The fearless Benjamin Lay: the Quaker dwarf who became the first revolutionary abolitionist | Marcus Rediker

A memória do antiescravismo por seus agentes

Em 1808, logo após o Parlamento britânico aprovar a extinção do tráfico transatlântico de escravos, o famoso abolicionista Thomas Clarkson publicou o livro The history of the rise, progress and accomplishment of the abolition of the African slave trade by the British parliament. Era o momento ideal para dar início à construção da memória do antiescravismo.2 Clarkson narrou a história do movimento a partir de um ponto de vista fortemente alinhado aos ideais do grupo que assumiu a frente da luta contra a escravidão, que, por sua vez, exprimiam suas concepções políticas e classistas de homens da “middle class” britânica, comprometidos com o credo da religião oficial anglicana. Nessa obra, Clarkson apresentou uma alegoria fluvial para ilustrar o crescimento e fortalecimento do movimento contra o tráfico e a escravidão na Europa e América do Norte. A despeito de seu etnocentrismo, que desconsiderou quase todas as iniciativas antiescravistas ibéricas anteriores, sua alegoria (ou mapa) é um registro valioso da concepção iluminista de progresso, que norteou essa vertente antiescravista. Na alegoria, numa distribuição espaço-temporal, vê-se, por volta de 1650, as primeiras iniciativas antiescravistas. São pequenos regatos e riachos, que trazem nomes de indivíduos ou pequenos grupos, simbolizando as vozes isoladas que se opuseram à escravidão, mas que acabavam desaguando numa única direção e num mesmo rio; com o passar dos anos, apareceram afluentes mais numerosos, que, por sua vez, foram tornando mais encorpado o rio principal; a partir de aproximadamente 1750 as iniciativas se multiplicaram e esses tributários já desaguavam num grande rio que se dirigia ao oceano. Apesar de Clarkson deixar sugerida a conexão existente entre essas iniciativas, ele tomou o cuidado de destacar dois grandes rios separadamente, um da Europa e outro da América do Norte, que virtualmente se encontrariam no oceano da liberdade (CLARKSON, 1808, v. 1, entre as págs 258 e 259).

A um dos pequenos regatos que desaguavam no grande rio que simbolizava o antiescravismo na América do Norte, Clarkson deu o nome de Benjamin Lay. Tratava-se de uma homenagem a um dos primeiros e mais radicais críticos da escravidão americana nas décadas iniciais do século XVIII e um reconhecimento por seus esforços para despertar a atenção pela causa. Clarkson, entretanto, não conseguiu escapar da reprodução de preconceitos, ao lhe atribuir certa “excentricidade de caráter”, que teria acabado por reduzir a eficácia de suas ações (CLARKSON, 1808, v. 1, p. 149). De todo modo, o abolicionista inglês (e anglicano) do início do século XIX não viu problemas em reconhecer a importância das ações antiescravistas do quacre radicado na Pensilvânia. Benjamin também recebeu alguma atenção de simpatizantes antiescravistas uma ou duas gerações mais velhas e de abolicionistas norte-americanos e franceses, dos séculos XVIII e XIX. Contudo, Benjamin não teve o devido reconhecimento por suas ações antiescravistas da congregação religiosa que ele tanto amava nem dos historiadores do antiescravismo (VAUX, 1815CHILD, 1842WARVILLE, 1791, t. II, p. 7-9).3

1 alegoria fluvial de Thomas Clarkson

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Acima (imagem 1), a alegoria fluvial de Thomas Clarkson. No detalhe (imagem 2), abaixo, a menção a Benjamin Lay. Fonte: REDIKER, Marcus. The fearless Benjamin Lay: the Quaker dwarf who became the first revolutionary abolitionist, p. 219.

