A revolução científica | Steven Chapin

“As imagens tradicionais da ciência estão a ser atacadas.” Esta frase ousada bem poderia descrever o ímpeto revolucionário dos filósofos naturais do século XVII, analisados por Steven Shapin em A revolução científica, obra de 1996 recentemente surgida em tradução para a língua portuguesa. Mas não. Quem a proferiu foi um nosso contemporâneo, o sociólogo Donald Mackenzie (1981, p. ix), ao introduzir o seu trabalho sobre a emergência das teorias estatísticas na viragem para o século XX.1 Com essa expressão, Mackenzie estava a captar o ataque aos modos “tradicionais” de fazer história e sociologia da ciência lançado desde meados da década de 1970 pela auto-intitulada sociology of scientific knowledge (mais conhecida por SSK), em particular pelo grupo reunido na Science Studies Unit da Universidade de Edimburgo, na Escócia. Shapin, então companheiro de Mackenzie em Edimburgo, iniciava a sua carreira intelectual na crista desse ataque revisionista. Apresentar Steven Shapin como autor implica, pois, vê-lo como actor deste esforço para reformar os estudos sociais da ciência. Um esforço que compreende igualmente A revolução científica, trabalho de síntese que possibilita numa narrativa acessível um encontro com o programa sociológico que Shapin lançou como impulso de reforma da história da ciência. Leia Mais