Parcerias estratégicas na política externa brasileira contemporânea: um balanço necessário | Monções – Revista de Relações Internacionais | 2015
Nos últimos anos, as diferentes percepções sobre a inserção internacional do Brasil fomentaram um efervescente debate político-acadêmico. Discutem-se, principalmente, as mudanças nos eixos, como a ênfase na “Cooperação Sul-Sul”, e as “inovações”, como a construção “parcerias estratégicas”, da política externa brasileira contemporânea.
Diante desse quadro, a equipe da Revista Monções dedicou esse dossiê para fazer um balanço das “parcerias estratégicas” na política externa brasileira contemporânea. Procura-se, assim, estimular as discussões sobre o papel do Estado brasileiro no atual cenário internacional.
Nesse dossiê foram reunidos uma coletânea de trabalhos de diversos pesquisadores de todas as regiões do Brasil e das mais diferentes matizes político-ideológicas. Com isso, procuramos enriquecer o debate e primar pela pluralidade e pelo diálogo acadêmico democrático.
Esse número começa com a entrevista com o embaixador do Brasil no Paraguai, José Eduardo Martins Felício, o qual opera, cotidianamente, na superação dos obstáculos e na construção de uma agenda positiva entre Assunção e Brasília. Afinal, o Estado paraguaio é parceiro tradicional e importante para o Brasil, é sócio equânime da Itaipu Binacional e membro fundador do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL).
Na sequência, o Prof. Dr. Paulo Gustavo Pellegrino Correa (UNIFAP) apresenta, por meio do exame das relações entre o Brasil e os países da região das Guianas (Suriname, Guiana Francesa, Guiana), a dimensão amazônica da política externa brasileira.
Logo após, os Prof. Dr. Marcelo P. Mariano (UNESP), Prof. Dr, Haroldo Ramanzini Junior (UFU) e Rafael A. R. de Almeida (mestrando em Relações Internacionais pelo Programa “San Tiago Dantas”) apresentam o comportamento brasileiro com relação às negociações multilaterais, por meio do exame a atuação brasileira nas coalizões agrícolas, a partir das experiências vividas no Grupo de Cairns (Rodada Uruguai) e na coalizão G-20 Comercial (Rodada Doha).
A dimensão africana na política externa brasileira contemporânea, em especial no governo Lula, é a presentada no artigo do Prof. Dr. Alexandre César Cunha Leite (UEPB) e da Maria E. de Andrade e Sousa (mestranda em Relações Internacionais pela UEPB).
Posteriormente, o Prof. Dr. André Luiz Reis da Silva (UFRGS) e Alexandre Piffero Spohr (mestrando em Ciência Política pela UFRGS) examinam a evolução das relações brasileiro-estadunidenses, em especial na construção do “diálogo estratégico”, no sistema interamericano.
A evolução, as oportunidades e os desafios, das relações cubano-brasileiras são apresentadas nos artigos do Prof. Dr. Marco Antônio da Silva (UFGD), Prof. Dr. Guillermo A. Johnson (UFGD), Anatólio M. Arce (doutorando em História pela UFGD).
A seguir, o Prof. Dr. Paulo Roberto de Almeida (UNICEUB e Ministério das Relações Exteriores), com o seu estudo de minoria, questiona, a validade e os usos da categoria “parcerias estratégicas”. Esse é um contraponto muito interessante que nos faz (re)pensar a dimensão bilateral nas relações exteriores do Brasil.
O Prof. Dr. Carlos Eduardo Riberi Lobo (UNIFAI; AFA) apresenta as possibilidades e os limites das relações, na área de defesa, entre o Brasil e os parceiros “não tradicionais”, como Rússia, Cingapura e Suécia. Dentro do quadro de “diversificação de parcerias”, esses novos relacionamentos objetivam a redução da dependência de fornecedores tradicionais (Estados Unidos e países da Europa Ocidental) e o acesso à tecnologias sensíveis.
Posteriormente, Caroline Silva Perdoso (Doutoranda e mestre e pelo Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas) examina as relações brasileiro-venezuelanas dos últimos anos, em especial durante o período Chaves-Lula. Assim, a partir do exame do projeto internacional de cada um dos dois países, a autora procura indicar os vetores da aproximação entre os dois Estados.
As relações brasileiro-uruguaias são analisadas por Gustavo Matiuzzi de Souza (Doutorando em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e pela Universidade de Liège (Bélgica)). O autor apresenta, a partir de uma abordagem multiescalar, o crescimento da densidade das relações bilaterais.
Por fim, Isadora Loreto da Silveira (Mestranda do Programa de Pós Graduação em Estudos Estratégicos da UFRGS) faz uma resenha crítica da obra: “Teerã, Ramalá e Doha: memórias da política externa ativa e altiva” do ex-chanceler Celso Amorim.
Organizadores
Tomaz Espósito Neto – Docente do curso de Relações Internacionais da UFGD; Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP; Pesquisador do Observatório da Fronteira.
Márcio A. Scherma – Docente do curso de Relações Internacionais da UFGD; Doutor em Relações Internacionais pelo Programa “San Tiago Dantas” (UNESP, UNICAMP e PUC-SP); Coordenador do Observatório da Fronteira.
Referências desta apresentação
SCHERMA Márcio A.; ESPÓSITO NETO, Tomaz. Apresentação. Monções: Revista de Relações Internacionais da UFGD. Dourados, v.4, n.7, p.5-8, jan./jun. 2015. Acessar publicação original [DR]