Transitar el espacio: imágenes cartográficas, relatos y experiencias sobre el terreno (siglos XVI-XX)  | Claves – Revista de Historia | 2021

A partir de las herramientas heurísticas propuestas por la historia política, la historia social, la historia de la cartografía, la historia del arte y la historia cultural, los trabajos reunidos en el presente dossier exploran los diversos modos en que es posible abordar y reflexionar sobre la experiencia de transitar el espacio. En este sentido, proponen claves de lectura novedosas para el análisis teórico y metodológico de relatos de experiencias sobre el terreno (i.e. cartas, informes impresos o manuscritos, relatos de viaje, documentación diplomática, noticias periodísticas, adaptaciones teatrales, filmes, etc.) e imágenes cartográficas en diversos formatos y soportes con niveles de circulación social variados.

Este número especial de Claves. Revista de historia se aboca, entonces, al estudio de las imágenes cartográficas y relatos producidos a partir de la selección, adaptación, transformación, condensación o traducción de las vivencias sobre el terreno de actores políticos, misioneros, viajeros, funcionarios, bandidos, topógrafos, artistas y espectadores en un período temporal extenso. Para ello, parte de la premisa de que el espacio es el producto de la vida en sociedad al tiempo que condición de posibilidad para esas experiencias sociales (Lefebvre 1974; Koselleck 2001, 93-111). A la vez, en la medida en que la experiencia histórica se gesta en condiciones espaciales meta-históricas específicas, el espacio no puede pensarse por fuera de las variables de tiempo y lugar que lo determinan históricamente. Aunque desde disciplinas y abordajes teóricos diversos, los artículos que abren y cierran este dossier discurren justamente sobre la incidencia del espacio-tiempo en la territorialización y construcción simbólica de los imperios ibéricos, en el caso de João Pimenta, y sobre el carácter performativo del espacio en la escenificación cartográfica de dos experiencias de confinamiento analizadas por Carla Lois. Leia Mais

História, tempo e espaço / Caminhos da História / 2019

Prezadas (os) leitoras (es),

O dossiê desta edição da Revista Caminhos da História, do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes-MG), propõe analisar a temática “História, tempo e espaço”. Trata-se de um dossiê organizado pelos geógrafos Dr. Emerson Costa de Melo (Doutor em Geografia pela UERJ) e Dra. Aline da Fonseca Sá e Silveira (Doutora em Geografia pela UERJ e Professora do CEFET-RJ).

Os artigos do dossiê abordam temáticas caras à relação interdisciplinar entre os campos da Geografia e da História, principalmente quando se aproximam o espaço geográfico e o tempo histórico em abordagens e perspectivas que tornam centrais temas como região, territórios, margens e fronteiras, por exemplo. Neste sentido, os artigos aqui selecionados analisam os territórios e revisões de propriedade na práxis de colonização da Companhia de Jesus na Província do Paraguai entre os séculos XVII-XVIII; a economia de abastecimento e pequeno escravista do Vale do Macacu no século XVIII; a geografia social da morte nas práticas de sepultamento na cidade de São João Del-Rei, no século XIX. Questões de ordem técnica, teórica e metodológica também são enfatizadas em discussões sobre modelos metodológicos de espacialização dos registros paroquiais de terras e na relação entre a circularidade cultural e os agenciamentos territoriais.

Esta edição conta, também, com sua seção de artigos em fluxo contínuo. Apresentamos, de tal modo, estudos que apontam a relação “cor da pele / cidadania” nas Constituições da Venezuela (1811) e do Brasil (1824), reflexões sobre a figura do Pe. Diogo Antônio Feijó e o catolicismo como religião civil e, por último, as vivências entre boiadeiros e boiadas no Noroeste paulista.

A imagem que ilustra a capa da edição é uma pintura produzida pelo ítalo-brasileiro Alfredo Volpi (1896-1988), intitulada Paisagem com carro de boi, pertencente à Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Esperamos que todxs tenham uma excelente leitura!

Atenciosamente,

Ester Liberato Pereira,

Rafael Dias de Castro,

e Comissão Editorial


PEREIRA, Ester Liberato; CASTRO, Rafael Dias de. Editorial. Caminhos da História, Montes Claros, v. 24, n.2, jul / dez, 2019. Acessar publicação original [DR]

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Gênero, Poder e Espaço / Revista Espacialidades / 2018

As reflexões sobre gênero possuem ligação histórica íntima com o movimento Feminista. De acordo com a historiadora Joana Maria Pedro, o processo de construção da categoria de gênero acompanha a luta por direitos civis e humanos, tendo assumido novas dimensões na conjuntura social da segunda onda do movimento feminista (1960-1980), quando tal conceito emergiu nos estudos na área das humanidades, a partir dos anos 1980.

A noção de gênero foi então sendo desnaturalizada, passando a ser compreendida como um conjunto de normas que orientam as ações dos sujeitos no tempo e nos espaços – processo para o qual contribuíram diversos autores, como Judith Butler, Linda Nicholson e Joan Scott. Os padrões que orientam os comportamentos, inclusive os relativos à noção de gênero, estão situados no tecido das relações sociais e de poder. O mesmo acontece na produção e apropriação dos espaços. Deste modo, nossa proposta com o dossiê Gênero, Poder e Espaço é debater como as categorias de gênero e poder se interseccionam na produção do espaço (quer o espaço material, onde se enquadram categorias como o urbano e rural, a fronteira, o território, o público e o privado, quer o espaço simbólico, onde se encontram o espaço imaginado ou sonhado, as representações artísticas, entre outros). Dentro dessa temática recebemos artigos com temporalidade diversa que articulam a categoria de gênero a outros conceitos, tecendo assim novas narrativas e lançando novos olhares para seus objetos dentro de suas respectivas pesquisas históricas.

Agradecemos imensamente aos membros do Conselho Consultivo que com muita generosidade, celeridade e, acima de tudo, competência, contribuíram com pareceres sérios e consistentes que garantiram a qualidade do presente dossiê “Gênero, poder e espaço”, o qual passamos agora a apresentar.

Abrimos o dossiê com o artigo Operárias da companhia fiação e tecidos pelotense e suas táticas de gênero (1944- 1954) de Eduarda Borges da Silva, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde através dos processos da Justiça do Trabalho de Pelotas, salvaguardados no Núcleo de Documentação Histórica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), observou-se pleitos de operárias da Companhia Fiação e Tecidos Pelotense, entre 1944-1954, utilizando dos conceitos de ideologia da domesticidade e táticas de gênero, a autora buscou descrever e compreender os dissídios em que o dilema da dupla jornada da trabalhadora (divisão entre a fábrica e o lar), ocorreu e porque estas mulheres operárias, mães, esposas, donas-de-casa apropriaram-se ou aceitaram a imagem de “mulheres sacrifícios”.