2 alegoria fluvial de Thomas Clarkson

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O pouco apreço pelo nome de Benjamin entre os quacres chama ainda mais a atenção quando se considera que a partir do final do século XVIII, e por praticamente todo o século XIX, eles foram o grupo religioso que mais promoveu e defendeu o antiescravismo na Grã-Bretanha. Nas palavras de um historiador, eles formaram a espinha dorsal do movimento antiescravista, pois financiaram e comandaram as principais instituições que lideraram a luta contra o tráfico e a escravidão até por volta da década de 1860. Na América do Norte, por seu turno, os quacres também foram fundamentais na promoção e difusão do antiescravismo, mas diferentemente da Grã-Bretanha, não conseguiram dominar as principais instituições antiescravistas. Seja como for, os quacres de ambos os lados do Atlântico mobilizaram eficientemente as suas redes religiosas e de negócios, criadas a partir de meados do século XVII, para atender aos propósitos da causa antiescravista, garantindo dessa maneira uma difusão ampla e rápida de campanhas, propagandas, livros, panfletos e outros materiais (TEMPERLEY, 1972, p. 2; HUZZEY, 2012, p. 14 e 109; FROST, 1980, p. 1-30; SODERLUND, 1985, esp. caps. 1 e 2). Contudo, apesar do engajamento dos quacres com o antiescravismo institucionalizado, as principais lideranças não viram as ações de Benjamin com bons olhos, pois elas não se encaixavam nos seus padrões pacifistas e principalmente classistas.

Os historiadores do antiescravismo também dedicaram pouca ou nenhuma atenção a Benjamin, ou, o que talvez seja pior, julgaram-no a partir dos preconceitos que lhe foram impingidos por seus detratores e adversários (DAVIS, 2001, p. 359-362). Em geral, a historiografia não procurou entender a natureza do abolicionismo de Benjamin, nem as razões de suas ações e o contexto em que surgiram. Provavelmente, o desconhecimento e incompreensão também podem ser creditados à metodologia historiográfica, que geralmente considerou o movimento antiescravista como um fenômeno essencialmente de elite ou de classe média (DAVIS, 1975, esp. caps. 2 e 3; TEMPERLEY, 1977, p. 98). Ultimamente, Drescher começou a relativizar essa interpretação, chamando a atenção para a participação da classe trabalhadora britânica nas campanhas de petição do início do século XIX (DRESCHER, 2011, p. 366 e segs.).

“O destemido Benjamin Lay”

O livro de Marcus Rediker, The fearless Benjamin Lay: the Quaker dwarf who became the first revolutionary abolitionist (O destemido Benjamin Lay: o anão quacre que se tornou o primeiro abolicionista revolucionário), é sobre esse personagem ainda praticamente desconhecido da historiografia, mesmo da historiografia especializada no antiescravismo. A obra, entretanto, é muito mais que uma biografia. Ela é o resultado de um imenso esforço metodológico, que dialeticamente busca captar como as ações de um determinado indivíduo surgiram num contexto específico, e, ao mesmo tempo, compreender como tais ações repercutem num cenário mais amplo. Em outras palavras, trata-se de um grande esforço para pensar o global a partir do particular, mas sempre por intermédio de uma perspectiva histórica de baixo, das camadas sociais menos favorecidas (PIROLA, no prelo). É essa postura metodológica que permitirá a Rediker compreender a natureza do antiescravismo de Benjamin, que a outros intérpretes pareceu “excêntrico”, e porque ele foi possível naquele momento.

O livro de Rediker é composto de seis capítulos, que abordam cronologicamente os vários estágios da vida de Benjamin Lay, desde seu nascimento em 1682, em Copford, condado de Essex, a cerca de 60 milhas a noroeste de Londres, até sua morte, em 1759, em Abington, na Pensilvânia. Ele nasceu de uma família de camponeses pobres, mas com algum recurso, que morava numa região fortemente influenciada “pela produção têxtil, protestos e radicalismo religioso” (p. 16). Benjamin levaria tais influências por toda sua vida. Ele também sofria de nanismo e cifose – uma protuberância em sua coluna – que o tornariam vítima de preconceito e discriminação.

