Gabo, cronista da América: história, memória e literatura | F. P. G. Vieira

Na noite em que recebeu o prêmio Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez quebrou os protocolos ao comparecer à cerimônia vestido com um típico liquiliqui. A dessemelhança no traje, no entanto, representava apenas uma parte da oposição simbólica que ele traçaria na ocasião, por meio de seu discurso. Nele, o escritor destacou a existência de um nós – os latino-americanos, dos quais se colocava como porta-voz – e de um outro, os europeus para quem falava. Na relação que estabelecia entre esses dois mundos, a América Latina aparecia como vítima do saqueio, da violência e das tentativas de interpretação com base em esquemas alheios, das quais resultaria sua persistente solidão.

Essas palavras ecoavam, além de um protesto, uma visão que vinha ganhando força desde os anos 1950, fomentada por uma geração de escritores, para os quais a América Latina deveria ser compreendida como uma unidade com um passado, um presente e um destino comuns. À altura da cerimônia de outorga do Nobel, o continente havia passado, no intervalo de poucas décadas, por mais de uma revolução e assistido a uma sucessão de golpes de Estado. Os olhos da Europa observavam atentos essas convulsões e, diante deles, García Márquez se colocava como intérprete e tradutor dos impasses e sonhos latino-americanos. Leia Mais

Victoria Ocampo/cronista outsider | María Celia Vázquez

Victoria Ocampo es uno de esos personajes del campo cultural argentino que pocas veces amerita presentación. Si bien es conocida sobre todo por su rol de mecenas o gestora cultural desempeñado como directora de la revista Sur -el proyecto que hegemonizó por unos 30 años el sentido del gusto literario en nuestro país-, la figura de Ocampo trasciende ampliamente el conocimiento especializado, pero casi siempre a partir de este punto de vista, casi como un lugar común. En menor medida, esta perspectiva ha sido acompañada por el estudio del corpus comprendido por sus ensayos autobiográficos. Pues bien, es a este punto de inicio donde nos lleva a barajar y dar de nuevo Victoria Ocampo, cronista outsider de María Celia Vázquez. Esta serie de ensayos críticos que conforma el libro condensan la extensa y profunda investigación que desarrolló su autora por más de diez años, y que en lugar de ampliar líneas de investigación previas en la materia, propone una torsión de base: su objeto de estudio ya no será la Victoria Ocampo gestora, sino la escritora; con una vuelta de tuerca más, tampoco será la escritora de estilo autobiográfico, sino aquella que desarrolló una zona textual signada por modalidades de la escritura periodística. Leia Mais