Em seguida, temos o artigo intitulado “Pensar pela pena que desliza, falar pela boca que se fecha”: Emília Dantas ribas como a primeira romancista dos campos gerais (paraná, 1949) de Caroline Aparecida Guebert, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Neste trabalho a autora propõe uma reflexão sobre a trajetória e parte da obra escrita de Emília Dantas Ribas (1907-1978), que atuou como professora, oradora de rádio e escritora entre as cidades de Ponta Grossa e de Curitiba, no Paraná articulando história, literatura e os estudos de gênero.

O terceiro artigo de nosso dossiê temático é de autoria de Giovanna Carrozzino Werneck, Mestra em Letras pelo IFES / Vitória, que com o trabalho Mulheres e charges políticas: a subversão pelo humor nos espaços públicos busca analisar e dar visibilidade a mulheres que produzem (ou produziram) charges políticas no Brasil, discutindo aspectos relativos aos papéis sociais atribuídos a homens e mulheres e aos estudos de gênero.

O próximo artigo intitulado Venha, venha o voto feminino: embates travados na imprensa periódica oitocentista no Rio de Janeiro de Cristiane Ribeiro Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora, é proposto uma análise da discussão sobre o voto feminino travado no Império do Brasil, circulando nos impressos diários da corte a partir da segunda metade do século XIX, atentando para uma perspectiva das relações de gênero e de poder imbricados nos jornais.

Em seguida com o artigo A cozinha das mulheres: de espaço de domesticação ao de empoderamento a partir de saberes e fazeres culinários as autoras Jamile Wayne Ferreira – graduada em Gastronomia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e Lara Steigleder Wayne – graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre analisam a partir da relação com a cozinha de mulheres acolhidas em uma Ocupação em Porto Alegre / RS, o poder e o conhecimento cotidiano das guardiãs de uma cozinha minusculizada pela geração da gourmetização, já que o espaço de comando das cozinhas está normalmente relacionado à construção de gênero, onde as práticas relativas ao ato de cozinhar são ora invisíveis, no caso da cozinha doméstica, ora superestimada, no caso da “alta gastronomia”.

O próximo artigo intitulado Gênero e prisão: os impactos do sistema prisional sobre a desigualdade social e invisibilidade da mulher encarcerada no estado de Alagoas as autoras Bruna Araújo de Melo Ferreira e Ialy Virgínia de Melo Baia, graduandas em psicologia pelo Centro Universitário Tiradentes de Alagoas, analisam o sistema prisional de uma maneira histórica, compreendendo a mulher como vítima da violência e da desigualdade de gênero dentro desse espaço, visto que a prisão muitas vezes culminando no processo de invisibilidade do indivíduo, acaba potencializando essa invisibilidade na mulher, uma vez que esta já vivencia essa realidade socialmente, enfatizando os casos das mulheres que estão em regime fechado no Sistema Penitenciário Feminino Santa Luzia, localizado em Maceió.

Finalizando o dossiê temático, temos o artigo Vozes de mulheres: género e cidadania em Angola de autoria de Willi Cardoso Domingos, Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, que analisa as implicações sociais da discriminação de género no exercício da cidadania e participação das mulheres em Angola, onde um diálogo entre a sociedade civil e as instituições do Estado, é fundamental, para dinamizar e ampliar a capacidade de exercício da cidadania e participação das mulheres, bem como para a desconstrução da discriminação das mulheres.

Abrindo a sessão livre do nosso dossiê temos o artigo “Ressonâncias no processo de demolição do palácio Monroe”, de autoria do doutorando em Ciências Jurídicas Políticas Daniel Levy Alvarenga (UAL). No artigo o autor discute questões acerca do patrimônio material e sua dimensão imaterial dentro de uma sociedade. Tomando como objeto de analise a demolição do palácio Monroe, busca-se apresentar como ocorreu a demolição e sua respectiva repercussão dentro do âmbito social.

Em seguida temos o artigo intitulado “Do ideal ao real: a construção de uma representação na obra literária a lenda do cavaleiro sem cabeça (1820)” escrito por Samuel Nogueiza Mazza, mestrando em história pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O autor discute no presente artigo a obra de Washington Irving, A lenda do cavaleiro sem cabeça, sob a perspectiva da teoria da representação de Roger Chartier, traçando assim um paralelo entre os personagens da obra e o contexto histórico vivido por Irvring.

Seguindo, temos o artigo de Rannyelle Rocha Teixeira, mestra em história pela Universidade do Porto. Seu artigo intitula-se “ O sentido da colonização portuguesa: a relação entre colonos nativos africanos no boletim geral das colônias (1933 – 1945)” e busca refletir acerca das aproximações e afastamentos nas relações entre colonizados e colonizadores nas colônias portuguesas na África.

As bandeiras no Estado Novo: o conceito de biodemocracia em A marcha para oeste de Cassiano Ricardo é o nome do próximo artigo da sessão livre. Escrito por Ana Paula Rodrigues, doutoranda em história pela universidade federal do Mato Grosso (UFMT), o texto tem por objetivo discutir o conceito de biodemocracia que é exposto por Cassiano Ricardo.

Fechando a sessão livre, trazemos o artigo de Thiago do Nascimento Torres de Paula, doutor pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), que tem como título “Do enjeitado a ouvidor: a trajetória do tenente Joaquim Lino Rangel na freguesia da cidade do Natal, 1760 – 1839”. O objetivo do autor é o de apresentar a trajetória do Tenente Joaquim Lino Rangel.

Ainda compõe neste volume a resenha da obra da obra de Graeme Wood ” A Guerra do fim dos tempos: o Estado Islâmico e o mundo que ele quer” (Cia das Letras, 2017) feita por Katty Cristina Lima Sá, Mestranda em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC / UFRJ).

No volume 13 da Revista Espacialidades, temos também a entrevista com a professora doutora Márcia Santana Tavares professora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares Mulheres, Gênero e Feminismo – PPGNEIM / UFBA; pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – NEIM; membro do Observatório pela Aplicação da Lei Maria da Penha – OBSERVE / NEIM / UFBA, que nos falou sobre violência de gênero, a da Lei Maria da Penha e sua relação com o número de denúncias dos casos de violência contra mulher, direitos da mulher e a relação as questões de gênero, relações de poder e espaço na nossa sociedade.

Para finalizar o primeiro dossiê de 2018 a Revista Espacialidades, conta com o corpo documental de fontes históricas em uma de suas sessões. Essas fontes foram catalogadas pelo Programa de Educação Tutorial em História da Universidade Federal do Ceará, tendo como objetivo mapear documentos ligados à compra e venda de escravos no Ceará ao longo do século XIX, entre os anos de 1843 a 1879. O Projeto, intitulado Fundo Documental e Guia de Fontes para a História da Escravidão no Ceará, foi realizado pelos bolsistas do Programa e teve início em 2007, com o mapeamento do corpo documental e catalogação dos mesmos, no qual resultou em fichas / resumo e sistematização desses documentos, concluída em 2012. O projeto catalogou cerca de 12 livros, que se encontram em sua versão original, no Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC). É com imenso prazer, e desde já agradecemos ao Programa de Educação Tutorial pela confiança, em especial à Kênia Rios, atual tutora do PET História, à Viviane Nunes e Tayná Moreira, bolsista e egressa, respectivamente, que tiveram salutar importância para esta parceria, que a Revista Espacialidades apresenta aos seus leitores, parte destas fichas / resumos deste primoroso acervo, que possibilita o fomento da pesquisa histórica, dando saber à sociedade deste vil período que macula nossa história.