Ainda bem jovem, Benjamin mudou-se para Fordham, um vilarejo onde seu irmão criava ovelhas. Ali, desempenhou a função de pastor. Mais tarde, mudou-se para Colchester, onde seu pai o empregou como aprendiz de luveiro, um ofício baixo e desagradável. Logo depois, mudou-se para Londres e se tornou marinheiro – ele queria conhecer o mundo. Permaneceu nessa profissão por aproximadamente doze anos, viajando por inúmeras nações, onde seu “destino foi moldado” (p. 30). Depois casou-se com Sarah, uma ministra quacre itinerante, que também era anã. Abandonou a vida no mar e, nos anos seguintes, exerceu a atividade de pequeno comerciante e luveiro. O casal residiu ainda por vários anos na Inglaterra até se mudar para Barbados, em 1718.

Não são conhecidos os motivos dessa mudança, mas, segundo Rediker, a então colônia escravista das Índias Ocidentais britânicas, e primeiro berço da comunidade quacre nas Américas, assustou o casal. O grande número de escravos, que perfazia quase nove décimos da população, a violência do sistema escravista e o envolvimento dos companheiros quacres na escravidão desfizeram rapidamente o sonho de residir nessa comunidade. O medo de que seus “corações endurecessem” fez com que o casal retornasse para a Inglaterra em 1720. Benjamin jamais seria o mesmo: “ele nunca esqueceria a fome desesperada dos escravizados nem a violência perversa dos senhores. Em meio à depravação dourada de Barbados, Benjamin encontrou uma nova Babilônia. Derrubá-la seria o propósito de sua vida” (p. 41).

Doze anos depois, em 1732, eles cruzaram novamente o Atlântico, desta vez em direção à Cidade do Amor Fraternal, a Filadélfia, na Pensilvânia. Essa cidade era então a mais proeminente comunidade quacre da América do Norte. A situação que encontraram era bem diferente da que viram em Barbados, mas, mesmo assim, a escravidão estava presente aos olhos de todos. Benjamin estabeleceu-se como pequeno comerciante (vendedor de livros – sua grande paixão e os únicos bens materiais a que demonstrava afeição) e Sarah deu continuidade às suas atividades ministeriais com antigas colegas que também haviam cruzado o Atlântico.

Desde que deixou o trabalho no mar, ainda na Inglaterra, Benjamin passou a se envolver em conflitos nos encontros quacres. Ele chegou a ser repudiado várias vezes, ou seja, sofreu sanções que o impediam de frequentar os encontros de negócios, só sendo aceito nos encontros de adoração.4 Nessa época, o motivo principal de suas intervenções eram os “falsos ministros”, que pregavam suas próprias palavras, “não a verdade de Deus” (p. 36).

Depois que o casal se mudou para a Filadélfia, as intervenções de Benjamin visaram não apenas os “falsos ministros”, mas os proprietários de escravos, assuntos que ele considerava “intoleráveis” (p. 35). Acontece que os principais proprietários de escravos da Filadélfia e seus arredores também eram os homens mais graduados na hierarquia quacre e os políticos mais poderosos e ricos da colônia da Pensilvânia – cuja vida política e administrativa foi dominada pelos quacres até aproximadamente a Independência norte-americana.

Tão logo os conflitos começaram, Benjamin e Sarah se mudaram, em março de 1734, para Abington, oito milhas ao norte da Filadélfia. O homem que se mudara constantemente ao longo de sua vida, dessa vez encontrou o local onde permaneceria até sua morte. Eles foram morar nas terras de uma família de amigos, mais especificamente numa caverna, ao redor da qual Benjamin plantava seu próprio alimento e cuidava de algumas colmeias de abelhas. Ali Benjamin poderia viver uma vida de acordo com seus princípios; ali poderia edificar sua própria Jerusalém e retornar às formas simples de vida dos cristãos primitivos (p. 100). Sarah não pode acompanhá-lo por muito tempo, pois faleceu no final de 1735.

