Polo de Apoio Presencial: que espaço é esse? | EmRede – Revista de Educação a Distância | 2017

A modalidade a distância (EaD) no Brasil passou, nos últimos anos, por várias mudanças e tem provocado candentes debates em nosso País, tanto na comunidade científica quanto na sociedade. Está presente na grande mídia e chega ao ambiente doméstico com uma aceitação crescente enquanto modalidade de ensino. Entretanto, existem resistências que são amplificadas quando o que está em jogo é a formação de pessoas, comumente adjetivada de aligeirada e certificadora. Essa modalidade é capaz de aumentar significativamente o acesso ao ensino superior, mas incapaz de revelar a qualidade da formação provida pelas instituições brasileiras de Ensino Superior.

Esta edição da Revista EmRede condensa uma série de debates em relação a um dos pilares sobre o qual a modalidade a distância se sustenta: o polo de apoio presencial. Aqui, os leitores encontrarão uma pluralidade de enfoques teórico-metodológicos e estilos de escrita que consideramos fundamentais para retratar o estado do conhecimento desse polêmico campo de saberes e práticas. Esse número temático foi organizado em três sessões: Artigos Convidados, Artigos Científicos e Relatos de Experiência.

A seção Artigos Convidados conta com a participação de autores convidados que trazem, em seus artigos, pesquisas que podem levar a reflexões a respeito da Educação a Distância e do papel e potencial dos polos da Universidade Aberta. O primeiro artigo, de Maria Aparecida Crissi Knuppel, intitulado Polos de Educação à Distância no Brasil: identidade e representação, parte de um debate sobre o lugar dos polos de Educação a Distância e a necessidade de se colocar em pauta uma discussão anterior, que tem haver com a natureza (e a qualidade) desses espaços. O segundo artigo, intitulado Os polos de apoio presenciais no Estado do Rio de Janeiro: que espaços são esses?, de autoria de Fátima Kzam Damaceno de Lacerda e Inês Barbosa de Oliveira, versa sobre uma experiência de criação de polos levada a efeito no Rio de Janeiro pelo CEDERJ e que teve influência sobre muitos modelos espalhados pelo Brasil. Juliana Bordinhão Diana, Araci Hack Catapan e Fernando José Spanhol, no artigo A Educação a Distância e a escassez no acesso ao Ensino Superior: o papel do polo de apoio presencial, reconhecem o polo como uma porta de acesso ao Ensino Superior. Apesar das especificidades colocadas para o polo, os autores argumentam pela generalização de certas características que são essenciais ao polo, como integrantes imprescindíveis ao processo pedagógico. O último artigo dessa seção, Egressos de cursos a distância em uma visão bioecológica do polo como lócus do e para o desenvolvimento humano, de Maria Cristina de Cascelli Carvalho Azevedo, Wilsa Maria Ramos, Antônia Celia Barros Lins Bonfim, María Débora Ortiz Rodriguez e Jane Farias Chagas-Ferreira, extraindo reflexões acerca do desenvolvimento humano, as autoras destacam o polo como lócus de produção e construção de várias experiências, inferindo sobre sua função de integração social e acadêmica, produzindo, assim, impacto no desenvolvimento humano.

Na seção de Artigos Científicos são apresentados estudos que nos permitem conhecer algumas possibilidades emergentes para se fazer e pensar sobre os polos, indicando a intrínseca relação entre as atividades que ocorrem nos polos e a proposta de Educação a Distância das instituições de Ensino Superior. Entre as discussões suscitadas, estão: a implicação das práticas pedagógicas realizadas nos polos, no modo de aprendizagem dos estudantes EaD; o modelo de Educação a Distância e o reflexo no papel atribuído ao polo em experiências de Iniciação Científica; a importância do suporte técnico — principalmente em relação aos eventos síncronos que ocorrem no polos — pensado a partir da análise de webconferências em um curso de Música; além de discussões sobre a complementariedade entre a educação a distância e a presencial, dando margem a “evocação da presencialidade maior nos polos”.

A última seção desse número temático destina-se aos Relatos de Experiência, trazendo para a cena algumas práticas que têm em comum o trabalho coletivo entre diferentes atores, constituindo uma rede de colaboração. Nesses artigos podemos conhecer o relato da Universidade Federal de Santa Maria sobre os polos, cursos, vagas e ações para acompanhamento e integração dos polos, e como essas informações subsidiam o planejamento desta Universidade. Conhecemos também o relato da possibilidade de parcerias colaborativas entre um curso de Licenciatura em Matemática e os polos na execução de atividades pedagógicas. Temos, ainda, um relato sobre a importância da tutoria presencial, com exemplos de que a mediação humana é determinante para a permanência e aproveitamento dos alunos nos cursos. Por fim, conhecemos a dinâmica de organização das atividades pedagógicas de um polo e as dificuldades e vitórias conquistadas pelos gestores ao longo dos anos de existência.

O convite à leitura está feito! O tema é polêmico e convida para diferentes abordagens e enfoques. De qualquer forma, há aqui uma amostra do que vem sendo feito, pensado e vivenciado sobre os problemas, as perspectivas e possibilidades no campo da Educação a Distância e sua relação com os polos de apoio presencial.


Organizadores

Monica Pagel Eidelwein – Editora convidada. NIED/Unicamp — Polo UAB/NH.

Nara Pimentel – Editora convidada. UnB/Fac. de Educação/Departamento de Planejamento e Administração.


Referências desta apresentação

EIDELWEIN, Monica Pagel; PIMENTEL, Nara. Editorial. EmRede – Revista de Educação a Distância. Porto Alegre, v. 4, n.2, p.283-284, 2017. Acessar publicação original [DR]

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