O editor-chefe e a Equipe editorial da Revista Espacialidades desejam a todos uma boa leitura!

Editor-chefe: Magno Francisco de Jesus Santos

Equipe editorial:

Arthur Fernandes da Costa Duarte – (mestrando do PPGH / UFRN)

Emanoel Jardel Alves Oliveira – (mestrando do PPGH / UFRN)

Jessica Martins Guedes de Souza – (mestranda do PPGH / UFRN)

Lucicleide da Silva Araújo – (mestranda do PPGH / UFRN)

Maria Luiza Rocha Barbalho – (mestranda do PPGH / UFRN)

Matheus Breno Pinto da Câmara – (mestrando do PPGH / UFRN)

Ristephany Kelly da Silva Leite – (mestranda do PPGH / UFRN)

Thaís da Silva Tenório – (mestranda do PPGH / UFRN)


SANTOS, Magno Francisco de Jesus et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.13, n. 01, 2018. Acessar publicação original [DR]

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Gênero, Poder e Espaço / Revista Espacialidades / 2018

As reflexões sobre gênero possuem ligação histórica íntima com o movimento Feminista. De acordo com a historiadora Joana Maria Pedro, o processo de construção da categoria de gênero acompanha a luta por direitos civis e humanos, tendo assumido novas dimensões na conjuntura social da segunda onda do movimento feminista (1960-1980), quando tal conceito emergiu nos estudos na área das humanidades, a partir dos anos 1980.

A noção de gênero foi então sendo desnaturalizada, passando a ser compreendida como um conjunto de normas que orientam as ações dos sujeitos no tempo e nos espaços – processo para o qual contribuíram diversos autores, como Judith Butler, Linda Nicholson e Joan Scott. Os padrões que orientam os comportamentos, inclusive os relativos à noção de gênero, estão situados no tecido das relações sociais e de poder. O mesmo acontece na produção e apropriação dos espaços. Deste modo, nossa proposta com o dossiê Gênero, Poder e Espaço é debater como as categorias de gênero e poder se interseccionam na produção do espaço (quer o espaço material, onde se enquadram categorias como o urbano e rural, a fronteira, o território, o público e o privado, quer o espaço simbólico, onde se encontram o espaço imaginado ou sonhado, as representações artísticas, entre outros). Dentro dessa temática recebemos artigos com temporalidade diversa que articulam a categoria de gênero a outros conceitos, tecendo assim novas narrativas e lançando novos olhares para seus objetos dentro de suas respectivas pesquisas históricas.

Agradecemos imensamente aos membros do Conselho Consultivo que com muita generosidade, celeridade e, acima de tudo, competência, contribuíram com pareceres sérios e consistentes que garantiram a qualidade do presente dossiê “Gênero, poder e espaço”, o qual passamos agora a apresentar.

Abrimos o dossiê com o artigo Operárias da companhia fiação e tecidos pelotense e suas táticas de gênero (1944- 1954) de Eduarda Borges da Silva, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde através dos processos da Justiça do Trabalho de Pelotas, salvaguardados no Núcleo de Documentação Histórica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), observou-se pleitos de operárias da Companhia Fiação e Tecidos Pelotense, entre 1944-1954, utilizando dos conceitos de ideologia da domesticidade e táticas de gênero, a autora buscou descrever e compreender os dissídios em que o dilema da dupla jornada da trabalhadora (divisão entre a fábrica e o lar), ocorreu e porque estas mulheres operárias, mães, esposas, donas-de-casa apropriaram-se ou aceitaram a imagem de “mulheres sacrifícios”.

Em seguida, temos o artigo intitulado “Pensar pela pena que desliza, falar pela boca que se fecha”: Emília Dantas ribas como a primeira romancista dos campos gerais (paraná, 1949) de Caroline Aparecida Guebert, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Neste trabalho a autora propõe uma reflexão sobre a trajetória e parte da obra escrita de Emília Dantas Ribas (1907-1978), que atuou como professora, oradora de rádio e escritora entre as cidades de Ponta Grossa e de Curitiba, no Paraná articulando história, literatura e os estudos de gênero.

O terceiro artigo de nosso dossiê temático é de autoria de Giovanna Carrozzino Werneck, Mestra em Letras pelo IFES / Vitória, que com o trabalho Mulheres e charges políticas: a subversão pelo humor nos espaços públicos busca analisar e dar visibilidade a mulheres que produzem (ou produziram) charges políticas no Brasil, discutindo aspectos relativos aos papéis sociais atribuídos a homens e mulheres e aos estudos de gênero.

O próximo artigo intitulado Venha, venha o voto feminino: embates travados na imprensa periódica oitocentista no Rio de Janeiro de Cristiane Ribeiro Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora, é proposto uma análise da discussão sobre o voto feminino travado no Império do Brasil, circulando nos impressos diários da corte a partir da segunda metade do século XIX, atentando para uma perspectiva das relações de gênero e de poder imbricados nos jornais.

Em seguida com o artigo A cozinha das mulheres: de espaço de domesticação ao de empoderamento a partir de saberes e fazeres culinários as autoras Jamile Wayne Ferreira – graduada em Gastronomia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e Lara Steigleder Wayne – graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre analisam a partir da relação com a cozinha de mulheres acolhidas em uma Ocupação em Porto Alegre / RS, o poder e o conhecimento cotidiano das guardiãs de uma cozinha minusculizada pela geração da gourmetização, já que o espaço de comando das cozinhas está normalmente relacionado à construção de gênero, onde as práticas relativas ao ato de cozinhar são ora invisíveis, no caso da cozinha doméstica, ora superestimada, no caso da “alta gastronomia”.

O próximo artigo intitulado Gênero e prisão: os impactos do sistema prisional sobre a desigualdade social e invisibilidade da mulher encarcerada no estado de Alagoas as autoras Bruna Araújo de Melo Ferreira e Ialy Virgínia de Melo Baia, graduandas em psicologia pelo Centro Universitário Tiradentes de Alagoas, analisam o sistema prisional de uma maneira histórica, compreendendo a mulher como vítima da violência e da desigualdade de gênero dentro desse espaço, visto que a prisão muitas vezes culminando no processo de invisibilidade do indivíduo, acaba potencializando essa invisibilidade na mulher, uma vez que esta já vivencia essa realidade socialmente, enfatizando os casos das mulheres que estão em regime fechado no Sistema Penitenciário Feminino Santa Luzia, localizado em Maceió.

Finalizando o dossiê temático, temos o artigo Vozes de mulheres: género e cidadania em Angola de autoria de Willi Cardoso Domingos, Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, que analisa as implicações sociais da discriminação de género no exercício da cidadania e participação das mulheres em Angola, onde um diálogo entre a sociedade civil e as instituições do Estado, é fundamental, para dinamizar e ampliar a capacidade de exercício da cidadania e participação das mulheres, bem como para a desconstrução da discriminação das mulheres.