Benjamin tornou-se vegetariano, confeccionava suas próprias roupas, fazia longas viagens a pé, para não maltratar os animais, e abdicou de consumir ou usar qualquer produto produzido por escravos. Ele também lia e estudava muito. Pouco tempo depois da morte de Sarah, ele começou a redigir um livro contra os proprietários de escravos.

Todo quacre que desejasse publicar uma obra precisava, entretanto, submetê-la ao Conselho dos Supervisores, que se encarregaria de aprová-la ou não. Benjamin não submeteu o seu livro, pois tinha certeza de que não receberia a aprovação. Ele enviou os originais diretamente ao seu editor. Em 1738, veio a lume All Slave-Keepers That Keep the Innocent in Bondage, Apostates, no qual o autor expunha suas críticas à escravidão, bem como sua maneira de pensar. (Essa obra foi a quarta maior publicação antiescravista da América do Norte). O chefe do Conselho dos Supervisores emitiu uma nota desautorizando a obra e seu autor. O impressor do livro, Benjamin Franklin, sabia que o assunto era espinhoso, por isso até omitiu seu nome da folha de rosto. Entretanto, cinquenta anos mais tarde, Franklin reconheceria sua contribuição ao antiescravismo ao publicar aquela obra (p. 8 e 192, nota 20).

Além das furiosas intervenções nos encontros quacres, nas quais debatia de forma desabrida com os ministros, e da publicação sem autorização de um livro contra os proprietários de escravos, Benjamin também encenava seu “teatro de guerrilha” em qualquer aglomeração, com o claro objetivo de chamar seus espectadores à consciência pelas atrocidades que cometiam contra seus escravos. Todos esses procedimentos, juntamente com seu vegetarianismo, sua recusa de utilizar qualquer produto feito com trabalho escravo, sua decisão de não retirar o chapéu diante das autoridades religiosas ou nas cerimônias, suas roupas simples, fabricadas por ele mesmo, sua caverna, sua longa barba e seu nanismo, tornaram-no muitas vezes motivo de chacota e descrédito. Uma figura “excêntrica”, tanto para seus adversários políticos contemporâneos quanto para os historiadores. Ou seja, eles viam-no como uma pessoa “deformada” mental e corporalmente, e emocionalmente instável. Todavia, para Rediker, essa caracterização, além de preconceituosa, desprezava a perspectiva histórica e não atentava para o contexto no qual Benjamin foi formado.

É justamente nesse ponto que Rediker se aparta da historiografia anterior. Para ele, os procedimentos de Benjamin e seu modo de vida refletiam e procuravam incorporar a herança de radicalidade política da Revolução Inglesa e sua expressão religiosa, também radical, dos quacres primitivos. Esses procedimentos também exprimiam a solidariedade do mundo do trabalho, que Benjamin conheceu muito intimamente nos anos em que passou no mar, das histórias que ouviu sobre o tráfico de escravos, e das cenas de opressão que presenciou em Barbados. Por último, eles também eram o resultado de suas leituras, de uma interpretação peculiar da Bíblia, em especial do Livro da Revelação, em combinação com os ensinamentos dos filósofos cínicos da Antiguidade e alguns autores radicais tributários da Revolução Inglesa. Benjamin era um autêntico antinomiano: ele acreditava “que ninguém tinha o direito ou o poder de controlar a consciência humana” (p. 20).

Rediker primeiramente focou no seu personagem, mas o fez por meio da recomposição do ambiente no qual ele se formou, da trajetória de suas atividades laborais, de suas leituras, das heranças culturais, políticas e religiosas que o moldaram. Essa estratégia metodológica lhe permitiu entender como se formara seu antiescravismo, ou melhor, como Benjamin chegou até ele por meio de uma leitura particular e inovadora da tradição radical da Revolução Inglesa em combinação com a tradição também radical da religiosidade quacre. Em suma, ao invés de taxar os procedimentos e ideias de Benjamin de “excêntricos”, Rediker propôs-se a entendê-los a partir do ambiente em que se formaram, e descobriu que eles resultavam diretamente das tradições políticas e religiosas das quais Benjamin era herdeiro ou dos grupos a que ele pertenceu em determinado momento da vida.

