ditas identidades. Texto brilhante, marcado pelas discussões do nosso efêmero presente e que nos remetem a pensar, como que Deleuze, de forma rizomática, na constituição de intercessores, no como me represento e no como somos representados. Reflexões estas, que nos instigam a refletir sobre o ser e não ser. Instigações que encontram pontos de apoio para mais pensamentos no artigo de Frederico de Castro Neves com seu texto intitulado O Nordeste e a Historiografia brasileira, e por ultimo levando a pensar sobre a construção de identidades culturais; e ainda, no trabalho de Nilson Almino de Freitas com seu trabalho intitulado É possível pensar a identidade cultural? o qual a partir de sua vivencia, tece de forma seminal, reflexões em torno da constituição da constituição uma identidade: a sobralidade triunfante.

Pensando as identidades, saímos das reflexões que pretendem pensa-las em sua constituição para analisar estratégias de fomentar sua existência, o que pode ser observado no renovador artigo apresentado por Tito Barros Leal, intitulado Por um projeto para o Brasil: José de Alencar e a polêmica em torno das cartas sobre a Confederação dos Tamoios. Ainda no campo da constituição de si, do eu na relação que busca estabelecer redes, sociabilidades e identidades, temos o trabalho de Renato de Mesquita Rios, e o de Marcos José Diniz Silva. O de Rios, intitulado Trajetória de vida em textos: João Brígido e o olhar sobre si (1899-1900), onde se busca apresentar ao público as várias faces da escrita de João Brígido. Já o de Diniz, intitulado Redes intelectuais, tradicionalismo e modernismo: religiosidades alternativas no Ceará dos anos 1920 e 1930, reflete sobre o desenvolvimento das referidas práticas de religiosidade, que acabam por fomentar o desenvolvimento de sociabilidades e comunidades (como as define KUNH) no Ceará.

Encerramos nossa Embornal com mais três textos que consideramos extremamente importantes para os estudos que se tem desenvolvido em torno da História Social, sendo o de Francisca Eudésia Nobre Bezerra, Os agouros da maldizença: uma história de um mau presságio no interior do Ceará (1950-2000); onde nos é dado a ler um belo exercício de desenvolvimento de trabalho a partir da História Oral, buscando dar a voz às crenças de um determinado povo, o texto de texto de Caio Lucas Morais Pinheiro Futebol profissional e Futebol espetáculo: a constituição do jogo como espetáculo em Fortaleza (1946-1960), refletindo sobre a profissionalização do jogador de Futebol no Estado, a partir de elementos que muito nos dão a conhecer o processo, assim como, de Sebastião Rocha da Silva Filho, com seu Práticas Sociais como modos de vida: higienização e o seu discurso disciplinador na cidade de Manaus 1891-1910, refletindo sobre um processo instituinte de práticas, aos moldes de um Processo Civilizador (ELIAS), na cidade de Manaus.

Por aqui terminamos então, mais uma apresentação de nossa Embornal, no desejo dos melhores leituras e pesquisas.

Forte abraço.

Thiago Tavares

Editor da Revista Embornal Acessar publicação original deste texto

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