Abrindo a sessão livre do nosso dossiê temos o artigo “Ressonâncias no processo de demolição do palácio Monroe”, de autoria do doutorando em Ciências Jurídicas Políticas Daniel Levy Alvarenga (UAL). No artigo o autor discute questões acerca do patrimônio material e sua dimensão imaterial dentro de uma sociedade. Tomando como objeto de analise a demolição do palácio Monroe, busca-se apresentar como ocorreu a demolição e sua respectiva repercussão dentro do âmbito social.

Em seguida temos o artigo intitulado “Do ideal ao real: a construção de uma representação na obra literária a lenda do cavaleiro sem cabeça (1820)” escrito por Samuel Nogueiza Mazza, mestrando em história pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O autor discute no presente artigo a obra de Washington Irving, A lenda do cavaleiro sem cabeça, sob a perspectiva da teoria da representação de Roger Chartier, traçando assim um paralelo entre os personagens da obra e o contexto histórico vivido por Irvring.

Seguindo, temos o artigo de Rannyelle Rocha Teixeira, mestra em história pela Universidade do Porto. Seu artigo intitula-se “ O sentido da colonização portuguesa: a relação entre colonos nativos africanos no boletim geral das colônias (1933 – 1945)” e busca refletir acerca das aproximações e afastamentos nas relações entre colonizados e colonizadores nas colônias portuguesas na África.

As bandeiras no Estado Novo: o conceito de biodemocracia em A marcha para oeste de Cassiano Ricardo é o nome do próximo artigo da sessão livre. Escrito por Ana Paula Rodrigues, doutoranda em história pela universidade federal do Mato Grosso (UFMT), o texto tem por objetivo discutir o conceito de biodemocracia que é exposto por Cassiano Ricardo.

Fechando a sessão livre, trazemos o artigo de Thiago do Nascimento Torres de Paula, doutor pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), que tem como título “Do enjeitado a ouvidor: a trajetória do tenente Joaquim Lino Rangel na freguesia da cidade do Natal, 1760 – 1839”. O objetivo do autor é o de apresentar a trajetória do Tenente Joaquim Lino Rangel.

Ainda compõe neste volume a resenha da obra da obra de Graeme Wood ” A Guerra do fim dos tempos: o Estado Islâmico e o mundo que ele quer” (Cia das Letras, 2017) feita por Katty Cristina Lima Sá, Mestranda em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC / UFRJ).

No volume 13 da Revista Espacialidades, temos também a entrevista com a professora doutora Márcia Santana Tavares professora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares Mulheres, Gênero e Feminismo – PPGNEIM / UFBA; pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – NEIM; membro do Observatório pela Aplicação da Lei Maria da Penha – OBSERVE / NEIM / UFBA, que nos falou sobre violência de gênero, a da Lei Maria da Penha e sua relação com o número de denúncias dos casos de violência contra mulher, direitos da mulher e a relação as questões de gênero, relações de poder e espaço na nossa sociedade.

Para finalizar o primeiro dossiê de 2018 a Revista Espacialidades, conta com o corpo documental de fontes históricas em uma de suas sessões. Essas fontes foram catalogadas pelo Programa de Educação Tutorial em História da Universidade Federal do Ceará, tendo como objetivo mapear documentos ligados à compra e venda de escravos no Ceará ao longo do século XIX, entre os anos de 1843 a 1879. O Projeto, intitulado Fundo Documental e Guia de Fontes para a História da Escravidão no Ceará, foi realizado pelos bolsistas do Programa e teve início em 2007, com o mapeamento do corpo documental e catalogação dos mesmos, no qual resultou em fichas / resumo e sistematização desses documentos, concluída em 2012. O projeto catalogou cerca de 12 livros, que se encontram em sua versão original, no Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC). É com imenso prazer, e desde já agradecemos ao Programa de Educação Tutorial pela confiança, em especial à Kênia Rios, atual tutora do PET História, à Viviane Nunes e Tayná Moreira, bolsista e egressa, respectivamente, que tiveram salutar importância para esta parceria, que a Revista Espacialidades apresenta aos seus leitores, parte destas fichas / resumos deste primoroso acervo, que possibilita o fomento da pesquisa histórica, dando saber à sociedade deste vil período que macula nossa história.

O editor-chefe e a Equipe editorial da Revista Espacialidades desejam a todos uma boa leitura!

Editor-chefe: Magno Francisco de Jesus Santos

Equipe editorial:

Arthur Fernandes da Costa Duarte – (mestrando do PPGH / UFRN)

Emanoel Jardel Alves Oliveira – (mestrando do PPGH / UFRN)

Jessica Martins Guedes de Souza – (mestranda do PPGH / UFRN)

Lucicleide da Silva Araújo – (mestranda do PPGH / UFRN)

Maria Luiza Rocha Barbalho – (mestranda do PPGH / UFRN)

Matheus Breno Pinto da Câmara – (mestrando do PPGH / UFRN)

Ristephany Kelly da Silva Leite – (mestranda do PPGH / UFRN)

Thaís da Silva Tenório – (mestranda do PPGH / UFRN)


SANTOS, Magno Francisco de Jesus et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.13, n. 01, 2018. Acessar publicação original [DR]

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Escravidão e sociedade em espaços lusófonos / Ponta de Lança/2018

O mundo lusófono, considerado como um todo, cruza mares e continentes. Constituído por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Macau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e Timor Leste, este mundo transnacional e cosmopolita inclui atualmente cerca de 250 milhões de falantes do português. O estudo do espaço cultural criado pela adoção da língua portuguesa ainda carece de pesquisas acadêmicas multi e interdisciplinares amplas e a partir de várias perspectivas. Atualmente, essa lacuna tem sido suplantada pela realização de estudos que procuram mostrar a lusofonia a partir de uma perspectiva globalizante que une diferentes regiões desse imenso espaço. Leia Mais

Polo de Apoio Presencial: que espaço é esse? | EmRede – Revista de Educação a Distância | 2017

A modalidade a distância (EaD) no Brasil passou, nos últimos anos, por várias mudanças e tem provocado candentes debates em nosso País, tanto na comunidade científica quanto na sociedade. Está presente na grande mídia e chega ao ambiente doméstico com uma aceitação crescente enquanto modalidade de ensino. Entretanto, existem resistências que são amplificadas quando o que está em jogo é a formação de pessoas, comumente adjetivada de aligeirada e certificadora. Essa modalidade é capaz de aumentar significativamente o acesso ao ensino superior, mas incapaz de revelar a qualidade da formação provida pelas instituições brasileiras de Ensino Superior.