Os resultados historiográficos

Ao focar num personagem que transitara entre as duas margens do Atlântico e perambulara por várias regiões, Rediker mostrou que Benjamin foi capaz de romper com a sabedoria convencional de sua época justamente por conseguir conciliar e valorizar suas experiências entre os trabalhadores de baixo, e o preconceito que sofreu durante toda sua vida, com uma audaciosa interpretação religiosa e filosófica. Nas palavras de Rediker, o “radicalismo de Benjamin combinou o quacrismo, a filosofia antiga, a cultura marítima, o abolicionismo e os bens comunais” (p.145).

Os ganhos historiográficos deste procedimento metodológico são marcantes. Em primeiro lugar, o autor consegue estabelecer uma outra genealogia para o abolicionismo, comumente associado ao Iluminismo das elites francesas ou às classes médias dos “santos” abolicionistas britânicos.5 Benjamin pertenceria a uma história da abolição a partir de baixo, em linha direta com os radicais da Revolução Inglesa, “ele se baseou livremente na herança do “‘mundo de ponta-cabeça’” (p. 145-146).6 Na fina expressão de Rediker: “o movimento a partir de baixo forçou passagem para garantir a abolição quacre a partir de cima” (p. 138).

Outro grande mérito da obra de Rediker está na redefinição cronológica das mudanças de atitudes quacres em relação à escravidão. A historiografia comumente situava as primeiras manifestações antiescravistas desse grupo entre as décadas de 1750-1760. Esse marco já havia sido revisto por Jean R. Soderlund, que enfatizou que a época crucial para as mudanças de atitudes quacres em relação à escravidão foram as décadas de 1730 e 1740. Com a obra de Rediker, o marco se afirma definitivamente nessas décadas, justamente no momento mais incisivo das ações de Benjamin (p. 137).

A obra de Rediker altera igualmente a natureza dessas manifestações, pois o radicalismo de Benjamin diferia claramente das posturas mais conciliatórias de outros antiescravistas quacres posteriores. E foi o radicalismo e as táticas extremas de Benjamin, ainda segundo as palavras de Rediker, que “tornaram possível os sucessos posteriores de Benezet e Woolman”, cujas mansidão e gentileza teriam sido incapazes de romper as barreiras dos proprietários de escravos (p. 142).

Sobre esse radicalismo, aliás, é preciso salientar ainda que Benjamin jamais aceitou qualquer medida gradual de extinção da escravidão. Ele sempre defendeu a abolição imediata, o que permite mais uma vez a Rediker redefir o marco cronológico do debate sobre o imediatismo, que até então estava localizado no início do século XIX, mas já podia ser observado na década de 1730 entre os quacres da Filadélfia.

Por último, a obra de Rediker sobre a vida de Benjamin Lay traz enormes contribuições para o campo das ideias, pois ajuda a entender o que era “pensável” e o que era “política e moralmente possível” na primeira metade do século XVIII (p. 153). Por isso, trata-se de uma contribuição original e relevante para o campo historiográfico, destacando a relevância de uma história global a partir de baixo.

Gravura de Benjamin Lay

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Gravura de Benjamin Lay, encomendada por Deborah Franklin para presentear seu marido, Benjamin Franklin, então amigo do abolicionista quacre. Obra de William Williams e seu aprendiz, Benjamin West. Fonte: REDIKER, Marcus. The fearless Benjamin Lay: the Quaker dwarf who became the first revolutionary abolitionist, p. 219.

Notas

2 Como ensinou Le Goff, o domínio sobre a memória é “um instrumento e um objetivo de poder” (LE GOFF, 1984, p. 46).

3 Atualmente, segundo Rediker, os historiadores quacres amadores e os historiadores profissionais do quacrismo reconhecem a importância de Benjamin Lay para o antiescravismo norte-americano.