Esta edição da Revista EmRede condensa uma série de debates em relação a um dos pilares sobre o qual a modalidade a distância se sustenta: o polo de apoio presencial. Aqui, os leitores encontrarão uma pluralidade de enfoques teórico-metodológicos e estilos de escrita que consideramos fundamentais para retratar o estado do conhecimento desse polêmico campo de saberes e práticas. Esse número temático foi organizado em três sessões: Artigos Convidados, Artigos Científicos e Relatos de Experiência. Leia Mais

Gênero e Espaço – I / Urbana / 2015

Espaços e lugares, e nossa relação com estes, são generificados. Uma relação nem sempre evidente que ao mesmo tempo reflete e cria um efeito no modo como gênero e espaço são concebidos.

Esta intrincada relação vem recebendo atenção de pesquisadores (não por acaso, em sua maioria, pesquisadoras) há pelo menos uma década. Da reflexão de Michelle Perrot a respeito do lugar das mulheres na cidade à natureza social do espaço (que inclui, claro, gênero) da geógrafa Doreen Massey, passando por estudos que relacionam espaço e sexualidade, gênero e arquitetura, gênero e espaço doméstico: trata-se de um debate em formulação, que exige dos pesquisadores uma quebra de fronteiras disciplinares entre temas bastante consolidados.

Com isso queremos dizer que os estudos urbanos, bastante consolidados, ganham um interessante desafio quando interpelado pela literatura de gênero, especialmente aquela originada nos debates feministas. E o mesmo se pode dizer para os escritos sobre gênero, em suas múltiplas dimensões, se lembramos que as relações sociais acontecem sempre em algum lugar.

O Dossiê está em dois volumes: V.7, n.2 [11] e V.8, n. 1 [12]. Esperamos que os textos publicados contribuam com esse importante debate proposto no tema do Dossiê

Silvana Rubino – Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. E-mail: [email protected]


RUBINO, Silvana. Editorial. Urbana. Campinas, v.7, n.2, jul / dez, 2015. Acessar publicação original [DR]

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Historia conceptual, entre tiempo y espacio/Historia y Grafía/2015

Si gran parte del siglo xx tuvimos que hacernos conscientes de que el lenguaje era el esquema desde el cual percibíamos lo real, en la actualidad estamos concentrados en el espacio como configurador del mundo. Vivimos la transición del “giro lingüístico” al “giro espacial”. Mientras las semánticas tematizaban el flujo del tiempo, las topologías problematizan el espacio vivido. De la historia a la geografía, o, mejor dicho, a la geo-historia. Leia Mais

O Caribe como espaço de representações / Revista Brasileira do Caribe / 2014

Desde los viajes de Colón, cuando este intrépido marinero comparó a la región del Caribe con el paraíso, se han formulado varias ideas acerca del conjunto de islas y mares que las rodean, ideas que han alimentado los imaginarios de muchas generaciones de diversas latitudes. En todas ellas la llamada región del Caribe aparece como un espacio que ha sido objeto de innumerables representaciones. Es decir, tras un proceso de percepción e interpretación se han presentado recreaciones de una cierta “realidad”, estructuras de comprensión, a través de las cuales “el sujeto mira el mundo: sus cosmovisiones, su mentalidad, su percepción histórica” (SZURMUK Y MCKEE IRWIN, 2009, p.250).

En el conjunto de trabajos reunidos en este número ofrecemos muestras de algunas representaciones del Caribe que circularon y que formaron parte de un sistema de prácticas sociales y culturales en las que los agentes que realizaron esas representaciones apelaron a referentes, reales o imaginarios.

En primer lugar hablamos de las representaciones cartográfi cas que a lo largo del siglo XX se difundieron mediante grandes mapas a colores que eran distribuidos como suplemento por la revista National Geographic. En ellos se percibe el cambio en el signifi cado de la región como zona de defensa, lugar ideal para la inversión, y ante todo espacio propicio para el turismo. En los diversos mapas vemos cómo se representa también la actuación de Estados Unidos sobre ese espacio. En particular, en el mapa elaborado en 1987, lo que constatamos es la representación de los diversos ciclos de la historia de la zona desde la llegada de Cristóbal Colón y hasta la consolidación del llamado siglo americano.

En el segundo trabajo reunido en este número, el Golfo- Caribe es el espacio de confrontación entre los intereses de la Real Hacienda novohispana y los intereses particulares de los contrabandistas. El mar representa el lugar idóneo para realizar las transacciones que generarán las subastas y con ellas los crecientes ingresos, pero sobre todo, lo que el artículo de Julio Rodríguez describe es el espacio de acción de las redes de poder entre contrabandistas y funcionarios reales.

En su análisis de la dinámica que siguió el partido de Bacalar y su área aledaña, durante el siglo XVII, la autora Gabriela Barke destaca cómo éste forma parte de un complicado proceso en el cual los sujetos que intervinieron en él “crearon un paisaje modifi cado de acuerdo a sus percepciones, acciones, relaciones y usos”. Fue, en primer lugar, contenedor de una enmarañada red de relaciones políticas, económicas y sociales, vinculadas tanto al ámbito local como al internacional, pero también, fue lugar de refugio y aislamiento para los nativos, y zona despoblada y fuera de control para los conquistadores. En la colaboración de Silvia Rábago percibimos cómo las representaciones que los encargados de la diplomacia mexicana construyeron del Caribe marcaron sus decisiones y su actuación en la región en el siglo XIX.

La educación rural en las islas del Caribe, producto de las intervenciones militares de Estados Unidos, es el tema del texto de Juan Alfonseca. Esa educación contribuyó a construir representaciones de las realidades donde se inscribió y, en función de esas representaciones, propuso la inserción del campesinado en el mercado agroexportador de las Antillas mayores.

En el texto de Yoel Cordoví somos testigos de cómo operaron las representaciones de lo que se percibía como la realidad cubana, nos adentramos en las estrategias expedicionarias concebidas y articuladas por las estructuras directivas de la Delegación Plenipotenciaria de la República de Cuba en Armas, constituidas durante la guerra de independencia (1895-1898), y conocemos los pasos seguidos para vencer los obstáculos que impusieron a los revolucionarios cubanos las autoridades de Estados Unidos. Estrategias en las que la astucia, las infl uencias y el dinero tuvieron un papel hasta ahora no sufi cientemente resaltado. Mientras, el artículo escrito por Erik del Ángel presenta a La Habana como el lugar en el que se podía conspirar, pero ante todo se identifi caba como el lugar idóneo para salvar la vida. Hilda Vázquez Medina continúa, en el siglo XX, la refl exión sobre las representaciones y la actuación de la diplomacia mexicana en el Caribe.

Finalmente, dos trabajos sobre música del Caribe son el medio utilizado para analizar otros ámbitos de representación. En el estudio de la salsa propone Alejandro Martínez mostrar la opresión sobre el afrodescendiente y la imagen estereotipada de éste. El rap ofrece, de acuerdo con Allysson Fernandes imágenes de la exclusión del negro en Cuba. Lo que los trabajos aquí publicados muestran es que el Caribe es mucho más que un espacio concreto. Es, más bien, sujeto y objeto de múltiples representaciones. Desde la geografía, la cartografía, la historia, la diplomacia, la educación, la música.

Referencias

SZURMUK, Mónica y MCKEE IRWIN, Robert Coords. Diccionario de Estudios Culturales Latinoamericanos, México: Instituto Mora/Siglo XXI, 2009.

Laura Muñoz – Instituto Mora/ Mex DF.


MÚÑOZ, Laura. O Caribe como espaço de representações. Revista Brasileira do Caribe, São Luís, v.14, n.28, jan./jun., 2014. Acessar publicação original. [IF].

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Quando espaço e política se encontram: diálogos possíveis / Revista Espacialidades / 2013

A Revista Espacialidades, em seu 6° dossiê, intitulado Quando espaço e política se encontram: diálogos possíveis, conta com artigos de diversas universidades de diferentes lugares do país. Todos eles versam sobre um eixo que consiste na proposta do presente número, que é a aproximação entre a política e o espaço. Nesse sentido, interessou aos autores dos artigos publicados analisar como essas categorias podem estar presentes em um mesmo texto, em uma mesma reflexão, revelando que quando existe uma aproximação entre elas novos significados são revelados, novas relações se tornam visíveis, novas interpretações surgem. Os textos que seguem, portanto, apresentam um dos elementos que sustenta a pesquisa acadêmica, que é a inovação. Essa foi proporcionada por pesquisas envolvendo fontes, metodologias, teóricos e historiografia, mas foi propiciada igualmente por aquilo que compreende a proposta do presente dossiê da Revista Espacialidades, ou seja, por diálogos possíveis entre política e espaço.

Este volume conta com alguns artigos que trabalham com díspares concepções do que é política e do que é espaço. Essa pluralidade de percepções consiste em uma das principais riquezas desta publicação e a leitura dos textos a seguir será crucial para a compreensão e aprofundamento de como isso pode ser útil à pesquisa, de como existem várias formas de se construir investigações e de como, ao longo do tempo e em diferentes esferas da sociedade, essas categorias foram trabalhadas e vivenciadas pelos sujeitos históricos. Desse modo, as propostas dos artigos merecem ser sintetizadas para que o leitor as conheça minimamente e, assim, realize suas escolhas. Elas serão, então, apresentadas na mesma ordem em que aparecem no presente dossiê, que, aliás, será encerrado com uma entrevista realizada com Renato Amado Peixoto, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que respondeu a algumas perguntas feitas pela Equipe Editorial acerca de aproximações entre política e espaço.

O texto O indígena nas revistas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro: entre o problema e a solução (1839-1845), de Luis Fernando Tosta Barbato, tem por objetivo examinar como o indígena foi tratado dentro das revistas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) durante o período no qual o cônego Januário da Cunha Barbosa esteve no posto de primeiro-secretário do grêmio. Nessa época a fragmentação territorial do país parecia iminente e o referido instituto passou a procurar construir marcas simbólicas da brasilidade, utilizando, dentre outros, o indígena brasileiro. Luis Barbato procurou analisar, portanto, as diferentes formas como os nativos apareceram no periódico do IHGB, percebendo ambiguidades e disputas internas entre membros da instituição.

Em Es / crer / ver a nação: espacialidade forjada na narrativa barrosiana, de Elynaldo Gonçalves Dantas, o historiador procura fazer uma reflexão sobre a organização do espaço nacional no pensamento do integralista Gustavo Barroso a partir do aporte teórico metodológico da desconstrução derridiana. Como material de análise o autor utiliza um dos capítulos da obra Brasil, Colônia de Banqueiros, onde Barroso utiliza o tropo da animalização para a construção espacial e identitária da nação. Esse exame, no entanto, ultrapassa a compreensão desse documento como texto escrito e considera que o trabalho que adota como a fonte, para sua constituição, recorre a imagens, possui uma dimensão visual que rabisca um quadro do que seria a nação.

O trabalho intitulado Visões da “família provincial do Império”: política e representação do espaço no Brasil do século XIX, da historiadora Pérola Maria Golfeder e Castro, trata das relações entre política e espaço sob a perspectiva das representações do território brasileiro no século XIX. Por meio da análise de compêndios geográficos impressos no Brasil entre as décadas de 1830 e 1870 a professora analisa como as transformações no arranjo institucional do Império influíram na maneira de se enxergar o território brasileiro. Por isso, a autora entende que conhecer o território é, necessariamente, fazer política.

Para Renato Marinho B. Santos, a Intendência Municipal procurou formar uma nova ordem urbana em Natal entre os anos de 1904 e 1929. Dessa maneira, no estudo intitulado Entre Bockham e Babel: a gestão do espaço urbano natalense na primeira República, o autor analisa o funcionamento da Intendência, seus limites de ação, sua relação com o governo do estado, seus mecanismos de atuação na capital. Ele examina também a elite que administrou a cidade do Natal durante a primeira República, pois entende que a formação de uma nova ordem urbana está relacionada aos gestores do município.

Em As lutas políticas dos congadeiros da cidade de Oliveira (MG), 1950-2009, Fernanda Pires examina as lutas políticas enfrentadas pelos participantes da festa do Congado da cidade de Oliveira (MG). Em meio a proibições e permissões os descendentes de escravos lutaram e ainda lutam para conseguirem manifestar sua devoção à Nossa Senhora do Rosário e aos santos padroeiros pelas ruas da cidade e também conquistar o respeito da população local à sua expressão cultural. Por isso, para a historiadora, a luta política dos congadeiros pode ser evidenciada através de diferentes ações como a conquista de espaços públicos de Oliveira, considerados por eles como sagrados e que fazem parte da história de seus antepassados.

Para Carolino Marcelo de Sousa Brito, em Cidades históricas da Chapada Diamantina: patrimônio baiano ou mineiro?, o patrimônio foi um importante vetor no processo de reconhecimento do passado minerador da Chapada Diamantina, Bahia, na década de 1970. Essa região, para o autor, estava em decadência social e econômica desde o declínio da atividade mineradora no final do século XIX e passou a ter dizibilidade e visibilidade por meio do patrimônio histórico, quando teve seus sítios urbanos comparados aos consagrados sítios urbanos mineiros por estudos realizados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Este processo levou ao tombamento dos primeiros sítios urbanos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) entre os anos de 1973 e 1980.

No artigo A cidade e as manifestações coletivas: a constituição da Praça Sete como espaço da expressão política, de Fabiano Rosa de Magalhães, continua o debate em torno das relações entre política e espaço por meio de uma análise inspirada na sociologia das manifestações. Esse texto busca compreender a constituição da referida praça enquanto espaço privilegiado de manifestações políticas, destacando o embate entre diversas forças e suas diferentes concepções sobre o espaço público.

Valores em plenária: moralidades e religiosidades na discussão sobre as “uniões homoafetivas” pelo Supremo Tribunal Federal, artigo de Ricardo Andrade Coitinho Filho, como o título deixa claro, realiza uma discussão em torno da questão jurídica ligada à problemática das uniões homoafetivas. Tal debate percebe o Supremo Tribunal Federal enquanto espaço de disputas no qual questões da moral religiosa surgem enquanto problemáticas em um debate que por natureza é de caráter público.