4 Os encontros quacres não eram apenas uma reunião. Tratava-se de uma instituição hierarquizada, por isso o nome é grafado frequentemente em maiúscula. Por exemplo, havia os encontros preparatórios ou quinzenais; depois os encontros mensais; trimensais e, finalmente, o anual. A instância máxima quacre era o Encontro Anual de Londres, ao qual se reportavam todos os demais encontros anuais espalhados pela Inglaterra e América. (Cf. A brief statement…, 1843, p. 15).

5 A expressão os “santos” foi utilizada, de maneira um tanto jocosa, para designar alguns abolicionistas britânicos das primeiras décadas do século XIX, geralmente anglicanos, que se opunham a qualquer medida antiescravista mais audaciosa e estavam preocupados com a moral e a filantropia, como Clarkson e Wilberforce. (WILLIAMS, 2012, esp. cap. 11: “Os ‘Santos’ e a escravidão”).

6 Rediker está se referindo claramente à obra de Christopher Hill, O mundo de ponta-cabeça, que o inspira em várias passagens (HILL, 1987).

Referências

A brief statement of the rise and the progress of the testimony of the Religious Society of Friends against slavery and the slave trade Published by direction of the Yearly meeting, held in Philadelphia, in the Fourth month, 1843. Philadelphia, Joseph and William Kite, 1843.

CHILD, Lydia Maria. Memoir of Benjamin Lay: Compiled from Various Sources New York: American Anti-Slavery Society, 1842.

CLARKSON, Thomas. The history of the rise, progress and accomplishment of the abolition of the African slave trade by the British parliament London: Longman, 1808. 2 vols.

DAVIS, David Brion. O problema da escravidão na cultura ocidental Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

DAVIS, David Brion. The problem of slavery in the Age of Revolution, 1770-1823 Ithaca; London: Cornell University Press, 1975.

DRESCHER, Seymour. Abolição Uma história da escravidão e do antiescravismo. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

FROST, J. William. Introduction. In: FROST, J. William (ed.), The Quakers origins of antislavery Norwood: Norwood Editions, 1980.

HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça Ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

HUZZEY, Richard. Freedom burning. Anti-slavery and empire in Victorian Britain Ithaca: Cornell University Press, 2012.

LE GOFF, Jacques. Memória. In: Enciclopédia Einaudi Memória-História, v. 1. Porto: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 1984.

PIROLA, Ricardo. História global “vista de baixo” e agência: conceitos, estratégias de pesquisa e desafios. In: RÉ, Henrique Antonio; SAES, Laurent; VELLOSO, Gustavo (orgs.). História e historiografia do trabalho escravo no Brasil: novas perspectivas (no prelo)

SODERLUND, Jean R. Quakers and slavery. A divided spirit Princeton: Princeton University Press, 1985.

TEMPERLEY, Howard. British antislavery, 1833-1870 Columbia: University of South Carolina Press, 1972.

TEMPERLEY, Howard. Capitalism, slavery and ideology. Past and Present, n. 75, May, 1977, p. 94-118.

VAUX, Roberts. Memoirs of the Lives of Benjamin Lay and Ralph Sandiford, Two of the Earliest Public Advocates for the Emancipation of the Enslaved Africans Philadelphia: Solomon W. Conrad, 1815.

WARVILLE, Jacques-Pierre Brissot de. Nouveau voyage dans les États-Unis de L’Amérique septentrionale, fait en 1788 Paris: Buisson, 1791. 2 tomos.

WILLIAMS, Eric. Capitalismo e escravidão São Paulo: Companhia das Letras , 2012.


Resenhista

Henrique Antonio Ré – Pós-doutorado em História pela Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected]


Referências desta Resenha

REDIKER, Marcus. The fearless Benjamin Lay: the Quaker dwarf who became the first revolutionary abolitionist. Boston, MA: Beacon Press, 2017. Versão digital epub. Resenha de: RÉ, Henrique Antonio. O Quacre Benjamin Lay e os primórdios do antiescravismo na América do Norte. Revista de História. São Paulo, n. 179, 2020. Acessar publicação original [DR]

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