O artigo Assistência social ou controle sócio-espacial: uma análise das espacialidades políticas da Fundação Leão XII sobre as favelas cariocas (1947-1962), de Igor Martins Medeiros Robaina, tem como foco compreender as relações conflituosas entre grupos que adotavam diferentes posturas em relação ao ativismo político-social no espaço das favelas do Rio de Janeiro. O plano de fundo da discussão é o surgimento da Fundação Leão XIII, criada no dia 22 de janeiro de 1947, de modo que interessa ao autor analisar a articulação entre Estado e Igreja Católica nesse embate.

O trabalho intitulado Movimento Quilombola do Piauí: participação e organização para além da terra, é um texto de dupla autoria escrito por Daniely Monteiro Santos e Solimar Oliveira Lima. Esse escrito apresenta uma reflexão sobre as experiências do Movimento Quilombola no Piauí desde seu início, na década de 1980, até seu fortalecimento nos últimos dez anos. Por meio de uma problemática espacial, a territorialidade, o autor demonstra o desenvolvimento de dispositivos institucionais que ampararam e ampliaram o acesso de tais comunidades a seus direitos.

O último artigo desta edição, Um sacerdote integral: o padre João Maria na narrativa do monsenhor Alves Landim (Natal – RN, 1933-1936), Antonio Ferreira de Melo Júnior investiga um momento notório da história da cidade de Natal. Em 1935 as organizações familiares do estado do Rio Grande do Norte passavam por um momento de crise; ocorrera, ainda o Levante Comunista. Levando isso em consideração, o autor investiga o surgimento de uma identidade católica na capital pautada no padre João Maria Cavalcanti de Brito. Para tanto, ele analisa a narrativa do monsenhor Alves Landim, que desempenhara importante papel na construção da memória do referido padre enquanto seu primeiro biógrafo.

Fechamos nosso número, conforme se tornou perfil da revista, com uma entrevista. Intitulada Para além da história política: História e Historiografia, ela foi feita com Renato Amado Peixoto, que é doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professor do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e trabalha com História da Historiografia, cartografia e pensamento católico. Por isso, na presente entrevista, o professor e pesquisador se concentra em questões de História Política, espaço e Historiografia que emergem do seu livro Cartografias Imaginárias, no qual a problemática da formação da nação, dos exercícios de poder sobre o espaço e do papel da cartografia enformando o espaço nacional recebem devido destaque.

Os editores da Revista Espacialidades desejam a todos uma ótima leitura.

Equipe Editorial

Diego José Fernandes Freire

Felipe Tavares de Araújo

Gabriela Fernandes de Siqueira

Priscilla Freitas de Farias

Renan Vinícius Alves Ramalho

Tyego Franklim da Silva


FREIRE, Diego José Fernandes; ARAÚJO, Felipe Tavares de et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.6, n. 05, 2013. Acessar publicação original [DR]

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Espaço e tempo e suas representações entre celtas e germanos / Brathair / 2012

O presente dossiê abre um novo ciclo na existência da Revista Brathair, que culmina na indexação do periódico junto à Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), bem como no estabelecimento de novas parecerias.

Contando com a colaboração de pesquisadores nacionais e internacionais, o presente dossiê apresenta Tempo e Espaço como categorias principais de análise, conforme assevera Markus Schroer em entrevista para este dossiê: “O tempo e da mesma forma o espaço não são fatos sempre encontrados na realidade, mas sim categorias, com cujo auxílio se pode ordenar o ambiente natural e social” (p. 199). Desta forma, os artigos aqui apresentados versarão sobre as representações dessas categorias entre celtas e germanos.

Iniciando esse dossiê, apresentamos o artigo do doutor em História Social Vinicius Cesar Dreger de Araujo, que discute as representações do espaço geográfico no mapa mundi de Ebensdorf. Já abordando o eixo temático tempo, do doutor em História Social Marcus Baccega foca a discussão acerca das concepção de tempo terrestre e sua relação com a atemporalidade da versão alemã da Demanda do Santo Graal (Die Suche nach dem Gral). Abordando as duas categorias de análise propostas por este dossiê, temos a contribuição da doutoranda romena Liliana Emilia Dumitriu, a qual se baseia no conceito vangennepiano de rito de passagem, mais especificamente o de liminalidade, para analisar e comparar as obras de Wolfram von Eschenbach (Parzival) e Richard Wagner (Parsifal).

A Privatdozentin1 Andrea Grafetstätter apresenta ao público brasileiro a obra Kudrun através da perspectiva da topografia do tempo e espaço. A doutoranda em História Comparada, Maria de Nazareth Corrêa Accioli Lobato, por sua vez, discorre sobre a sacralização do espaço na obra de Beda. Baseando sua análise na obra Lanzelet, de Ulrich von Zatzikhoven, Kai Lorenz, doutor em Germanística, apresenta a discussão acerca do espaço na literatura arturiana.

O artigo da doutoranda Marion Poilvez lida com a relação espaço, exílio e liminalidade, discutindo tais conceitos através da interpretação de diversas sagas islandesas. Encerrando a sessão de artigos, Paulo Duarte Silva, doutorando em História Comparada, centra sua pesquisa na análise do conceito de tempo / temporalidade durante a Primeira Idade Média, mas especificamente o calendário litúrgico.

À sessão de artigos, seguem-se a resenha Contribuições para a elucidação da etnogênese saxônia de Vinicius Cesar Dreger de Araujo e a tradução d’A Batalha de Maldon realizada pelo doutor em História Social Elton O. S. Medeiros.

Para finalizar o nosso dossiê, apresentamos uma entrevista sobre os ‘Estudos de Espaço’ (Spatial studies) e a ‘Virada Espacial’ (Spatial turn) com o especialista alemão em Sociologia do Espaço, Prof. Dr.2 Markus Schroer da Universidade de Marburg.

Os organizadores deste dossiê agradecem a colaboração dos articulistas, sem a qual a presente edição seria inviável. Desejamos a todos os pesquisadores e demais interessados uma excelente leitura e conclamamos a todos que possuem contribuições na área de estudos celtas e germânicos e visem o estabelecimento de diálogos acadêmicos frutíferos a enviarem suas propostas para as próximas edições.

Notas

1 Privatdozent designa um título acadêmico alemão conferido a doutores que completaram sua livredocência, mas que ainda não possuem uma cátedra própria dentro do sistema universitário.

2 Prof. Dr. É um título acadêmico conferido a doutores que apresentaram suas habilitações e possuem uma cátedra. O correspondente no Brasil seria o cargo de Professor Titular.

Álvaro Alfredo Bragança Júnior – Professor Doutor (UFRJ)

Daniele Gallindo Gonçalves Silva – Professora Doutora


BRAGANÇA JÚNIOR, Álvaro Alfredo; SILVA, Daniele Gallindo Gonçalves. Editorial. Brathair, São Luís, v.12, n.1, 2012. Acessar publicação original [DR]

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História, espaço e imagens / Revista Espacialidades / 2010

Em 2010 o terceiro volume da Espacialidades foi publicado com o dossiê “História, espaço e imagens”, dialogando os mais diversos usos das imagens nas pesquisas históricas.

O volume contou com 6 artigos e uma resenha crítica. O principal tema abordado foi a cidade e o urbano, a partir de análises que tomam as imagens como fontes fundamentais para o estudo dessas espacialidades.

Roneilson da Silva Santos – Mestrando em História – UFRN.


SANTOS, Roneilson da Silva. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.3, n. 02, 2010. Acessar publicação original [DR]

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História e Espaço / Revista Mosaico / 2009

Este terceiro número da revista Mosaico dedica-se a explorar um campo de estudos muito interessante: História e Espaço. Em 2007, a Profª. Drª. Adriana Mara Vaz de Oliveira elaborou a disciplina “História e Espaço” para o Programa de Mestrado em História da Universidade Católica de Goiás, visando atender a uma demanda crescente de historiadores que voltam os seus focos de interesse nessa direção.

Para delimitar esse universo, assim o definiu: “estudo da cidade e do espaço rural relacionado à idéia de ‘cultura’ numa aproximação entre a história, o urbanismo, a arquitetura e a antropologia, considerando as relações entre paisagem, práticas espaciais, significado, simbolismo, identidade, conflitos sócio- espaciais e memória. A dimensão cultural dos conceitos de cidade, paisagem e região. A cultura como definidora de um novo olhar sobre o ambiente construído – cidade e espaço rural – delineado pela paisagem regional, memórias e identidades.”

Ministrada há dois anos, a disciplina “História e Espaço” tem oferecido um leque importante de conhecimento para os mestrandos que, como historiadores contemporâneos, ousam estender os limites tradicionais de suas áreas de pesquisa ou reconhecem tangências importantes de seus objetos de estudo com o campo temático em pauta.

Diante disso, a revista Mosaico vem prestigiar a troca de experiências nesse âmbito. No presente número apresenta-se uma relevante produção de artigos científicos, sete deles concernentes ao Dossiê História e Espaço e outros dois com temática livre. Também se disponibilizam os resumos de dissertações defendidas no Programa de Mestrado em História da UCG no primeiro semestre de 2009.

O primeiro artigo do dossiê, “El espacio moderno: arte, arquitetura y sociedad”, de Isadora Espinosa Risolo, fala do processo de criação do espaço moderno pelas vanguardas no início do século 20.

“As Minas e o templo – o caso de muitos casos”, de Cláudia Mudado Teixeira, é um texto que viaja para os arraiais das minas setecentistas, refletindo sobre a influência da Igreja na sua organização e consolidação, usando como instrumento a legislação portuguesa.

Raquel Naves Blumenschein, no artigo “Introduzindo sustentabilidade na cadeia produtiva da indústria da construção”, põe em pauta um tema que desafia os pesquisadores de hoje: a sustentabilidade na produção do espaço construído.

Rodrigo Santos Faria escreve sobre a origem dos eventos históricos, usando as artes visuais como parâmetro para dialogar com estudos de Paul Veyne sobre a escrita da história no texto “Velázquez e Veyne, e as articulações entre a pintura e a história: os processos relacionais na constituição da origem dos eventos históricos”.

Alice Fátima Martins trabalha cinema, ficção científica e cidades em “Cartões postais de cidades que habitam filmes de ficção científica”. Com muita criatividade, busca observar as transformações nas paisagens, desde o início do século 20, através de cartões postais imaginados de cidades de filmes de ficção científica.

“Ad Insulam brasilis: imaginário e construção do território goiano”, artigo de Deusa Maria R. Boaventura, lança luz sobre o mito do ouro na capitania de Goiás, observando que a averiguação desse imaginário deu-se por meio da cartografia.

Finalizando o dossiê, Adriana Mara Vaz de Oliveira e Elane Ribeiro Peixoto apresentam “Estudos de bairros: entre a arquitetura e a história”, texto que privilegia o estudo dos bairros de Goiânia sob a perspectiva de sua vida cotidiana. Enfocam, particularmente, o bairro Jardim Goiás.

Como tema livre, Marie-Claude Muñoz, professora da École des hautes études en sciences sociales, fala da relação entre franceses e portugueses no início do século 20 em “Les relations franco-portugaises de 1916 à 1918”.

Maria Claudia Bonadio usa como fontes de pesquisa as revistas O Cruzeiro e Manchete, entre 1960 e 1964, para estudar, via publicidade da Rhodia Têxtil, a qualidade internacional da moda produzida no Brasil. Seu artigo intitula-se “A ‘revolução no vestuário’: publicidade de moda, nacionalismo e crescimento industrial no Brasil dos anos de 1960″.

Espero que apreciem,

Márcia Metran de Mello – Professora Doutora. Organizadora


MELLO, Márcia Metran de. Editorial. Revista Mosaico. Goiânia, v.2, n.1, jan. / jun., 2009. Acessar publicação original [DR]

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Espaço e sociabilidades / História – Questões & Debates / 1999

Os textos aqui apresentados sob o tema Espaço e sociabilidades refletem interesses e problemas de investigação de pesquisadores preocupados com as formas de convívio entre grupos humanos, bem como com os palcos privilegiados dessas mesmas formas de interação social. São textos que apontam para pesquisas recentes, as quais privilegiam as formas de sociabilidades entre imigrantes europeus, entre mulheres escravas ou forras, entre mulheres abastadas ou pobres do mundo urbano, entre indivíduos de comunidades tradicionais, entre cativos e negros livres urdidos pelas identidades étnica, profissional ou religiosa, entre boêmios da cidade contemporânea, entre gêneros envoltos em conflitos amorosos. Essas dimensões das sociabilidades são discutidas aqui, ao mesmo tempo, do ponto de vista dos espaços, dos palcos urbanos nos quais elas se desenrolavam; as cidades e as aldeias são, assim, configurações recorrentes, sejam estas situadas na sociedade chilena tradicional, no medievo português, no contexto da América portuguesa ou na contemporaneidade burguesa carioca ou da Curitiba do século que ora se encerra. Trata-se, em conjunto, de um esforço coletivo de pesquisadores mais ou menos articulados entre si no sentido de constituir uma reflexão comum em torno não apenas dos espaços construídos pelas interações sociais, pelas configurações marcadas pelas interdependências entre os indivíduos, mas também pelas formas de sociabilidade muitas vezes baseadas em princípios identitários que esses espaços ensejam. Não se deve crer que estes textos reflitam, por fim, um produto pronto e acabado relativamente ao tema mais amplo, dado pela expressão espaço e sociabilidades; antes, propicia-se aqui um ponto de partida teórico, uma página aberta às indagações de leitores aptos a identificar os componentes do que venha a ser uma linha de pesquisa de grande alcance temático e espacial.

Luiz Geraldo Silva – Comissão Editorial.


SILVA, Luiz Geraldo. Apresentação. História – Questões & Debates. Curitiba, v.30, n.1, jan. / jun., 1999. Acessar publicação original [DR]

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